Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

E agora?

É um período de insatisfação que adentra sem pedir licença ao pobre coração. Informações turbulentas e pressões psicológicas arruinam a pouca paciência que ainda resta. Não há como negar a tristeza, difícil desprezá-la. A canção perfeita para o momento é "Dois Barcos", do Los Hermanos. Ela ajuda a refletir. "O acaso a se esconder/ E agora o amanhã, cadê?", canta Camelo no final da música. E é assim mesmo, ninguém sabe o que pode acontecer.

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A surpresa ingrata aconteceu. Começaram os cortes. Todo o ano é sempre assim. A tão sonhada estabilidade, pelo menos aqui, não acontece. Nomes aos bois não são necessários. Necessária é a superação.

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As coisas acontecem com efeito bola de neve. Uma surpresa seguida da outra. E assim segue. Quem sabe, realmente, o lugar ideal não seja esse. Quem sabe não seria melhor optar por outro caminho...

... Valeu Eloy

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Sexo


Dorme. Silêncio. Respiração. Observação. Dois. Lençóis. Janela. Cortina. Vento. Tranqüilo. Sereno. Olhos. Vela. Incenso. Corpos. Meia luz. Abajur. Cinza. Preto. Branco. Levanta. Banheiro. Urina. Desce. Cozinha. Água. Geladeira. Vodca. Caminha. Sala. Cinzeiro. Isqueiro. Cigarro. Acende. Traga. Esvai. Puxa. Solta. Vai. Fumaça. Coça. Levanta. Estante. Livro. Bucowski. Bebe. Traga. Esvai. Puxa. Solta. Vai. Abre. Página. Lê. Sorri. Espirra. Olha. Letras. Frases. Vogais. Consoantes. Achado. Perfeito. Triste. Alegre. Contente. Pára. Fecha. Boceja. Volta. Escadas. Cama. Deita. Olha. Corpo. Respiração. Carinho. Acorda. Sorri. Encara. Beijo. Toque. Começa. Pernas. Pele. Transpiração. Ação. Respiração. Beija. Língua. Pega. Solta. Agarra. Geme. Sussura. Transpira. Entra. Sai. Penetra. Volta. Desencaixa. Retorna. Confunde. Prazer. Vira. Posições. Carinho. Selvagem. Força. Recomeça. Abre. Fecha. Sai. Entra. Desliza. Acha. Chupa. Encara. Respiração. Suor. Lambe. Beija. Deixa. Quase. Interrompe. Beija. Recomeça. Mexe. Deixa. Fica. Mais. Vai. Segura. Pouco. Mais. Vem. Segura. Agarra. Continua. Forte. Cretina. Puta. Xinga. Vai. Agora. Vai. Vai. Vai. Vai. Ah!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Deita. Vira. Fecha. Olhos. Dorme. Silêncio. Respiração. Porra!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Tiros em Columbine


Bate um frio no estômago. Desespero misturado com medo. Um coquetel intragável. Não vejo o momento em que eles entraram, apenas escuto os primeiros tiros. Alguém tenta se enconder atrás de um sofá. Não demora muito e é fuzilado. O sangue escorre e eles ficam ali, admirando. Procuro ficar atrás de uma prateleira repleta de livros. Por sorte, não me viram.
Trinta segundos se passam. Bang, bang, bang para todo o lado. Somente o meu se salva. Uma guria pede clemência. Ela é ouvida, mas não atendida. Fica o corpo, vai a alma. Mais trinta segundos e os dois conversam, contam piadas e dão risadas. Um deles aponta em outra vítima. Acerta o olho esquerdo com precisão cirúrgica. Encontro um caminho e sigo por ele. Enxergo a porta e escapo. Enquanto isso, outro alvo é acertado. Um garoto de quinze anos que sonhava em ser marinheiro. Outros mares agora ele navega.
Todos os gritos aos poucos acabam. Os últimos tiros são ouvidos. "Depois da queda, o coice".

No chão foram encontrados, com as suas armas e sangue. Uma outra realidade foi mostrada. Uma outra tristeza revelada.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Se entrar, eu saio.

Se entrar na minha vida, eu saio. Não faça mais desafios. Eu não os alcanço. As dúvidas já foram jogadas, agora dou a descarga. O calafrio não mais espero. Eu quero a tranqüilidade. Tento esquecer o meu lado bandido, mas sempre tenho um pouco de sangue em meus punhos. Apago aos poucos o meu passado sofrido, porém, sempre apago pouco. A memória vai ficando cheia, repleta, completa de desatinos. Não esqueço o que eu queria, pois o meu querer é possessivo. Mesmo assim, caso entrar na minha vida, eu encho a boca e digo que eu saio.
Não quero mais guardar lembranças. Está na hora de viver audácias, presente, futuro. Quem gosta do passado são os museus. Ainda existe espaço para recomeçar, confesso, apenas cante em meu ouvido uma canção da Tori Amos que eu me entrego. Infelizmente, sou fácil. E ambíguo.
Caso preferir me chamar de cretino, sem problemas, carrego sempre a cretinice em meu bolso. Apenas um charme de gratidão. Se não gostar mais dos meus beijos, existem outros por aí, espalhados em doses de alcatrão. Se confundir os outros lábios com os meus, eu entendo, afinal, é uma questão de tesão. Agora, se passar por isso e ainda quiser arrombar o meu coração, traga uma chave-inglesa e um punhado de canções. Nada é nunca e nunca é nada. Nunca diga nunca.

domingo, janeiro 07, 2007

Os Grãos - Paralamas do Sucesso


Em uma época distante, os Paralamas do Sucesso lançaram um álbum que, pelo menos para mim, é uma pérola. Chamado "Os Grãos", o disco não recebeu a devida a atenção por parte do público. Até mesmo porque, as pessoas daquele tempo estavam começando a preferir a invasão das duplas sertanejas a que gastar o seu dinheiro com as bandas oitentistas. De qualquer forma, dois hits tocaram bastante nas rádios, "Sábado" e "Tendo a Lua". A segunda, uma das melhores baladas compostas por Herbert Vianna.
"Tendo a Lua" possui uma letra simples, mas que se difere das outras composições de Vianna. Acredito que depois desse álbum, o principal compositor dos Paralamas começou a ter mais cuidado nas letras. As rimas por vezes pomposas demais deram espaço a frases mais elaboradas.
"Os Grãos" é um disco que mostra os três Paralamas no natural processo de amadurecimento. A partir do álbum, o grupo passou a namorar com os argentinos, tendo até uma participação especial do jucundo Fito Paez na versão brasileira de "Trac Trac", composta pelo argentino. Fito participa dos teclados e vocais da canção, que conta ainda com a presença vocal de Fernanda Abreu, ainda esboçando a carreira solo.

1991. Ano de lançamento. Início de um período complicado aos artistas que faziam rock, sensação da década passada. Entretanto, muitos não perderam o brilho e o tino nas composições. A Legião Urbana estava com tudo. Continuava vendendo os seus milhões. O Barão estava se reestruturando após o falecimento do Cazuza, por mais que este já não fizesse parte da banda. Os Titãs se reinventaram, jogando a música pop para o esgoto e preferindo o som mais pesado. Uma grande época para eles, apesar do pouco público. O Kid Abelha continuava lá, no chove não molha. As outras estavam por aí, procurando o sol. E os Paralamas mantinham-se vivos, assim como os vários: "as várias variáveis", como escreveu Gessinger. Sobretudo após "Os Grãos", musicalmente, o grupo melhorou consideravelmente. Muitos acham "Selvagem?" o acabar de uma época. Opto por "Os Grãos". E desconserto, afinal, gosto se discute sim. Ainda bem.

PS: Esse álbum é ótimo para ser ouvido no verão.

sábado, janeiro 06, 2007

Passou

É uma cana que acompanha uma noite de verão chuvosa com o céu tipicamente curitibano. O tragos saem em lentas baforadas pela boca e pulmões. Um ar tranqüilo por mais poluído que esteja. Quanto a tristeza, ficou por aí, jogada em ondas infinitas de uma ilha que ainda tem mel para beber.
O vigor está no cérebro que há pouco deixou o ano passado no tempo exatamente conjulgado corretamente. Ele ficou. Agora restam as lembranças tristes e felizes em uma lata amassada e jogada no mar. Quem saiba um dia ela volte à beira do mar. Maré cheia, oh! Clareia.
Pois bem, as coisas continuam, não? Então eu deixo por aí.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Um personagem. É sobre um personagem. Nada mais.

Lembro da última vez. Recente. A garoa molhando a sua tez. Os meus lábios querendo perseguir as gotas. O sorriso aberto na noite. A vontade doida de acariciar os seus. Imaginei você nas minhas. Triste pensar apenas.
Sinto a falta que ainda não fiz. O traço que nem desenhei, nem alcancei, nem comecei. Sinto tanto não ter tentado. Foi com um plano mal concretizado, através de linhas retas que procurei escrever torto. De tão torto me perdi, apesar de acreditar na beleza da imperfeição. Abri o peito na hora errada. Passei do ponto, acertei um tonto. Refiz dizeres, cuspi desejos, comi poeira. De todas as canções compostas a você, nenhuma valeu a pena, pois ainda não toquei na carne para que a inspiração fosse completa. É uma pena. Não as músicas compostas, mas a falta do deu toque.
Sinto-lhe perto, quando distante me encontro, seja através dos lugares que me lembram você, dos livros que lemos, das idéias que trocamos, do céu nublado que me atinge. Sinto o seu abraço nos momentos menos propícios. Todos na rua me lembram você, mas somente a sua presença não se encontra.
Deixo-te um beijo, um xis, um quase-caso, um atraso e um cisco no olho direito, somente para você lembrar do meu incomôdo. Faço-te feliz caso quiseres, mesmo que o mundo impeça o tudo que conflita na ação de um encontro de meteoros. Quero-te sempre com os olhares tristes, alegres, contentes e felizes que satisfazem, afinal, vivemos em um mundo tão complicado. De tudo, o meu ódio, por não ter tentado tanto. E agora, a garoa ainda molha a sua tez, na minha memória mais feliz.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei.

Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.