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Iwo Jima


Bate nas costas a onda vermelha. O cheiro de pólvora é o único odor de satisfação que se pode sentir. Vários corações pulsam uma vida, uma guerra que não iniciaram. Uma foto marca uma conquista mal interpretada. Os modelos que levantaram a bandeira entram em uma mentira mascarada. Após, uma longa campanha publicitária realiza uma arrecadação grandiloqüente de capital desperdiçado. O dinheiro se transformou em chumbo e granada que, por sua vez, adentraram corpos nipônicos lutadores sem razão.
A memória em homenagem aos mortos mostra as facetas de marketing de um país que venera sangue, explosões, tiros, bombardeios e batalhas. As cartas dos soldados, as verdadeiras memórias, nada servem em honra à pátria verdadeira. As famílias sabem muito bem disso, por isso as lágrimas de revolta. Do que adianta um herói se ele está morto? Aos senhores dos mandamentos ditosos isso não é questão, é proveito para dias melhores. Já as verdadeiras senhoras, donas das entranhas que expulsaram a vida, têm como consolo uma medalha de honra ao mérito. Nenhuma mãe gosta de receber a imagem de um filho rasgada, desgastada e acabada. Mas foi assim que vieram as notícias do outro lado do mundo, acompanhadas de dizeres heróicos praticados pelos seus filhos. A morte nunca é bem vinda. Somente aos doentes terminais, talvez.
Mas, mesmo com as denúncias e filmagens sobre os horrores dos atos da guerra, a continuação dela ainda promove donos de gabinetes que se encontram muito longe do local de tragédia. Um membro perdido nunca será encontrado na mesa com papéis para serem assinados. Provavelmente, documentos que permitem disparos a outros irmãos, não de sangue, mas de humanidade. O barulho de um tiro no crânio não deve ser a melhor sinfonia, o som dos aviões partindo ainda deve ser o melhor, como se fosse uma canção de ninar entoada pela mulher que amamentou alguém por mais de um ano de vida.
É o fim.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...