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Kill me Sarah, kill me again

Uma sinfonia de tiros ao longe, muito longe. O céu está iluminado com riscos que viajam procurando um alvo. A lua é testemunha da história árida em um deserto do oriente. A tropa fica na expectativa de encontrar sodomas insanos para descarregar seus fuzis recém limpos com amor e ódio. Na imaginação de um soldado lá presente toca Disarm do Smashing Pumpkins. Agora, um forte ruído se espalha no escuro. Os infra-vermelhos são ligados. O jogo de vídeo-game se aproxima. Outra explosão é ouvida. Outro ser canta mentalmente mais uma canção. Dessa vez é Radiohead que interfere, com os versos de Lucky: "Kill me Sarah/ Kill me again/ With love".
A saraivada de tiros amplifica o som dos berros dos aflitos. Uma criança de 18 anos encontra o chão. Uma tropa não percebe e mata esmagado o rapaz que tinha o sonho de ser engenheiro elétrico. Pisoteado ele fica lá, como se fosse uma paqueca humana coberta de molho de sangue.
Aviões rasgam o breu e soltam seus brinquedos teleguiados por controle remoto. Os inocentes estão bem perto. As cartas nos bolsos dos soldados são as únicas verdades que podem ser contadas até o momento. A guerra é de mentira.
A carnifina continua e milhares de feridas aumentam a dor daqueles que não têm morfina. Tudo é gravado para ser vendido em partes aos telejornais. As cenas presenciadas pelos combatentes se parecem com produtos hollywoodianos que são vendidos em cinemas. Algumas são tão boas que dão a impressão de terem sido dirigidas por Coppola. O confronto é tão ensaiado que os melhores coreógrafos morreriam de inveja. Os passos são belamente sincronizados e ficam mais lindos com o efeito do pó arenoso que cria um efeito inenarável.
Muitas horas depois, entre os mortos e feridos, todos estão aliviados. Os momentos de tensão agora estão espalhados pelo chão, em chumbo e pólvora, em sangue e corpos, em inocentes sem vida que lutaram sem razão.
Um pouco mais a frente, o soldado que cantava mentalmente uma canção do Smashing Pumpkins encontra metade do seu melhor amigo. A outra metade só a lua, que era testemunha, deve saber. Ajoelhado ele chora segurando o tronco despedaçado do companheiro. Derrama lágrimas de horror e encontra na mão do moribundo uma carta com os dizeres: "Não importa o que acontecer, quero te sempre Sarah em minha memória mais eterna. Sempre te amarei no silêncio mais profundo e temido em que eu vivo. Te amo!".

Sarah era namorada de seu melhor amigo, que ele não pode amar para não perder a amizade.

A guerra põem vários fins. Esse foi apenas mais um.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.