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"She Wants To Play Hearts"

Existem canções que nos transportam para lugares que nem mesmo conhecemos. Quando eu ouço Ryan Adams (não confundir com o errante canadense Bryan Adams) parece que estou caminhando por alguma estrada deserta do Alabama. O céu está limpo e as estrelas me acompanham no uísque vagabundo. E, no momento mais oportuno, encontro um bar com luzes de neon. Sempre imagino isso quando ouço "She Wants To Play Hearts", canção do álbum "Demolition". Esse é o terceiro trabalho solo do cantor. Não é o melhor. Na minha humilde opinião, o primeiro do Ryan ainda é o melhor, "Heartbreaker". O álbum tem gosto de destilado e tabaco, mais precisamente, Malboro com filtro vermelho. Coisa de cowboy.
Outra música emblemática é "Tennessee Sucks", também do terceiro CD do cantor. A voz rouca do Ryan parece ter sido calibrada com o melhor do alcatrão, coisa que Jonnhy Cash vez muito bem. Têm coisas que só a experiência proporciona.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.