Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Meio desligado


Ando muito mais do que meio desligado. Não estou caminhando, nem cantando; nem seguindo a porra daquela canção. Ignorei a falsa baiana, o barato total e o drão, mas me exaltei nos mares de Caymmi. Hoje fiz uma canção e não assinei. Péssima. Levantei da rede e vi pela TV um moço que perdeu o lenço e o documento. Fiquei preocupado, afinal, aonde os jovens andam? Perderam a cabeça?

Fiquei um pouco de bobeira e uma abelha entrou na cozinha. Tentei matá-la, mas a desgraçada foi mais rápida: me picou. Acabou chorare. Deixei a água escorrer em minha mão e fiquei ouvindo um barulhinho bom. E o rádio ligado tocava aquela canção. Lembrei de você. Tem coisas que só o Roberto proporciona.

A tarde vazia anunciava pelo canal mais um dia de calor intenso, perfeito para a vadiagem. Sinal fechado para o sol, imaginava eu. Mas ele é muito mais esperto e não economizou na intensidade de seus raios. Tirei a calça para por uma bermuda e achei no bolso 10 reais. Dinheiro na mão é vendaval. Virou carteiras de cigarro.

Insisti em outra música, tentei um samba pra burro no cavaquinho e terminei como se estivesse em um carnaval na obra. Da lata nada tirei, busquei na minha intimidade e não consegui sortimento. Pensei em uma transa, invoquei Caetano e parei na contramão. Não consegui nada de produtivo e voltei para o mar. Curti o fim do sol e retornei ao lar, meio desligado.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Sem

Meu dia em sem
Com o seu aquém
Outrora quisesse
Além contrário
Sem o constrangimento
Nem contentamento.
Noite sub-usada afora
Embora enxergue
Um escuro feliz.
Noturno desejo
No corromper característico
Daquele artifício
De um tom absurdo,
De um ouvido errado
E de outro surdo.
Um resquício de dor
Nesse mútuo prazer
Sem ressentimento achar
Esperando uma cor.
Leonardo Handa