Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quinta-feira, abril 27, 2017

A dúvida que fica
A dúvida que passa
Há dúvida ainda
Em cada letra, relaxa.
lsH.

quarta-feira, abril 26, 2017

Eu quero a sua pele exposta em mim, agora. Quero sentir o respiro de cada poro, como pequenas explosões de satisfação. Quero te fazer gozar com a precisão mais cirúrgica que o Pitangui já proporcionou. Quero retirar do seu hálito o gosto novo inventado na minha boca. Quero proporcionar o amor mais afoito nas horas mais improváveis. Quero arrebentar em decibéis o seu tímpano, com inúmeras frases que versarão sobre o sentimento maior: o amor. Quero te chatear e te cansar com as minhas asneiras e baboseiras a respeito do gostar. Quero te encher de guloseimas sentimentais e te abusar nas madrugadas de chuva. Quero embebedar o seu olhar com os gestos mais cafonas que o romance pode enobrecer. Quero viajar em seu corpo e utilizar a minha língua em cada dobra que eu encontrar. Quero me aperfeiçoar na melhor breguice que uma canção pode ocasionar. Quero me fortalecer na fúria de seus lábios enquanto o futuro aguarda o mais belo sorriso que nenhum dentista ousará interferir. Quero a sua biologia de noite e de dia. Quero o seu cantar bem colado no meu ouvido. Eu quero a sua tez morena cada vez mais ligada à minha satisfação de te ver sorrindo.

segunda-feira, abril 24, 2017

Poderia

Lembro de lá, o lado atlântico, 
um romântico desesperado a encontrar, 
sabe-se lá o que seria: um olhar, quiça. 
Mas recordo da nitidez ao falar, 
mesmo sem entender o seu contexto. 
Era de se apaixonar. 
Tinha no semblante algo confuso. 
Dava gosto de cogitar. 
Muitas coisas a observar. 

Do escuro dos olhos ao cabelo ralo. 
O jeito de molhar os lábios para dizer, fosse qualquer coisa. 

Não trazia nada, apenas um anel no dedo. 

Dizia que significa, agora, o fim. 
Enfim, não fiquei sabendo do resto, 
pois faltou um tiquinho de coragem. 
Poderia ter sido um recomeçar.

terça-feira, abril 18, 2017

Pós-almoço
Dá um soninho
Que se torna
Dono
Desse corpinho.
Poderia ser o seu
Poderia ser o meu
Mas quis o destino
E o amorzinho, morreu.

sexta-feira, abril 14, 2017

Sexta-feira Santa

Faço algo para me distrair. 
Espantar essa coisa coisada nos olhos. 
Esse líquido de sono que escorre. 

Esse bocejo que não me socorre.
Faz tempo que penso em algo para me consumir.
Uma ira aguda na garganta. Um tiro na narina. Um barco sem marina.
Fico um bom período sem imaginar.
Mas insiste um sonho.
Um furo no peito.
Um espaço sem leito.
Frasco vazio está presente no momento.
Um moinho sem vento.
Nordeste sem sertão.
Gaúcho sem chimarrão.
Fracasso é o perceber do agora.
Comemoração sem vitória,
sonho sem dormir,
coração sem sangue,
lábios sem sorrir.

lsH

quarta-feira, abril 12, 2017

Momento

E naquela hora exata
A sua frase imposta
Me fez acreditar
Que a vida valia a pena.
Mas a minha pena
Foi confiar que você
Era o amor exato
Que completaria
A minha imperfeição.
Hoje sabemos
Que nada aconteceu
E que apenas o impulso
Nos conduziu pela estrada
Que de asfalto era pó
E o momento, ilusão.
Ainda bem que o bem
Não estava naquele instante
E que o fim foi melhor
Para o meu eu.
Às vezes é triste
Aceitar a tristeza
Como forma de certeza
Para melhor viver
Essa falta de amor.

domingo, abril 09, 2017

Basta sofrer um pouco para aprender
Naquela loucura desenfreada do sentir.
Basta querer a mais para entupir
A cabeça com as boas razões de viver.
Basta muito para bastar.
Basta tanto para amar.
Basta aqui para bolar.
Basta o extremo para sair.

Para você

Para você que flutuou os meus sonhos mais eróticos, daqueles em que o mínimo eram as roupas rasgadas, que uma engasgada não significava nada, que uma picada era o lindo em sua bunda. Para você, o amor que me torturou, que me enlouqueceu, que deixou os meus dias em calafrios com o seu não tentar. Para você, o meu pulmão de fumante, o meu corpo de alcoólatra, a minha fraqueza desesperada.
Para que você que perfurou, mesmo sem saber. Para você, os meus versos mais belos, mas nunca compostos. Para você, a minha vida com trilha sonora vinda do nórdico, dos instrumentos mais inusitados, das partituras menos clássicas. A você a minha rapsódia em si bemol para Guitar Hero.
Para você que me conquistou na primeira letra do verso nada romântico que deixou o meu sangue mais medonho. Para você que me permitiu gostar de você, em sua cama, com a minha língua em cada pedaço do seu corpo, autorizando um adentrar, um gozar e um abraçar. Para você que me ofereceu a melhor orelha para morder com a precisão que por vezes ficava demais afoita. Para você que me aqueceu com um simples olhar. Para você que me deixou amar.
Do futuro, vamos
Consequência é preciso.
Ao ouvir reprovação,
Gosto,
Pois inquietação existe.
Do fundo do poço, aposto
É preciso ter cuidado.
E quando sorrir, desculpe
Mas mostrarei meu desgosto
Só para provocar.
lsH

meia

Meia-luz, meia taça, meio vinho, meio assim. Meio abraço. Metades. Sejamos. O meu grito foi de fúria. Fúria de viver. Fúria de gostar. Fúria de azar. Fúria de natureza. Fúria de final. Fúria de fazer. O seu foi de desespero, de lamento, de tristeza, de pesar. Juntemos, então, cada qual em uma outra canção com apenas três notas dedilhadas que imprima o sentir das coisas expostas. Uma delicadeza noturna que os amantes da razão entendem com perfeccionismo salutar. Eu queria ter citado outro poema, mas esqueci os versos. De toda a forma, imprimiu na boca a sede metafórica das delícias sobrescritas em meu peito. Se todos os dias fossem assim, eu seria o rei de mim. Portanto, sigamos. O caminho aberto das possíveis adjacências, os textos intermináveis sobre o fel, o mel, o céu. A cicatriz descoberta e marcada em um Dia de Independência da nossa nobre nação. A dobra revelada quando caído o pano apresentou. Um sono em seu ombro, agora, continuou no meu sonho. Prometo sempre estar em sua confusão, mesmo que seja a última, a vice-campeã, a prata, o bronze e o amálgama.
lsH

sábado, abril 08, 2017

Compreensão

No momento do tchau
A garganta desesperada
Vai sangrar
E pedirá clemência
Para ficar.
Já prevejo aquela dor funda
Na infinitude da alma
Que parece nunca ter descanso.
O meu talento é perder
E os poucos são frascos
Que vazios ficam
Enquanto engulo
Os sentimentos oprimidos.
Sim, vai doer
E se vai passar,
Me desculpe o cantor,
Mas vá desmanchar o amor
De outra ocasião
Porque aqui neste coração
Já não resta mais pingo
De compreensão.

quarta-feira, abril 05, 2017

não padece

o esquecimento da prece, daquele dia de sol, banhado de laranja pelo rosto, como uma promessa cumprida, não sei se merece. não sei se merece ser deixada ali jogada. tantas outras se foram que essa não carece. não carece de rompimento apesar da minha não sabedoria. poria em algum pote metálico para conservar, só que não sei se um dia vai querer olhar. olhar lá no fundo, aquela minha memória mais feliz. mais feliz da vida, na prata do mar abençoado por deuses falecidos. falecidos como os sonhos que escrevíamos em postais colados em nossas paredes de memórias. memórias de dias vividos e divididos com a mistura do melhor sentimento e depois com sofreguidão. sofreguidão que eu jurava ser apenas uma fase que passaríamos como os pássaros negros que pousaram e se foram. contudo, não. o que ficou foi a tentativa de esquecimento da prece, que não padece porque te amo.