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Mostrando postagens de 2007

Cold War Kids

Eis que o dia baila mais uma dança sangrenta, tingindo o céu com o vermelho de golpes líricos de tinta clássica. Mais um final de fase anuncia a esperança de um amanhecer bêbado e fodido. Olha para o teto que Deus desenhou, deitado em uma grama verde banhada pelo orvalho. Passa os dedos nos lábios somente para sentir novamente o que aconteceu. Seus ouvidos estão entupidos por fones que descarregam outra canção do Cold War Kids. Ele viaja através da música e do degradê que as cores do infinito se permitem formar. Algumas vozes chapadas são escutadas, mas estão muito longe. Há ruídos na comunicação unilateral. Não se deixa envolver e retorna à viagem mental. Deixa-se em caláfrios quando relembra as horas passadas, as mãos no quadril, o deslizar no rosto, o colo aberto e o beijo certeiro. Abre um sorriso intenso e percebe que as histórias do passado devem ficar lá, afinal, ainda bem que as memórias não são relançadas nas TVs. Um vento suave atinge o queixo, passa pelo nariz e morre no bon...

Velhos corações despedaçados

Velhos e vagabundos corações despedaçados. Os pedaços não foram colados, acabaram jogados em latas de memórias. Partiram para longe, se afogaram em lembranças. Eles morreram sem recordar a infância, os momentos felizes, o correr descalço na grama orvalhada, o sorrir graças a um desenho animado. A tristeza veio na separação, mas logo apareceu a adolescência do reencontro. Outras tantas presenças nasceram: andar de bicicleta na chuva, bebida destilada na madrugada, cigarros roubados de bolsas maternas, dinheiro emprestado de carteiras paternas. Sem mencionar as descobertas sonoras, o roçar de um ouvido, o barulho de um gemido, o solo de um guitar hero, a voz de um band leader, o bocejar de um descanso, um Cat Stevens na vitrola. Eis que chegou mais uma distância, cada qual para o seu lado durante a graduação, cada qual em sua própria sintonia. Os pensamentos voaram, as amizades mudaram, as atitudes afloraram, os costumes vazaram e as conseqüências adultas chegaram. Enquanto um vivia na b...

E-mail nosso de cada dia - "O Cão e o Coelho"

Eram dois vizinhos. Um deles comprou um coelho para os filhos. Os filhos do outro vizinho também quiseram um animal de estimação. O homem comprou um filhote de pastor alemão. Conversa entre os dois vizinhos: - Ele vai comer o meu coelho! - De jeito nenhum. O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos "pegar" amizade... E, parece que o dono do cão tinha razão. Juntos cresceram e se tornaram amigos. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. As crianças, felizes com os dois animais. Eis que o dono do coelho foi viajar com a família e o coelho ficou sozinho. No domingo, à tarde, o dono do cachorro e a família tomavam um lanche quando, de repente, entra o pastor alemão, com o coelho entre os dentes, imundo, sujo de terra, morto. Quase mataram o cachorro de tanto agredi-lo, o cão levou uma surra! Dizia o homem: - O vizinho estava certo, e agora? Só podia dar nisso! Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. E agora?! Todos se olhavam. O cachorro, coitado, chorand...

Estrangeiros

É um bem que faz, mesmo sem saber. Basta um olhar para concretizar, um piscar para entender. Ainda bem que do encontro se fez a alegria. Tantos deletérios por aqui já passaram, alguns arrancaram o que eu tinha de melhor. Mas eis que surgiu um passado para lembrar. Do lembrar causou um sorrir que se abriu contente em mistério. Os ácaros insistem em amaldiçoar, nada sabem do gostar, por isso brigam entre papéis de uma época esquartejada. Não levamos em consideração a poeira, melhor o que está abaixo dela. Passe novamente na distração, tropeçando em um sentimento que proporciona o cair. Não precisa esconder, as provas já foram apresentadas, por mais herméticas que fossem, compreensão é uma qualidade. É assim que se faz o bem. Às vezes o respirar é tão complicado. Não o respirar simples da ação, mas o causar de uma interrupção, como se fosse um soco no pulmão, uma falta de extravassar. Eu sei que foi de fobia que o caso agora surgiu, portanto agradeço aos tristes pela razão. Se for para se...
Não há como negar que certos eventos podem trazer mais perspectivas e pensamentos positivos na vida de qualquer pessoa. Ainda mais quando se trata de música. Parece romântico demais falar sobre isso, mas é um detalhe que não pode ser ignorado. Tudo começou com uma freqüência altíssima de música eletrônica e rock, na conseqüência maior de explodir os tímpanos. Após, uma deusa islandesa corrompeu todas as minhas concepções de shows que até então eu tinha. Foi como chegar ao inferno e retornar com a boca repleta de alegria. Aí chegaram os quatro cavaleiros do Apocalipse montados em guitarras, baixo e bateria. Tudo veio contra o peito, uma massa sônica de prazer. Depois do caos, veio o assassinato. Uma das melhores chacinas musicais já realizadas no Paraná. Uma morte em massa, linda e perfeita. Mas, acabamos ressucitados.

Manga

Frases mais azuis nesse caderno cinza. O lembrar de uma época te deixou mais sensível. Impossível não perceber isso em seus olhos castanhos, em sua tez morena, em seus finos lábios. Os versos ficaram mais positivos, a morte deu um tempo. A caligrafia ficou mais legível, as poesias mais coloridas, os desenhos mais festivos. Os assuntos mudaram. A tristeza padeceu. O contento apareceu. Como é lindo quando percebemos que o mar também tem momentos de calmaria, que o marinheiro nem sempre é só, que a maresia ainda possui perfume. Nem sempre conseguimos tudo de imediato, por mais que batalhas contenham derrotas, do contrário, vitórias não existiriam. Como é bom alcançar um objetivo, mesmo que de repente ele apareça sem que tenha passado pelo caminho das pedras. Às vezes a facilidade se resume à sorte. Pessoas já encontraram bilhetes premiados em latas de lixo. O preto pediu licença, entrou na fila do INSS. A alegria encontrou um emprego. Tudo bem que ela trabalha aos sábados, mas apenas de m...

Cego rever

Uma triste e bela canção arranca um pingo dos canais lacrimais. Faz-se forte a lembrança de um esquecimento que não se dissolveu. O causar de um arrepio viaja em alta velocidade através das veias. Foi mais um sonho ruim, mas eles aparecem na alta madrugada. A canção contribuiu no relembrar. Um caso por acaso Causou um desabar. Fracasso em sentir Um bom gostar. Travado um soltar De sentimentos Repudiou o decepcionar. Abriu os olhos A falsa esperança de criar. Jogou morno um arquétipo de imaginar. Parou no momento em que deveria não fraquejar. Deixou-se ao ar levando um fim. Tragou em memórias agonias sem iguais. O período dificultou os trejeitos do sentir. Revelou uma saída mortal de mentir. Foi triste a iguaria que bebeu. Amaldiçoou o alvo do acaso retumbante. Escorreu pelo ventre uma saudade definitiva. Sobreviveu na conseqüência do exuberante. Fechou novamente os olhos e voltou a se gostar. Deixou-se após o sofrer e seguiu pelos caminhos do romper. Cheirou a última memória e agradou ...

Long Plays para a primeira hora da manhã

Long Plays. Música da banda gaúcha Pública. Ela proporciona uma incrível vontade de sair por aí amando, abraçando, sorrindo, mesmo que se trate de um fim. Mas a melodia é tão chiclete e cativante que parece trazer a impressão contrária. Não vai sair tão cedo do meu iPod. Redonda. Grudenta. Perfeitinha. Ótima para ouvir na primeira hora da manhã, de preferência para levantar os ânimos.

Bateu a saudade

Bateu uma saudade de não fazer nada. Aquela em que eu ficava olhando para o céu deitado no telhado. A noite sempre foi a minha melhor companhia. Bateu uma saudade quando você aparecia, do nada, do além, do sem avisar. Essas surpresas eram as melhores. Hoje em dia ninguém faz isso. Às vezes nublado se tornava, mas logo vinha o vento e jogava as nuvens em outras direções. Direções muitas que um dia tentamos seguir, mas opostos foram os caminhos. Bateu uma saudade enorme das conversas, dos diálogos, dos prólogos e das teses. O mundo parecia conspirar quando menos analisávamos. As batalhas de frases eram incríveis. Até o Tarantino ficaria orgulhoso. Bateu simplesmente uma saudade de uma época que era única. Um período de preocupações incansáveis, de angústias incontroláveis, de momentos inexplicavéis, de sofrimentos mensuráveis. Bateu uma saudade da voz falando calmamente sobre sonhos de viajar pela América Latina. De conhecer a Patagônia, de viajar para a Colômbia, de explorar Santiago. A...
Um coração selvagem arrebenta a alma de um poeta caído. A tristeza se esvai para outras redondezas. A vida ganha um novo sopro na descoberta acidental. A pureza já perdida percorre novamente pelos poros da satisfação. Os olhos se fecham para receber o carinho. As mãos tocam lentamente o pulso de prazer. A beleza antes não era percebida. Agora há a entrega do sentir. O vazio some como se estivesse escorrendo pelos dedos. A pele se encontra com a outra e não desiste. A cabeça viaja em pensamentos recentes. Difícil acreditar que está acontecendo. Os lábios exploram o desconhecido. As outras experiências se dissipam. O caos do início vira compartilhamento. A sensação se torna troca. O carinho, perfeição. As pernas se enroscam. A respiração alcança o ápice. O deslize é freqüente. O rápido fica lento. Os beijos, permanentes. A explosão chega logo. A luz penetra os olhos. O gemido, vocalização. E o final é um trejeito. Logo se separam para repousar. O explícito fica tímido. As cobertas,...
RARO
You say life is a dream Where we can't Say what we mean Maybe just some Roadside scene that We're driving past There's no telling Where we'll be in a day Or in a week And there's no promises Of peace or of happiness
Venha Partir A minha parte Ainda intacta Corrompa o que eu tenho de melhor A minha sinceridade é o bem VALIOSO mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. mais. MALTRATE A MINHA ALMA. Seqüestre a minha calma. Violente O meu amor.
minha febre adorada meu porre de vodca minha doce angústia meu dia nascendo minha alma desencarnada meu filho não ejaculado minha casa imobiliada meu povo faminto minha droga injetada meu amigo confidente minha letra inconsistente meu verso corrompido minha poesia dilacerada meu motel preferido minha amante titular meu eu acróstico minha vida não temperada

Jesalel

Desça da morte Enquanto o corte Escorre da faca Um gosto de morte. Suba da sorte O seu azar atroz E voe veloz Rumo ao norte. Volte tenaz Aos braços felizes Dos tristes sorrisos E solte um grito Sobrevindo do fim Que enfim deixou Um anjo caído Encontrar o partir.

Conto Perdido

Era um canto triste aquele ouvido na alta madrugada. A melodia rasgava delicadamente a lembrança confusa de outros verões. A luz da lua penetrava pelo vidro da janela. Não havia nuvens no céu e as estrelas estavam propícias a mostrar o brilho intenso de cada qual. Estava eu deitado na sacada do meu apartamento, acompanhando o movimento da canção enquanto recebia no corpo uma abençoada brisa noturna. Meus cigarros tinham acabado, então eu estava fumando orégano enrolado em uma página da revista Caras. Em um certo momento cheguei à conclusão de que o Elliott Smith só podia estar pensando em merda quando resolveu tirar a sua vida. Mas, isso é mal de gente metida a gênio. Kurt Cobain que o diga com um tiro nos miolos. Contudo, a sua rápida passagem entre nós terráqueos já valeu pelas pérolas compostas de maneira soberba. "XO" continua um clássico. Nick Drake também fez isso, lembrei agora. O compositor inglês deixou antes uma arte de derramar a última lágrima virgem de um garoto ...

AbsTRATO

Triste insiste Em não derramar Do copo a precisa Poesia que Se desmancha. Alcança antes Uma letra feia Com texto lindo Que remete Ao passado romântico . A borda cheia De sílabas agora Vaza palavras. Desperta a esperta Esperança de Se embriagar Em poemas abstratos LSH
Existem alguns momentos em que é preciso ficar quieto, aproveitar o silêncio para escutar outros desabores, outras alegrias, outros deletérios, outros momentos jucundos. Há períodos em que é preciso gritar para quebrar a porra do silêncio, extravasar a felicidade e alcançar o desatino. Mas, existem períodos em que é necessário manter os dois em eterna conciliação. E assim será.

Plasbol

Cabeça de ponta arregaça A mulata tristonha na praça E o corpo perfeito arrebenta Um ícone morto no colo. A lágrima de vodca abstrata Voa no chão de overdose E a moça dos olhos escuros Me sopra pra longe do rosto. A vida é uma morte infantil Observada pelo Jesus junkie Que analisa com os seus metais A ponta de lança no seu peito. A morte é uma vida desperdiçada Pela mulata deitada no colo Da criança que bêbada Reza mais um salmo extra.

Dica: Into The Wild

Liberdade acima de tudo. Ignorar as ordens capitalistas das coisas. Seguir um rumo não traçado previamente. Encontrar pessoas legais pelo caminho. Respirar as possibilidades impossíveis de se conseguir com emprego, casa e família. Curtir cada momento como se fosse o último. Estas frases e muitas outras fizeram parte da vida de Christopher J. McCandless, um garoto de 20 anos que abandonou a sociedade tradicional e foi caminhar pelo mundo americano. Já ouvimos muitas histórias parecidas com a dele. Algumas lindas, outras trágicas. Tudo culpa do Kerouac. O relato de McCandless, no caso, não é tão feliz. Depois de várias aventuras - quase todas, sozinho - ele morre de fome no Alasca. O trajeto de peregrino que ele seguiu por dois anos serviu de inspiração para o escritor John Krakauer transpor a história do rapaz em um livro. A obra, por sua vez, levou o ator Sean Penn a se arriscar novamente atrás das câmeras, dirigindo assim o filme Into The Wild (sem previsão de lançamento no Brasil e s...

Fraquejar

Dica: Portishead

Se não me engano já comentei sobre a banda Portishead em algum post passado deste blog. Mas sempre é bom relembrar quando o produto é bom, beirando ao sensacional. A banda, vinda da Inglaterra, criou um dos gêneros musicais mais intrigantes da década de 90 junto ao grunge de Seattle, Estados Unidos. Estou falando do trip hop que também teve como expoente o grupo Massive Attack. Carregadas de sentimentalismos, as letras e as nuances vocais de Beth Gibbons são de arrepiar os pêlos púbicos. As melodias com as combinações eletrônicas das músicas descem macia através do tímpano. Algumas chegam a causar um estado de êxtase no indivíduo. As canções são perfeitas para um bom amor (leia-se transa) lento, detalhoso, sinfônico e orgástico. O primeiro disco da banda, Dummy, continua até hoje sendo um clássico do gênero e nunca foi superado, nem pelo próprio grupo. Os outros trabalhos também merecem todos os adjetivos, porém, foi no debut em que o Portishead conseguiu a sintonia perfeita. Cada deta...

E-mail nosso de cada dia

Essa vem da série e-mails que recebemos diariamente. Porém, um detalhe, eu acertei a resposta. Isso quer dizer: tomem cuidado. Teste psicológico para psicopatas Esse é um teste psicológico de verdade... - Uma garota, durante o funeral de sua mãe, conheceu um rapaz que nunca tinha visto antes. Achou o cara tão maravilhoso que acreditou ser o homem da sua vida. Apaixonou-se por ele e começaram um namoro que durou uma semana. Sem mais nem menos, o rapaz sumiu e nunca mais foi visto. Dias depois, a garota matou a própria irmã. Questão: Qual o motivo da garota ter matado sua própria irmã??? (Não desça até o final antes de ter pensado em uma resposta!!!!!) - - - - - - - - - - - - - - - Resposta: - Ela matou porque esperava que o rapaz pudesse aparecer novamente no funeral de sua irmã. Se você acertou a resposta, você pensa como um psicopata. Esse é um famoso teste psicológico americano para reconhecer a mente de assassinos seriais ( Serial Killers). A maioria dos assassinos presos acertou ...

Dica: Gogol Bordello

Pense em uns caras que rotularam o som como punk cigano. Agora acrescente pitadas de referências musicais de qualquer parte do mundo e um vocalista que canta muito parecido com o Wander Wildner pré-Baladas Sangrentas. Junte agora oito caras que não têm vergonha do ridículo. Pronto. Tire do forno sônico a bolacinha que possui como nome Gogol Bordello. A banda surgiu em Nova York - lugar em que tudo acontece -, mas a maioria dos integrantes são do Leste Europeu - local em que acontecem muito mais coisas do que em Nova York. O álbum mais recente dos punks ciganos se chama Super Taranta! e é repleto de maluquices musicais, com direito a acordeões ensandecidos, saxofones do inferno e violinos heavy metal. Além desses adjetivos musicais, eles possuem como fã ninguém menos do que a Madonna. Aliás, no concerto do Life Earth (ou se preferir, Laive Ãrf), em Londres, a dita cuja rainha do pop convidou o Gogol Bordello para dividir com ela uma versão tira-o-cão-da-coleira de La Isla Bonita. Nem é ...

Duas boas ações em um mesmo dia

Fui e já voltei. Parece que o tempo passou tão rápido. Ou melhor, isso não é impressão, o tempo realmente passou depressa demais. Mas deu para aproveitar ao máximo e nas últimas conseqüências a capital paranaense. Agora resta a saudade, sobretudo da minha irmã. É incrível como a gente se diverte junto. Amo Curitiba, mas amo muito mais a Ana . Bem mais. Pois bem, agora entra o momento "coisas que só acontecem comigo quando estou na capital ". Em determinada situação, que não cabe explicar agora, eu passei por uma Kombi. O veículo estava parado e, ao lado, tinha cinco freiras . Uma delas estava dentro. Passado um tempo de observação, vi que elas começaram a empurrar a Kombi. Percebi que estavam tentando fazer o negócio pegar no tranco. Na primeira tentativa, não conseguiram. Eis, então, que os olhos abençoados de uma me avista e me pede: - Oi mocinho, tudo bem? Será que você poderia nos ajudar? - Eu, todo benevolente, pensei: - Por que não? Aproveito e já faço minha caridade...

Intenso

Então aqui, pensando um pouco lá, já que pessoas queridas estão. Muito em diversão, um tanto de distração. Embora a vontade seja, infelizmente, uma volta acontecerá. Ainda mais sinto que estabelecer é impreciso, porém, é preciso acreditar. Quem sabe um dia quando o verão não acabar . Agora quero sentir outra vez as ondas acertarem as minhas pernas. Quero de novo o sol fuzilando os meus olhos. Quero um sentimento dilacerando a minha alma. Quero me sentir livre no local de felicidade. Não quero lembrar das canções ruins. Não quero ler os textos de perdição. "Quero um amor com pedaço de fruta mordida". Sinto que o retrocesso não é a ocasião. Não procura em nada a perfeição, já que a imperfeição sempre me chamou mais a atenção. Gosto do cheiro dos perdedores, da fumaça desgraçada que se espalha pela maresia. Adoro descer no trapiche das memórias poéticas e livres . Encontrar nos rostos dos admiradores da ilha uma verdade que volta a ser virgem devido ao lugar que emana descon...

Aimee

Ando tão on-line que adoro ligar o computador nas primeiras horas do dia. O Windows XP sempre me diz logo pela manhã: bem vindo. Ninguém - pessoa física - me deseja isso quando chego ao trabalho. Só a máquina que uso diariamente. O cérebro eletrônico, aquele mesmo que o Gil cantou. Ela é a companheira perfeita. Escuta comigo as músicas que eu mais gosto, me ajuda no desenvolvimento dos textos, das diagramações e ainda me acompanha nas leituras pelos sites que acesso. Às vezes a Aimee, como chamo carinhosamente o meu computador, resolve pirar, travar, complicar. Mas nada que um reset não resolva. Uma pena as pessoas não terem também um botão reset para ajeitar as coisas. Nos últimos meses a Aimee tem recebido muitas informações, sobretudo musicais. Ela também ganhou um companheiro, um acréscimo para a sua atualização no mundo pop: um iPod Shuffle. Ficou tão feliz quando eu baixei o iTunes, pois, até então, Aimee não tinha nenhum programa da Apple, só da Microsoft. É praticamente uma rou...
Baixo momento no período tosco de amor vagabundo. Um moribundo ansioso vaga pelos corredores da razão. O cuspe da paixão escorre na escuridão. O coração assassina todos os prazeres da aproximação. A cada tiro de sentimento, o bando procura se esconder entre os móveis de saudade. A cena é de puro terror romântico. É a eterna luta contra o tráfico do amor. O grama da droga é caríssimo. Amor direito na veia é chaparral. Por isso a troca de tiros no Morro do Foderoso. O amor é a droga perfeita.

Escondidas Verdades

Truques ambíguos De ordinária beleza revelada No coração mais perfeito De uma alma torturada. Falsa condição projetada Nos dizeres mais concretos Nos sorrisos mais discretos Mas foram nos olhos Que explícitos revelaram A condição incorreta. Nuvem de pólvora Em um quarto amarelo Repleto de angústia. Um dia, quem sabe, Encontrem as verdades.

Por uma vida mais ordinária

Para que chegue logo o final de semana. Para que a vida seja mais inconseqüente. Para que a madrugada de quinta para sexta seja... simplesmente seja. Que o cigarro queime o filtro. Que a bebida desça gritante. Por uma vida mais ordinária. E marginal.

Poema: Leonardo Handa - Foto: Rogério De Conti

Thom Yorke - The Clock

Esse cara é complicado. Quando surgiu no cenário musical com a sua banda, uma tal de Radiohead, anunciou aos quatro ventos que era um verme (Creep). Depois, lançaram um dos discos mais legais da década de 1990, The Bends. A canção Fake Plastic Trees arrancava da cerne o sentimento mais bonito, mesmo sendo triste. Em 1997, a banda colocou no mercado o álbum Ok Computer, uma beleza sônica com linhas de guitarras que até hoje estão marcadas nos corações dos aflitos. O futuro nunca foi tão controvérsio e discutido, graças ao Thom. Eis então que a banda entra em um hiato e após alguns anos lança Kid A, deixando todo mundo confuso. As canções do álbum, extremamente difíceis, colocaram em dúvida os fãs da banda. Mas, é só ouvir o disco mais de três vezes seguidas que dá para perceber o conceito da obra, totalmente diferente do que, até então, o Radhiohead vinha seguindo. Na seqüência vem Amnensiac e Hail Of The Thief, discos menores se comparado com Ok Computer e, propriamente, o Kid A. Em br...

abraçado ao corpo

Estou no quarto, deitado na cama, olhando para o nada. Estou em "dois a rodar". Acabei ficando tonto e despenquei do sétimo andar. Desmaiei no travesseiro de folhas secas. Olhei para o lado e imaginei a vida. Acordei com a boca repleta de sabão. Foi então que eu avistei ao lado uma tristeza em forma humana. Abri um sorriso. Lancei algumas falas de bolhas de sabão. A cada bolha que explodia, minha voz entrava no ouvido alheio. Aos poucos consegui tirar o desânimo dos olhos castanhos. Abri outro sorriso. Fechei em um beijo, longo, suave e molhado. Enxergo de longe, com os olhos fechados, a neblina gelada da madrugada do litoral. Os peixes celestiais transitam no ar fugindo dos gatos noturnos. Admiro o carrossel de caranguejos enquanto filo um cigarro. Cuspo no céu uma supernova. Ela viaja e adentra no corpo de Afrodite. Carinhosamente ela me manda um beijo. Agarro no ato e fico estático. Desempenho uma função ímpar de trocas interplanetárias, condensando o universo em um copo d...

Tocando o Terror

Esse escrito é dedicado e feito em homenagem à Stella, a mulher mais foda do mundo mundial. Levanta o corpo Da horta sonora Embora as plantas Estejam mortas. Joga no rosto Um pouco de sal E sinta o caos De puro gosto. Balance o colo Na pista de dança E lance um passo De compasso fácil. Acenda o cigarro E aspire o veneno, Faça um gargalo Espirrando o azedo.

Deserto de Sal

Algumas letras batem no ouvido, descem ao coração e atingem o cérebro de uma maneira tão certeira e fulgaz que são capazes de levantar os sentimentos, seja lá os quais forem: ódio, amor, tristeza ou alegria. Eu nunca gosto de comentar sobre a banda Wado e o Realismo Fantástico por puro egoísmo, pois quero a banda somente para mim, não quero que os outros comecem a gostar também. Tenho tantas outras bandas que conheço e não revelo nem aos amigos. É claro que outras muitas pessoas já as conhecem, porém, os próximos ainda não. Portanto, deixo estar. Tenho um lado egocêntrico bem aflorado. Não tinha como deixar a oportunidade passar e não mencionar o Wado e o Realismo Fantástico dessa vez. Eles atingiram uma perfeição no terceiro álbum, A Farsa do Samba Nublado, que levantaria até o Noel Rosa do túmulo - Deus o tenha, amém. O Wado, após os dois primeiros álbuns, também bons, desenvolve letras simples e espertas, proporcionando um sobro no coração, no sentimento cavocado, na alma mais abert...

A vida não vale um Fiat 147

A vida não vale um Fiat 147 Não serve no aluguel Não comporta a cesta básica Não enche o tanque de gasolina Não vale o maço de cigarro Não suporta o Jornal Nacional Não sustenta o vício Não cabe no saco de farinha Não absorve o sangue Não entende o Plínio Marcos Não entende o terrorista Não entende o Hunter Thompson. A vida não vale um Fusca 68 Não enche a barriga da criança Não cabe no litro de cachaça Não preenche o livro do poeta Não fecha o baseado Não entra na vagina da puta Não compreende o vagabundo. A vida não vale um pneu furado.

Pessoa Perdida Procura – Capítulo Dois – Dummy

O sol estava se despedindo. Um bonito fim de tarde em Guaratuba. Eu aceitei a carona da Gisele e entramos em seu Golf vermelho sangue. Ela disse que tinha a impressão de ter me conhecido no Porto Pier 3, um local que deve comportar umas 90 pessoas, tem dois pavimentos com bar e lanchonete. O lugar era bem agradável. Vagamente eu recordava que já tinha passado por lá. Só não lembrava ainda como tinha parado na estrada entre Coroados e Guaratuba. - Aliás, qual é o seu nome? – Perguntou a farmacêutica de lindos olhos negros. - Eu não tenho certeza quanto a isso, mas acho que me chamo Israel. – Foi naquele momento que me dei conta que estava sem a minha carteira. Enquanto Gisele dirigia em direção ao posto de saúde e ouvíamos no som do carro um disco do Portishead, se não me engano era o Dummy, vasculhei a minha mochila. Não encontrei porra nenhuma de carteira. Mas, entre os CDs soltos e a edição do Misto-quente, do Bucowski, estava a minha agenda. Abri. Foi quando caiu minha carteira de m...

Pessoa perdida procura - Capítulo 1

Não lembro ao certo como aconteceu. Eu estava perdido em uma estrada que ligava Coroados a Guaratuba. O problema era que eu nunca recordava como tinha chegado àquele lugar. Era como se eu estivesse dormido na minha cama e acordado na estrada. O pior era que eu não tinha nenhuma pista de como eu havia chegado lá. Eu tinha apenas um relógio de pulso de cor cinza com o ponteiro dos segundos quebrado e uma mochila com alguns CDs, um disk-man, uma garrafa de Jack Daniels, uns maços de cigarro, uma edição do "Misto-quente", do Charles Bucowski e uma agenda. Eu estava usando uma calça jeans azul clara, tênis Adidas, uma camiseta rasgada com os dizeres "Lover Loser" logo abaixo de um desenho do Presto, um dos personagens da Caverna do Dragão. Se não me engano eu estava com um colar de sementes de alguma coisa e uma forte dor na coxa direita, o que me fazia mancar. Caminhei por alguns quilômetros - dois, para ser exato - e encontrei uma sombra para descansar. Eu estava com u...
Doce necessidade de vazar. Vejo com as mãos, mas sou cego dos dedos. Procuro com a língua, mesmo ela sendo surda. Ouço, então, pelos olhos que um pouco escutam. Confundo o céu da boca com o fim do mundo que muito próximo saiu em câncer do meu pulmão. Por isso, agora, eu quero vazar antes que eu volte a confundir.

Inobstante

A pedra se quebra Em pedaços E o homem em pó Revira em escalços Um progresso qualquer. Um passatempo torto De descanso e acalanto À espera de um prêmio Que talvez em isca Possa ser preso E aberto em sorriso. Vento tranqüilo morrendo na água Levando sentimentos outros sentidos Enquanto a folha rebate no ar Atrozes vontades e carinhos.

Iwo Jima

Bate nas costas a onda vermelha. O cheiro de pólvora é o único odor de satisfação que se pode sentir. Vários corações pulsam uma vida, uma guerra que não iniciaram. Uma foto marca uma conquista mal interpretada. Os modelos que levantaram a bandeira entram em uma mentira mascarada. Após, uma longa campanha publicitária realiza uma arrecadação grandiloqüente de capital desperdiçado. O dinheiro se transformou em chumbo e granada que, por sua vez, adentraram corpos nipônicos lutadores sem razão. A memória em homenagem aos mortos mostra as facetas de marketing de um país que venera sangue, explosões, tiros, bombardeios e batalhas. As cartas dos soldados, as verdadeiras memórias, nada servem em honra à pátria verdadeira. As famílias sabem muito bem disso, por isso as lágrimas de revolta. Do que adianta um herói se ele está morto? Aos senhores dos mandamentos ditosos isso não é questão, é proveito para dias melhores. Já as verdadeiras senhoras, donas das entranhas que expulsaram a vida, têm c...

Um Beijo a Mais

Chegar aos trinta anos de idade com uma carreira profissional perfeita, ter uma namorada grávida e um ótimo grupo de amigos é tudo o que muita gente quer. Mas dúvidas sempre aparecem no trajeto da inesperada questão que é viver. É nessa premissa que segue o filme "Um Beijo a Mais", do diretor Tony Goldwyn e do roteirista Paul Haggis (ganhador do Oscar por "Crash"). O longa tem no elenco o sempre divertido Zach Braff - do seriado "Scrubs" - Jacinda Barrett e a graça onipresente Rachel Bilson, a cocotinha Summer do finado seriado "The O.C". "Um Beijo a Mais" é uma refilmagem americana do italiano "O Último Beijo", do cineasta Gabriele Muccino. Ambos são ótimos, cada qual em sua cultura. O andamento do roteiro dos dois filmes é praticamente o mesmo, porém, na versão dos EUA, preza o charme da trilha sonora que pinça músicas cuidadosamente pops, realçando o sabor das cenas protagonizadas por Zach Braff. Não há como negar a sintoni...
Os versos abaixo são de uma música sem título, composta para uma menina de olhos de água, pele macia e dedos largos. A distância hoje é lance, mas do futuro nada sabemos. Portanto, se você estiver lendo, a foto já denuncia. Dielli, é você. Carregue daqui os meus sonhos Leve-me junto também. Desfaça os meus planos Leve-me muito mais além. Desfaça o que eu já fiz Eu ando na beira por um triz Coloco em risco a vida Mas quero me ver feliz. Por isso, me tire daqui Cole a minha foto em sua lembrança Rasgue o pessimismo que eu fiz Só não me deixe mais aqui. Faça-me, quando preciso Mas deixe-me cair na vodca como alívio. Você sabe que eu complico Mesmo assim eu suplico Eu sei que tenho chance Pois você está ao meu alcance Ajuda-me a descolar o sofrimento Traga novamente o sortimento Tudo isso eu quero, porque eu te amo Exalo fumaça quando eu te vejo Traga os meus pensamentos até você. E quando eu choro é porque eu sofro Reconstrua o meu desejo E desfaça o meu sorriso. Leonardo Handa

Sempre esquecemos o quão estranho é simplesmente estar vivo

É um frio que corta a alma, divide em dois, retrocede em três. Um vento gelado adentra pelos póros e chega ao sangue, congelando o batimento do coração. Suspensão no ar, lágrima gravitacional, Jesus cibernético, ondas laterais, sacrifícios infernais... Não há definições precisas nessa imprecisão de sentimentos confusos e angustiantes. O amanhacer congelante deixou um estalaquetite preso aos cílios. O abrir dos olhos fez cair um pedaço de gelo que encontrou o chão. Um forte som surgiu ao final da queda. Parecia uma bomba de Napalm sendo jogada em um jardim da infância. A trilha sonora perfeita para os comedores de criancinhas. Mas era a tristeza que ditava as regras enquanto a indelicadeza era vista em olhos mais adultos. Reflete no espelho a imagem de um deus perdido, derrotado, alienado e fracassado. Dispara em fúria contra a parede, rasgando mais um pedaço de pele maltrada. A tatuagem fica desfigurada devido ao ataque de fúria. Fecha os olhos no amanhecer congelante e canta mentalmen...