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Mostrando postagens de 2019

Momento

No meu momento mais bonito Eu conto os seus cílios enquanto sonha A cada um, eu falo silenciosamente: eu te amo. Na minha condição mais delicada Eu deixo o meu corpo transparente para você E aguardo seu sinal para sinceramente te encaixar. Na minha vida mais miserável Só aguardo um aceno seu para me fazer sorrir E seguir tranquilamente pelo lado da calçada em que está você.
Não há busca Em troca de algo Nem calor, nem amor. É de sorriso que se abre Um agradecimento. De fato lógico Um rompimento Por hora chegou. O cataclisma de sentimento agora vazou. Não foi culpa dos dois: Um outro sempre surge (depois).
Tenha-me à pele SEM PUDOR E não traga dor QUANDO UM BEIJO me causar a vontade de voltar. FAÇA-ME do avesso, pois o seu endereço É meu lábio superior QUE ENCONTRA a estrada Do seu inferior. Destaca-me do seu ser Revertendo o fluxo Do contrário saber Em momentos arbitrários De silêncio e fazer. Abra-me em um abraço Que me fecha em você. E em um momento eu sinto o seu compasso Que acelera a cada passo Que te faço. Feche-me em um beijo Que me abre em você.
minha febre adorada meu porre de vodca minha doce angústia meu dia nascendo minha alma desencarnada meu filho não ejaculado minha casa mobiliada meu povo faminto minha droga injetada meu amigo confidente minha letra inconsistente meu verso corrompido minha poesia dilacerada meu motel preferido minha amante titular meu eu desperdiçado e minha vida interrompida. 

AbsTRATO

Triste insiste Em não derramar Do copo a precisa Poesia que Se desmancha. Alcança antes Uma letra feia Com texto lindo Que remete Ao passado romântico. A borda cheia De sílabas agora Vaza palavras. Desperta a esperta Esperança de Se embriagar Em poemas abstratos.

Escondidas Verdades

Truques ambíguos De ordinária beleza revelada No coração mais perfeito De uma alma torturada. Falsa condição projetada Nos dizeres mais concretos Nos sorrisos mais discretos Mas foram nos olhos Que explícitos revelaram A condição incorreta. Nuvem de pólvora Em um quarto amarelo Repleto de angústia. Um dia, quem sabe, Encontrem as verdades.
Tantos janeiros Presos nesse corpo Que muito torto Pede água. A vida deu razão Mas perdeu Antes da comunhão: Um outro ato Que se foi de fato. Agora fica o dia da derrota Da boca aberta por palavras, Sangue e traição. Ficam as noites de estrelas Não cadentes pousando Na cama suja de outros amores. Mas não foi culpa do ódio A culpa foi da paixão. lsH
Eu lembro perfeitamente daquele dia. Sem precisar falar, você já me conhecia. Se ainda não levo a sério as minhas palavras, Talvez um dia elas farão sentido. E se a primavera não for boa, Terá o verão, todavia. E se não estamos juntos, É fruto da nossa cria. lsH
Às vezes precisamos de doses de loucura, de noites insones, de silêncio em meio a tanta porcaria que nos invade os olhos e ouvidos. É preciso sentir essa maluquice que bebemos e arrotamos em vida, porque nada levamos a não ser cada impressão digital na pele, cada história compartilhada, cada beijo alucinadamente dado. É necessário saber se ouvir, mesmo com tanto remédio controlado na mente. É obrigatório saber amar desenfreadamente, sem dosar as consequências, mergulhando de  piruetas em pedras que nem sabemos se de fato estão fundas. É preciso sentimento real e muita coragem para estufar o peito e dizer tranquilamente: eu te amo. Às vezes não é preciso nem dizer com palavras, apenas transmitir em gestos simples, leves, carinhosos, generosos e deliciosos. Não é afoito sentir vergonha. É lindo quando se pode encontrar alguém e olhar nos olhos e repassar docemente o sentimento através da pupila, da íris, das pálpebras, do piscar, do brilhar. E, para tanto, é sim necessário uma boa do...
Meu escárnio escarrado Na carne cortada Que jorra sangue De álcool acumulado. O porco ali jogado É pútrido e carente De uma mente alucinada De uma época passada. Agora o bicho é outro E o processo necessário Pois eu quero novo gozo Sem memória maltrata.

_abuso_

os pés descalços no vidro ouvido no fundo infinito. calor de mão no fogão dedo dentro do umbigo. gemido de criança sem crença e nos olhos o choro sem bença. lsH

Millôr Fernardes, colabore

Deixe-o expressar o ódio Mesmo que em entrelinhas Nessas linhas vorazes Que faz ferver os olhares. Deixe que uns tiros Tirem a vida alheia De um cidadão de bem Que passeava no sábado. Millôr Fernandes, eles tinham razão O que fazem de melhor é por opção. Deixe que a boa pessoa Prossiga a sua ira Enquanto isso mais uma família Vai velando alguém para o além. Deixe que a vida Aponte o que perderemos Pois daqui para o futuro Será lembrado o que sofremos. Millôr Fernandes, você sempre avisou a prole "Certas coisas só são amargas se a gente as engole". lsh
A alma está meio grunge. Sei lá se acordou assim. Não lembro. O dia anterior foi de destruição, quando decretei o meu corpo em estado de calamidade pública. Agora, neste momento, se encontra fumando um cigarro, dedilhando uma guitarra desafinada e grunhidos milimetricamente desajeitados. O dia clareia. Um pássaro pousa na fiação elétrica enquanto o sol parece dizer, solitariamente: mais um dia vagabundo está surgindo. Aproveito o embalo e pego minha camisa xadrez de flanela que estava no criado mudo. Ela fede a maconha, incenso de Flor de Lótus e falsificação de Hugo Boss. Como não lembro se dormi, até que estou contente. Deixo de lado a guitarra e sigo até a cozinha preparar um café. Acendo o fogão com um Zippo que tem um adesivo do Pato Donald. Estranhamente, parece que ele está sorrindo para mim enquanto derramo pó de café no azulejo cinza. A água já fervendo e ouço: Bom dia! Caralho, tinha mais alguém neste apartamento? Eu trouxe alguém? Dormi com quem? Por que não lembro? Não...

Black Dog

Eu também alimento um, Admito. Mas eu preciso de dias assim Para, enfim, Lembrar que sobrevivo. Eu queria, na realidade, um sobreaviso De que a vida É muito mais do que isso. Eu tento, eu aguento E de novo alimento. Eu corro da sua mordida Mesmo em certos dias Ser abocanhado. Eu me perco na corrida E me abraço em manias Apesar de errado. Alguns meses se parecessem Com o fim do mundo E eu recordo dos sorrisos que me acompanham. Deixo seu caráter passar fome E conforme vai passando Eu traço outro presente Independente do passado. Um dia, eu sei, apesar de difícil Seu olhar de esfomeado Será acalanto sem quebranto Mas até lá, se eu me entregar Não quero ser eu Que continuará te alimentar. lsH
Entenda beleza, eu ainda prefiro o conteúdo. Sua graça me distrai, mas procuro manter a calma. Confesso que já me perdi em seu torso nu. Na sua pele morena. Nos seus cabelos escuros e nos seus olhos castanhos. São tão invencíveis, pedaços sublimes de pecado exacerbado. Em você, eu me perco, reviro o acaso, me torno poeta. Em você, me transformo em plebeu, obedeço os critérios, pratico adultério e procuro um consubstancial. Porém, entenda, ainda primo pelo teor. Já solicitei t antas vezes, quase nunca fui ouvido. Não adianta, você sempre consegue me seduzir. Eu sou fraco, eu sou carne, eu sou ser, abstrato, confuso, continuado. Quando adentro, fico idiota, caricato: estereótipo de capa de revista. Então, como não aguento, eu me entrego. Mas ainda falta o conteúdo. Portanto, entenda beleza, você está me fazendo perder os valores. Fazia tempo que eu não me entregava em uma batalha. Você continua ganhando. Todas. Estou jogando meus princípios no vaso sanitário, nos tocos de cigarros, nas ...
Pense que ainda existe amor. Está na esquina, no copo do bar. Ali embaixo do nariz,  Do chafariz. Nos deslizes da mão do jogador. Pense que ainda há. Permanece em Bagdá No coração do homem bomba No olhar das pessoas de lá. Pense que ainda existe amor No carro que só pega no tranco Em sua pele morena do sol Nas ruas de Pato Branco. Pense que ainda existe Consiste em observar Perto daqui, longe do mar. Na hora de se abraçar. lsH.
Negras, belas Em tabelas De contas A massagear: Olhares, egos, Nos mais Lindos passeares. Em lares, bares, Cidades, Com saias Floridas De pétalas norteadas De puro Encanto Em todos os cantos Que os prantos Ousam parar Só para vê-las Elegantes e galantes A cantar. lsH
Meu coração  É gelo Que berra de tédio Sem você Como elo. Minha aflição Não é farsa Quando em Seu abraço eu me encerro. 
Uma outra noite de fé sem sono. A companhia dessa vez é o café, a fumaça e The Editors. A referência joydivisiana ecoa, tanto nas linhas de guitarra como no vocal quase chorado. Ela pouco conhece a banda, apenas sabe que lhe faz bem. A canção que mais entoa no ouvido é Lights. Apesar do título, quase nada a ilumina. Somente a luz do poste e a brasa do cigarro. A noite não foi de trabalho. Resolveu tirar folga de si mesma. Deitou em seu sofá, ligou o som e se deixou transport ar pelo calor/frio das músicas. Acabara de baixar a bolachinha The Black Room, um título bem apropriado para o momento pelo qual estava passando. Acendeu uma bituca e viajou. O barulho infernal dos carros na rua não mais a incomodava. O fone de ouvido era muito bom. Importado. Gentileza de seu vizinho contrabandista. Quando iniciou os primeiros acordes de Camera, ela se transportou imediatamente à infância. Se imaginou sendo balançada pelo seu pai, depois brincando com seu meio-irmão e logo após levando uma b...

Um Beijo no Marlboro

Ali de bobeira Encostado no muro Meu sangue quente E o seu filtro me chamando. Tenho em mente a maldade A crueldade dos anos E as consequências do agora Mas você me satisfaz, Muito mais que não demora. Não demora o meu prazer Não demora o meu fazer Não demora o seu caráter Não demora o seu querer. Ali de bobeira Deitado no capô Vejo as estrelas adormecerem Enquanto te beijo calmamente. lsH

Sorriu

Minha memória me trouxe algumas saudades.  Instantes não frequentes de encontros e realidades.  Certas, deveras, seriam imaginações.  Mas quis os bons astros que não.  E é por isso que ela me relembra de coisas lindas.  Constantes sorrisos e abraços compartidos.  Compaixões de dias sofridos, mas alimentados com esperança.  Hoje, crescida, a criança berra outros sortimentos.  Os sentimentos, contudo, prosseguem mesmo que esquecidos.  Desejou hoje que lembrasse aquele tempo, de flor na cabeça, de bata rasgada e cigarro mentolado.  E sorriu. lsh

Observação

Eu gosto dos olhares que se encontram na rua Dos sorrisos tortos que se comunicam. Eu gosto dos perdedores de face nua Que não tem medo de mostrar a fragilidade. Eu gosto das pessoas que frequentam boteco Que não tem o medo de expor suas vidas Que contam seus causos Em forma de deliciosas mentiras. Eu gosto dos diferentes, das mulheres De braços tatuados e colares extravagantes. Eu gosto daquelas que não alisam o cabelo E deixam que a bagunça balance livremente. Eu gosto dos barbudos, com seus braços finos E suas camisetas de 3 números a mais. Eu gosto das sutilezas da MPB Das letras diretas que tremem o coração. Eu gosto da Tiê e seus poucos acordes Que me fazem molhar a ponta da cabeça. Eu gosto de sentir o cheiro do seu cabelo pela manhã E tocar o seu sexo só para incomodar. Eu gosto das imperfeições malandramente instauradas Nos rostos dos miseráveis que sabem sorrir. Eu só odeio a segunda-feira, mas todas as coisas Necessitam de um i...

Coisa desprezível

Tenho naquilo em que o meu ódio se manifesta A mais nefasta sensação de desconforto em vida. Carrego em mim essa loucura disfarçada de calma Mas uma espada está cravada no meu coração. Tudo o que eu faço parece ter o efeito inverso Como se o universo estivesse anunciando o fim A única forma de suspiro tranquilo é encontrado Quando meus olhos se fecham, simulando a morte. A confusão da sua visita junto ao meu corpo nu Faz os meus dedos respingarem sentidos pestilentos A mente retorce argumentos pifiamente vis E a cabeça adentra o espiral da psicose permitida. Cansado de me lançar aos braços da esperança Recordo os tempos quando eu não a tinha E é para o passado que desejo imensamente voltar Mesmo que me feche o futuro de possibilidades. lsh

Declínio

Para o alívio, respiração. Mas às vezes, não é condição. Tenho a loucura no corpo Que me deixa um ser torto. A cabeça é uma aflição Que desesperadamente fala ao coração: - Querido, chegou a hora. No entanto, não é agora. O olho se torna um vulcão Que só jorra confusão. Procuro qualquer alívio E encontro doses de declínio. lsh

Iguais a nós se põe percebido

Na constante dessa hora Vou embora do dessabor E levo comigo o ventilador Porque para onde eu vou Bate um tremendo calor. O seu sorriso Eu levo na memória Outrora quiséssemos algo Que não fossem apenas lembranças. Agora visualizamos a casa vazia Os discos em uma caixa de papelão E nos meus braços o Jamelão. Um último beijo, por fim, desistimos E seguimos cada qual um sentimento. O ódio já foi esquecido e, estremecido Tornou-se aquela comodidade Que talvez, somente com a idade, Iguais a nós se põe percebido. lsH

Eu Vou

Eu vou fumar todos os cigarros.  Vou desaparecer com a fumaça.  Vou consumir todos os remédios.  Vou sumir com a ansiedade.  Vou procurar todos os métodos, vou seguir nos erros.  Vou revirar os vodus. Vou beber a macumba.  Vou ao submundo.  Vou morrer para ressuscitar.  Vou beber aquele veneno.  Vou tragar todas as derrotas.  Vou viver a mesma situação.  Vou amar outra pessoa.  Vou prosseguir como estorvo.  Vou seguir como perdido.  Vou chorar a mesma música.  Vou escrever um novo ro teiro.  Vou estraçalhar o meu peito.  Vou cuspir o azedo. Vou dar um beijo seco.  Vou chupar o amargo.  Vou contar os segundos.  Vou atirar nos minutos.  Vou atropelar um coração.  Vou sofrer o caramba.  Vou reviver o futuro.  Vou viver o passado.  Vou praticar o presente.  Vou me perder na estrada.  Vou pedir uma carona.  Vou viajar pelo des...
Clássico  A febre desse amor em clima pulsante E a sua garganta linda em minhas mãos. O tanque de uísque pousado na mesa E o estoque de alcatrão entre os vãos. Giro os olhos afoitos em direção aos dedos Enquanto seu suspiro tranquiliza o redor E a minha tentativa de invasão se torna certeira Conseguindo a compreensão do furor. Observo os detalhes dos poros do seu pescoço E o arrepio da pele morena que me fascina. Não há nada melhor do que essa vacina Ao menos para alguém que sentia uma carnificina. O levantar do seu sufoco fica calmo Enquanto a minha ânsia se torna plácida E aquilo que eu havia segurado Permito contigo soltar com pouco estrago. Bem devagar eu saio e alcanço o gole Bebido como leite pela boca úmida E acendo meu filtro branco como se fosse o primeiro De outros muitos que virão clássicos. lsH
Algumas frases que não falo mais depois dos 35 Cerveja barata é legal. Sabe onde encontro mais? Tudo o que preciso é de um colchão e sinal de internet, além da minha bicicleta. Cerveja barata é bom, né? Tudo o que eu quero é curtir a vida e gozar a liberdade com meus amigos. TODOS OS DIAS. E viajar muito, lógico. Quero ter um trabalho bem flexível, sabe? Desses que a gente tem tempo para fazer outros projetos, escrever poesias, livros, pintar camisetas. Quero sempre estar at ualizado com os filmes, os livros, as músicas, além de estar sempre buscando aperfeiçoamento. Eu quero uma vida de sarcasmos, saca? Tipo Calvin e Haroldo. Definitivamente, cerveja barata é tudo na vida. Eu vou trabalhar num escritório que me permita me concentrar em coisas criativas, até eu ser reconhecido e poder largar tudo na real e sair por aí vivendo de arte. Não acho que eu esteja pedindo muito. Sério, quero ser reconhecido logo. Caralho, essa cerveja barata é a MELHOR COISA QUE ALGUÉM JÁ INVENTOU! Mistura...
Eu não queria mais voltar. Por alguma razão, cá estou. Confesso que não me sinto muito confortável. Até atrapalha meu pensar. Não consigo deixar claro. Muito menos, escuro. Não queria estar de novo recolhendo cada fragmento que me compõe. Não queria estar novamente escrevendo o "não". Não me via começando outra vez as frases com essa palavra tão miúda de três letrinhas. Não passou. Sei lá se vai passar. Mas, se retornei, foi por alguma questão. E ela é você. Talvez eu esteja  apenas encantado, como me disseram, apesar de que me sinto muito apaixonado. Nem preciso comentar isso contigo. Está longe. Longe fisicamente. Longe emocionalmente. Em outra direção que, lógico, não é a minha. Tenho em mente que para ti foi um caso, outra conquista para ficar registrada na pele, como pessoas que colecionam amores. No entanto, para mim, uma sensação de algo não terminado. Enfim, nem tudo na vida precisa ter um final. Só não queria ter retornado para o início. Do sofrer, calado, no caso.
Para cumprimentar, não precisa fazer a chuca, não precisa lavar a bunda, não precisa ser santo. Para cumprimentar, não precisa ser amado, não precisa ser corno, não precisa ser arrogante. Para cumprimentar, não precisa vestir roupa de marca, não precisa estar sem, não precisa estar com. Para cumprimentar, não precisa ser rico, não precisa ser pobre, não precisa ser de classe alguma. Para cumprimentar, não precisa estar manso, não precisa estar bravo, não precisa estar content e. Para cumprimentar, não precisa se machucar, não precisa se alegrar, não precisa se entregar. Para cumprimentar não precisa ter medo, não precisa ignorar, não precisa estar bêbado. Para cumprimentar, não precisa estar de chinelo, não precisa estar de All Star, não precisa estar de Prada. Para cumprimentar, não precisa ser elegante, não precisa se mostrar o prepotente, não precisa ser o melhor. Para cumprimentar, não precisa estar em dia com o imposto de renda, não precisa ter viajado para a Europa, não precisa f...
Melancolia minha, daquilo que vivi ontem, ou daquilo que vivo agora. Melancolia nossa, tão ausente quanto tu. Melancolia outrora, futuro breve, obtuso instante. Melancolia a noite e ao dia. Melancolia boa deste momento Melancolia ótima para refletir Melancolia incrível para amar Melancolia linda ao vento. lsH
Bate coração, mudo de razão Neste peito oco de foco E carente de exclamação. Perfura a carne ao leite O reler da veia que percorre E junto ao pulso, escorre. Bate coração, seu estúpido Entope a artéria com amor E jorre em sorrisos Qualquer pequeno calor. Termine longamente nunca Mesmo que agora fique E sem que haja despedida Eu quero sem partida. lsH

Esse Meu Doce Matar

Quebrei a cara. Que cara eu sigo? Persigo o curto. O caminho fácil. Qual a graça? Pergunta simples. Sigo errado. Pelo menos, acho. Se acho, Certeza Não tenho. Mas se tenho algo Algo talvez Eu sinta. Analiso E sintetizo O que escapa. Um mapa De fragmentos Descolados na memória Soltos por aí Em ilhas digitais Sem reset Sem delete Sem gilete Sem deleite. Troco um destino Por dois carinhos. Mas tenho Carência? Só aderência De permitir Meu egoísmo. Penso Logo, resisto. Desisto Ao contrário Pois sou Bem otário Quanto ao sentimento. Queria o inverso Mas serei frio? Não entendo. Compreendo que afasto Todavia é meu erro? Porém, contudo, senão? Quem sabe você Que me abrirá Abrigará aqui Uma resposta acolá. Enquanto isso, Vou ali Sozinho fumar Algo que Pelo menos Me faça sentir, Nem que seja Esse Meu Doce Matar. lsH

Até de amor nos curar

Nada se compara a você. Eu queria ter um derrame de amor, Por ti. Meu rádio toca a mesma canção Meu tímpano está viciado E o meu corpo também. Por ti. Respiro aquilo que te cheirei Do peito até sua nuca Da tatuagem até a virilha. Nada se compara a você E tenho medo Que tudo será comparado, Nos próximos, Nos outros, Nos vácuos. Eu queria ter uma ferida contigo Que continuasse aberta Até de amor nos curar. lsH
Na aventura dos sentidos O tempo resgata os perdidos E aquele ali, que antes Escrevia poesias marginais Agora elabora discursos Para os petistas. E o calor de seus lábios Hoje esfriam o amor Que os direitistas, ora exacerbados Portanto cancelam Gritos exacerbados. No trajeto da sua letra Algo ecoa nesse ouvido Porque no outro, eu duvido Que a Marina vá profanar. Mas na aventura dos sentidos O tempo resgata Até os esquecidos E a dança cega da digitação Far-se-á breve, por obrigação.
Eu vou fumar todos os cigarros. Vou desaparecer com a fumaça. Vou consumir todos os remédios. Vou sumir com a ansiedade. Vou procurar todos os métodos, vou seguir nos erros. Vou revirar os vodus. Vou beber a macumba. Vou ao submundo. Vou morrer para ressuscitar. Vou beber aquele veneno. Vou tragar todas as derrotas. Vou viver a mesma situação. Vou amar outra pessoa. Vou prosseguir como estorvo. Vou seguir como perdido. Vou chorar a mesma música. Vou escrever um novo roteiro.  Vou estraçalhar o meu peito. Vou cuspir o azedo. Vou dar um beijo seco. Vou chupar o amargo. Vou contar os segundos. Vou atirar nos minutos. Vou atropelar um coração. Vou sofrer o caramba. Vou reviver o futuro. Vou viver o passado. Vou praticar o presente. Vou me perder na estrada. Vou pedir uma carona. Vou viajar pelo deserto. Vou ser amigo da solidão. Vou encontrar a derrota. Vou cortar a cabeça. Vou cheirar óleo diesel. Vou ressecar o olho. Vou furar a mão com um prego. Vou subir uma montanha de pó. Vou sor...
E esses sonhos de você querer, seja lá o que satisfaça. O olhar para uma pequena nuvem se dissolvendo em prantos a molhar o árido do seu sentir. O admirar de um casal rindo da hora qualquer do clima a conviver. O se identificar da situação no calor da emoção de um beijo roubado. O acordar ao lado de uma pele que você passou a madrugar trocando sutilizes de tocar. O acompanhar de um respirar de uma criança que nem sabe as alegrias que a espera. O sonhar acordado de um dormir tranquilo. E aqueles quereres que sempre ousam sem explicar.

O ponto

Era um ponto negro, pequeno, localizado no centro do peito. Às vezes coçava, chegava até arder. Não foi dada importância desde que surgiu. Parecia como um aglomerado de melanócitos, algo comum, de acordo com os dermatologistas. Com o tempo foi crescendo. Na adolescência, mais precisamente, ficou do tamanho de uma tampinha de Fanta. Começou a incomodar, porque doía: pontadas agudas que pareciam como a sensação de palitos de gelo adentrando a carne. Certas vezes, porém, o ponto mudava de cor, deixando a negritude de lado e assumindo um tom azulado, como um céu de inverno pela manhã, depois que a geada se dissipa com os primeiros raios solares. Naqueles dias, a cabeça reagia de forma estranha, algo como um misto de euforia e felicidade, sentimentos não tão comuns para a época. Mas, depois de alguns dias, voltava a ficar escuro, como uma obra do Caravaggio sem a réstia da luz presente em seus quadros. Foi então que apareceu a letra M dentro do ponto, de melancolia, de melodrama, de merda, ...

A Razão

Qual eco atravessa o surdo coração da sua razão? Em mesas digitais com três mesários é encontrado? É preciso mais do que isso para prevalecer, você me diz. Mas se contradiz quando derruba seu papel de bala no chão. Você me quer mais educado em todas as situações Só que não olha os miseráveis ao seu redor. Fortalece alianças para celebrar os mais belos casamentos E fornece tratamentos àqueles que não querem a cura. A rua infestada destilada por certo o algo incerto Porque bandeiras são levantadas todos os dias E ninguém entende para qual norte são apontadas. A senhora queria um lindo beijo no recém-nascido Com câmeras registrando cada frame do ato Por uma única razão? Sim, emocionar o eco que atravessa surdo O coração daqueles mesmos que batem a sua razão. lsH

Tudo Normal

Tal e qual, até demais. Teu sorriso amarelo A minha blusa preta O desgaste do pensar. Tal e qual, o sentimento As pessoas se doendo A raiva escorrendo E a vontade de amar. Tal e qual, o quê? Há tempos um buquê Não recebi, sabe você E o coração a coçar. Tal e qual, tudo normal Espero pelo dia Que talvez chegará Como um animal. Tal e qual, simplesmente total Aguardo um decreto E espero contente O velho sentimental. lsH
Eu detesto a maneira que o Régis Tadeu escreve Não acredito nas verdades do Jornal Nacional Novela boa é novela velha, que reprisa no Viva E eu tenho muita sede quando como queijo. A vida é bela, mas a gente se fode nela. Citronela no repelente combina super bem O novo disco do Cícero é mais ou menos E eu tenho muita sede quando como queijo. Não consigo olhar para a Cláudia Leitte Nem um amigo meu, porque é cego. Às vezes acho Jorge Furtado patético E eu tenho muita, muita sede quando como queijo. 90% do país não entende as letras do Djavan Wander Wildner é um charlatão talentoso Masterchef é um programa ridículo E o pão no meu queijo me deixou com sede. lsH
Clássico A febre desse amor em clima pulsante E a sua garganta linda em minhas mãos. O tanque de uísque pousado na mesa E o estoque de alcatrão entre os vãos. Giro os olhos afoitos em direção aos dedos Enquanto seu suspiro tranquiliza o redor E a minha tentativa de invasão se torna certeira Conseguindo a compreensão do furor. Observo os detalhes dos poros do seu pescoço E o arrepio da pele morena que me fascina. Não há nada melhor do que essa vacina Ao menos para alguém que sentia uma carnificina. O levantar do seu sufoco fica calmo Enquanto a minha ânsia se torna plácida E aquilo que eu havia segurado Permito contigo soltar com pouco estrago. Bem devagar eu saio e alcanço o gole Bebido como leite pela boca úmida E acendo meu filtro branco como se fosse o primeiro De outros muitos que virão clássicos. lsH
A dúvida que fica A dúvida que passa Há dúvida ainda Em cada letra, relaxa.

O acordeonista

A paz, apenas uma, no singular mesmo, simples e sincera, ele queria. Envolto na névoa, abraçado ao seu acordeom, pensava como o último ano tinha sido belo, com o amor pleno, o cantar sereno e as melodias encantadoras. Mas o acaso, primo-irmão do destino, cunhado do agora, despertou-se de um sono maluco, em que a cocaína lhe deu frenesi e vontade de acordar para causar o tumulto. O músico, que havia se acostumado com a vida do hoje, teve junto ao acaso uma briga  dilacerante, onde o principal afetado foi o cérebro, que ganhou uma linda síndrome que retirou do lugar os seus pensamentos. Ele só queria seguir tranquilo pela composição perfeita a qual acreditava ter realizado. Enganou-se. Certa vez, ao se apresentar numa comunidade do interior de uma cidade pequenina, presenciou a ladainha de um fazendeiro que tinha a sensibilidade tremenda de causar intrigas. Esse senhor, que apresentava-se honesto, tinha escondido nos olhos uma maldade voraz, como o raiar de uma segunda-feira infer...
Para você que flutuou os meus sonhos mais eróticos, Daqueles em que o mínimo era as roupas rasgadas, Que uma engasgada não significava nada, Que uma picada era o lindo em sua bunda. Para você, o amor que me torturou, que me enlouqueceu, que deixou os meus dias em calafrios com o seu não tentar. Para você, o meu pulmão de fumante, o meu corpo de alcoólatra, a minha fraqueza desesperada. Para você que perfurou, mesmo sem saber. Para você, os meus versos mais belos, mas nunca compostos. Para você, a minha vida com trilha sonora vinda do nórdico, Dos instrumentos mais inusitados, das partituras menos clássicas. A você a minha rapsódia em si bemol para Guitar Hero. Para você que me conquistou na primeira letra do verso nada romântico que deixou o meu sangue mais medonho. Para você que me permitiu gostar de você, em sua cama, com a minha língua em cada pedaço do seu corpo, Autorizando um adentrar, um gozar e um abraçar. Para você que me ofereceu a melhor orelha para morder com a prec...
Do futuro, vamos Consequência é preciso. Ao ouvir reprovação, Gosto, Pois inquietação existe. Do fundo do poço, aposto É preciso ter cuidado. E quando sorrir, desculpe Mas mostrarei meu desgosto Só para provocar.
as bases é lindo quando se fortalece e reconhece mesmo que sem gostar é o que prevalece.
Faço algo para me distrair. Espantar essa coisa coisada nos olhos. Esse líquido de sono que escorre. Esse bocejo que não me socorre.  Faz tempo que penso em algo para me consumir. Uma ira aguda na garganta. Um tiro na narina. Um barco sem marina. Fico um bom período sem imaginar. Mas insiste um sonho. Um furo no peito. Um espaço sem leito. Frasco vazio está presente no momento. Um moinho sem vento. Nordeste sem sertão. Gaúcho sem chimarrão. Fracasso é o perceber do agora. Comemoração sem vitória, sonho sem dormir, coração sem sangue, lábios sem sorrir.
Vocês vão se dar mal Defensores do bom costume Que não se acostumem Com suas indecisões Pois a nossa decisão Vai nos levar além Algo que já aconteceu No pior sentido Que levou para lá Uma mulher que não defendia O seu bandido de estimação São vocês que não entendem Que direitos humanos Não são a mesma coisa Que assassino e ladrão Como é difícil compreender Algo tão simples? O cérebro secou? Por que piorou? Agora se o policial morreu Querem o mesmo pedestal? Sugerem que os valores inverteram Mas foram os seus que desvalorizaram. E hoje eu estou puta E quero inverter junto aos outros E engrossar o coro Porque já nos disseram: Feminino de luto É luta. lsH
A vida Ávida à vida a vista Vista Mista Insista Persista A vida.

Crises

Para tudo o que eu faço, fico nervoso antes de iniciar. Não consigo mais relaxar quando acordado, somente dormindo. E tenho dormido muito. A vida desacordado tem sido a fuga mais perfeita para as crises de pânico que sinto ultimamente. Tenho sobrevivido, mas está sendo um martírio. Desculpe utilizar essa palavra gratuitamente, pois não fiz nada de tão relevante assim no alto dos meus 37 anos.  Meu coração dispara, procuro me concentrar na minha respiração e não pirar. Não tenho conseguido totalmente nos dias atuais. Confesso que já fui muito melhor no autocontrole, hoje ele parece um lixo em decomposição. Antigamente, eu me orgulhava tanto em conseguir me manter seguro mesmo em uma situação de calamidade. Mas meu cérebro está tão derretido de tantas crises que meus neurônios só me mandam sinais negativos. É como eu não fosse eu. Estou perdendo, aos poucos, o melhor de mim, o melhor da vida, o melhor do gozar, o melhor do amor-próprio.  Acredito muito nesse lance de energia. ...
Pela janela eu vou vendo.  Os carros passam.  Os galhos das árvores se movem.  As crianças com suas bicicletas se divertem.  Folhas de outono pousam sobre o para-brisa.  O táxi que me leva daqui tem a placa com a primeira letra do seu nome.  Melancolicamente, sorrio sozinho ao perceber isso.  A rua está deserta, apenas carros estacionados.  Seus donos devem estar na sala de estar, assistindo TV, curtindo a família, ou na cozinha, preparando um jantar, quem sabe acompanhados do amor, dos filhos.  Quem sabe estejam sozinhos, tomando um bom vinho.  Não sei o final ou o início que isso dará.  Da minha despedida, da minha ausência, da minha derrota. Agora apenas sigo ao aeroporto...
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH