Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, outubro 16, 2017

Nossa Senhora da Refação, dai-me tranquilidade, pois se me der coragem, eu rasgo o lay-out na frente do cliente. Iluminai a mente da pessoa que reprovou a arte e inspiração ao criativo que precisará ser fantástico para fazer um jornal mural. Namastê, digo, amém.

quarta-feira, outubro 11, 2017

O amor no anoitecer, estremecendo o lábio que vazando assobia: vamos partir. O sorriso nasce como um sol que anuncia renascimento-morto. O povo ignora o sofrimento de um término, mas esquece que da dor uma força bruta, brota. E o pôr-de-algo vem surgindo rabiscando o céu com tintas laranjas. O reflexo no olhar enaltece o gostar. O lábio agora se abre e no outro se fecha, com o astro rei se despedindo e avisando: amanhã, novamente, eu brilho.
Trago aqui os olhos
Que admiraram
Sua feição em instante.
Quero hoje
Aquilo de ontem
E constante.

O volátil amor baseado na cibernética


Para que serve essa porra de amor? Eita sentimento mais complexo que irrita. Agita o cérebro, emburrece. Na primeira manhã, café, doces, cigarros e beijinhos. No primeiro mês, ainda. No segundo mês, também. Depois, desgaste. Café, doces, cigarros e beijinhos misturados e jogados no chão. O líquido preto, amargo. O chocolate, meio-amargo. Os cigarros, amassados. E os beijinhos podem ficar enjoados. O que um não quer, dois não sentem.
Quando se tenta colocar ambos os corpos no mesmo espaço, nem sempre é fácil se ajeitar. Afinal, são duas cabeças e personalidades na divisão do local. Ainda no início, óbvio, o encaixe é perfeição. Abraços apertados, mãos entrelaçadas, pernas encostadas, olhares compenetrados e lábios encaixados. Depois, corpos meio tortos, mãos nada firmes, pernas amolecidas, olhares míopes e bocas rachadas.
Frescor na linha de partida. O dado é jogado, algumas casas são avançadas, a novidade é linda de morrer e o coração o órgão pulsante que vai levando harmoniosamente o sangue para as partes baixas. Lógico. O amor também bate na coxa. Como se bate. Mas, o músculo se cansa, leva o vermelho devagar que, enquanto descansa, não resiste e não levanta. O resto, óbvio. Aí não adianta, o jeito é rir ou encarar e entender: o amor cansa quando um acha que se basta.
Vento horizontal em obtuso caso
Perfurando leve o pensamento sujo.
O lençol molhado em cama seca
E a tez deitada esperando agrado.
Caráter esfacelando em combustão
E olho em sal um tanto maltratado.
Vento horizontal levante em grau
E um pouco de veneno com cal
Enquanto avalia o desejo pensado
Enfraquecendo-o na segunda base.
As pálpebras desistem de lutar
E permitem um doce madrugar.
lsH

quarta-feira, outubro 04, 2017

Deixe-se, mar
Aprofundar aqui
Amar lá
E agora.
Deixe-se, flor
Permita a pétala
Propor
O querer.
Deixe-se, sol.
O sal do gosto
Do oposto
Caos.
Deixe-se, enfim.
Em mim
Seu corpo
Cheiro de jasmim.
lsH
um gole de derrota nesse asco. 
um casco entre as unhas, colabora.
o copo quebrado acumula pó
e o nó na garganta é charme.
a calma quer explodir em caos
para um fundo em furo
se enfurecer na poética dissonante
de um crescente anoitecer.
mencionado antes, agora exposto
"o mundo está duas doses abaixo"
por mais que às vezes, acima,
recria o oposto da colocação.
então, não tenha medo
hora ou cedo o coração padece
e merece um aproveitar
que tenha como fim o sorrir.
(mas não acontece).
lsH.
Estava eu, contente, ouvindo Roberta Campos no iPod. Estava eu, distraído, passeando pelo calçadão de Pato Branco, pensando nos versos. Estava eu, sorrindo sozinho, imaginando a letra cantada por você junto ao meu ouvido. Estava eu, olhando a Igreja Matriz e vendo a estátua de São Pedro rindo para mim. Estava eu, olhando o céu e cansado de usar esses gerúndios fajutos. Estava eu, totalmente perdido, pedindo por um abrigo. Estava eu, em mente, solicitando um abraço seu. A chuva começou naquele momento, como se estivesse lavando a minha dor por amar demais. A minha dor por ser mártir demais. A minha dor por acreditar demais. A minha dor por te querer demais.
Estava eu, caminhando, dando razão à Roberta Campos. A música acabou e meu pensamento voou.

domingo, outubro 01, 2017

Agora quero sentir outra vez as ondas acertarem as minhas pernas. Quero de novo o sol fuzilando os meus olhos. Quero um sentimento dilacerando a minha alma. Quero me sentir livre no local de felicidade. Não quero lembrar das canções ruins. Não quero ler os textos de perdição. "Quero um amor com pedaço de fruta mordida".
Sinto que o retrocesso não é a ocasião.
Não procuro em nada a perfeição, já que a imperfeição sempre me chamou mais a atenção. Gosto do cheiro dos perdedores, da fumaça desgraçada que se espalha pela maresia. Adoro descer no trapiche das memórias poéticas e livres. Encontrar nos rostos dos admiradores da ilha uma verdade que volta a ser virgem devido ao lugar que emana descontração. Pessoas que antes tímidas descobrem um sopro de alegria de pura combustão. Uma liberdade não alcançada entre os fios de conexão.
Quero aquilo que nunca deveria ter saído. Visualizar o novo que ainda não foi criado. Descobrir um capricho não revelado. Desfrutar da carne não abatida. Beber um gole de novidade antes de entrar na madrugada querida. E depois de aproveitar os minutos que desvelam, quero lembrar o passado sofrido, os momentos ressuscitados e os casos contados. Tudo ao som de The Coral ou outra bandinha de som delicado.

Amores daltônicos


Ah, esses amores
Que não enxergam
As cores
Enquanto aqui
Vislumbramos
Diversos sabores.
Ah, esses casos
Que desidratados
Nos tragam
Em muitos acasos.
Ah, esse sentimento
Meio vesgo
Que sem querer
Interrompe o momento.
Ah, essas paixões
Que causam
Machucados
E deturpações.
Ah, minha amiga
Somos dois cegos
Que não praticam
Desapegos.
lsH