Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

terça-feira, fevereiro 28, 2017

Coração Selvagem

Um coração selvagem arrebenta a alma de um poeta caído. A tristeza se esvai para outras redondezas. A vida ganha um novo sopro na descoberta acidental. A pureza já perdida percorre novamente pelos poros da satisfação. Os olhos se fecham para receber o carinho. 
As mãos tocam lentamente o pulso de prazer. 
A beleza antes não era percebida. Agora há a entrega do sentir. O vazio some como se estivesse escorrendo pelos dedos. A pele se encontra com a outra e não desiste. A cabeça viaja em pensamentos recentes. Difícil acreditar que está acontecendo. Os lábios exploram o desconhecido. As outras experiências se dissipam. O caos do início vira compartilhamento. A sensação se torna troca. O carinho, perfeição.
As pernas se enroscam.
A respiração alcança o ápice. O deslize é frequente. O rápido fica lento. Os beijos, permanentes. A explosão chega logo. A luz penetra os olhos. O gemido, vocalização. E o final é um trejeito.
Logo se separam para repousar.
O explícito fica tímido. As cobertas, camuflagens. Os sons se transformam em silêncio. E a respiração, melodia. Um dedo faz audácia. O outro corresponde. Se abraçam novamente. Não começam, mas permitem. As horas se distraiem. O escuro, cambaleia. O tocar é percebido. E o amor é destravado.

domingo, fevereiro 19, 2017

Extirpe

Extirpando o desespero e concluindo o que estava certo, 
Já que eu visualizei, mas não quis acreditar. 
O sol vinga na cabeça, mesmo sendo a massa cinzenta. 
Cristo ouviu, 
Bukowski também. 
Escutei ontem aquela música que eu preferia não ter composto. 
Oposto que vomitada acabou. 
Ou nem lembrança ficou. 
Tudo bem, 
O desgosto percebido eu estou defecando.

Além disso,
Ontem bateu novamente a latejante aflição.
Procurei não ligar.
Não liguei.
Descarreguei na fúria de um roçar de coxas que explodiu em satisfação.
Ufa!
Achei que não conseguiria retornar àquele ninho.
Consegui.
Jorrei.
E agora vou extirpando.

segunda-feira, fevereiro 13, 2017

des(dia)


hoje é um daqueles dias
que sozinha não me basto
que meu peito grita teu abraço
y penso comigo que hoje não vai dar
hoje é um daqueles dias
que tudo fica cinza
y o mais leve respingo de cor
me lembra a dor de não poder
contigo compartilhar.
é aquela hora que eu penso
por que não me humilhar?
aparecer na sua porta
e te pedir para voltar.
hoje nem era para ter sido hoje
uma segunda 13 com cara de sexta
que podia ter sido só 14
só pr'eu não lembrar
que hoje é um daqueles dias
que dá uma puta saudade
de só te amar.
me dá vontade de esquecer
o caminho torto y errado
que a gente pegou
naquela encruzilhada
enquanto os nossos berros
se misturavam com um velho blues.
então me enrosco
me amarro firme nas linhas
de mais uma triste poesia
que lhe escrevo
pra de mim
te apagar.
lola f. 2017

sábado, fevereiro 11, 2017

Querer aberto


Sacrifício coração, desperdício sentimental
Fossa em catarse, vento diagonal.
Lágrima em transe, perfeição arrebentada
Crise de mentira, tira interrogada.
Versos soltos, solturas involuntárias
Velcro indefinido, beijo interrompido.
Poluição amorosa, dengosa solitude
Altitude interminável, queda paixonite.
Verborrágico cantar, cheirada afetuosa
Nariz em giz, pó destruído.
Heroína nua, pelo em corpo.
Olhos cerrados, coração em vida.
Poesia fechada, querer aberto.

terça-feira, fevereiro 07, 2017

Os Olhos

Tenho olhos que atingem
O aflito
Eles se convergem
No grito.
Nas paralelas 
O planalto é um salto
Que no infinito
Não encontra abrigo.
Tenho olhos, que vertigem,
No rito
Ela se despede
No ritmo.
Das trocas de favores
Que os senadores
Pensam
Que compreendem.

sábado, fevereiro 04, 2017

Criar

Um caso por acaso
Causou um desabar.
Fracasso em sentir
Um bom gostar.
Travado um soltar
De sentimentos
Repudiou o decepcionar.
Abriu os olhos
A falsa esperança de criar.
Hoje eu quero a calma. Quero os versos da Hilda Hilst embalados com jazz. Miles Davis e café preto. Desejo frases que me dilacerem, que me deliciem a boca como pera colhida madura, como vinho vagabundo comprado com trocados, como velho que consegue terminar a refeição. Eu quero os poemas mais absurdos do amor hiperbólico, das cantadas azedas e funcionais regadas a cerveja. Eu quero o sentimento em doses exageradas. Hoje eu quero sangrar os dedos numa corda de aço. Pegar o Sol sem Dó e concluir com Lá o seu Mi Maior. Quero dormir abraçado e quero ser ninado como o último coitado que derramou o sorrir em seu corpo. E, além de tudo, eu quero a calma em cama, com sua boa alma.