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Mostrando postagens de julho, 2008

O Passado

Trago no bolso um falso suspiro anexado em um conto. Reviro o estorvo e absorvo no ato um novo trago de cigarro barato. Tropeço no orgulho e não caio em seus braços. Caminho um pouco e acabo encontrando um eu abstrato. Fóssil de outros em caixas cronológicas compactadas em sentimentos concretos, antes quebrados pela falta de contato. Não posso negar, o importante nasceu no passado. Abortamos um fruto para não vivermos futuros. Presentes agora fechados foram mandados. Um novo endereço encontrou a cadência. Não culpo o clima nem muito o sistema. Respostas vazias sempre me fazem. Justifico os meios achando mensagens. O grito do meio é a mensagem. O ruído percebido furou o meu ouvido. Hoje não mais suporto a sua semiótica. Um tanto neurótica berra pesadelos. Relacionamentos acontecidos não podem ser razões. Mas se é assim, não sou eu que culparei o fim. Levanto a face e sigo em frente, contudo, não tente me olhar sorridente.

Os Fracos de Vontade

Meu deserto coração preenchido de cactus petrificados Por elementos que insisto chamar de compaixão. Mas o que de fato eu quero viaja longe em céus desesperados E enquanto isso vou perdendo o tato do dom de acreditar. Um doce iludir eu beijo em face imaginária A contradição do gosto não é efêmera, Antes fosse uma ligeira canção de forasteiro Como o último verso do bardo bandoleiro Perdido sem razão, mas ainda com paixão Pela condição andarilha que os fracos de vontade Nunca entendem como a perfeita emoção. Então a minha fraqueza eu perco na borda do vidro, No gole sofrido do fel interrompido Graças ao sono que me comove. No entanto, no descanso invade Um sonho contigo por assim concebido Acordo em um grito quase sustenido E percebo que não consigo arrancar O seu olhar baixo de sofrido.

sentidos

um sono bipolar. seja lá o que isso queira dizer. não venha. o quê? não tenho opção. como assim? não quero mais sonhar, continuar, prolongar. não sei do que você está falando. nem queira, não faça, nem peça. mas o que há? não há, exatamente isso. todos temos problemas, eu sei, existe contorno. não! só em traços da faber castell, não quero iniciar mais uma palestra a respeito dos sentimentos. sem dúvida, nem quero ouvir. então trate de fazer como aquele pintor e corte as suas orelhas. como? chega! mas qual o motivo? que seja qualquer um, já tenho tantos que nem mais quero lembrá-los. muito complicado, viu? então não veja, fure os seus olhos com pregos enferrujados, contraia tétano, fique estrábico, rasgue a retina. nunca te percebi assim, nunca te senti tão frio. então não sinta, perca o tato, retire as digitais, queime as mãos. prefiro, agora, não ter provado o gosto. ótimo! aproveite o pegue o seu cheiro e o arremesse para bem longe daqui junto as coisas que doei, que gastei, que sofr...

Pra Nos Lembrar

O mundo lá fora acabando e eu aqui pensando em você. "Mate-me Sarah. Mate-me de novo, com amor. Vai ser um dia glorioso". Só consigo cantar estes versos enquanto vejo a chuva se suicidar no vidro da janela. "A ferrugem nunca dorme". As músicas não são as mesmas, mas as citações são bem-vindas. Tudo vai se reciclando e o meu pulso aberto ainda se movimenta pelo novo. "Mas passado e presente são um só e eu também sou". Mais uma canção. Tento achar conclusão na imprecisão dessas horas que chatas vão me tirando um pouco a cada segundo. Bailo entre os ponteiros um dançar torto. Agora surge um novo acorde para me acompanhar. Fecho os olhos e sigo junto. "Eu conheço todos os seus medos. Parece que são meus. Deve ser como ter dois pés esquerdos e falar com Deus. Nem tudo vai passar. Alguma coisa sempre sobra. Nem tudo vai mudar. Alguma coisa sempre fica. Pra nos lembrar. Você fez de mim um samba-enredo, com livros que não leu. Enxugo lágrimas de gelo e encar...

Canção Adolescente

A poesia lateja na noite solitária que absorve as palavras de fortes razões. O alcatrão tempera uma boca que já soltou muitos impropérios sofisticados. Uma meia-luz ilumina metade do quarto que abriga apenas uma pessoa e meia. A outra metade seguiu o rumo dos covardes que se desintegram em discussões mais elaboradas. Ela desenhou três pontos de fuga em uma perspectiva torta e atravessou a porta que apresenta a rua. Negras nuvens cobrem o céu outrora preenchido com pontos celestiais. É quarta-feira de um mês qualquer. A vontade é arrancar pela boca o órgão que pulsa um sentimento agora quebrado. Tudo parece tão simples, mas dizem que na adolescência os hormônios entram em tamanho conflito que tudo se torna o apocalipse. Now! Todos os doces colhidos da paixão ficaram agridoces em apenas uma frase. Eu a culpo pelo sabor que sinto entre os meus lábios, um gosto tão forte de ressentimento que não desejo nem ao assassino mais sanguinário do amor. Só quero lembrar que você esqueceu de pegar o...

Ficando por aí

Não mais um romântico procurando elementos de sinestesia relaxantes. A inexistência poética da situação está transformando o calor em longas cartas escritas para ninguém. O achado agora fica perdido entre ruas úmidas de uma madrugada abstrata. O tratado concebido foi rasgado e jogado em uma correnteza pútrida. O instinto mascarado não sincroniza mais os espaços do coração. Não há solução exata nessa conta de multiplicação. A divisão floresce e brota jorrando aos muitos na calculadora metafórica da autocombustão. O sentido dos escritos escorre pelo olho em forma de sílabas sem explicação. Nada mais envolve em presente esse sentimento dedilhado em acordes dissonantes em uma velha guitarra. O sangue outrora bebido com louvor no momento está no futuro do seu rosário. Peça então com mais entusiasmo a finalização sem contração de uma gestação acidental. O experimental viver sempre esteve constante no instante soluçar. Um gosto de sal explode no lábio. A negação ainda é o melhor artifício nes...
Não vou lá Me cansei. O seu cantar É de matar E a minha Tristeza é igual. Não vou entender Nem reverter. Eu quero um afastar Que cause a dor. Não vou lá Já me acabei Hoje eu fico Ao lado do fim Um início de tudo Contudo, assim.
Um compêndio não compreendido da insana vida que trata de aparecer. Turbulentas doses de alcantrão em uma ficção que pode acabar. Quem sou para dizer que sim. Quem sou eu para afirmar o não . Quem agora eu vejo não interessa o coração. O todo sobrevivido é quase um gelo de esquimóide. Até o momento o latejar freqüenta a poesia. Aguardo o dia que virá anunciando boas novas. Enquanto isso, retorço o esquálido traçado do sentimento, O torpe, o macilento, o sórdido. Se disseram que a esperança é a última que padece, Então não acredito e penso ainda mais. Se falassem de uma forma menos afoita, Capaz de ver um horizonte alinhado de gostosos presságios. No entanto, não se trata de pessimismo, e sim, realidade. O pulso continua a palpitar uma crença sincera. Basta um sinal, portanto, a fim de prosseguir, Na faca cega, no olho agudo, na combustão do gostar.
Trata um caos com água benta. Não a mesma saciada no Vaticano. Um pouco mais batizada, quem sabe, em solo americano. Duas doses aproveitadas com louvor. Outras mais em respeito à dor. Quando tonto, o fruto vira amor. Mas não esquece o aquecimento. Tudo se funde no calor. Depois de um tanto, um outro embebido. Claustrofobia no copo concebido. Gira o rosto e cospe um santo. Olha o céu um novo amante. Um oposto ao lado agora. Vira o olho e segue embora. Percorre portanto a trilha clara. Mas tropeça no lado escuro. Engole puro o suco gástrico. Destila um ser sarcástico. Alcança o ápice no meio-fio. Trava um risco, espirra o frio. Tudo sob controle sabotado. Não imagina a cena, nem doravante. Bebe um outro desodorante e vai constante. Troca um toque, fala escroque. Voa simples e pousa forte. Observa sul, mas quer o norte. Um oposto ao lado agora. Duas doses aproveitadas com louvor. Tudo se funde no calor. Gira o rosto e cospe um santo. Um pouco mais batizada, quem sabe, em solo americano. Q...
Das coisas que não entendo e não me permito compreender. Das verdades que não insisto, já que mentiras eu continuo. Dos frutos mordidos, não tentados, que pedaços eu vivi. Das palavras que não bebo, não mais me embriagado. Dos casos retratados, recortados em meu mural. Da casa que não vivo, apenas durmo sentado. Da escada que não subo, só desço. Do olho que não vejo, percebo. Do lábio entreaberto. Do corpo, nu. Do rosto. Só. Do gosto. Da função, apenas. Do triste que não sinto. Da solicitação que não permito. Da noite que respiro, caminhando perdido. Da lua que admito, contemplo estrategicamente Da gota que confesso, perfura cristalina pela retina. Do pensamento que viajo, outrora sem metas estabelecidas. Do sonhar bastardo que um dia escrevo ouvindo algum bardo. Do gostar desesperado perdido entre prédios altos e desesperados. Das coisas que não entendo e não me permito compreender de inacabadas.
mas a vida é repleta de decepções, as atitudes nem sempre são as que queremos seguir. às vezes o apanhado da hora e as situações corriqueiras nos fazem tomar outras decisões, assim, rompendo compromissos. tudo bem que por vezes alguns são omissos, mas são esses pequenos detalhes que fazem a graça nos momentos incertos. Certos acreditam que isso é falta de interesse, mas, não é sempre assim.
Uma tristeza absurda bate oca no peito aberto. Não há lágrimas. O silêncio alcança um nível estratosférico. A solução se perde em caos de aflição. A maresia agora vira odor nuclear, cortesia da tempestade de palavras em mar adentro. Um rasgo se abre na pele. Um líquido se apresenta no dedo. Uma morbidez se faz presente no canto do olho. A vontade pura se desmancha em horas terríveis que se arrastam pedindo clemência. O todo exagerado transpira das axilas nervosas que também querem descanso. Mas não há lágrimas. Antes houvessem. A vida sempre provou que calmaria precede turbulência. Um tiro passou raspando pela testa. O período nunca foi tão corrosivo. Uma ferrugem quase deu passagem aos pulsos. O sobreviver aos poucos se perde, como as vontades suicidas que tentaram voar. Uma corda ficou bamba não conseguindo envolver o pescoço. E as lágrimas não se matam. Não existe mais razão. As soluções estão tão distantes quanto os portos que trouxeram outros navegantes, os mesmos que clamavam tem...

Embarcadiço

Percorro o mesmo caminho. Ouço agora Bloc Party. Cadê os sonhos mais estranhos? Sinto ainda o cheiro do seu cabelo castanho. Olho para o pôr-do-sol. Reflito dores. Penso nas ações. Digo adeus às vontades. Necessidades contempladas na música, mas o sentimento sincero ainda se encontra em meus dedos. Sento na areia. Continuo a admirar o bailar das gaivotas em sincronia com a brisa marítima. Lembro da sua mão a deslizar nas minhas costas. Quero voltar. Presente momento de passado. Relembro. Não quero ficar. Futuro de encontro com o tonto desafio do sobreviver. Novamente, quero ver. Quero sentir. Abra os seus braços e me feche em um abraço para que eu possa amar. Continuo a imaginar se o diferente mergulhasse de cabeça em um destino de possibilidades uniformes . Penso que se eu tivesse sacrificado um tanto do orgulho, as formas do esboço que chamamos "entrelaçar" alcançaria uma arte final de degustar. Se o meu erro foi sinistro, apenas conquistei uma parte do que gostaria de ...