Ele não pensou que poderia magoar tanto uma pessoa. Mas o fez. Repensou tantas coisas na confusão que é a sua cabeça doente. Tentou se levantar da cama, enxugando as lágrimas. Deu tontura. Entre o tchau e o fechar da porta, deixou em arrependimento o outro partir. Talvez nunca mais tenha tanto amor canalizado ou sentido assim.
Ele queria dizer mais, conversar, esclarecer, porém, não conseguiu se expressar. Logo ele, que mexe com as palavras, ou achava até então que mexia. Diversas ficaram entaladas na garganta e agora explodem numa dor silenciosa e dilacerante.
O amor é algo confuso, às vezes. Quando você o tem demais, os níveis de dopamina no cérebro são quase equivalentes à primeira carreira de cocaína. É uma euforia. E vira uma gangorra de sentimentos misturados. Com o tempo, alguns querem mais, outros, menos. Esses últimos, por sua vez, não mensuram que podem acabar ferindo os que são mais afoitos. Aí vem a dor, ainda mais quando acompanhada de um rompimento.
E ele nunca pensou que poderia magoar tanto, em sua vida, uma pessoa. Ele sempre era o magoado e acabou desenhando em um papel a imagem de um vilão que está prestes a viver nos próximos capítulos.