O mundo lá fora acabando e eu aqui pensando em você. "Mate-me Sarah. Mate-me de novo, com amor. Vai ser um dia glorioso". Só consigo cantar estes versos enquanto vejo a chuva se suicidar no vidro da janela. "A ferrugem nunca dorme". As músicas não são as mesmas, mas as citações são bem-vindas. Tudo vai se reciclando e o meu pulso aberto ainda se movimenta pelo novo. "Mas passado e presente são um só e eu também sou". Mais uma canção.
Tento achar conclusão na imprecisão dessas horas que chatas vão me tirando um pouco a cada segundo. Bailo entre os ponteiros um dançar torto. Agora surge um novo acorde para me acompanhar. Fecho os olhos e sigo junto. "Eu conheço todos os seus medos. Parece que são meus. Deve ser como ter dois pés esquerdos e falar com Deus. Nem tudo vai passar. Alguma coisa sempre sobra. Nem tudo vai mudar. Alguma coisa sempre fica. Pra nos lembrar. Você fez de mim um samba-enredo, com livros que não leu. Enxugo lágrimas de gelo e encaro seu adeus. Eu esqueço todos os seus erros. Finjo que não doeu. Ponho um band-aid no meu dedo. E saio no apogeu". Sorrio no último verso. Deito e durmo. Só isso posso agora fazer.