Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

terça-feira, janeiro 31, 2017

Linha

A linha da minha
Está ligada à sua,
Mesmo quando
O asfalto é a linha
Que traça o destino.
Queira o futuro
Que na próxima
O máximo seja
Mais perto.

domingo, janeiro 29, 2017

Cansaço beira-corpo / Beira o berro / Berro oco.
O oco choca / Chocante caos / Caos do corpo.
Corpo em queda / Queda plena / Plena luz.
Luz desliga / Desliga trinca / Trinca azeda.
Azeda boca / Boca torta / Torta vida.
Vida agora / Agora sopro / Sopro afoito,
Afoito olho / Olho morto / Morto em cama.

sábado, janeiro 28, 2017

Alguém aí bateu na porta da solidão? Sabe qual é o sentimento mais fácil de ser alcançado? Quem adivinha a palavra mais generosa. "Quem sabe o que é ter e perder alguém".
A porta da solidão já foi aberta, há tempos. Se ela não existisse, o que seria do amor, o sentimento mais fácil de ser alcançado. Difícil é haver interesse mútuo. Um pode amar, mas outro pode desdenhar. Quando há encontro, aí sim, os fogos de artifícios são ouvidos de longe, muito longe. Melhor ainda acompanhado de um generoso obrigado, palavra cada vez mais esquecida por familiares, amigos, funcionários, colegas de trabalho, políticos, iconólatras e conhecidos virtuais. Como é complicado arrancar um obrigado de alguém. Pior são aqueles que criticam a falta de educação, mas não possuem educação alguma. E é assim que se tem e se perde alguém. Algo viciante. Moto-perpétuo.
Os tempos de hoje são tristes. Os olhares vazios não transmitem sentimentos. Corpos secos vagam em direções perdidas. No momento em que encontram outras pessoas, é o oco que prevalece. Por isso ainda existem os caras que insistem em bater na porta da solidão.
Calmo,
o alvo
Ao meu conselho.
Concreto
O dia em concerto
O seu conselho.
Eu queria sempre assim
Mas sei que nem sempre
Encontro o eu em mim.
Penso,
Senso em número
O útero que nasci.
Sinto,
O fruto que
Não omito.

Apenas concordar

A hipocrisia da sua boca
Cantando uma música medonha
Que toca no rádio
Me causa um asco,
Uma lástima e derruba
Uma lágrima.
Nesse balcão do bar
Eu te escrevo
Para desistir,
Mas sei que você
Embala mais ouvidos
Do que o meu
Lamento pode influenciar.
Tenho dó disso
E o que podemos
Fazer?
Apenas concordar
Que algo errado
Não causa o amar
E que a sua corda
Vocal
Vai continuar
A cantar a mediocridade
Do Ibope do país.

sábado, janeiro 21, 2017

Off price


Que a sorte me livre do mercado
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber)
fora de esquema
meu poema
inesperado
e que eu possa
cada vez mais desaprender
de pensar o pensado
e assim poder
reinventar o certo pelo errado.
GULLAR, Ferreira

Profeta

Nos grandes desafios dessa vida, pensar na morte deveria ser considerado algo irrelevante. Mas não é. O futuro sempre nos preocupa. Deve ser por isso que nos agarramos às coisas misteriosas, ao desconhecido e ao inexplicável. Nossa fixação por Deus e pelos deuses, por exemplo, pode ser uma simples explicação para tanto. Agora, defender isso para um islâmico, evangélico, budista ou católico, é motivo para iniciar a terceira grande Guerra Mundial.
É meio revoltante, mesmo com o apelo à comédia e ao humor negro-petróleo, quando alguém expressa sua ácida opinião às atitudes de determinadas religiões. Afinal, a maioria diz que prega o respeito, no entanto, o que pregam é um prego bem ardido na falta de consciência de que a individualidade é repleta de diferenças. Mas isso não justifica determinadas atitudes, como àquela de uma região islâmica que leiloa crianças-meninas para serem escravas sexuais. Algo real, totalmente ao contrário de uma tira ou charge de um Maomé sendo comido por um Papa. O antissemitismo não é doença e provoca revoltas, porém, certas características e costumes causam mais estranheza para olhos ocidentais.
Se esses são ou não fundamentalistas, não importa. O medo e o passado-presente acaba revelando o que eles mesmos escondem. E a entrega ao desconhecido e ao inexplicável, nesse sentido, não deve ser fixação. Nem tão pouco religioso e amoroso. Acho que um Deus digno choraria e reprovaria. Ainda mais um profeta.
lsH

Conto rápido


"Seu maior sonho vai se realizar". Dizia a sorte do dia. Mas quando e que sonho? Foi então que ela percebeu: - Não tenho sonhos. A moça não tinha metas, não almejava planos, não criava expectativas. Ela vivia de parábolas e de metáforas, porém, nunca de perspectivas futuras. 
Já tinha jogado no bicho, na Lotomania e comprado uma Telesena, mas nunca pensava no futuro. Só percebeu que faltava audácia no viver no momento em que leu: "Seu maior sonho vai se realizar". Logo ela que nem tinha sonhos, quanto mais um "maior". Rascunhou as suas vontades em um papel, percorreu as suas memórias e lembrou de um antigo pedido realizado na infância. "Quero ser cantora de cabaré". Quase conseguiu. Hoje tem emprego em uma zona onde dubla velhos sucessos da Cher.

terça-feira, janeiro 17, 2017

Continho

Perceber que aqui - só - solamente com o olho de vidro que ilumina através de várias cores, vejo que a graça está justamente nisso. Tratar de ousar está em acabar de novo o algo niilista. Nem quero pensar que o inverso do meu verso sarcástico provoque a ira, não é a intenção. Na real, a vontade é de guerra, mesmo nessa era de sorrisos falsos. Amargo é ainda saber que a claustrofobia do dia cega o causar do riso desesperado. Mas a vida tem dessas coisas do paradoxo, dos paradigmas e das manias. Nem sempre se pode ser bom. Quero arrancar o coração e fazê-lo alimento para os animais. E na tranquilidade fico no esconderijo, com incenso, vela e Jorge Drexler.
Atrasar o que nunca foi começado, agora, inicia um período de vago sentimento. O pensamento está inacabado como acabo com mais um litro. A promessa foi parar, mas fiz algo que não consegui e prossegui, até terminar. O último gole é o mais preciso e gostoso.
Deixa cá, que perceber é realmente ver a volta das características das mensagens exatamente subliminares. Se ser direto é simplista, então, desconcertar é impreciso na precisão da minha mão cega.
Me emano, mano. Saudade meu caro, o Caetano és, não me engano.

segunda-feira, janeiro 16, 2017

É Fruto e Mordida

Porque o amor é entrega e recebimento. É açoite, mas é lirismo. Não é dor no início, é alívio. Só se fores virgem. Porque amor é metade cheio e metade vazio. Porque é razão e vazão. Também é introdução, argumentação e fim. É dissertação de vestibular. É conclusão de curso, é tese de doutorado. Porque amor é bom e ruim, mas se percebe, contudo, que é explosão de sentimentos. É tarefa para bem-humorados. Não pode ser forçado. Porque amor é sinceridade, é intimidade. São besteiras compartilhadas. Um peido que escapou debaixo das cobertas, uma remela matinal no olho ou pelinhos no nariz. Amor é cuidado e descuidado. É continuado e descontinuado. Porque tem sorrisos, lágrimas, beijos e abraços. Porque é aquela música que marca um momento, de Ting Tings a Cícero. É canção brega que toca em rádio AM. É Odair José, Ariano Suassuna, E.E. Cummings, Grazi Massafera, Roberto e Erasmo Carlos, Bee Gees, Jesus Cristo, Armando Nogueira e Chicholina. Porque amor é orgasmo, é coito interrompido e brochada. Amor é ferida, é casquinha, é cicatriz, é cura e acalanto. É fruto e mordida.

domingo, janeiro 15, 2017

Sublime


O que fazer
Agora que entrou?
Não foi por pressão
A situação ajudou.
Se não há dor
Então eu continuo.
Eu sinto como prova De amor
E espero que não se arrependa,
Pois vou querer mais.

quarta-feira, janeiro 11, 2017

Toque de Verão

Nas suas costas, descobertas antes, apreciadas agora. 
Fim de dia, um beijo em vida. 
Coração em metal, aquecido junto, 
Olhando o sol, se despedindo então. 

Ainda temos a água limpa, o olhar inocente e a sobrevida. 
Não esquecerei cedo do seu toque de verão.
desde a época do sim,
o cantar do não ecoa.
há 20 anos tínhamos a coragem
agora, a sacanagem.
parecia que a sua revista
tinha mais encéfalo.
e hoje os vestibulandos
não são mais os mesmos,
nem os assessores de imprensa
outrora sagazes
e, atualmente, mortos neurológicos
em redes sociais.
fazia tempo que não lia algo seu
e apenas perdi o meu tempo.
como não louvar o passado,
se o teu presente parece burro?

terça-feira, janeiro 10, 2017

Um exercício de paciência consigo mesmo através dessas horas bastardas que repulsam em glórias conquistadas. O lacrimejar evaporou e dispensou inúmeros deletérios. O som invade uma felicidade estranha até então não sentida, como se fosse uma preguiça jogada em uma rede praiana, com aquela brisa leve acariciando a pele. O sorriso surge fácil, delicadamente doce pelos lábios molhados por suco e vodca.
A criatura ao lado abre os olhos calmamente, depois de ter o sono velado durante horas. Pergunta se dormiu muito, o outro responde que foi um sono suficiente. Abraço repartido causa o presente momento, um primeiro depois de segundos, minutos e horas. O calor se torna êxtase, que esquenta a cintura, libera as pregas e atrita os sexos.
O exercício de paciência valeu a pena.

Sexta-feira pop e cola


Hoje eu quero
Ver o carnaval passar
Em meu site predileto
Também pretendo beber
Cerveja quente na madrugada.
Acender uma bituca e dar
Uma baforada de gelo seco em minha sala.
Sentar ao relento e sorrir pensamentos distantes.
Fazer da dor
O meu
Sentimento a vapor.
Chorar álcool etílico
Em um copo de acrílico.
Lembrar beijos não dados
Em bocas conhecidas
E cair de bêbado
Em minha própria avenida.

estrangeiros

É um bem que faz, mesmo sem saber. Basta um olhar para concretizar, um piscar para entender. Ainda bem que do encontro se fez a alegria. Tantos deletérios por aqui já passaram, alguns arrancaram o que eu tinha de melhor. Mas eis que surgiu um passado para lembrar. Do lembrar causou um sorrir que se abriu contente em mistério. Os ácaros insistem em amaldiçoar, nada sabem do gostar, por isso brigam entre papéis de uma época esquartejada. Não levamos em consideração a poeira, melhor o que está abaixo dela.
Passe novamente na distração, tropeçando em um sentimento que proporciona o cair. Não precisa esconder, as provas já foram apresentadas, por mais herméticas que fossem, compreensão é uma qualidade. É assim que se faz o bem.
Às vezes o respirar é tão complicado. Não o respirar simples da ação, mas o causar de uma interrupção, como se fosse um soco no pulmão, uma falta de extravassar. Eu sei que foi de fobia que o caso agora surgiu, portanto agradeço aos tristes pela razão. Se for para sentir, que seja sincero. A falsidade é adjetivo de outra oportunidade. Ela já esteve aqui, agora retorce em necrofilia. Por vezes lembra coprologia.
Contudo, mudemos as chagas de lado, abertas em outros estágios deixemos. Basta um olhar para concretizar, um piscar para entender. Do clandestino surgiu um silêncio, do passante gringo de torto andar veio o cantar. Agora somos estrangeiros do sentir, conselheiros do abstrato, praticantes da hidrostática do observar, esperando o momento da flébil, de vez, desabrochar. E já sabemos que futuras atitudes iguais serão de clones, do copiar, da falta de procurar, da referência do abismo, da idiotice da preguiça e do farsesco-personal.

segunda-feira, janeiro 09, 2017

sorriso do agora

aquilo que sentimos de calor
os dedos na pele nas costas
as pontas bailam no contratempo
e a harmonia se espande
conforte o sopro da sua boca
se torna um alívio,
um relento no abafado
suspiro do vento.
pode demorar o quanto quiser
o caos já me visitou
e agora o cumprimento
com meu brinde de quebranto.
e quando nos vemos
é encontro de onda
na orla do momento
que descansa sensata
no sorriso do agora.


leonardo silveira handa
O amor líquido, pelos dedos
O amor nos olhos, pelos óculos.
O amor no fundo, pelos cantos.
O amor no aplauso, pelas mãos.
O amor aos baldes, pelo Bauman.
Vá com amor, filósofo.

quinta-feira, janeiro 05, 2017

Ao meu redor, um transe
Embora quisesse estar
Dançando um trance.
Os olhos ardentes
E a massa inchada
Aguardam a calma.
O cansaço é amigo do corpo
E a segunda-feira me maltrata.
Quero arrancar essa dor,
E ficar bem junto do seu amor.
Mas ela não permite
E um comprimido é digerido.
Ao meu redor, um coice
Embora quisesse estar
Alardeando qualquer açoite.
Os olhos ardentes
E a cabeça enfraquecida
Aguardam agora o descansar.

Hit do Câncer

Breu no infinito solitário
Com pequenos pontos mais escuros
Que são cânceres devorando a ilusão metafísica.
Os olhos agora se fecham
E o corpo encontra a paz que alguns conhecem,
Os vivos, no entanto, continuam a imaginar.
Uma manhã de verão derretendo o tempo acelerado
Enquanto a caixa desce e a terra cobre o fim.
Lágrimas bebidas com vozes que procuram acalmar os mais exaltados.
Sento no vazio e abraço o nada, achando que se trata de consolo.
Mas não é.
É apenas aquele mesmo sentimento.
Revisitado.
Ampliado.
E regravado.
Olha, às vezes uma cólera transborda o sangue nos olhos. Uma semi-fúria total de quebradeira. Isso surge quando acabo por confiar a pele, mas quando percebo, torno-me alheio. A cada experiência, menos a decência transparece imediata, e o que você acredita ser correto, é divergência nas palavras de outrem.
Foram tantas caras quebradas que já nem sei que cara sou. Na realidade sei, mas achei que a frase tinha impacto, então deixei aqui mesmo. O fato é que as pessoas conversam (ainda bem), no entanto, também possuem o carisma de massacrar. Portanto, o esparramo aqui jorrado na mais gloriosa subjetividade que me cabe, fica de registro aos que são cegos na opção do momento e acreditam que o carinho das pessoas não se modifica em gás carbônico.
E a vida se fez de louca, arrancou pela boca o coração e desperdiçou inúmeros momentos de alucinação. Arrastou-me para o espelho a figura invertida, me abriu uma ferida na perna esquerda e se transpôs em clorofila. Insetos medonhos expulsam as cáries dos meus dentes enquanto a canção que toca na hora errada é de uma lésbica apaixonada pela metáfora dos cabritos.
A faísca do retardado insiste em achar a resposta complexa do achado, mas são de idiotices que as luzes das incertezas aproveitam os vômitos dos condenados a fim de concluir burrices de absurdo. O traçado paralelo pulsa com disritmia e tropeça em um buraco que acaba com a tese. Os outros ainda procuram chamar e desistem por estarem atordoados. Mensagens cifradas cospem do retrato a poesia com sabor de asco que o asno rosna em um roçar de vocais.
O trunfo do fluxo de escárnio escorre pela boca que se esconde por ter razão da fúria do provérbio claustrofóbico. A ave em fogo sobrevoa o arquipélago dos perdidos que encontrados acenam beijos ao luar.
E a vida se fez de louca.
Sentirei sim. Quase como um martírio, seja como for. Os dias mórbidos serão embebidos com vodca. A mesma que esqueci. Queria a leveza dos traços brasilienses, daquele que morreu. Para que os outros, os perdidos da cidade que procuram abrigo, o dizer tatuado neste braço. De toda maneira, continuarei a sentir. Sou bem carnavalesco. Rodopio, esbravejo, giro aflito, beijo e grito. Tudo interno, tudo em silêncio. Só que não, pois aqui publico.
Passarei os dias como verbos no gerúndio, vamos continuando, prosseguindo, amando. E nem é um tchau, longe disso, ainda. O meu lado é exagero, sempre fui. Nada comparado ao Cazuza, lógico. Normal. Enquanto isso, fico de boca fechada, de coração apertado, de oração corrompida, de turno alterado, de profundo dissonante, de cortante atmosfera, de esfera fora do ângulo, de rota não planejada só para a melancolia adentrar. Resumindo, sem resumir: sentirei sim.

quarta-feira, janeiro 04, 2017

A noite. 
A brisa. 
Pessoas loucas. 
O mar. 
Os gritos. 
Tomara que não dê cagada.

segunda-feira, janeiro 02, 2017

Meu sorriso em seu abrigo
Sem pressa de vazar.
Catarse com os olhos
Ao som do brindar.
Um risco você pensou
Ausentei o hesitar.
Depois de compreender
Ajudou a rabiscar.
Leonardo Silveira Handa