Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Caso


Atroz. Silêncio confuso
Atrás em zás não faz. Obtuso
Sexo. Uso
Sagaz anexo a mim. Gozo

Querer
Poder
Foder.

Em passo detalhe Saliências
Um atalho fulgaz Odores

Satistaz Desfaz

quinta-feira, novembro 23, 2006

Poligamia

Estou praticando muito a poligamia. Não tenho culpa, encontro muitas pessoas interessantes. Quando percebo, o amor já aconteceu. Às vezes é apenas uma transa, em outras é paixão. Nego a culpa e não considero traição, de maneira alguma. Podem me chamar de puto, galinha, cretino e demais adjetivos peçonhentos. O meu veneno é mais em baixo, confesso. O fato é que tal ato me inspira no dia-a-dia, seja através de escritos, doses homeopáticas de gratidão, na minha musicalidade, no jeito de ver as coisas, as pessoas e as leituras. Não é de boa índole, mas aconselho a poligamia a qual me refiro.
Ontem a noite a suruba foi geral. Várias posições, encaixes, diálogos e sussuros. Gemidos também, muitos. Culpa da Kim Deal. Ela é fogo. Foi a primeira. Quando percebi, os outros integrantes do Pixies estavam juntos. Quando terminamos, fui para cama com Sonic Youth e, para apimentar o papo cabeça clitoriano (!), convidamos Nietzsche. Na realidade, queríamos o casal estranho Sartre e Simone, mas os dois estavam ocupados demais com as suas putinhas. Passamos duas horas ótimas, com direito a vinho e petiscos. Não ficamos mais devido a contratempos do Sonic Youth, que insistia em ir embora. Foi nesse momento que entraram para a festa o pessoal do Cansei de Ser Sexy. Muito álcool, com sentido cool. Diversão na certa. As meninas são ótimas. Não me acanhei e convidei o Klaxons também, diretos da Europa para o meu quarto. Que transa!
Passados alguns minutos de tempo, afinal, houve prorrogação, somente para desconsertar entrou na folia a galera queer. Uma delas era duvidosa, mas a Adriana Calcanhoto sabe muito bem agradar. Ela não veio trajada de seu personagem infantil, eu desdenho a pedofilia. Angela Ro Ro, quando era Keuroac, também se juntou. Gal e Bethania não. Já a Ana Carolina só deu uma passada. Atualmente, ela está mais interessada na Madonna. Outra que passou de relance foi a Nelly Furtado, já que demonstrou interesse ambíguo nos últimos dias. Deliciosamente pop. Para engrossar o caldo, Rufus Wainwright apimentou os sabores. O doce do amargo escorreu pelo papel que tinha escrito versos de amores. Quem curtiu a idéia foi o John Frusciante, um talento que fascinou. Que o diga o falecido River Phoenix. A sacanagem foi legal.
Quando acordei, embriagado, é óbvio, outros parceiros dividiam a cama. E lá estavam Ariano Suassuna, Hunter Thompson e Nick Hornby. Ao lado, Fiona Apple, Tori Amos e Patti Smith, todos abraçados. Lindo! Não agüentei e os convidei para mais uma rodada. Orgiástico!!!!!
Tudo acabou em caos, com o Queens Of The Stone Age e um gelado café da manhã. Não houve foda, apenas uma boa conversa. Pesada, diga-se de passagem, a respeito de putas e peitinhos de silicone. Logo após, fui trabalhar. Mas eu sei que a noite vai ter mais.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Spider Man


Um dos clássicos da bagaceira-punk-três-acordes é a regravação feita pelos Ramones ao tema de abertura do desenho do Homem Aranha. A coisa ficou deliciosamente tosca. Não há como negar e se encantar com a versão ramoneana. A atitude do gênero ainda abre sorrisos cariados. Aliás, os primeiros desenhos do cabeça de teia eram extremamente punks. Peter Parker já teve mais atitude, sobretudo, em relação aos quadrinhos.
Logo após o lançamento do primeiro filme do amigo da vizinhança, o Homem Aranha ficou high-tech. Demasiadamente. Na versão cinematográfica, retiraram o seu dispositivo romântico: o lançador de teias. Quem é fã sabe que nos quadrinhos ele não solta teia pelo punho, conforme apresenta a versão hollywoodiana. Uma das alegações para essa equivocada alteração, foi deixar os poderes de Peter Parker o mais natural possível. Mas, oras, se era para simular de acordo com o tear das aranhas, o mais espertos sabem que esses animais soltam a teia pela bunda. Não sei ao certo, porém, mais precisamente, pelo cu. Seria hilário ver Tobey Maguire (ator que interpreta o Aranha) realizando tal ato, caso seguisse o manual da biologia.
No próximo ano, será lançado no cinema a mais nova aventura do cara. A história tem como inspiração um período em que o Aranha possui junto ao uniforme a simbiose alienígena conhecida, posteriormente, por Venom. A briga será boa, principalmente porque o terceiro filme contará com outros vilões, como o Homem Areia, um dos mais legais dos quadrinhos.
Dizem que o cabeça de teia estará mais punk. É esperar para ver e crer. Uma pena que os Ramones não estarão na trilha sonora.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Implacável Relógio


Cansaço persiste em triste descaso/ O acaso em limite se faz em atraso/ Limite em verso, controverso palpite/ O sorriso existe, no caso em riste/ Palpável de fato, indelével suspiro/ Espirro o momento, acato no vento/ Percorro sem tempo, o segundo perdido/ Implacável relógio, que pára invertido.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Barão Vermelho

Mais de 20 anos de carreira. Repertório com canções conhecidas pelo público. Músicos talentosos e carismáticos. O Barão Vermelho não precisa provar mais nada a ninguém, já é uma banda consolidada no mercado pop/rock nacional.
A costumeira competência do show do grupo carioca pôde ser conferida na primeira noite da Expopato 2006. Em turnê pelo Brasil, divulgando o CD e o DVD MTV Ao Vivo, o Barão Vermelho agitou os presentes com os principais hits da carreira. Ao contrário de algumas apresentações, a banda iniciou o show antes do horário previsto, surpreendendo o público. Quando os cariocas começaram os acordes de “Maior Abandonado”, primeira música do set list, muitas pessoas ainda estavam visitando os estandes dos pavilhões e caminhando pela área externa do Parque de Exposições. Poucos minutos depois, a maioria desceu em debandada até o local onde fica o palco.
A apresentação do grupo, em Pato Branco, não teve muita diferença se comparada com o registro em DVD gravado no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Uma música em especial chamou a atenção, “Codinome Beija Flor”, que, graças a recursos tecnológicos, contou com a participação de Cazuza, primeiro vocalista do Barão Vermelho falecido em 1990. “Acompanhar o Cazuza cantando de novo foi muito legal, emocionante. Escolhemos essa música porque não podia ser mais Cazuza e também por ser uma parceria com o Ezequiel. Uma maneira de prestigiar um amigo”, comenta o baterista Guto Goffi, referindo-se ao jornalista e produtor Ezequiel Neves, que descobriu a banda e está com eles até hoje.

Futuro
A atual turnê do Barão Vermelho tem previsão para terminar em janeiro de 2007. O show na Expopato 2006 pode ser considerado um dos últimos deste ano. Para o próximo ano, os integrantes da banda farão uma pausa. Eles ainda não sabem quando o grupo se reunirá novamente. Durante esse tempo, o vocalista e guitarrista, Roberto Frejat, continuará a sua bem sucedida carreira solo. Frejat já lançou dois trabalhos, “Amor Pra Recomeçar” e “Sobre Nós Dois e o Resto do Mundo”. “Em 2007, cada um deve fazer os seus projetos. Eu vou voltar ao meu projeto solo. A gente deve se dedicar a isso a partir de agora”, salienta Frejat em entrevista antes do show da Expopato 2006. Ele complementa dizendo que ainda não tem nenhuma música gravada, nem produtor definido. “É uma coisa que vou me dedicar no próximo ano”, revela o vocalista.
Os outros componentes também seguirão projetos paralelos. O guitarrista Fernando Magalhães aproveitará para investir seu tempo em um selo de música que lança bandas de rock independente no mercado, além de estar desenvolvendo um álbum de música instrumental. O baixista Rodrigo Santos e o baterista Guto Goffi têm uma banda chamada Os Britos, junto ao saxofonista do Kid Abelha, George Israel. Em 2007, eles lançarão um DVD com o show do grupo. Rodrigo também está desenvolvendo um CD solo, que deve estar pronto no final de abril. Já o percussionista do Barão Vermelho, Peninha, seguirá tocando com o seu projeto paralelo Gungala. “Vamos cair na estrada”, confessa. Ele aproveita para brincar, dizendo que quem souber de algum emprego é somente avisá-lo. “Pessoas que queiram tocar comigo, montar uma banda, é só entrar em contato. Podemos fazer de tudo um pouco, como tocar em cerimônia de enterro ou casamento gay. Tanto faz”, satiriza Peninha.

Leonardo Handa (MTB 6323-PR)

sexta-feira, novembro 10, 2006

Ah! Que pena Radiophonics

- Pai, o que você vai me dar de presente de Natal? Perguntou o menino de 12 anos de idade. O benfeitor, todo preocupado em dar uma resposta aceitável, engasgou na falada e tropeçou na dicção. Mas disse, por fim, que pretendia adquirir a bolachinha sônica da Radiophonics. Na hora, o guri esbravejou:- Dois olhos, EULÁLIA!!!!! Um sorriso se fez presente no rosto do pai.O tempo passou e o menino soube através de comentários de seu irmão mais velho que a banda tinha terminado as suas atividades. Os membros do grupo, cada qual, seguiria por estradas, talvez, paralelas. De tanto ouvir “Eulália” nas rádios, os ouvidos do guri desenvolveram aguçados sentidos. Ele sabia de cor os acordes da canção. Já tinha decorado as linhas de baixo e as precisas viradas da bateria. Inevitável a tristeza ao saber sobre o fim da Radiophonics.O pai, que tinha lido o release no site da banda, estava crente de que compraria o CD da rapaziada. Ele também ficou desapontado. Afinal, o que levaria um grupo com previsto futuro bom a se desfazer? Mais doloroso ainda era escutar os lamentos de um garoto de 12 anos a respeito do fim da Radiophonics. Difícil uma criança sentir tanta ficção por uma banda que, até então, tinha lançado apenas uma música na rádio.O Natal foi chegando e o pai não tinha comprado nada para o seu filho. As opções eram várias, mas apenas o CD vinha à cabeça. “Putz, que desgraçada banda que resolve parar assim, de uma hora para outra”, pensava o homem. Em uma dessas loucuras de se querer satisfazer acima de tudo o ente amado, o pai, que tinha lá os seus dotes musicais junto ao violão, entrou na paranóia deliciosa de gravar algumas canções da Radiophonics para o seu filho. Ele adentrou em um capenga estúdio de música, com um produtor repleto de lordoses musicais e gravou três músicas da banda. Duas, aliás, que não haviam sido gravadas. O resultado ficou amador, mas chamou a atenção.Eis que o Natal chegou e o pai, todo risonho, entrega o pacotinho ao filho com o CD quase artesanal, com as três canções e os dizeres: “Tributo a Radiophonics, by Nestor Padilha”. O garoto adorou! Divulgou para toda a vizinhança, que começou pedir as músicas nas rádios, que, por sua vez, colocou no Emule, que era baixada até pela galera do Japão, que lançou uma versão pirata em Tóquio, onde um produtor brasileiro (pura coincidência) ouviu e decidiu convidar o pai do garoto para gravar um single com “Eulália”. Que, por fim, estourou no Brasil e virou tema de novela: “Eulália, a feia sem boa dicção”. Leonardo Handa - Jornalista

quinta-feira, novembro 09, 2006

Um sentimento de fossa na boca que saliva desgosto. O mês de agosto é sempre um desespero cavalar. Ainda bem que já passou. Porém, as marcas de ferradura ficaram no peito. O arquivo morto é ressucitado pelo cérebro eletrônico. As vozes de lamento são trazidas pelo vento sulista desconfortante. Um raio desaba no pé causando impossibilidade de caminhar. A dor atinge o olho esquerdo danificado pela miopia. Enxergar objetos é complicado.O sentimento de fossa aumenta. A saliva desgostosa agora escorre pela boca e encontra o chão. O som de um trovão estremece nos ouvidos que abertos queriam escutar Tori Amos. Se bem que o desespero iria aumentar. Mas a música seria mais agradável. O som de um trovão possui a fúria de uma música.Fim aberto.