Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

sexta-feira, dezembro 30, 2016

Movimento rápido dos olhos

A imprecisão do colapso em um lapso de fúria. 
O sorriso imperfeito no escuro do sono. 
Um sonho em caos no furor do profundo. 
Um mundo inteiro devastado na alegria do momento. 
O passado não pensado no presente consequente. 
Revirando os olhos com movimentos rápidos. 
Acelerando em outro tempo. 
Automatizando para as pessoas. 
Reconstruindo fábulas, perdendo a religião. 

Um homem ligado à lua. 
Todo mundo chora, às vezes. Então, aguente. 
Do seu lado mais bonito mande cartas de e-bow. 
Viaje na Lotus, anuncie um pranto. 
Espere no canto uma supernatureza superséria. 
Ou não seria isso? Um único ao amor.
Calor que desagrada 
E agrega. 
Mas o foda 
É a falta 
Que dilacera.
Tenho aqui o suor
Que nada completa
E uma dose repleta
De sentir.
Para mim
Está de bom tamanho.
Só quero voltar
Para novaMENTE
Encontrar.

quinta-feira, dezembro 29, 2016

Norte

Eu deixo você entrar
Desde que acompanhado
Daquilo que chamamos amar.
Não precisamos de muito além
Certas coisas, encontramos por aí
Um pedaço de pão, um álcool lá
Uma cigarrilha outrora
Embora eu perceba acolá
Já que a tosse chega bem
Mas levamos conforme vem.
Os dias podem ser iguais
Observando o tempo presente,
Sei que não pedimos muito
O resto o imposto já levou.
Tenhamos um pouco de ausente
Afinal queremos a solidão
Somente para que os períodos
Venham mais carentes
Para então matá-los
Com aquele gosto forte
Que encontramos no norte.
Não precisamos de muito quem,
O nosso qual é o suficiente
Aliás, sempre com, seguimos constante.
Não duvidamos dos poréns
Eles pairam no dia-a-dia
Todavia diluídos vão
Desde que tenham companhia.
Leonardo Silveira Handa

segunda-feira, dezembro 12, 2016

Minha solidão não compartilhada, aliada à condição que agora, acompanhada, dedilha o dedo junto ao violão. Não insisto companhia, minha via hoje é única, sem túnica, sem trilhos, sem descoberta. Coberta a minha vontade eu não reclamo nada, nem um beijo, nem um abraço, nem um calor. A boca está seca, mas de cantar. O lábio seco entorpece em um vinho, daqueles vagabundos, que pintam a pele de tinta e álcool, de satisfação e conclusão: para gostos não refinados, nada vale um rótulo acima de R$ 50,00.
Eu poderia estar jantando, degustando o oriente, mas a minha vontade permanente era de estar exatamente aqui, sem planos para a quarta, sem oitavas para as notas, sem tons para o acaso, sem 50 tipos para qualquer coisa. A melhor pedida, hoje, nada tem a ver com o reclame. Também não se trata de autoajuda. Acuda, quiça, outro dia. Nessa noite, quero o pingo, a fumaça dançando solitária, uma risada bem elaborada, um programa lazarento e um admirar contra o vento.
Novamente, ressalto, não é melancolia. O escrito pode parecer triste nesse dia. Mas é o contrário. É meio otário, como o verso que escuto no rádio, sem presságio para o presente, para o ausente, para o passado, para o futuro, para o obtuso. É como comercial que provoca um riso, no entanto, não cria a vontade de consumismo. Algo neutro, como o detergente escorrendo pela pia, como cão sem a sua guia, como doença sem penicilina.
Hoje, adoro a chuva, cada gotinha que morre em minha janela. Hoje, quero chuva, cada água pequena evaporando sem paralela, sem rodeio, sem devaneio. Hoje, quero duas, seja chuva, seja água, seja gota. Quero bem assim, calma, devagar, como sexo sem pressa, explorado sem a preocupação do gozo, alcançado progressivamente, a cada passo, a cada sussurro, sem murro, sem esporro, algo mais puro. Hoje, quero assim, para amanhã, não saber o que querer.

domingo, dezembro 11, 2016

12/12/12. É aniversário do Silvio Santos, olê, olê, olá. É dia da América Latina, essa terra morena, esse calor, esse campo, essa força tropical. Hoje seria aniversário de Rubem Braga (conhece? Não? Deveria), Aleister Crowley - um místico da porra - e de Orlando Villasboas, grande sertanista. 
No dia 12 de dezembro também foi parido o cara que revolucionou o mercado da cocaína, Pablo Escobar. No dia 12 morreram José de Alencar (sempre cai em vestibular) e, por coincidência, Orlando Villasboas, que nasceu e morreu no dia 12 de dezembro. E hoje, 12/12/12, a Laiane Carnielfaz aniversário. Mas isso é algo muito bom.
O barulho, o som, o tudo.
As vozes, a esquizofrenia.
Quem aguentaria?
É preciso jogo, é necessário o respirar.
Chega a ser jocoso, parece lacrimoso.
O volume, os gritos, a conversa.
O cansaço no mormaço.
O não relaxar do momento.
Os nervos, a fúria, o ventre.
O vento que não entra
E o apuro do socorro.
A bagunça e a falta de concentração.
A raiva que aparece.
O berro que permanece.
Aqui, mudo, em silêncio.
Como haveria de ser.
Mas não é.
lsH