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Rezemos que...

Eba, temos um santo genuíno e brasileiro. Ave graças à bondade de Chico Bento XVI que proporcionou tal honraria a nós, tupiniquins de falácia apurada. Agora sim podemos respirar tranqüilo perante ao Vaticano, agora podemos comemorar em sermos o país com o maior número de católicos do mundo. O Papa que agora não é mais pop que nos abençoe mais, em sua redoma blindada de pura esperança e fé de não levar um tiro no olho. Enquanto isso, os nordestinos descem contentes de seus ônibus lotados, todos rumando para São Paulo, buscando a visão privilegiada da sombra do santo padre. Salve a paz, aleluia.
Agora resta esperar que outros seres humanos, mortos em circunstâncias ímpares, se tornem novos santos para serem vendidos em papéis e imagens, medalhinhas e livretos na canônica mais próxima. Levanto o voto para que a Leila Diniz seja beatificada, a santa das putas. Hoje em dia existe santo para tudo. Caminhoneiro (o rebite). Agricultor (os grãos transgênicos). Drogados (as seringas e as sedas). Bêbados (o bar da esquina). Estudantes (os professores displicentes). Músicos (o amor). Regentes incansáveis dos vagabundos e dos pecadores. Oramos, amém. Digo, orar não, que isso é coisa de evangélico.

Rezemos. Rezemos que o Papa pare de pautar as notícias dos nossos principais telejornais, jornais diários e sites da internet. Rezemos que o "padinho" Cícero abençoe os nordestinos, os brasileiros mais sagazes do país. Rezemos que o dedo do Lula cresça novamente. Rezemos que os padres parem de pegar as criancinhas nas sacristias. Rezemos que Deus explique por que motivo criou os seres humanos: os vírus da Terra. Rezemos que o cupim encontre a sua verdadeira função na natureza e que desista de comer a madeira alheia. Rezemos que as mulheres não tenham vindo realmente das costelas dos homens, o Adão já sofreu o merecido. Rezemos às lindas putas universitárias da cidade, que abaixem um pouco o preço ou que ofereçam desconto para quem tiver carteirinha de estudantes (mesmo que falsificadas). Rezemos que a segunda leitura seja banida do divertimento total que é assistir a uma missa. Rezemos que o evangélio seja passado aos fiéis de maneira simplória e traduzida para o português. Apenas, então, rezemos.

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um gole de derrota nesse asco. um casco entre as unhas, colabora. o copo quebrado acumula pó e o nó na garganta é charme. a calma quer explodir em caos para um fundo em furo se enfurecer na poética dissonante de um crescente anoitecer. mencionado antes, agora exposto "o mundo está duas doses abaixo" por mais que às vezes, acima, recria o oposto da colocação. então, não tenha medo hora ou cedo o coração padece e merece um aproveitar que tenha como fim o sorrir. (mas não acontece).

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.