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Sempre esquecemos o quão estranho é simplesmente estar vivo

É um frio que corta a alma, divide em dois, retrocede em três. Um vento gelado adentra pelos póros e chega ao sangue, congelando o batimento do coração. Suspensão no ar, lágrima gravitacional, Jesus cibernético, ondas laterais, sacrifícios infernais... Não há definições precisas nessa imprecisão de sentimentos confusos e angustiantes.
O amanhacer congelante deixou um estalaquetite preso aos cílios. O abrir dos olhos fez cair um pedaço de gelo que encontrou o chão. Um forte som surgiu ao final da queda. Parecia uma bomba de Napalm sendo jogada em um jardim da infância. A trilha sonora perfeita para os comedores de criancinhas. Mas era a tristeza que ditava as regras enquanto a indelicadeza era vista em olhos mais adultos.
Reflete no espelho a imagem de um deus perdido, derrotado, alienado e fracassado. Dispara em fúria contra a parede, rasgando mais um pedaço de pele maltrada. A tatuagem fica desfigurada devido ao ataque de fúria. Fecha os olhos no amanhecer congelante e canta mentalmente uma melodia que diz: "A vida é uma canção".

"Você diz que a vida é um sonho em um lugar onde não podemos dizer o que isso significa/ Talvez alguma cena na estrada que, quando dirigimos, deixamos no passado/ Não há como dizer onde estaremos em um dia ou uma semana/ E não há promessas de paz ou felicidade".

"Bem, é por isso que você se apega a cada coisinha/ E pulveriza e desconcerta todos os seus sentidos/ Talvez a vida seja uma canção, mas você está com medo de cantar sozinho até o final".

"É hora de desistir de tudo o que costumávamos conhecer/ Idéias que fortaleçam quem somos/ É hora de desatar as amarras que nunca libertarão nossas mentes das correntes e algemas em que estão".

Oh, me diga o que é bom em dizer que você é livre/ Num mar escuro e tempestuoso você está acorrentado à sua história e, certamente, afundando mais rápido/ Você diz que sabe que o bom Deus está no controle/ Ele vai abençoar e guardar sua alma cansada e inquieta/ Mas no fim do dia, quando todo preço já for pago, você vai se elevar e sentar-se perto dele num velho assento de ouro/ E não vai me dizer porque você vive como se estivesse com medo de morrer/ Você morrerá como se estivesse medo de ir".

"É hora de desistir de tudo o que costumávamos conhecer/ Idéias que fortaleçam quem somos/ É hora de desatar as amarras que nunca libertarão nossas mentes das correntes e algemas em que estão".

"Bem, a vida é um sonho porque nós estamos todos andando durante o sono/ Você pode nos ver parados em filas como se fôssemos mortos-vivos/ E nós construímos nosso castelo de cartas depois esperamos que ele caia/ E sempre esquecemos o quão estranho é simplesmente estar vivo".

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.