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"Tem que acontecer"

Risque uma paralela em toda a extensão desse encontro que de clandestinidade não pode mais viver. O agüentar já vazou tantas vezes pelos olhos vermelhos que agora querem fechar. Chega de segredos distorcidos, a saliva não suporta mais disabores. O agridoce perdeu o gosto novo dos primeiros encontros. Mas, agora, o vapor da ansiedade pede que suma da visão mais feliz.
Existe alternativa ainda, porém, a questão é dissertativa e não de múltipla escolha. E não basta parafrasear versos de T.S. Elliott, não há encantamentos que possam mudar a opinião. O momento agora é deixar escorrer tranqüilo. Muito fácil é falar devido à situação desfavorável. Como consolo, Sérgio Sampaio sussura através dos fones de ouvido. "Se vai perder, outro vai ganhar/ É assim que eu vejo a vida e ninguém vai mudar". E eu, que não sou Deus, nem sou senhor, apenas um compositor popular, daria tudo também para não te ver cansada. De qualquer forma, a nossa situação "Tem que Acontecer". Utilizo das palavras do poeta para tentar convencer.
Não há arrependimento, nunca houve, nem haverá, pelo menos da minha parte. Se há do seu lado, explícito espero que você me deixe, pois quero a clareza que nem mesmo a Clara Nunes deixou. Falando nisso, antes que seja tarde, quero dizer que quando você cantava "é água do mar, é maré cheia, oh, clareia, clareia", a beleza sua multiplicava meus ânimos. A fascinação pelo oceano você entendia e me encantava com fixos lábios que "pareciam duas almofadas de falar". Tudo era belo, mas por que clandestino? Confesso que o escondido excita em determinados momentos que de determinação se fazem concretos. A situação não mais quer esse dilema. Um outro alguém está à espera, eu sei. Então, solução perdida precisa ser encontrada. É triste. É feliz. É ambíguo. Pode ser sim, pode ser não.
Enquanto isso, deixe ainda a paralela entre o vácuo dessa relação banalizada amorosa. A balada de Josh House me traz razão, ainda mais. Para ajudar, Nick Drake aconselha em "Pink Moon" e Michael Stipe amplia em "Everybody Hurts". E se não for acontecer, eu ficarei com a Carole King.

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um gole de derrota nesse asco. um casco entre as unhas, colabora. o copo quebrado acumula pó e o nó na garganta é charme. a calma quer explodir em caos para um fundo em furo se enfurecer na poética dissonante de um crescente anoitecer. mencionado antes, agora exposto "o mundo está duas doses abaixo" por mais que às vezes, acima, recria o oposto da colocação. então, não tenha medo hora ou cedo o coração padece e merece um aproveitar que tenha como fim o sorrir. (mas não acontece).

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.