Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

domingo, setembro 23, 2018

Indireta

Quando o sentimento explode, ocorre tudo. Sangue na parede, frases em catarse, hiperbólicas canastrices, dramas cavalares e falsidades não ensaiadas. Pode acontecer um teatro que chamam de ridículo ou incertezas em falas vagas. Mas é preciso ouvir sempre os dois lados. 
Também há o universo umbigo, a centralidade da razão que nem certa é possível e tudo aquilo que se completa em achismos. Existe sim a falação de merda, mas até dela se extrai conteúdos. E é isso.
lsH

Nosso Sangrento Amor


Eu faço seu ouvido sangrar
Com as falácias profanadas
Enquanto eu tenho o fálico
Em vermelho no madrugar.
Eu posto coisas em sua mente.
Você diz que eu desvirtuo suas verdades.
E eu respondo que deve ser por isso
Que continua comigo.
Mas no fim a gente ri,
E aquilo que nos move
É o sentimento que alimenta
Mais um dia que promove.
lsH

terça-feira, setembro 18, 2018

Às vezes precisamos de doses de loucura, de noites insones, de silêncio em meio a tanta porcaria que nos invade os olhos e ouvidos. É preciso sentir essa maluquice que bebemos e arrotamos em vida, porque nada levamos a não ser cada impressão digital na pele, cada história compartilhada, cada beijo alucinadamente dado. É necessário saber se ouvir, mesmo com tanto remédio controlado na mente. 
É obrigatório saber amar desenfreadamente, sem dosar as consequências, mergulhando de piruetas em pedras que nem sabemos se de fato são duras. É preciso sentimento real e muita coragem para estufar o peito e dizer tranquilamente: eu te amo. Às vezes não é preciso nem dizer com palavras, apenas transmitir em gestos simples, leves, carinhosos, generosos e deliciosos.
Não é afoito sentir vergonha. É lindo quando se pode encontrar alguém e olhar nos olhos e repassar docemente o sentimento através da pupila, da íris, das pálpebras, do piscar, do brilhar. E, para tanto, é sim necessário uma boa dose de loucura, pois a normalidade é careta e vizinha amiga da idiotice de não saber aproveitar o momento.
Aguenta minhas bobagens, minhas asneiras, minhas tolices. Além, suporta os meus dedos, a minha boca e o roçar dos meus lábios. Empresta-me para filtrar a minha voz estriquinada, tratorizante e verbolatente. É desenhada exatamente à face. Nem mais, nem menos. A cantada breguíssima, como o profanador, foi sincera. Curti o riso, compartilhei o humor.
Tem um algo a mais. Possui a característica certa. Arrepia-se. Não sei do que, não sei de que, não sei por quê. De desgraça, talvez. De aguentar. Enxergo errado. Sou míope. Meio surdo, também.
A melhor orelha.
Meu escárnio escarrado
Na carne cortada
Que jorra sangue
De álcool acumulado.
O porco ali jogado
É pútrido e carente
De uma mente alucinada
De uma época passada.
Agora o bicho é outro
E o processo necessário
Pois eu quero novo gozo
Sem memória maltrata.

sábado, setembro 08, 2018

Respirar

A mente quer
E o corpo não
Os poros pedem
E os olhos murcham.
Os pelos caem
E a testa arde
A tontura é explícita
E a arte em vão.
O pulso rompe
E o grito surge
O lobo rosna
E a cabeça surta
O remédio é hóstia
E o real é réstia
A rua convida
E o coração detesta
A respiração apita
E a pele arrebenta.
A pressão muda
E os passos calam
O cigarro amedronta
E o pânico vem.
Eu busco a fuga
E saída não tem.
lsh.