Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quarta-feira, março 28, 2007

Lisérgico III, A Continuação do Imperfeito Contraditório: A Teoria Telepática dos Adjetivos Sobrepostos

O acaso vai interferir no renascer da criatura fétida que agora se esconde no barro da fazenda perdida. A viagem de volta será paga com favores sexuais que nem as prostitutas aceitariam fazer. O beijo na boca durante o reencontro poderá ser o mais complexo, perfeito, detalhista e erótico já dado em alguém, com direito a sinos batendo em dissonância triplicada. A cena se parecerá com algo filmado pelo Fellini. Corta.
Agora entra em ato um outro contraponto de pura piedade. Um assaltado seguido de estupro se passa em um beco escuro e úmido de alguma cidade grande. O garotinho apenas se vê em sangue. Pelas pernas. A fumaça densa incorpora na paisagem, engrandecendo o retrato marginal, como se tivesse sido tirado de um filme noir. Elizabeth Hurt ficaria contente caso fosse a protagonista viva, mas a morte até que lhe caiu muito bem. Corta.
Em outro ponto escuro, um raio de luz ilumina apenas os corpos entrelaçados. A mão escorre pelas costas com uma delicadeza doentia. Andy Warhol aparece ao redor de garrafas da Coca-Cola que, aos poucos, são estraçalhadas com tiros de uma metralhadora sônica, disparadas pelo Eric Clapton. Pensando melhor, ao invés do Clapton, coloquemos o Jimi Hendrix. Enquanto isso, o casal continua o beijo fatal em meio ao caos gratuito de pura satisfação não controlada. Corta.
As lágrimas chegam a causar uma dó desesperada enquanto o fluído vermelho continua escorrendo. Ele até que tenta se levantar, mas as suas pernas não obedecem. Do céu verde limão cai pingos de anfetamina. Aos poucos, todas as pessoas da cidade iniciam uma dança com coreografia saída de uma rave européia. Alguns deficientes mentais recuperam o que nunca tiveram, mas mesmo assim continuam dementes. É nesse momento que o assaltante escandinavo corre procurando a salvação, encontra um pastor evangélico e a sua verdadeira paixão: a religião. Mas é morto minutos depois por pagadores que não aceitam a violência e a morte gratuita. É contradição. Corta.
Segue a claustrofobia dos lábios. Desliza superior no inferior. Encontra o queixo que se entrega. Abre um pouco. Deixa-se tocar. Erótico. Um som interrompe e quebra o encaixe. O que se ouve a partir de agora é um ataque de violinos e violões cellos, como se os arranjos tivessem sido compostos por John Williams. Pássaros com cabeças de macacos e corpos de elefantes jogam bombas de Napalm sobre crianças desdentadas, muitas das quais eram anjos caídos, abandonadas por Deus. Corta.
Eis então que surge o renascer do ser que estava na fazenda. A figura do caos, acompanhado de seus quatro cavaleiros. O céu se abre em um azul perfeito. Não está calor, nem frio. Ameno. Um clima de alegria se inicia. O beijo recomeça. O assalto pára. O sangue não segue a escorrer. O buraco volta ao normal. A dança continua. Alcóol é servido. As crianças, que eram anjos, ficam bêbadas. A mão de Deus interfere e com um golpe massacra tudo. Os evangélicos se tornam felizes. Entretanto, eles também morrem. A vida continua. E... Corta!

sexta-feira, março 23, 2007

Nem que Hunter reencarne

Que patética idiossincrasia que afeta. Ela fica ali, tão vaga, obsoleta e selvática, aguardando o momento certo para explodir em confetes. Linda, colorida e distraída.

Atualmente, todos querem se mostrar diferentes, arrotando verborragia como se fossem filosofias de alto quilate.

É tanto contorcionismo literal que deixaria Drummond com uma vergonha miserável.

E ainda existem os bufões que se escondem em versos munidos de um tal de jornalismo gonzo de pura embriaguez que causa vômitos. Apenas uma pessoa conseguiu escrever este estilo e ninguém mais no mundo conseguirá. Nem que Hunter reencarne.

quinta-feira, março 15, 2007

ALCATRÃO


_____ Alcatrão percorrendo pelas minhas vias aéreas em velocidade super-sônica.

_____ Corrompendo o que há de pior: eu

_____ Não falo por falar quando quero me estragar

_____ É por sentimento dissonante na minha realidade mais arrogante

_____ No momento em que penso amar.


_____ Enquanto isso deixo as lágrimas de uísque escorrerem pela aspereza cancerígena do meu rosto de tristeza. Mas não me veja mal no meu mais contrário escárnio rasurado. O meu maior desejo está enclausurado na mais perfeita fumaça que vaza da sua boca. É o alcatrão que percorre pelo meu eu encouraçado _________________________________

domingo, março 11, 2007

Jorge Drexler Scape

Perceber que aqui - só - solamente com o olho de vidro que ilumina através de várias cores, vejo que a graça está justamente nisso. Tratar de ousar está em acabar de novo o algo niilista. Nem quero pensar que o inverso do meu verso sarcástico provoque ira, não é a intenção. Na real, a vontade é de guerra, mesmo nessa era de sorrisos falsos. Amargo é ainda saber que a claustrofobia do dia cega o causar do riso desesperado. Mas a vida tem dessas coisas do paradoxo, dos paradigmas e das manias. Nem sempre se pode ser bom. Quero arrancar o coração e fazê-lo alimento para os animais. E na tranqüilidade fico no esconderijo, com incenso, vela e Jorge Drexler.

Atrasar o que nunca foi começado, agora, inicia um período de vago sentimento. O pensamento está inacabado como acabo com mais um litro. A promessa foi parar, mas fiz algo não consegui e prossegui, até terminar. O último gole é o mais preciso e gostoso.

Deixa cá, que perceber é realmente ver a volta das características das mensagens exatamente subliminares. Se ser direto é simplista, então, desconcertar é impreciso na precisão da minha mão cega.

Me emano, mano. Saudade meu caro, o Caetano és, não me engano.

quarta-feira, março 07, 2007

Em algum lugar do passado

Um pensamento praiano interrompe o momento. Por enquanto, não interessa a ninguém as linhas de raciocínio lógico a respeito da vida do indivíduo. Então, o sol se despede entre as montanhas da Serra do Mar. Uma ligeira brisa marítima acerta o rosto solitário que estava ali perdendo e ganhando o seu tempo na areia, sentado no seu chinelo de hippie. Algumas pessoas caminhavam na beira, deixando os seus pés receberem aquele ataque singelo de água salgada. Certas gaivotas plainavam contra o vento como se estivessem brincando, fazendo de conta que eram pipas sendo controladas por garotos de cabelos cacheados e de pele queimada. Na certa, nativos da região. Aos poucos os barcos que estavam no mar, provavelmente embarcados com peixes, iam se acomodando na orla. Não sozinhos, é lógico, seus respectivos comandantes se encarregavam de tal ato.
Um grão de areia acerta o olho da pessoa que estava ali contemplando a paisagem. Leves piscadas fazem com que o cisco escorra pela lateral direita da visão, como se estivesse escapando de um desespero repentino de ataque claustrofóbico. Como se uma estrela tivesse sido engolida por um buraco negro.
Era um verão ameno. Logo que o sol fazia o seu balé de despedida, um leve friozinho pedia licença e invadia o ar. Nada que prejudicasse as férias forçadas, afinal, descanso no outono é raro. E nada melhor do que aquele momento para repensar nos detalhes que a sua vida estava tomando. Era até inspirador se deixar levar pelas lembranças desastrosas: vida amorosa, depressão condicional e ofício estragado. Mas a beleza se via em cada detalhe: nas casas que iam acendendo aos poucos as luzes, no barulho de uma nova onda morrendo na areia, nas crianças correndo de seus pais que insistiam em não deixá-las mais na água, no apito do vendedor de sorvetes vestido de Mickey Mouse que não vendia nada, pois não era época de temporada, nos sorrisos das garotas que escapavam simpatia aos meninos e suas pranchas de surf e nos casais de velhinhos aposentados que aproveitavam mais uma oportunidade de vida em uma praia paradisíaca. Os detalhes são os melhores. Portanto, com o auxílio deles, os pensamentos fluiam.
O último raio solar do dia acerta em cheio a retina da pessoa. Os olhos se fecham. Ao se abrirem, uma garota com um colar de conchas e biquini azul claro lhe sorri. Não um sorriso normal. Um sorriso de satisfação. O rapaz corresponde deixando a mostra os seus melhores dentes alinhados. Ela se senta ao seu lado. Sem dizer uma palavra passa o seu braço pelo ombro dele. Contempla a vista e então, encara nos olhos:
- Eu te conheço de outra vida, mas não consigo lembrar da qual.
Totalmente confuso, ele apenas sorri e acha maravilhoso aquelas sobrancelhas compridas mexendo gratidão. Um canção do Ben Harper passeia pela cabeça, mas logo é esquecida.
Ela deixa uma outra palavra vazar através de seus lábios finos e desenhados por algum ser divino, tamanha a perfeição de suas almofadas. Ele não corresponde. Até tenta, mas as palavras não saem. Apenas um murmúrio é ouvido. Ela se indaga e ele escreve na areia: "você gosta de diferenças?" Ela balança um "sim" com a cabeça. E ele complementa: "Que bom, pois sou mudo".

terça-feira, março 06, 2007

Em dó maior


Retalhando os sentimentos

Com uma navalha pouco afiada

Fica jogada no canto

Do obscuro quarto.


Lembrando outras lágrimas

Derrubadas em vacilos amorosos

De sigilo

Fica só na canção.


Procura um par, mas a melodia

É para se dançar só

Se encosta no canto

E escapa um lamento.


Escorre um pouco pelo pulso

E desisti então.


Fecha os olhos e abraça o nada.


Fica fechada em dó.

segunda-feira, março 05, 2007

Sempre Surge

Não há busca
Em troca de algo
Nem calor, nem amor.
É de sorriso que se abre
Um agradecimento.

De fato lógico
Um rompimento
Por hora chegou.

O cataclisma de sentimento
agora vazou.

Não foi culpa dos dois:
Um outro sempre surge (depois).

LH

sexta-feira, março 02, 2007

Meus cigarros estão acabando

Meus cigarros estão acabando. É um desperdício ter que deslocar o meu corpo até a uma loja de conveniência de algum posto de combustível para simplesmente comprar um maço de causador de câncer. Bom, pelo menos tenho a consciência de que faz mal. Mas o que hoje em dia não faz? Na comida, altos teores de conservantes. Na bebida, igualmente. Nem o álcool da atualidade é igual ao do passado. Adoro cerveja amarga, porém, certas são exageradas. Então, você liga a TV e lá estão os mesmos programas de sempre, apresentados pelas mesmas pessoas, como o Silvio Santos que é um Highlander, ou o Faustão-sempre-obeso: alvos fáceis de se criticarem. Eles também prejudicam a saúde. Não quero dizer que a vida se resume somente a isso. Bom, como posso fumar, comer e assistir televisão e me estrago, a mesma coisa acontece quando me canso disso e ligo o rádio. Deixar os ouvidos expostos às canções das FMs pode ser mais prejudicial do que fumar. Pegue por exemplo a nova canção do Simple Plan. Primeiro, se trata de uma típica música emo(rróidas)core. Causa ânsia. Segundo, os níveis de melosidade escancarado pelo vocalista que nem quero saber o nome, pode causar ou desenvolver um tumor no tímpano. A cada minuto que você deixar exposto a sua orelha e seu sistema auditivo aberto aos perigos das FMs, o problema (caso tiver) pode agravar.
Ok, então vem alguém e me diz que, de vez em quando, precisamos nos render um pouco aos anseios da insistente indústria cultural. Claro que precisamos. De certo que eu acho maravilhoso ver a Ivete Sangalo comandando uma massa a girar a garrafa da Nova Schin em volta da cabeça e cantarolar o single da marca. Eu que não vou ficar para sempre tentando decifrar as frases de Nietzsche. E também não acho que o culto se resume a ficar ouvindo as perfeições vocais de João Gilberto, por mais que ele seja ótimo. Tudo isso porque, simplesmente, os meus cigarros estão acabando. Mas que fique claro que eu fumo devido à vontade somente minha, não tive influência de amigo, nem de inimigo e nem das propagandas, se bem que eu adorava os comerciais da Free. Eu gosto mesmo é de Hollywood. Sem influência. Pois bem, agora me contradisse. Acabo de falar que precisamos nos entregar à indústria cultural, de vez em quando, e agora falo que não me rendi aos apelos da cultura tabagista. Sim! Ela é uma cultura. Ah! Quer saber, é muita filosofia barata para pouco escritor. Vou para o posto encher a cara e comprar os meus cigarros e ponto. Final.

quinta-feira, março 01, 2007

Giro aflito, beijo e grito

O título continua o mesmo, mas o visual mudou. Cansei do lay-out antigo do blog, então, resolvi alterar. Eu sei que ninguém vai ligar, já que este meio nem está sendo procurado. Mas, tudo bem, quando montei o blog foi pensando em ser ególatra mesmo. Coisas de virginiano.

Pois bem, inicia o mês de março. A vida passa tão rápida, dizem. Eu já acho que ela estaciona. De vez em quando arranca em alta velocidade. Se não for com cuidado, ela pode bater. Eu já bati. Tive perda total, perda capital e perda moral. Mas isso foi em outras épocas. Agora eu só corro procurando o perigo, o assalto, o pulo, o giro e o grito. Aquela coisa meio Mutantes de ser: "Ande depressa, a vida tem algo mais para dar/ Giro aflito, beijo e grito". Gosto muito da letra dessa canção, que se chama "Algo Mais". Boa época.

Falando em época, um período de saudosismo de inicia. Muito cavalar, diga-se de passagem. Talvez eu precise resgatar os enterrados. Já devem ter virado fósseis. Mas eu encontro. Boas fotos, bons momentos.

Chega de lero-lero. Então, se alguém está aqui, deixe o seu comentário logo ali. Se não quiser deixar, que se foda.