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Canção Adolescente

A poesia lateja na noite solitária que absorve as palavras de fortes razões. O alcatrão tempera uma boca que já soltou muitos impropérios sofisticados. Uma meia-luz ilumina metade do quarto que abriga apenas uma pessoa e meia. A outra metade seguiu o rumo dos covardes que se desintegram em discussões mais elaboradas. Ela desenhou três pontos de fuga em uma perspectiva torta e atravessou a porta que apresenta a rua.
Negras nuvens cobrem o céu outrora preenchido com pontos celestiais. É quarta-feira de um mês qualquer. A vontade é arrancar pela boca o órgão que pulsa um sentimento agora quebrado. Tudo parece tão simples, mas dizem que na adolescência os hormônios entram em tamanho conflito que tudo se torna o apocalipse. Now!
Todos os doces colhidos da paixão ficaram agridoces em apenas uma frase. Eu a culpo pelo sabor que sinto entre os meus lábios, um gosto tão forte de ressentimento que não desejo nem ao assassino mais sanguinário do amor. Só quero lembrar que você esqueceu de pegar o seu jeans Ellus, suas maquiagens Natura e sua edição de Paris: Maio de 68. Consuma-os para nunca mais voltar.
Eu já imaginava que o certo arquitetado seria um erro futuro. Muitos haviam me alertado, mas a minha miopia sentimental sempre distorcia a verdade. Em alguns casos os relacionamentos entre pessoas com idades díspares selam uma felicidade talvez só sentida por Romeu e Julieta. Aliás, essa coisa de amor deve ter sido inventada por Shakespeare. Já o sexo foi a Madonna. Agora quero aqui ficar ouvindo os lamentos pop de uma banda indie enquanto bebo mais uma térmica cafeinada. Mulheres mais experientes só em capas de revistas, penso, eu. Não mais razão aos hormônios vão me vazar. Vou procurar uma outra com All Star.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.