Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2007

Björk, my lover!

Período total de não ouvir o trivial. Mas caio na dúvida: a islandesa Björk é algo acessível? É que a cantora é tão comentada mundo afora que parece normalidade a sua discutível música. O seu primeiro álbum, Debut, deu o que falar na época de lançamento, devido a voz e aos ritmos eletrônicos nunca explorados de maneira tão ampla. Não à toa, a baixinha inspirou petardos sônicos da estirpe de patamares como Portishead e Massive Attack, origando assim, um tal de trip-hop. Björk também é conhecida pelos seus vídeos nada convencionais, muitos dirigidos por Michel Gondry, o intrépido diretor de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança. Aliás, a sagacidade e o talento do diretor já foram utilizados como recursos catalisadores para a grandiloqüência de outros artistas mais talentosos. Além disso, a islandesa também já fincou os seus sentimentos em um filme, demonstrando que sempre procura estar cercada de pessoas abastadas, já que foi dirigida por ninguém menos do que Lars Von Trier, talvez o ...

Escárnios

"Se quiser viver uma vida feliz, amarra-se a uma meta, não às pessoas, nem às coisas" Albert Einstein Doce necessidade de vazar. Vejo com as mãos, mas sou cego dos dedos. Procuro com a língua, mesma sendo surda. Ouço, então, pelos olhos e respiro com os ouvidos. Confundo o céu da boca com o fim do mundo que muito próximo saiu em câncer do meu pulmão. Por isso agora eu quero vazar antes que eu volte a confundir. Percorro pela paralela que se une e um quadrado anuncia: é o novo caminho. Ele é quebrado e pequenos losângolos de afiadas pontas se formam e cortam os meus lábios. É quando eu acordo. "A vida é aquilo que ocorre enquanto você está ocupado fazendo outros planos" John Lennon Levanto e apanho na entrada de casa, ainda de pijama, o jornal jogado na umidade matinal da grama. A matéria de capa é a respeito de crianças que estão aprendendo italiano a fim de conservarem a cultura de seus descendentes. Rápidos olhos passam pelo texto que não chama a atenção. Afinal, ...

Losers

Mais um dia chuvoso. Chega a causar resignação em almas mais sofríveis. A claustrofobia metafórica invade o coração mais covarde, da pessoa mais doentia, do humano mais depressivo, dos olhos mais cegos e do sentimento mais repreendido. Alguns julgam de extremista, mas as causas não foram apuradas. Enquanto isso, permite-se não segurar e derrama uma gota pelo canal. Seria lindo se não fosse a conseqüência. E a chuva continua. Há vento também soprando na janela poesia noturna nunca encontrada. Bares, putas, cadáveres, drogados, bêbados e normais. Litros e mais litros tomados destilados em copos sujos de vidro trabalhado. Garotas sorrindo um pouco de louvor para tentar arrecadar o vício do amanhã. E os velhos analisando as coxas salientes da madame de vermelho desbotado. O nojo escorre pela boca do drogado que procura um doce para saciar a fome de viver, mas os melhores açucares estão longe dali. A umidade transtorna o personagem da noite mais escondido. A normalidade repudia qualquer ser...

Três casos

- Será que a calmaria um dia chegará? A mente aflita se perguntava isso todo o dia. Ela já passou por períodos de turbulência que causaram erosões estratosféricas no sentimento descolorido. Em outros momentos, uma dúvida entre beber cicuta ou um tiro na nuca passava percebida entre o reflexo do espelho que mostrava um rosto repleto de cansaço. As indagações sempre vinham em momentos de embriaguez plena, com uma ponta de cigarro colada nos lábios, pronta para derrubar mais uma cinza no pescoço. O raio de esperança visitava raramente e, quando vinha, era em períodos curtos. O céu brigadeiro escorria em melancolia quando a lembrança insistia em aparecer. Geralmente, amores perdidos em cidades litorâneas. O último se perdeu em carreiras contínuas de misericórdia e satisfação. Era desde nascência uma alma distraída que tropeçava em poesias não finalizadas. O encontro sempre vinha em explosões vulcânicas entre beijos e amassos, sem falar das conversas sobre a Tori Amos. A trilha sonora perfe...

Invisível DJ

Já ouviram o novo CD do IRA!? O legal dele já começa pela capa, uma foto de uma mosca de perfil. E o título, alguém entendeu? "Invisível DJ". Só analisando a letra da canção homônima para entender o significado. Uma lástima e também uma vitória para quem for baixar pela internet. Lástima: pois perde toda a arte e beleza do encarte produzido pelo fera André Nassar. Vitória: estará economizando cerca de 36 reais. Isso só nos faz pensar que o CD está com os dias contados. Mais três anos e acaba. Voltando ao novo disco do grupo paulistano, musicalmente falando, não apresenta nenhuma surpresa sônica. É o velho "mais do mesmo" de sempre. Mas, ao contrário do Capital Inicial, o IRA! ainda sabe fazer disso um ponto a favor. Um adendo: o que é aquela música do Capital, "Eu Nunca Disse Adeus". Que pop mais meladinho. Enfim, cada um sabe o que faz. A canção mais bacana de "Invisível DJ" não é o single "Eu Vou Tentar", composição de Rodrigo Koala d...

Hipertenso

Meu coração é tão vagabundo que agora deu para bater mais rápido. A dobradinha cigarro e cafezinho combina muito com a minha personalidade, mas agora preciso maneirar. E eu que achei ser um Highlander, descubro que sou hipertenso, na flor da idade dos 25 anos. Mais dois anos e eu padeço. Não agüento falar em gordura trans, alimentos lights e comida saudável. Prefiro os abobináveis prazeres do álcool, o sabor da massa e as mazelas do pó. Ok, tudo bem, exagerei no último. "Ando só, pois só eu sei, por onde ir, por onde andei..." Adoro me sentir a vítima. Pior que agora nem estou me fazendo, pois sou, de fato, uma vítima. Uma vítima das inconseqüências da idade, da publicidade, dos ídolos marginais, do glamour da violência, dos saberes dos malditos poetas... dos corações psicodélicos. Se o meu cardiologista estiver correto, sobra pouco agora. Mas prometi à Stella que não ficaria por aqui neste final de semana. Eu ainda sobreviverei. Bom, utilizei este espaço hoje simplesmente pa...

A arte da violência

Violência feliz em versos de pura exacerbação fantástica. Como um vídeo da Bjork. A cada palavra, uma facada no olho. A cada sílaba, um corte na narina. A cada frase, um rasgo no rosto. E assim vai dilacerando as outras partes do corpo. O sangue segue escorrendo calmamente, lindamente e sagazmente. Violência feliz em conversas que agridem através de verborragias certeiras. Um tiro no cu de dor e pólvora. Uma metralhadora sonora continua a estraçalhar o sexo mais virginal de mocinhas inocentes e carentes. Muitas já levaram uma dedada dos seus pais. Mas é o texto marginal que as consola. E arranca lágrimas de carnificina gratuita. O sangue segue escorrendo calmamente, lindamente e sagazmente. Violência feliz como um filme do Lars Von Trier que em sua depressão recolhe as idéias mais infelizes da tradição de agredir o ouvido. Um ataque parecido com o do Guy Ritchie em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fulmegantes. Ou pior, como as películas de Park Chan-Wook, aquele que dirigiu os socos no est...
De fato um traço eu risco, no artigo de rabisco do seu rosto. É claro que insisto, e arrisco um palpite. Um trâmite eu desenvolvo, mas não quero nada de novo. Apenas um asterico para relembrar. Outra vontade foi pensar. Agora ao quadrado elevado, um certo traço é riscado. Contradigo o início, recomeçando o contrário. É um artifício de perigo, mas eu confesso: sou ordinário. Então um caso é beijado, meu rosto fica desfigurado, me perco no acaso e não retorno ao passado. Mas resta um resquício, pegajoso e ultrapassado.

Rezemos que...

Eba, temos um santo genuíno e brasileiro. Ave graças à bondade de Chico Bento XVI que proporcionou tal honraria a nós, tupiniquins de falácia apurada. Agora sim podemos respirar tranqüilo perante ao Vaticano, agora podemos comemorar em sermos o país com o maior número de católicos do mundo. O Papa que agora não é mais pop que nos abençoe mais, em sua redoma blindada de pura esperança e fé de não levar um tiro no olho. Enquanto isso, os nordestinos descem contentes de seus ônibus lotados, todos rumando para São Paulo, buscando a visão privilegiada da sombra do santo padre. Salve a paz, aleluia. Agora resta esperar que outros seres humanos, mortos em circunstâncias ímpares, se tornem novos santos para serem vendidos em papéis e imagens, medalhinhas e livretos na canônica mais próxima. Levanto o voto para que a Leila Diniz seja beatificada, a santa das putas. Hoje em dia existe santo para tudo. Caminhoneiro (o rebite). Agricultor (os grãos transgênicos). Drogados (as seringas e as sedas)....

Momentos de pura pornografia gratuita (roteiro para um pornozão) - ESCÁRNIO TOTAL - NEM LEIA

Ele caminhava com o seu "I-Pobre" ao som de Michael Bolton. Usava um shorts apertado. Vermelho. A tarde estava se despedindo e a noite pedia licensa. Os passos do rapaz eram apressados, assim como a banda que estampava a sua camiseta. Sex Pistols. Tudo combinando. Distorcido como um filme do Almodóvar. Ele tinha lábios bem desenhados. Carnudos, por assim dizer. Os braços eram contornados, definidos. A certa altura da caminhada, uma morena toda graciosa solta o seu melhor sorriso. Algo sugestivo. O rapaz retribui e corresponde. Ela pára e pergunta com uma voz sabor baunilha: - Que horas são? Ele responde: - É hora de foder. É nesse momento em que o rapaz puxa a menina para um matinho e agarra com vontade cavalar. A moça sente o volume crescendo nas suas nádegas macias de apalpar, roliças de invejar. O dedo do moço escapa e toca a buceta. Ela diz: - Me lambe, por favor. Ele não resiste e entra violentamente com a língua. Ela não agüenta e geme. Passa um tempo e peida. Mas foi u...

Heartless Bastards

Queria não pensar, às vezes. Não relembrar momentos, não compartilhar angustias, não pensar futuros. Queria ser um inseto insignificante que rasteja pelos cantos obscuros repletos de doença e poeira. Seguir o viver pútrido da atmosfera e do ambiente aos quais foram destinados. Não passar em certas experiências que causam um câncer no pensamento mais claustrofóbico de prisão repugnante. Queria não ter opção, às vezes. Viver por aí como um nômade quadrúpede à procura do não sei o quê, não sei o qual, não sei o como. Só caminhando e caçando o alimento. Não ter sentimentos, não entrar em contradições, não ser preso, não ser solto. Apenas seguir a ordem natural das coisas. Mas, como já disse aquele abastado lugar-comum: penso, logo existo. Antes, então, existisse em uma cabeça de fósforo pronta para o destino prólogo, acender a chama de um fogão, de um cigarro, de uma fogueira e apagar. O lado negativo da efemeridade de viver também tem a sua função. Menos o viver das moscas e dos cupins, a...

Memória

O sol bate fraco no rosto. A brisa do mar abençoa a face. As ondas morrem nas costas de areia. A luz vai se despedindo em um belo adeus de dever cumprido. As aves voam rumo ao adormecer. Um grupo de pessoas inicia um lual, mesmo ainda sem a presença do satélite natural. A fogueira aos poucos joga faíscas pelo ar. O coração solitário do irmão companheiro segue batendo no ritmo da canção: uma música falando dos tempos difíceis da adolescência. Todos acompanham a melodia virando goles e mais goles de um vinho vagabundo. A frente está o trapiche que recebe mais indíviduos à procura de dias de paz. O astro rei lança um beijo final nos corpos dos presentes. Uma lembrança morta ressucita devido ao clima. Uma corrente percorre pelo grupo que continua a cantar versos de saudade. As mãos se unem em um momento instantâneo de aprovação plena. Olhares se enroscam na fulgaz vontade de acabar com o tempo ali mesmo, paralizar a ocasião, abraçar a oportunidade, beber a atmosfera. O truque dos joguetes ...

Pela Rua XV

Casa de massagens anúncia: "Você precisa vir aqui, conhecer sem compromisso três gatinhas e algo mais. 3322-9626 - Apartamento central, discreto e aquecido". Que orgasmo! Passado o tentador convite, eis que eu e a minha amiga caminhamos por mais alguns metro pela Rua XV e encontramos outros vários anúncios repletos de linda poesia. Todos devidamente colocados em papéis fixados ao longo dos telefones públicos do local. A variedade de produtos era incrível. Os nomes também. Larissa, Ana, Alexandra, Valquíria, Polaca, Deusa Folgosa, Vinícius, Jonas, Suzete, Claudete e mais outros diabos. Verdadeiros amantes prontos para tudo e para todos. Corajosos que vendem pernas, bucetas, cus, peitos, bocas, caras e o resto do corpo por certos reais pagos na saída. Se um drink vier acompanhado, melhor. Destaque para o anúncio de um tal de Gabriel, "bonito, aberto e viril". A falta de opção quase inexiste. Se você ficar na mão, é por pura falta de vontade ou vontade até de mais. Bas...

Primeiro de maio

Um dia triste. Acordo depois de uma noite divertida com pessoas extremamente queridas. A primeira visita, um encontro com um grande amigo, talvez o melhor. A conversa sagaz e por vezes claustrofóbica me fez relembrar outros passados. Depois da turbulência, agora um estado de espírito mais calmo. Ainda bem que a distância não nos fez adversários, e sim, cúmplices. Saudade sempre após o abraço. E agora, quando será a próxima? Tenho a impressão de ter visto a esperança no fundo da retina. O bacana é que agora você vai vivendo. Continuo na torcida pelo sucesso que estampa em seu rosto. Deixamos estar. Passado o saudosismo, ele mesmo continua em outra ação. Agora uma balada com o primo, a irmã e o cunhado. Rock'n roll! Mais precisamente, John Bull e todos aqueles quadros espalhados pelas paredes. Figuras de astros da música que desperta sentimentos ímpares, que faz acreditar que a vida vale a pena e que ainda existe emoção antes do dinheiro. Na entrada do bar, a santa ceia com alguns pe...