Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Mal-agouro


30 por dia para suportar
A navalha que a vida insiste em sangra.
24 horas não são o suficiente,
Até em sonhos o filtro vem me visitar.
Faço ponto onde deixarem
Meu companheiro fiel vai comigo.
Têm dias que eu o traio
E prefiro um maço ordinário.
Atendo alguns com colônia barata,
Mas a fumaça da boca me distrai.
Outros chegam com odor de cachaça
O que para mim é perfume.
Não ligo para os rótulos,
As definições poéticas são ridículas.
Maria Madalena está tatuada no braço.
Todo padre que vê sente cagaço.
Se um dia vai me matar
Pior será enfrentar o SUS,
Por isso eu sigo enchendo:
A minha profissão é de cruz.

(Leonardo S.Handa)

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Repugnante Tormento



Remete uma canção
Na dor mais antiga
Da eterna paixão
Pelo pó que levantou.

A lágrima absurda
Ecoa surda no berro
Da repugnante tradição.
Há tiros na escuridão
E silêncio na infância
Que insiste em se perder
No tempo da conclusão.

Sopra no barro um remorso
Causado pelo tempo,
Socorre ao álcool
Um pouco mais de lamento.
A lágrima absursa
Ecoa surda no grito
De repugnante tormento.


(Leonardo Handa)

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Poema DisTRAÍDO

Eu, aqui, caído
Esperando uma gota
Mas o que me vem
É um lamento.
(Em C G D)

Às vezes eu não acerto a mão
E quando acerto, é aflição.
(Am Bm)

Senão, fico deitado
Na valeta do desejo
À espera de chuva
Sem o devido segredo.
(Em C G D)

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Estragado

Eu posso estar me sentindo um traste, respirando merda em sala de perfume. Posso estar cheirando esgoto onde tem flores. Posso estar reclamando do barato, quando na verdade nem estou chapado. Posso estar pouco a vontade, mesmo andando pelado. Eu posso estar querendo muito, mas é com restos que ainda caminho. Eu posso estar errado. Eu posso ser o fracasso. Eu posso não estar ganhando elogios, algo que precisaria. Posso estar caindo pela esquina, mesmo bebendo pouco. Eu posso estar tendo uma crise, meia-idade, idade inteira, idade rasa. Eu posso estar desacreditado com o futuro, vivendo de passado, estraçalhando o presente. Eu posso estar sendo um bosta profissionalmente, tragando demasiadamente as carteiras, encerrando projetos, cuspindo gracejos. Eu posso estar muito errado. Extremamente errado. Eu posso estar falando asneiras, percorrendo a marginalidade, curtindo uma cicuta. Eu posso estar em uma sinuca, mas na realidade é um xadrez. Eu posso estar dizendo mentiras, vivendo verdades, odiando realidades. Posso estar cansado. Posso estar morrendo. Posso estar sobrevivendo. Eu posso estar noturno, sonhando saturnos e comendo soturnos. Posso estar volátil. Eu posso estar carente, querendo afago, palavras positivas, citações clichês. Só não quero ser estragado. Eu só queria um carinho, bem quietinho, mas só sabem tirar ainda mais o meu chão.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Meu rock está um nhoque. Meu amor, nem nhoc! Meu coração é só tum tum. Meu pulmão, boom! Uma pessoa passou. Fiu fiu. Nem olhou. Down! Tentei outro truque. Pleft! Marcas no rosto. Ai!

Segui meu trajeto, trac trac. Bati na porta, toc, toc. - Se mande! Não te quero mais. - Uau! Abaixei a cabeça e fui. Chutei uma lata, pow! Acertei um cachorro. Putz! Ele correu em minha direção. Me lambeu. Báh! Continuei a caminhar. O au-au comigo.

Parei na praça. Sentei no banco. Um pardal cagou em mim. Merda! Literalmente. O cão me olhou, me consolou. Limpei a titica, eca. Encontrei uma carta em minha mochila. Urrul! E mais cinco reais. O escrito não dizia nada. O cachorro me lambeu de novo. - Chega!

Comprei pipoca. O cão adorou. Au! Au! Fez uma graça. Abanou o rabo. Deu a pata. Ganhou o pacote todo. Nem gosto de pipoca. Outra olhada no bolso. Um MP3. On. Tchec! Paulinho Moska. Mudei. Bebel Gilberto. De novo. Arnaldo Antunes. Novamente. Marcela Bellas. Ixe! Não é a toa que meu rock está um nhoque! O cachorro até concordou. - Você está por fora! - O quê? O cão falou? Isso que é rock!!!!