Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

sexta-feira, outubro 31, 2014

Relacionamentos são complicados. Às vezes não sabemos como agir em determinadas situações. Aí fica aquele silêncio entre o casal. Você não entende o que está acontecendo, não quer perguntar nada e pensa: tudo o que eu disser nesse momento pode voltar em forma de briga. Isso é bem estranho, não?

Thiago Pethit, genialmente, cantou que duas pessoas em silêncio sempre dão o que falar. Bingo. Nunca na música atual uma frase soou tão verossímil e sagaz. 

Convenhamos que se trata de algo incômodo, que nos enche de interpretações. E, como sabemos, o maior problema dos homens é a imaginação. São tantas coisas que se passam na cabeça, inúmeras viagens à velocidade da luz. É de cortar o coração.

Particularmente, perdi o sono com isso. Prefiro ficar acordado a dividir a cama. Dormir com dúvida no relacionamento é uma das piores torturas. Gosto mais de cortar o dedo com folha sulfite. 




quarta-feira, outubro 29, 2014

Ando meio vazio. Sinto quase um desespero em determinados momentos, com a vontade de engolir uma caneta tinteiro e senti-la explodir em minha garganta. Uma falta de conteúdo me assombra nesse momento, como se o cérebro implorasse por um frescor intelectual. Algo que me tirasse do lugar comum, da maldita zona de conforto a qual me encontro. Mas a solução é única. E ela não virá galopando em um cavalo branco. É necessária uma força maior.

Quando adolescente, lembro-me de uma cabeça mergulhada em leituras e poesias (mórbidas, confesso) que arregaçavam certas peripécias experimentais. Eu vivia envolto numa bolha extraordinária de paixão pelo desconhecido, sempre a procura de novos sabores, fossem quaisquer um, de universos paralelos, laterais, prosaicos, arcaicos, hiperbólicos e, até então, idiossincráticos. Era lindo. Quando uma nova canção era descoberta pelos sedentos tímpanos, o corpo todo entrava em um transe estapafúrdio. O primeiro contato com Sonic Youth foi devastador. As consequências daquele encontro eu gostaria que permanecessem nos dias atuais. Porém, esse meu abraço apertado na falta de conteúdo começa a incomodar seriamente.

Dias atrás, com a informação de que meus pais pretendem se mudar de cidade, viajei em argumentos solitários a respeito da troca de município. Quase tudo na vida começa com uma pergunta. A minha foi: e se eu também me mudasse? Não pensei em nenhum lugar específico, não consegui formar nenhuma imagem. Minto. Formei sim. Era litorânea, algo meio bucólica, solitária e silenciosa. Acabei esquecendo isso na mesma noite. Por quê? Por causa da circunstância que chamamos de vida. E, sabiamente, Alvin L vomitou: a vida pede provas e quem ama dá.

Isso me levou a pensar, algo que não tenho feito com sagacidade, muito menos com a paciência necessária. Aliás, a falta de concentração é minha companheira não predileta. No entanto, ela é tão constante que acabei me acostumando. Dormimos juntos, tomamos banho juntos, dançamos juntos, almoçamos juntos, bebemos juntos, fumamos juntos e juntos, juntinhos (que bosta), estamos.  


sábado, outubro 04, 2014

Hoje eu senti saudade da solidão. Algumas pessoas temem isso com devoção. Aos 15, me imaginava um adulto solitário, vagando o mundo meio sem rumo, ao sabor de algo que ainda não sei o que é. Com o passar dos anos, acabei fazendo bons amigos e me viciei em pessoas, de todos os tipos, credos, cores, sentimentos e idiossincrasias. Mas foi um ex-namorado que começou a me despertar o medo de ficar sempre só. Por culpa dele vieram as fobias, as síndromes e a depressão. E aquela coisa que eu sentia ser romântica na adolescência, começou a se tornar doença. E, estranhamente, hoje senti saudade da solidão.
Eu vejo que às vezes me desentendo com as pessoas, pois nem sempre concordo com elas. Ou, quem sabe, não deixo claro minha opinião que, por vezes, confesso, é repleta de nebulosidade. Sempre fui adepto do subjetivismo e gosto de pensar que todo mundo deve interpretar qualquer coisa, seja um comentário, uma música, uma situação. Tudo deve ser analisado. No entanto, alguns possuem uma preguiça tão horripilante que chega a causar certo nojo. Sinto-me um pouco culpado de observar as coisas assim. Alimento isso e, de certa maneira, esse negócio não é bom para minha saúde mental, que é bem debilitada.
Mas, voltando à solidão, quero acrescentar a vontade que me assombra de maneira bonita: o silêncio. Após os 30, comecei a ficar muito impaciente com os ruídos, algo bem joaogilbertiano. A confusão, outrora, me fazia um danado contentar. Atualmente, dá vontade de arrancar os tímpanos com o barulho de terceiros. Essa característica tem se tornado birra e ódio depois que resolvi largar o lar dos meus pais e a me aventurar em carreira solo. E, agora encerro por aqui a reflexão: momentos de solidão eu necessito.