Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, novembro 28, 2011

Procurou deitar para relaxar o corpo depois de um dia de labuta prazerosa. Arrumou o ninho solitário e se jogou na cama como se fosse um rei. Um som calmo, a companhia, e a janela entre-aberta para a brisa aconchegar. Mas o sono que deveria ser presente, foi embora, como um bêbado que procura a sua baia. Um sentimento confuso começou a se manifestar. Um misto de raiva e amor. Ele quer entender algumas coisas, porém, não quer puxar assunto. Na última conversa, ficou claro: não procure mais. E, desde então, não procurou.


Um dia, um adeus.


As horas vão passando e uma tosse incômoda agora surge. Investigações mentais alimentam ainda mais a insônia. O cansaço se dissipa. E coisas puxadas pela memória afastam o objetivo. O desapego, para ele, é a meta. Mas ele quer chamar a atenção de alguma forma. Não deve. Quando a emoção é mais forte, tudo fica complicado. Esqueça.


Ok.

You learn

Tenho alguns e-mails. São engraçadinhos. Dá uma vontade de publicá-los. Mas e a vida, como faz Ana Maria? Minha maldita ética é bem legal. Merda no ventilador já foi jogada. O pútrefo de 2011 já foi digerido. O calor da canção, acabou. Os conselhos seguiram o trajeto do bueiro. E o amor se mostrou falsário como sempre. O deleite são os outros sentimentos que surgem após.

A vida se mostra suportável e é doce. Aquele velho ditado ainda faz sentido. Nada que um bom antigripal não ajude depois da friaca. E o respeito, acima de tudo, que permaneça. Por vezes, com o amadurecer os hormônios, isso não acontece. Tudo bem. Sorte que as cabeças são diferentes e o entendimento aparece lúdico e presente, graças a um passado muito desastrado, que foi caminhado aos tropeços.


Tudo é aprendizado.

sexta-feira, novembro 25, 2011

Quebranto

Não lembro que verso eu tinha pensado, mas com certeza era para você. Ando uma perdição sentimental, aguentando os cutucares na ferida que aos poucos vai se fechando. Estou contente, apesar de tudo. Naquela tarde em que sai do seu apartamento, tive uma certeza: acabou. O rumo agora vou seguindo de uma forma imprecisa. É assim que as coisas funcionam. Chega de conflitos, cada qual que siga pela maneira exata.

Hoje, finalmente, tive uma conversa bacana com uma amiga. O conteúdo não lhe cabe significado. Apenas saiba: aos poucos vou esclarecendo. E vivendo. Vejo que ainda é cedo para fazer a retrospectiva de 2011. Mas, adianto: valeu a pena. Não sei como lidaremos com a situação. Conseguiremos.

Caminhos se abrem. Por isso, adianto. Estou indo. Um novo coração agora surge, portanto, não faça como da última vez, não haja como se importasse somente para mascarar o que eu já sei. Na realidade, você não liga, porém, precisa sair como vencedor. Não há nenhum nessa situação. Quebranto.

quarta-feira, novembro 23, 2011

Grande Chico

Perdi o sono. Ele estava comigo até agora pouco, mas fugiu de uma maneira que nem consegui acompanhá-lo. Aproveitei para fazer um dever de casa que estava atrasado há mais de um mês: ler a entrevista do Chico publicada na Rolling Stone.


Para acompanhar a leitura, tirei da poeira alguns discos desse grande mestre e pus na vitrolinha. Confesso que me atrapalho um pouco quando leio ouvindo música, pois fico prestando atenção na melodia, não necessariamente na letra, mas no jeito como ela é cantada. No momento em que o Chico estava falando de política, deixei a mente penetrar (ou seria o contrário) no cantar de "O Meu Amor", do disco "Chico Buarque", de 1978, interpretada por Marieta Severo e Elba Ramalho, originalmente feita para a peça "Ópera do Malandro". O diálogo entre as personagens Teresinha e Lúcia, sobre o mesmo homem, é engraçadíssimo. Ao menos interpreto dessa forma, apesar da traição não ser nada engraçada. Adoro a parte "O meu amor tem um jeito manso que é só seu, de me deixar maluca quando me roça a nuca e quase me machuca com a barba malfeita e de pousar as coxas entre as minhas coxas quando se deita". Pensei em várias coisas que aconteceram neste ano, mais precisamente, no início de 2011.


Mas o que me atrapalhou totalmente a leitura da entrevista foi no momento em que troquei de disco e mergulhei por inteiro em "Meus Caros Amigos", de 1976. Ali tem uma música chamada "Olhos nos Olhos" que me trouxe flashbacks tratorizantes. "Quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci, mas depois, como era de costume, obedeci. Quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. Olhos nos olhos, quero ver o que você faz, ao sentir que sem você eu passo bem demais. E que venho até remoçando, me pego cantando sem mais nem porquê. E tantas águas rolaram, quantos homens me amaram bem mais e melhor que você. Quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim. Olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz". A letra manifestou outro significado para mim, muito estrondoso. Passado e futuro em eterna confusão, como é atualmente. Somente o Chico desperta isso.


Enfim, depois de apreciar todo o álbum, retomei a leitura e consegui terminar a dita entrevista, cuja chamada de capa dizia que era definitiva. Não me enganei. No entanto, ao final, não sei o porquê, lembrei que definitivo mesmo foi o que um ex-amigo me disse: orgulho mesmo seria saber que a minha esposa me traiu com o Chico Buarque!

sexta-feira, novembro 18, 2011

Às vezes me sinto tonto. Digo, eu fico tonto. Uma sensação de desmaio eminente. O problema é que não sei se isso acontece devido a Síndrome do Pânico, cigarros em demasia ou falta de vitaminas. Meu cérebro está tão derretido que nem ele sabe ao certo o que o organismo sente. Até que disfarço bem, mas dá um ruim no estômago.


2011 está sendo um ano bacana, porém, sinto que a minha saúde está bem debilitada. A partir de hoje, práticas necessárias serão tomadas e aplicadas, claro, afinal, serão práticas. A primeira, eu consegui, te esqueci de vez. Na verdade, isso é uma certa mentira. Esquecer a gente nunca esquece, foi só o sentimento que mudou. Se antes era forte, agora é controlável devido a baixa de miligramas. Não acordo mais pensando em ti, não sonho mais contigo e não me masturbo mais pensando em ti.


Agora, vamos para a segunda parte. Depois dos abusos artificiais para o esquecimento, agora obtido, na devida proporção, sigo para a fase adiante... Recuperar a saúde e a espiritualidade. Namastê.

terça-feira, novembro 15, 2011

Um pro Outro II

Terça-feira. 21h39. Meu radinho toca uma canção do Nick Drake, o que me faz pensar naquele amor que deixei no litoral, num dia cinza de setembro, todo molhado pela lágrima de um São Pedro traído. Os barcos voltavam sem peixes e os rostos dos pescadores eram de tamanho descontentamento que até Hitler ficaria com pena. Lembro de ter olhado no fundo de sua pupila e lido um sentimento de desespero, mas com um resquício de esperança adocicada pela bala que você mordia. O vento do mar levantava o seu cabelo castanho e você passava a língua nos lábios, como se estivesse sentindo o gosto do sal que era transportado pela brisa. Aos poucos os pescadores amarravam as suas embarcações. Assim que terminavam mais um dia, o sorriso ia retornando pelas faces, cada qual contente por ter a certeza de que uma morena estaria esperando na porta de casa, com o jantar pronto e todo o carinho possível para oferecer. Eu tinha comentado exatamente isso enquanto a nuvem mais pesada ia se diluindo no céu, dando lugar a primeira estrela a surgir. Aquela cena dos pescadores indo embora, não sei porque, chamou a sua atenção. Presenciei uma lágrima. Cheguei mais perto e te abracei com todo o calor que pude proporcionar. Você retribuiu.

O feriado estava acabando e o meu retorno era necessário. Lembro de ter te deixado naquela praia. Foi a última vez que te vi. No ano seguinte a maldita doença levou a sua presença e o que sobrou eu ouço todos os dias: essa canção do Nick Drake que não sai do meu radinho. Agora o pescador sou eu, retornando de um mar sem peixe e sem uma morena para dar o carinho necessário. Mas, no fim das contas, sabemos que é preciso fases de tristeza para termos períodos de felicidade. Um é complemento do outro. Um pro outro.