Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, dezembro 24, 2012

Cicatrizes

Quando as cicatrizes coçam é chuva? Só se for aquela que remete às lembranças, somente para recordá-lo de como conquistou cada uma. Aliado ao álcool, tenho a impressão que elas ficam vivas, se mexendo na pele, atiçando o cérebro. 
Já são algumas. Não importa quantas. Cada qual com um significado nos dias atuais. Nesta época do ano, elas são revividas. Na cabeça, eu diria que são os cornos. Muitos. Sem mencionar os que virão. Sou quase como peste. Um dia sempre sou traído. Nas costas, resquícios de noites. Muitas. Pior que lembro de todas. Unhas, dentes e até canivete. Tem também um sinal feito por uma tesoura. Foi bem violento. Na mão, um acidente. Eu diria de trabalho. Não vem ao caso. Nos joelhos, o radicalismo, a vontade momentânea de praticar esportes radicais. Sempre me fodo. Nos pés, as voltinhas pelas pedras das praias. Essas eu tenho com orgulho. Volta e meia coçam para valer, principalmente quando imagino a areia, o sol, o vento, as pessoas lindas e bronzeadas, o sal, o mar e a alegria. Algo bobo, mas que alimento. 
E, agora, particularmente uma coça para caralho, despertando uma semi-ira. Aquela que ficou bem localizada, ao centro do peito. Essa me lembra o Natal. 

terça-feira, dezembro 18, 2012

Eu deveria ter parado.
Eu deveria.
Eu deveria ter impedido.
Eu deveria.
Eu deveria ter negado.
Eu deveria.
Eu deveria ter ligado
Eu deveria.
Eu deveria ter relegado. 
Eu deveria.
Eu deveria ter aproveitado.
Eu deveria.
Eu deveria ter me calado
Eu deveria.
Eu deveria ter abortado.
Eu deveria.

Mas o que eu deveria
Era não ter esquecido.
E esqueci.
Não deveria.

lsH

quarta-feira, dezembro 12, 2012

Minha solidão não compartilhada, aliada à condição que agora, acompanhada, dedilha o dedo junto ao violão. Não insisto companhia, minha via hoje é única, sem túnica, sem trilhos, sem descoberta. Coberta a minha vontade eu não reclamo nada, nem um beijo, nem um abraço, nem um calor. A boca está seca, mas de cantar. O lábio seco entorpece em um vinho, daqueles vagabundos, que pintam a pele de tinta e álcool, de satisfação e conclusão: para gostos não refinados, nada vale um rótulo acima de R$ 50,00. 

Eu poderia estar jantando, degustando o oriente, mas a minha vontade permanente era de estar exatamente aqui, sem planos para a quarta, sem oitavas para as notas, sem tons para o acaso, sem 50 tipos para qualquer coisa. A melhor pedida, hoje, nada tem a ver com o reclame. Também não se trata de autoajuda. Acuda, quiça, outro dia. Nessa noite, quero o pingo, a fumaça dançando solitária, uma risada bem elaborada, um programa lazarento e um admirar contra o vento. 

Novamente, ressalto, não é melancolia. O escrito pode parecer triste nesse dia. Mas é o contrário. É meio otário, como o verso que escuto no rádio, sem presságio para o presente, para o ausente, para o passado, para o futuro, para o obtuso. É como comercial que provoca um riso, no entanto, não cria a vontade de consumismo. Algo neutro, como o detergente escorrendo pela pia, como cão sem a sua guia, como doença sem penicilina. 

Hoje, adoro a chuva, cada gotinha que morre em minha janela. Hoje, quero chuva, cada água pequena evaporando sem paralela, sem rodeio, sem devaneio. Hoje, quero duas, seja chuva, seja água, seja gota. Quero bem assim, calma, devagar, como sexo sem pressa, explorado sem a preocupação do gozo, alcançado progressivamente, a cada passo, a cada sussurro, sem murro, sem esporro, algo mais puro. Hoje, quero assim, para amanhã, não saber o que querer.

domingo, dezembro 09, 2012

Obtendo

Longe, bem longe.
Estado separado.
Sinto tremendo,
Afeto meu, desespero. 
Inseguro ar puro
Apurado em feto
Amputado nunca.
Queria o jeito
Daquele falado.
Bem estreito
Adentro íntimo. 

Tem que ser
Com significado
Com signo
Com significância.
Sem vingança
Sem cretino
Sem certificado.
Tem que ser
No ser tendo
A serenidade obtendo. 

lsH

sexta-feira, dezembro 07, 2012

Sentirei sim. Quase como um martírio, seja como for. Os dias mórbidos serão embebidos com vodca. A mesma que esqueci. Queria a leveza dos traços brasilienses, daquele que morreu. Sorte que temos os outros, os perdidos da cidade que procuram abrigo, o dizer tatuado neste braço. De toda maneira, continuarei a sentir. Sou bem carnavalesco. Rodopio, esbravejo, giro aflito, beijo e grito. Tudo interno, tudo em silêncio. Só que não.
Passarei os dias como verbos no gerúndio, vamos continuando, prosseguindo, amando. E nem é um tchau, longe disso, ainda. O meu lado é exagero, sempre fui. Nada comparado com o Cazuza, lógico. Normal. Enquanto isso, fico de boca fechada, de coração apertado, de oração corrompida, de turno alterado, de profundo dissonante, de cortante atmosfera, de esfera fora do ângulo, de rota não planejada só para a melancolia adentrar. Resumindo, sem resumir: sentirei sim. 

quarta-feira, novembro 28, 2012

Cheiroso, banho tomado, perfume no pescoço, perto da tatuagem. A pele macia, o cabelo semi-enxugado, os pelos crescendo, meu pulso fervendo. Fiona Apple na vitrola, eu escrevendo, você na cozinha, a conversa rolando. Minhas besteiras, imaginando algo, tendo você, tendo acolá. Eu falo sobre saco, chupadas e afins. Lembro de uma frase. Ótima. "Daquela ali eu chuparia o cu até sair caldinho". Eu rio. E a mulher cantando Daredevil, junto ao piano, meio rouca. Uma delícia. Ela cancelou um show. Digo, dois. Motivo: o cachorro. Mas, isso não importa. O que importa é a minha imaginação. Cheiros. Deliciosos. Para mais tarde, sim, vamos. 

sábado, novembro 24, 2012

Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, mas isso não importa, o que vale é o que me falaram: Léo, queria saber como você consegue ser calmo nessas horas. Não sou. Um monte de erupções ocorrem na cabeça. Só aprendi a controlá-las. Foram tantas as situações já rabiscadas e outras desenhadas que nem se trata mais de aguentar, e sim, saber lidar e viver. Contudo, sim, eu explodo, como muitas vezes já aconteceu, sobretudo no ano passado. O sofrimento, porém, é todo interno. Somente meu. Após um rompimento, extremamente chato, fui aprendendo. E não gostaria que a mesma chatice se repetisse. Não mesmo, porque, ampliado ao extremo se comparado com a última, eu te amo. É isso. 

sábado, novembro 17, 2012

Sem pardida

Bate coração, mudo de razão
Neste peito oco de foco
E carente de exclamação.
Perfura a carne ao leite
O reler da veia que percorre
E junto ao pulso escorre.
Bate coração, seu estúpido
Entope a artéria com amor
E jorre em sorrisos
Qualquer pequeno calor.
Termine longamente nunca
Mesmo que agora fique
E sem que haja despedida
Eu quero sem partida.

lsH

quarta-feira, novembro 14, 2012

boanoite

Sou Virgem com ascendente em alcatrão.
Meu elemento é a terra, com doses de cocaína,
E a minha lua natal faz conjuntura com a fluoxetina. 

Meu mapa astral é repleto de fumaça
E o meu signo vaga solto na sua saliva
Que é ainda mais virginiana
Do que todas teorias freudianas. 

Antes um ascendente em touro me cravou
Duas agulhas de veneno que me derrubou.
Mas o horóscopo diário quis o contrário
E a minha lua natal se revelou esclarecida.

Sou Virgem com ascendente em vodca.
Minha cor é púrpura, mas o que se vê é fogo,
E o meu sol poente adormece em cinza
Da ponta do meu cigarro interligado à boca
Que em conjuntura com o açoite 
Adormece o meu corpo com o boa noite. 

lsH.

segunda-feira, novembro 05, 2012

Encefaleia

Ao meu redor, um transe
Embora quisesse estar
Dançando um trance.
Os olhos ardentes
E a massa inchada
Aguardam a calma.

O cansaço é amigo do corpo
E a segunda-feira me maltrata.

Quero arrancar essa dor,
E ficar bem junto do seu amor.
Mas ela não permite
E um comprimido é digerido.

Ao meu redor, um coice
Embora quisesse estar
Alardeando qualquer açoite.
Os olhos ardentes
E a cabeça enfraquecida
Aguardam agora o descansar. 

quarta-feira, outubro 17, 2012

Bem-vinda

Desde 2005 que não saia com você, eu acho. Voltar a te ver foi ótimo. Adoro quando tenho casos contigo, mesmo que esporádicos. Sempre é bom escutar sua voz, suas lamúrias, seus dedos ao piano. Gosto quando se faz de triste. Eu me entrego aos acontecimentos.
A última vez que nos encontramos, confesso que não estava na melhor maré. Talvez eu tenha sido indelicado ou distante, apesar de presente. De toda a maneira, não foi ruim. Eu que não estava bom. Mas agora você retorna com um vigor salutar, levantando as minhas pálpebras e esquentando a minha virilha. O passar dos anos só lhe fez bem.
Seu rosto continua o mesmo, quiça, um pouco chupado nas bochechas. Seu olhar, esse sim, igualzinho quando te conheci, como se fosse uma máquina extraordinária. E agora você reaparece em minha vida de maneira mais direta, porém, não menos consistente e deliciosa. Fiona Apple, bem-vinda ao meu tímpano. 

quarta-feira, outubro 10, 2012

Dois Beijinhos

Um daqui, outro lá
Um olhar acolá.
O cigarro, companhia.
O espelho, a testemunha.
Um beijo, sim, dois, talvez.
Mas o enxergar registra
E a imagem, sinistra.
Ao ver do outro, claro.

Uma risada mais alta
A luz automática se acende
E pretende flagrar
O que flagrado já foi
Para depois se calar.

Agora aqui, depois, sei lá
O cigarro continua
A imagem torna nua
E a verdade do clichê
Continua sendo crua.

quarta-feira, outubro 03, 2012

Aguenta minhas bobagens, minhas asneiras, minhas tolices. Além, suporta os meus dedos, a minha boca e o roçar dos meus lábios. Empresta-me para filtrar a minha voz estriquinada, tratorizante e verbolatente. É desenhada exatamente à face. Nem mais, nem menos. A cantada breguíssima, como o profanador, foi sincera. Curti o riso, compartilhei o humor. 

Tem um algo a mais. Possui a característica certa. Arrepia-se. Não sei do que, não sei de que, não sei por quê. De desgraça, talvez. De aguentar. Enxergo errado. Sou míope. Meio surdo, também. 

A melhor orelha. 

terça-feira, outubro 02, 2012

Laputa

Emprega em minha prega
O seu lamento diário.

Fraco argumento para despregá-la
Mesmo sendo eu
Uma puta sem documento.

O meu amor está em guerra
E o seu olho me fere em fera
A sua guitarra me distorce
Mas tenho o ouvido ferido.

Reclama afoito o coito
Não deixando mais do que um troco.

Desconversa em público verso
Para depois jogar o inverso
Que não entendo anexo.

O seu amor não é pagável
Inviável sentimento apresentado
Sentado me quer nua
Naquela nuance absurda e muda.

sexta-feira, setembro 28, 2012

Algum exercício para tirar a mente desse marasmo. Algum tempo que valha para tirar esse relógio do estorvo. Algum fruto que sirva de melhor alimento do que a maça oferecida pela serpente. Alguma metáfora que contribua para a sobrevivência diária. Alguma canção que exploda com gratidão o meu tímpano. Algum político que além de promessas ofereça a prática. Algum conteúdo que nos encha de satisfação ...
e nos faça caminhar o mesmo trilho. Algum problema que nos desencaminhe para o lado errado. Algum acerto que se mostre errado para provar que o correto às vezes é um grande saco incômodo. Algum soco no rosto que ajude a melhorar essa cara. Algum provérbio que seja citado erroneamente e influencie todos os estudantes retardados. Algum administrador que provoque o caos em uma grande empresa. Algum capitalismo para ressaltar que o modelo socialista não deu certo. Algum socialismo que apresente ao capitalismo como se deve seguir o momento econômico. Alguma frase confusa que faça pensar. Alguma conclusão nenhuma concluída em algo que nada se finde. Alguma classe desconexa que reverbere o ostracismo dos cânticos dos malditos. Alguma coisa que tenha de fato conteúdo. Algum beijo seu já está bom.

quarta-feira, setembro 05, 2012


A alma está meio grunge. Sei lá se acordou assim. Não lembro. O dia anterior foi de destruição, quando decretei o meu corpo em estado de calamidade pública. Agora, neste momento, se encontra fumando um cigarro, dedilhando uma guitarra desafinada e grunhidos milimetricamente desajeitados.

O dia clareia. Um pássaro pousa na fiação elétrica enquanto o sol parece dizer, solitariamente: mais um dia vagabundo está surgindo. Aproveito o embalo e pego minha camisa xadrez de flanela que estava no criado mudo. Ela fede a maconha, incenso de Flor de Lótus e falsificação de Hugo Boss. Como não lembro se dormi, até que estou contente.

Deixo de lado a guitarra e sigo até a cozinha preparar um café. Acendo o fogão com um Zippo que tem um adesivo do Pato Donald. Estranhamente, parece que ele está sorrindo para mim enquanto derramo pó de café no azulejo cinza. A água já fervendo e ouço: Bom dia! Caralho, tinha mais alguém neste apartamento? Eu trouxe alguém? Dormi com quem? Por que não lembro? Não usei nada forte na noite passada. Um cidadão, só de cueca boxer, se encosta-se à porta da cozinha-lavanderia e diz: Daí camarada, como está? – Fico sem reação. Não sou dessas pessoas que se perde quando algo inusitado acontece, mas naquele momento eu me permiti ficar totalmente perdido. – Olha, a princípio estou bem, mas o que faz aqui em casa? – Foi a única frase que consegui esboçar enquanto a água já estava fervendo. – Sou o cara que você conheceu na noite anterior, bem quando a banda da casa estava tocando “Plateau”, do Meat Puppets, não lembra? – É claro que eu não lembro, nem lembrei de desligar o fogo.  Mais intrigado, solto: Hey, a gente ficou, transamos ou algo do tipo? – Ele olha no fundo da cozinha, visualizando um quadro que tenho do Bowie e responde: Alguma dúvida? – Odeio quando alguém me responde algo com outra pergunta. Sinto-me a pessoa mais burra de toda a rua. Aliás, qual é mesmo o nome da minha rua?

Passo o café, extremamente confuso. Eu estou confuso, o café não foi passado confusamente, esse eu consegui fazer direitinho. Sou perito em passar café, antes que eu esqueça de mencionar a minha única qualidade. Convido o cidadão para se sentar e degustar um pãozinho de três dias. Ele sorri e fala: Não lembra meu nome? – Com o sorriso mais amarelo que as primeiras páginas da Veja, respondo: Não, desculpas imensas, não tenho a mínima ideia de quem você seja. Cabisbaixo, revela: Cara, eu sou você 20 anos mais novo! Como não consegue se reconhecer? Suas memórias estão tão apagadas de tanto ácido que não consegue se identificar? Que não consegue nem ao menos reconhecer certos traços, como essa cicatriz no canto do olho direito quando você e seu irmão caíram de uma árvore, ou quando você fez essa tatuagem no braço com o nome de um amor que morreu em Curitiba? Como assim camarada?

Ao ouvir aqueles sermões, tão rápidos quanto os do Frei Policarpo, bebi meu café, comi meu pão borrachudo, acendi um cigarro e, calmamente, falei: Que porra é essa? Agora estou tendo alucinações baratas para confortar os meus 48 anos? Tudo bem que não fiz nada que preste nesta vida. Plantei uma árvore pelo menos. Não tentei ter filhos e não tenho habilidades para ser escritor. O que eu sei fazer é passar café.

Uma luz branca surge repentinamente em meus olhos. De repente o cara que se dizia eu sumiu, não sinto mais gosto de café em minha boca e estou em minha cama, abraçado a uma camisa xadrez, que cheira Hugo Boss, canela e um pouco de cigarro. Naquele momento, de manhã, sem ressaca alguma, penso, está na hora de por marginalidade nessa vida novamente. Nem que seja grunge.
 
lsH

segunda-feira, setembro 03, 2012



Eu quero ser o Mefisto para te satanizar.
Quero beber o seu chorume para me santificar.
Eu quero ser o seu Verlaine a disparar
E vê-lo como Rimbaud aos poucos se fechar.
Eu quero ser o Bucowski para te marginalizar.
Quero ser a Julieta com o veneno a tomar.
Eu quero ser o Catulo para em obra te eternizar.
Quero como Polifemo em prados a chorar.
Eu quero como Castela o seu corpo velar.
Eu quero como Garcilaso em poemas te amar.
Quero ser o São Francisco de Borja a abandonar
Não assumindo a corte para se apaixonar.
Eu quero me dar um tiro na têmpora
Como Werther quando com Carlota
Em nenhum momento pensou em se casar.
Quero ser como Ana Karenina a abandonar
O próprio filho para um dia se matar.
Eu quero ser como Sandokan a lutar
Pela pérola de Labuan a se entregar.
Quero como Lancelot a se sacrificar
Traindo o seu mentor para se casar.
Quero como Robin Hood a raptar
Para um dia com Lady Marian copular.
Eu quero ser a Beatriz a resgatar
O Dante que no purgatório ia se esfacelar.
Eu quero como o Marco Antonio
Que por Cleópatra não quis mais governar.
Mas eu também quero como eu
Em nome próprio poder te exaltar.

Leonardo Handa

sexta-feira, agosto 31, 2012

31 em 1

31 motivos para se ter pressa. 31 motivos para ficar contente. 31 motivos para se ausentar. 31 motivos para comemorar. 31 motivos de felicidade. 31 motivos para não mais te abraçar. 31 motivos para um novo amor. 31 motivos para refletir. 31 motivos para o 31. 31 motivos para o agosto. 31 motivos para comemorar o 1. 1 motivo para celebrar 31. 1 engatinhar para alcançar o 31. 1 sorrir para derrubar 31 pessoas. 1 fato para alegrar o 31. 1 riso para derreter o 31. 1 florescer de 31 sementes. 1 sentimento desbrochando em 31 adjetivos. 1 vida inteira em 31 compassos. 31 motivos para festejar 1 único acontecimento. 31 felizes aniversários e 1 continuar crescente. 

quinta-feira, agosto 30, 2012

O seu maior erro

Hoje resolvi bisbilhotar. Quando faço isso, um pouco adoeço. Não entendo esse meu sadismo. Mas outrora já fui mais destrutivo. Nada melhor do que anos para esclarecer. Algo que ainda você tem muito o que aprender. Afinal, eu concordo contigo: eu fui o seu pior erro. Não saio por aí no berro. Eu entendo, participei do enterro. E nada quero explicar. Cada qual acredita na mentira que lhe cabe.
Pelo bisbilhotar, impossível triste ficar. Ferida maior eu já precisei curar. Mesmo assim, curti enquanto pude. Percebo que apenas a injustiça. Isso não vem mais ao caso, ao acaso, ao fracasso. Palavra melhor não há: escasso.

Bem escasso.

quarta-feira, agosto 01, 2012

Prontos. Além. Enfim.

_Prontos para ficarem mais velhos? Preparados para percorrer o mês no afoito das horas que vão liberando nos poros a pureza da idade? Virginianos em questão, com os olhos cerrados cercamos as semanas para explodirmos como os leoninos que antecedem a data.
Particularmente, no 31 mais um gosto saliva para cá. Especialmente um número, quase um sentido cabalístico ou seja lá o termo apropriado. Só sei que exalará, sabe-se já além. Portanto, pronto com o gostar do novo as roupas do presente eu quero me guiar.

_Além das vestes e dos sabores, algo especial emana. Há um ano um novo ser iluminou o 31, que neste ano faz 1. E és 2012. Os dois últimos, somados, foram o 3, que diminuido com o 2 inicial, se mostra 1. O início, mesmo havendo o zero para dar a partida. E 31, além, também é a marca registrada na alma, como um novo código de barra que aflora.

_Enfim, preparados para ficarem mais velhos? Lógico.

sábado, julho 28, 2012

Meu lado mais obscuro quer amar, mas é o lado claro que odeia. A normalidade sacia o meu excesso de confusão passada.

sexta-feira, julho 27, 2012

Talvez eu precisasse de um beijo. Talvez não. Talvez seja carência. Ou seria abstinência? De repente eu precisasse de um apoio. Melhor seria um abrigo. Mas talvez um abraço fosse o suficiente, caso você não estivesse ausente. Talvez seja ironia do destino. Talvez não. Ou seria sagacidade do destino? De repente isso é para ser assim. Sei lá. Talvez eu quisesse o contrário. Talvez eu esteja sendo otário. Gostar assim é feio? Talvez não. Talvez sim. Talvez eu realmente precisasse de um beijo. Ou de sexo. Ou de um sexo. Ou dos dois. Três. Quatro. Cinco. Yeah! Yeah! Yeah! Talvez eu precisasse ser menos caótico. Eu deveria ser menos neurórico. Eu precisava ser. Apenas ser. Talvez seja isso. Ou talvez não. Talvez eu precisasse de um sinal. Um dizer. Uma frase. Um carinho. Talvez eu precisasse de um café. Ou de uma garrafa de Jack Daniels. Quem sabe, duas. Talvez eu precisasse de menos cigarros. Não, eu sempre preciso mais. De repente eu coma um chocolate. Ou uma caixa inteira. Talvez eu precisasse apenas ouvir uma canção. Aquela de matar. Find The River. Talvez eu queira de mais. Ou de menos. Ou seria demais? Junto? Sim, juntos. Bem juntos. Isso. Juntos.

domingo, julho 22, 2012

Boa noite. Café tomado, cigarro fumado e um pensamento atrapalhado. Dias atrás, após assistir "A Concepção", entrei em batalha discursiva com uma amiga. Ela dizia que não curtia filmes sem sentido. Nessa categoria se encaixava o longa-metragem em questão. Como é peculiar da minha personalidade, contestei. Afinal, particularmente, amo a película e o jeito que o José Eduardo Belmonte conta as suas histórias. E não vejo o enredo como sem razão ou objetivo.
Para tentar provar algo, contextualizei com a nossa situação, com o nosso grupo de amizade. No enredo do filme, pessoas lunáticas formam um movimento, cujo nome é o título do longa. A principal regra é: seja uma personalidade nova a cada dia. No nosso caso, não somos assim. Não diariamente como os personagens da ficção. Mas, o que vem à discussão é o fato de que, devido a monotonia, eles montaram algo que todos queriam em comum. E um dia, nós, na realidade, também fizemos, só que menos autoral, menos performático, menos corajoso e menos original. E foi aí que pecamos.

Y hoy estoy mejor

Eu, um dia, temia mudanças. Mudei. Todo mundo muda. É passagem. É fase. É bom. Certa vez, eu acreditava que nunca suportaria falar a respeito daquilo que muitos escondem. Precisei sofrer para perceber que a minha descarga necessária se fez presente em um café da manhã. Um choro engasgado não suportado vazou ao primeiro gole. Os olhos repletos de lágrimas encararam a face da minha concepção e, gaguejando, transmitiram a mensagem. Um som saiu. Um alívio saiu da minha cabeça e explodiu no ar. Senti um estralo em meu crânio. Ufa!

E, aquilo, que eu acreditava ser a coisa mais complicada, saiu como melodia torta da minha boca. 

Mudanças, a partir de então, aconteceram. Um crescimento latente se manifestou. Se é bom, não sei. O fato que estou gostando. É o que importa e ponto. 

sexta-feira, julho 06, 2012

Não sei dizer se é o mundo das mídias sociais que está me deixando efêmero ou se é a preguiça que toma conta e acaba de retirar aquela bela vontade de se inspirar. A rapidez frenética da atualização, confesso, causa desespero. Tudo para alcançar o compartilhamento e a curtição sem razão. Como não tenho andado pelo mercado, mas tenho a impressão de que isso acontece nos relacionamentos, ou nas intermináveis "ficadas" do cotidiano.
Posso estar errado, porém, percebo um compartilhamento meio que desenfreado de lábios alheios. E sem floreios. Agora, se as pessoas estão curtindo, isso já não sei dizer, pois não vejo nenhuma mão sinalizando positividade. Às vezes esses compartilhamentos são bem escondidos, sobretudo no mundo gay, mais precisamente, do Sudoeste do Paraná. Quando tem festas do gênero, pelo menos, dá para visualizar a eletricidade dos olhares, alguns do tipo: "é só ele ir ao banheiro".
É engraçado.

sexta-feira, junho 15, 2012

Travis no som. Computador no colo. Escuridão no quarto. Luz na cara. Uma vontade de fumar. Preguiça de sair do quarto. Saudades de você. Não tenho mais atenção. Acho que não quer mais nada. Continuo com o pensamento em ti. Vontade de ir ao banheiro. Canção se desenrolando em um solo de guitarra. O escocês continua se lamentando. Penso em você de novo. A cama já está quente. Não vou aguentar. Preciso mijar. Voltei. O sono rebate. Lembro-me do Baudelaire. Não tenho alívio suficiente. Queria seu abraço. Fecho os olhos...

sexta-feira, junho 08, 2012

E da Lágrima

E da lágrima o sorriso aberto
Após os meses de arrependimento.
E do sorriso o beijo descoberto
Após o incrédulo de novamente flertar.

E do beijo o olhar transpareceu
Após o sinal positivo das sobrancelhas.
E do olhar o sonhar apareceu
Após o novamente esperar.

E do sonhar a lágrima se foi
Após os dias incontáveis de sofrer.
E da lágrima se fez bebida
Após mais um dia de felicidade.

quarta-feira, junho 06, 2012

Hoje, particularmente, estou com uma preguiça de viver. Isso não quer dizer que quero me matar. Só estaria mais confortável em casa, esparramado no sofá, assistindo algum filme do Wes Anderson ou escutando R.E.M. Mas como é preciso labutar, cá estamos no trabalho, com um sorriso desenhado estrategicamente e fazendo as coisas necessárias.

O dia está tão bonito lá fora. Friozinho e céu azul. Poderia estar aproveitando de uma forma muito mais prazerosa. Como não posso, vamos olhando a cada minuto o ponteiro do relógio consumindo o nosso tempo de vida. Isso não quer dizer que quero me matar ou que estou cansado da vida. Não. Só queria degustar de um café na Letra, lendo a última edição da Trip, ou, como já disse, ficar lá jogado no sofã. Deve estar passando um filme bem legal na Sky. Mas...

Hoje, particularmente, também estou descontente com o trabalho. Não com o que faço, mas com o que recebo. Acho que esse acúmulo de funções tem me deixado cada vez mais confuso. Não lembro quem disse: aquele que sabe fazer tudo, na verdade, não se especializa em nada. E atualmente sou assim, chuto a bola, cruzo, cabeceio e ainda defendo no gol.

Sem falar na remuneração... É boa? Sim, mas estou começando a achar insuficiente. E isso cansa...

Chega de reclamações. Eis que volto á labuta.

terça-feira, maio 29, 2012

31

O que esperar aos 31? Um pouco mais de experiência em quê? Não se engane, o clichê é válido: somente o tempo apresenta as provas, apesar de que as incertezas continuam a surgir de maneira bela e, muitas vezes, ampla.

Não adianta negar, entrar na tal segunda idade proporciona reflexões e a sabedoria que os 25 não mostram. Mas cada idade deve ser catatonicamente deliciada, seja com neologismos, algoritmos, hipérboles ou frêmitos.

Mesmo em tempos efêmeros, as coisas passam a ser degustadas com um atento primordial. Algo nada imaginável em plenos 21, por exemplo. Muito menos aos 19. Agora, se você for a Adele, é possível que consiga compor clássicos modernos. Se falta jactância, então vai carregando cada situação para esgurmitar tudo em felicidade após a cicatriz do tempo fazer a visita ideal.

Não tenho um mínimo de talento para sugerir conselhos, mas sim, amigos que agora encontram essa nova década. E nada melhor do que dividir essas características. É confortante saber e ter a certeza que não estamos sozinhos nessa e que, se você ainda não fez nada de relevante, saiba que muitos pensam o contrário e sabem como levantar a sua estima de uma maneira absurdamente ótima. É isso.

quarta-feira, maio 23, 2012

Molhadinha

E aí você conhece uma pessoa. Sabe que ela peida, mija, tem excrementos, pega gripe e pode ter chulé, mas se entrega mesmo assim. Conta suas particularidades, não para de falar sobre a sua vida, quer dividir tudo ao mesmo tempo. Relaxe, melhor não entregar tudo de uma só vez. Se acontecer de novo, um outro encontro, vai se descascando aos poucos. 
Você sabe que pode se machucar ou, pior, se machucar de novo devido a outra experiência. Porém, por que não se arriscar? A vida é repleta disso e tudo vem acompanhado de peidos, de mijos, de excrementos, de gripe e até chulé. E você sabe que vale a pena. 
Vocês se beijam, trocam afagos, curtem o abraço e compartilham o momento. Quase que nem no Facebook, porém, com o contato físico, o que é muito bom e salutar. Tudo está ótimo: a conversa, as carícias, o enroscar dos pelos e a saliva. A pessoa lhe deixa em casa, você sai com um sorriso imenso, lembra que quando os lábios se encostaram começou a tocar "Everybody Hurts" no rádio, acende um cigarro e repassa o episódio. Abre a porta de casa, vai ao banheiro urinar, se olha no espelho e percebe que uma linda espinha apareceu, repentinamente, no canto do lábio inferior. Aí, você pensa: porra, será que isso foi percebido? Para isso, basta recordar: ainda existe o peido, o mijo, os excrementos, a gripe e, quem sabe, até o chulé. Então, deixe estar. Pelo menos a tua cuequinha ficou molhadinha. 

domingo, maio 13, 2012

Vale o Quanto Brilha

Alma da calma presente no corpo
Que pede abrigo em alma outrora,
Outrora física que se satisfaz
Em fazer de retrato publicável,
Publicável esse que absorve trama
Que destramada observa viril
Na viralidade de um vírus vil
Que descansado pede uma cama.


Bate forte dentro do peito o leito
De leite em borda transpirando nata
De calor em adjacência pulsa
Um pulso fraco de memórias claras.


lsH


quinta-feira, maio 10, 2012

Não precisa. Estou à deriva.
Estou derivando do veraneio.
Não necessita, estou tranquilo.
Estou à base do corriqueiro.
                   Não tenho pressa, eu sou preza,
                  Apressado conteúdo de sutileza.
                  Não precisa entrar, estou alheio,
                      Hoje me interno no devaneio.


Estou sozinho a contento
Não quero fixo, nem bloqueio.
É claro que um dia também quero
Mas procuro calma sem receio.

quarta-feira, maio 09, 2012

Dois

Hey, você, ali na esquina, exibindo um rosto trágico de memórias mal vividas, o que faz para alterar a situação do presente? Está esperando um convite? Aguardando um assédio de romance ou decorando a rua úmida que sobreviveu a mais uma chuva de verão? Tenho a impressão que você quer sair desse lugar, mas está faltando um ânimo pessoal para lhe arrancar o sentimento.
Hey, você ali na esquina, qual o tipo mais apropriado para a sua propriedade? Posso lhe oferecer um café, um ambiente confortável e uma conversa sobre o nada? O que é preciso para ter a sua atenção? Meu nariz de palhaço não é o suficiente? Meu atalho não combina com o seu? Qual a imperfeição necessária para te levar a outro submundo?

Hey, você, que fica ali na esquina me observando, seu olhar arrebenta com o meu fazendo a minha retina estourar de vontade de te querer. Imagino que até saiba meu preço, mas para você eu ofereço de graça. O que você aguarda? Meu braço amarrado junto ao seu pescoço? Minhas mãos procurando os seus dedos? Meus cabelos enroscando em seu rosto? Minha tez encostada na sua? Qual o sinal que precisarei mandar para afirmar que estou a fim?
Hey, você, que fica ali na esquina me observando, se quiser entrar eu não saio nunca mais. Não tenho condição alguma para propor, mas saiba que terá todas que precisar. Eu não tenho o corpo suficiente? Não tenho o coração mais tranquilo? Não tenho a mente mais brilhante? Só não tenho um problema: continuar gostando de você, mesmo sem saber o seu nome.

segunda-feira, abril 30, 2012

Clássico

A febre desse amor em clima pulsante
E a sua garganta linda em minhas mãos.
O tanque de uísque pousado na mesa
E o estoque de alcatrão entre os vãos.

Giro os olhos afoitos em direção aos dedos
Enquanto seu suspiro tranquiliza o redor
E a minha tentativa de invasão se torna certeira
Conseguindo a compreensão do furor.
Observo os detalhes dos poros do seu pescoço
E o arrepio da pele morena que me fascina.
Não há nada melhor do que essa vacina
Ao menos para alguém que sentia uma carnificina.

O levantar do seu sufoco fica calmo
Enquanto a minha ânsia se torna plácida
E aquilo que eu havia segurado
Permito contigo soltar com pouco estrago.

Bem devagar eu saio e alcanço o gole
Bebido como leite pela boca úmida
E acendo meu filtro branco como se fosse o primeiro
De outros muitos que virão clássicos.

lsH

quinta-feira, abril 26, 2012

É simples. Quer manter um segredinho, então não conte a ninguém. Não foi o Drummond que disse "que se não queres que ninguém saiba, não o faças"?. O problema é quando envolve o amor. O negócio complica. Aí envocamos o Oscar Wilde e toda a sua maluquice ao falar que "o segredo do amor é maior do que o segredo da morte". Portanto, vamos manter o segredo? Lógico. Mas para isso terei que te matar.   

quarta-feira, abril 25, 2012

Gás

Olha, às vezes uma cólera transborda o sangue nos olhos. Uma semi-fúria total de quebradeira. Isso surge quando acabo por confiar a pele, mas quando percebo, torno-me alheio. A cada experiência, menos a decência transparece imediata, e o que você acredita ser correto, é divergência nas palavras de outrem.
Foram tantas caras quebradas que já nem sei que cara sou. Na realidade sei, mas achei que a frase tinha impacto, então deixei aqui mesmo. O fato é que as pessoas conversam (ainda bem), no entanto, também possuem o carisma de massacrar. Não sou burro, não sou anta, não sou arquétipo, porém, esse modelo eu conheço bem e vesti no passado. Hoje, não serve mais. Engordei. Portanto, o esparramo aqui jorrado na mais gloriosa subjetividade que me cabe, fica de registro aos que são cegos na opção do momento e acreditam que o carinho das pessoas não se modifica em gás carbônico.   

terça-feira, abril 24, 2012

Não mando notícias, não mando nada. Não mando nem no famigerado coração. Não mando em ninguém, não mando amém. Não mando nem em auto-combustão. Não mando na Sarah, não mando na Ella, não mando na Elis, não mando na Etta. Não mando tomar no cu. Não em ti. Não mando em mim. Não mando à merda, não mando ao céu, não mando ao inferno, não mando no filho. Não mando na mãe, não mando em bandos, não mando em você. Não mando beijos, não mando abraços, não mando em canções, não mando em lágrimas, não mando gostar. Mas se gostou, obrigado, pois pelo menos mandarei amar. 

sábado, abril 21, 2012


Eu preciso pôr a leitura em dia. Preciso amar mais. Preciso amar menos. Preciso esquecer rápido. Preciso te respeitar mais. Preciso de mais música. Preciso de pessoas. Preciso conhecer novas. Preciso ir para a Ilha do Mel. Preciso renovar meus votos. Preciso estabelecer metas. Preciso mudar. Preciso voltar. Preciso de outra calça. Preciso me livrar de velhas roupas. Preciso perdoar. Preciso odiar. Preciso de coragem. Preciso de fraqueza. Preciso ser mais esperto. Preciso de burrice. Preciso de um filme. Preciso me exercitar mais. Preciso dormir mais. Preciso beber mais. Preciso fumar menos. Preciso de uma pessoa. Não preciso de ninguém. Preciso parar de mentir. Preciso de calor. Preciso de frio. Preciso ser preciso. Preciso ser impreciso. Preciso de pessoas loucas. Preciso de agitos. Preciso de descanso. Preciso de alimento. Preciso de amor. Preciso de outros sentimentos. Preciso não sentir. Preciso apavorar. Preciso me drogar. Preciso me limpar. Preciso de você. Preciso de você longe. Preciso diluir. Preciso estabelecer. Preciso corromper. Preciso infringir. Preciso incomodar. Preciso meditar. Preciso de carinho. Preciso dar carinho. Eu preciso pôr a minha leitura em dia.    

Manhã de glória, pensava ele. O céu estava com uma cor idiota, que lhe dava raiva, mas ao mesmo tempo, contentamento. A música do vizinho debaixo falava sobre um tal de Mr.Scarecrow. Deixou a preguiça na cama e foi fazer o café. Mas antes, percebeu algo: um corpo estranho ao seu lado se mexia. Resolveu não acordá-lo e se encaminhou até a cozinha.

Deixou a água fervendo e correu ao banheiro tirar o hálito podre matinal. Ao se olhar no espelho, percebeu uma marca em sua bochecha. Algo parecido com uma mordida. Definitivamente era uma mordida. Não se lembrava como aquilo havia acontecido. Teria sido o corpo estranho? A embocadura era razoavelmente grande. Ficou confuso. Escovou os dentes, mijou e voltou à cozinha.

A água, já fervida, era observada pelo ser que tinha despertado. - Bom dia - falou. - Dormiu bem? - perguntou. - Sim, como um anjo. Sua cama é deveras confortável. Deveras? Indagou-se mentalmente. Quem ainda fala essa palavra? Ele não deve nem ter 22 anos! - Que bom que gostou - comentou, meio sem jeito. - Uma pergunta: como viemos parar aqui? Eu sei que é a sua casa, mas poderia me explicar como chegamos? - Mais perdido que um japonês em baile funk, ele não soube responder. - Desculpe, não consigo nem lembrar o seu nome. - Prazer, Gabriel - respondeu. - Prazer Gabriel, você está em meu apartamento e eu não tenho resposta alguma. Apenas sei o que você sabe, ou seja, nada! 

Os dois tomaram café, conversaram como estranhos e estavam recordando a noite anterior, que de memórias apenas os flashbacks eram presença. Trocaram ideias sobre música, falaram que gostavam de The Decemberists e, assim que o efeito da droga passou, lembraram que eram namorados.

quinta-feira, abril 19, 2012

Referências


Quando eu vejo alguém como o Tom Zé, ainda mais em um documentário visceral de sentimentos, eu fico agitado. Fico louco, fico puto, fico ansioso. O absurdo de sua genialidade, mesmo que reconsiderada tardiamente, não cabe apenas como exemplo, mas sim, mandamento para ser colado na porta da geladeira. E estou falando em todos os sentidos, não apenas os musicais. Exemplo? Profissionalmente.
O cara possui as melhores referências e é a própria. Certa vez, quando lecionava Cultura Brasileira para o curso de Publicidade e Propaganda da Fadep, Faculdade de Pato Branco, perguntei aos alunos quem conhecia o compositor baiano. Fiquei pasmo ao testemunhar que dos cerca de 40 acadêmicos, nenhum levantou o braço. Fiquei catatônico. Achei um tremendo absurdo ver aquela cena. Tentei considerar a média de idade, 19 anos. No entanto, isso não serviu de desculpa, pois conheço adolescentes de 15 anos que sabem pelo menos que o Tom Zé participou do Tropicalismo. E é exatamente isso que eu critico e continuarei: falta referência. Quando se tem, encho os pulmões e grito: estão erradas!
Como o sentido agora se torna amplo, não se trata apenas do Tom Zé, que de repente profissionalmente não servirá em nada. Trata-se de procurar as coisas certas para edificar a idiossincrasia profissional, sobretudo comunicacional, se for o caso. Não adianta, se ficar ouvindo somente sertanejo universitário, você não vai escrever bem. Tenho dito, com toda a desculpa necessária. Vai conseguir escrever, claro que conseguirá! Mas não será exatamente bom, não será criativo e não será da porra!
Fazer o mais do mesmo é cavar os sete palmos que você precisa para se decompor. O negócio é compor. E se tiver diferenciais, aí sim, cavalgará de maneira mais contente e, até quem sabe, feliz. Por isso que precisamos de TomZés para não nos tornarmos reclames ambulantes que acordarão e a primeira coisa que postarmos no Facebook será: "mais um dia neste trabalho idiota".

Tarde

Falta paciência às vezes. Encarna um espírito de porco e se desconcentra rapidamente. Tenta relaxar ao som de alguma canção da trilha de Elizabethtown, mas só consegue aumentar a ira. Não se suporta mais. Vive em jogos de cartas, cigarros e vinho vagabundo. O corpo arde. Uma febre nada convencional. O carisma escorre pelo ralo do chuveiro em forma de porra. O hálito fica ácido enquanto fica olhando a foto do portarretrato trincado, presente no criado-mudo. Tenta pôr tudo para fora através do vômito.
Não consegue focar seu objetivo. Entorta mais um gole. Perde-se na curva entre o banheiro e o quarto. Vira mais um. Bate o dedinho na quina da cama. Bebe mais. Atira o copo pela janela do oitavo andar. Era de plástico. Joga-se na cama e vê os próprios olhos sairem pelo nariz. Ele queria beber mais um gole, mas lembrou que jogou o copo. Fecha as pálpebras... E dorme sem paciência, já que mais um dia vai amanhecer tardiamente.

quinta-feira, abril 05, 2012

Tanta coisa para ouvir e eu repito os mesmos álbuns, como um círculo cretino que de maneira idiota eu giro. E muitas vezes roda afoito, não me permitindo aos tímpanos apreciar novas texturas. Várias pessoas fazem isso, mas no caso, com o amor, ou seja lá a definição que prefiram optar. O se permitir, ousar, se deixar levar, dá lugar aos clássicos dos anos 60, à facilidade beatlemaníaca, à comidade setentista, ao enjoado solo do Brian May e às eletroquinices oitentistas. Salve a bicha do Morrissey, sempre bom de retornar.


quarta-feira, março 28, 2012

Está

Um friozinho por aqui e o meu pensamento lá em você. O que será que está fazendo? Qual o seu pensamento? O meu está em um copo de vinho, como acompanhante. Chet Baker também está presente. E agora percebo que usei a palavra "está" três vezes. Ops. Quatro.

Tenho que me distrair. Ler alguma coisa, talvez. Ou quem saiba tomar um banho quente e ir dormir. Acabei de voltar da academia, estou meio agitado. Tão bom. A cachorrinha ficou do lado de fora, tenho que chamá-la. Mas o pensamento continua lá em você.

Daqui a pouco vou escrever alguma canção. Ou não? Acho que só vou revisitar o velho repertório. Ultimamente o Nando que está presente nos acordes. E a palavra "está" aparece pela quinta vez. Ops, sexta. Ok, vou para o Palmolive agora.

domingo, março 25, 2012

Um Beijo Casualmente Planejado.

Como pode o beijo na boca ser algo de entrega? Algo tão íntimo e singelo, mesmo que os dentes se batam e os lábios, meio desengonçados, se enrosquem. É extremamente gratificante um sentir.

O beijo é íntimo e aprendi vendo Uma Linda Mulher que ele pode provocar mais reações do que a vã filosofia explica. A Julia Roberts hesitou em beijar o Richard Gere. Naquela situação, não houve dinheiro que pagasse. Mas depois, como excelente mulher sentimental, não aguentou e lascou um terno e singelo beijo no amado, enquanto ele estava cochilando. Ainda hoje acho que o milionário estava se fazendo somente para jogar charme. E conseguiu.

Digo isto, nesta madrugada, que o beijo é entrega, pelo sentir da respiração que senti ao encostar em seus lábios, como se há tempos não tivesse feito isso. Foi íntimo. Ao frêmito. E aconteceu. Fim.

segunda-feira, março 19, 2012

Um Dia

Sono. Segunda-feira. Dia 19 de março. Última hora de trabalho. Estou aqui contando cada bocejo despertado. Um deles quase engoliu o mouse. Até fui comprar um Gatorade no bar da frente, mas devia ter pego um café. Sei lá a ideia que tive achando que o isotônico iria tirar essa moleza. Coisa de principiante. Às vezes me sinto uma fraude. Essa frase não se encaixa neste contexto de desabafo, porém, quis escrever.
Além de brigar com o sono, estou travando uma batalha com uma série de perguntas para um roteiro que não quer sair dessa caixola. Enquanto isso, vou destilando sabedorias fúteis com pessoas do Facebook. Para acompanhar a missão, o cantor Cícero vai embalando essa vagarosa tarde. Neste momento, me imagino em outro lugar, mais precisamente no litoral. Final de tarde, o sol se despedindo, eu sentado na areia dando tchau para mais um balé das águas. As crianças tentando pegar um siri, eu sozinho planejando bobagens, imaginando o Caetano na década de 1970, e as ondas batendo em um morro. Relembro de um amor morto e como foi bom. "Viver sem escolta", canta o Cícero. Eu abro um sorriso e vejo o relógio. 17h32. Volto à realidade agora ao som de Little Joy. Percebo que até que vale a pena. É apenas a segunda-feira, depois a rota se encaixa e volto a planejar mais um dia.

sexta-feira, março 16, 2012

Boca.

Vamos ajeitando as coisas. Um dia, toda casa cai mesmo. E caiu. Não sei dizer especificamente quais foram as lições que tirei, mas que eu aprendei, sim, aprendi. O que eu não sei. Mas sinto invisivelmente algo fortalecido. Não me tornei um frio e calculista, o sentimento sempre foi e será minha marca na testa. Mesmo que tenha sido um chifre. Mas não tive medo e me entreguei e dormi de conchinha sim, sem fugir de madrugada depois de uma gozada, sem precisar inventar desculpas para não tomar café da manhã e sem precisar apelar para o tão batido "acabei de sair de um relacionamento". Até mesmo porque nem é tão recente. Oficialmente, 14 de janeiro de 2011. É que andamos nos enrolando no decorrer do ano passado. Finalmente teve fim. Aquela história me massacrou ainda mais do que saber que fui traido.
Admiro consideravelmente as pessoas que conseguem ficar amigos de seus respectivos ex. Parabéns! Eu devo ser muito careta mesmo ou sentimentaloide demais. Não ligo. A melhor forma, para mim, foi o afastamento. Definitivo, espero. Mas nada é para sempre, mesmo o para sempre acabando. A delícia da vida não é isso? O mistério? Então que se foda, carinha, que o sorriso é tapado pela boca! A outra, no caso.

domingo, março 11, 2012

Uma felicidade gostosa, com pequenos prazeres que abrem sorrisos. Aquele humor ácido retornou, mas com uma dose contida. Na verdade, está tudo inconsequente mesmo. E estou adorando. Talvez eu tenha marcado ontem, não atendendo um chamado. É bom segurar um pouco, só para testar se a vontade e o sentimento são verdadeiros. Está sendo ótimo. Só não sei como vou reagir num futuro. Por enquanto, aproveito com toda a consideração possível.
Confesso que estou meio cão. No pior sentido que isso possa parecer. No entanto, sou um cara respeitador e não estou brincando de cretino. Já fiz isso muitas vezes e magoei muitas pessoas. Apesar de, confesso sem falsa modéstia, ter um carisma, não usando para o mal que aproximarei os contatos de pele. De tanto maltratar uma pessoa, acabei afastando-o para sempre. Hoje é melhor assim, pois também tive uma espada gravada em minha cabeça.

Resumindo: estou adorando dormir contigo. Pelo carinho, sobretudo.

terça-feira, março 06, 2012

Grana

Estávamos nos amassando no sofá. Os lábios se entrelaçavam com aquelas mordidas levianas, mas que fazem levantar o arrepio. Por cima, o beijo começou a ficar mais louco e doce. Além dos vizinhos de cima, a testemunha era a TV ligada. Aquela luz azul sob o rosto criava um pequeno mistério na minha retina. Um detalhe em suas costas me chamava a atenção: uma cicatriz meio aberta. Possivelmente um machucado recente, como se apenas uma garra do Wolverine tivesse rasgado o couro. Eu deslizava o dedo delicadamente sobre a pele em alto relevo. Como não disse que doia, continuei.

Como era de se esperar, as mãos começaram a ficar bobas. Das costas, foram descendo, alcançando as nádegas. Que nádegas. Durinhas como as de Helena de Tróia. A tez morena fica mais bela com aquela luz da TV. A gente reclama, porém, o televisor em qualquer canal é sempre companhia. Até para o início do sexo. Lógico que nem estávamos prestando atenção no meio de comunicação. Só lembro de ouvido de longe "Lets Dance" como trilha de alguma matéria. Fiquei mais empolgado e a mão, da bela bunda, seguiu para as partes baixas dianteiras. Meu carinho começou a ficar meio desesperado. Deu para perceber no gemido que, com certeza, foi ouvido pelo vizinho de cima, que recebia visitas no momento. Pior que estavam todos na varanda.

A coisa começou a ficar cada vez mais série. Foi quando escutamos o trinco da porta. Meu pensamento clássico: fodeu! A irmã mais velha, que dividia o porão da casa, tinha chego. Rapidamente vesti minha camiseta, peguei o meu boné e sentei. Finjimos que nada estava acontecendo. Se ela acreditou? Lógico que não! Não dava para entender o seu olhar, um misto de deboche com seriedade. Cumprimentou, foi até o quarto, pegou sua roupa e foi tomar um banho. A luz novamente foi apagada e começamos a nos beijar novamente. Incomodado, eu digo:

- Te ligo amanhã, agora é a minha deixa, hora de vazar!

- Não vá, não me deixe.

- Melhor agora, sério, é o momento. Sua irmã ficou brava. Você já trouxe outros caras aqui?

- Não, você é o primeiro.

- Bosta!

Levanto rapidamente, dou mais um beijo, pego minha carteira de cigarro e grito:

- Desculpe! Estou indo embora, foi mal o incomodo. Do banheiro, a irmã responde:

- Agora que cheguei você vai embora?

- Sim, estou deveras constrangido e não saberei como agir quando você sair do banho. E caimos na gargalhada.

Ao sair da casa, só percebo o vizinhos de cima comentando com as visitas:

- Que tivessem ido para um motel, não? - Exatamente! Por que não preferi ir ao motel? Oras, era final de mês, porra! Estava sem grana.


terça-feira, fevereiro 28, 2012

Mais uma lamentação

Bateu. Aquela saudade veio novamente me visitar. Não sei o que aconteceu. Até então eu estava conseguindo controlar, mas o cérebro insiste em provocar enganos. Será que você me bloqueou? Creio que sim. Como podemos nos ater e nos preocupar com esses detalhes on-line tão cretinos?

Não lembro onde li, acho que foi nessas timelines diárias. O escrito dizia que só vamos esquecer de fato quando não existir amor e muito menos ódio. Uma dessas partes ainda existe. Por isso percebo que não consegui. Aí fico eu e minha mente se lamentando em silêncio, aguardando alguma surpresa do destino. Bem que tinha encontrado outro amor, mas já tinha namorado e atrapalhei uma relação linda. Sorte que voltaram e espero que estejam bem.

Enfim, fica aqui mais uma lamentação.

domingo, fevereiro 26, 2012

O disco

Sábado. O horário de Verão acabou e com ele, tomara, aquelas memórias quentes de retorno. Ao menos era o que esperava Clarice.

Em frente ao espelho do banheiro, à meia noite, ela ia dizendo adeus a certas viagens cerebrais. Apesar de chapada, arrancava a sobrancelha delicadamente. Não sentia aquela dorzinha. Acabara de voltar de mais uma noite vadia, daquelas que você esperava alguma surpresa, mas nenhum malandro tentara algo mais afoito. De duas umas: ou sua roupa não estava atraente ou todos eram gays. Se bem que ela perdera a virgindade com um. Se bem que ela não esperou muito. Estava de vagina cheia e o banheiro do bar estava em péssimo estado. Resolveu ir embora mais cedo.
Continuou se olhou no espelho, com a pele toda vermelha e pelinhos da sobrancelha espalhados pela pia de mármore branco. Se sentia como uma personagem do Chico Buarque.

A chuva trazia um alívio por causa do mormaço, do cerebral e da estação. Após 15 minutos seguiu até o som 3 em 1 e puxou um LP do Allman Brothers. Desistiu. Recordou-se que Matias, seu ex, gostava muito da banda. Jogou o disco pela janela. Feliz de Cristiano, que fora acertado pelo objeto, que tinha sido jogado do terceiro andar de um prédio da Guarani. Clarice escutara apenas um "ai" do lado de fora. Fora até a sacada e desesperada, com a chapação já perdida, pedira gritando: DESCULPAS!

Cristiano, com um arranhão na testa, olhara para cima e sorri:

- Tudo bem moça, você só me acertou com um Allman Brothers, se tivesse sido com um Sidney Magal, aí a coisa estaria da porra!

Os dois riram.

Dois meses depois estariam namorando.

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Enfim, fim.
Sem objetividade.
Querer exterminado.
Vômito de madrugada.
Enfim, fim.
Subjetividade latente.
Crente no passado.
Pensante no presente.

Enfim, fim.

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Fui professor universitário... E fim!

sábado, fevereiro 11, 2012

Querer aberto

Sacríficio coração, desperdício sentimental
Fossa em catarse, vento diagonal.
Lágrima em transe, perfeição arrebentada
Crise de mentira, tira interrogada.
Versos soltos, solturas involuntárias
Velcro indefinido, beijo interrompido.
Poluição amorosa, dengosa solitude
Altitude interminável, queda paixonite.
Verborrágico cantar, cheirada afetuosa
Nariz em giz, pó destruído.
Heroína nua, pelo em corpo.
Olhos cerrados, coração em vida.
Poesia fechada, querer aberto!

Leonardo Silveira Handa

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Não sei o que pensar. Todas as manhãs, pelo menos, são a mesma coisa. Só não sei por que insisto. Eu acordo com a ansiedade que você me causava outrora. E hoje, nem o tenho mais. Estou destruindo sim a minha sanidade. Quanto mais louco fico, mais penso em ti. Como eu queria te ver mais, trocar mais sentimentos contigo. Mas você desistiu do meu ser.

Penso váras vezes em te reconquistar. Eu sei que não consigo. De repente, não sou suficiente. Você dizia que sim, mas eu sentia que não. Tantas noites mal-dormidas por sua culpa. E mesmo assim, eu o amo.


Dinheiro, volte para mim!

quinta-feira, fevereiro 02, 2012


quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Aspecto, local e clima

2011. 2010.

Estava lembrando. Eu entrava em sala com uma empolgação, mas logo ela se evaporava quando eu via os rostos. No início de cada semestre era muito divertido, só que funcionava como um sexo sem compromisso: depois da gozada, a brochada rápida. Por isso digo que lecionar é uma tarefa árdua, quando não tem romantismo, tudo é sem sentido.

Eu ficava lá na frente, tentando, além de repassar o conteúdo, ser o entretenimento da noite. Meu lema era: se não tem diversão, não vale nada!

Apesar de nem fazer um ano que larguei a sala de aula, não sei se teria culhões para aguentar as sabatinas noturnas. Por mais que eu não gostasse do silêncio, o falatório em paralelas me desconcentrava de uma maneira mortal como se um Hitler incorporasse a minha alma. Às vezes eu explodia, mas de forma moderada, pois sou educado o suficiente e nipônico por natureza.

O estado emocional da época também não contribuiu. Fui despedido sem justa causa de um namoro nada convencional (não para o padrão da outra parte, pelo menos) e tentei juntar os cacos de uma traição. Nem sei se foi esse o motivo. O mais correto é que quando a pessoa me conseguiu, enjoou. Algo típico dela depois da conquista. Espero que mude para não causar o sofrimento que até hoje sinto por causa disso. Enfim, como a cabeça estava totalmente derretida, vazei.

Às vezes sinto saudades que agora vou matá-las em outro aspecto, local e clima.

domingo, janeiro 22, 2012

:)

- Por que você mudou de ideia?

- Porque as coisas mudam.


Agora, o que era amor, se torna ódio. Simplesmente mortal, daqueles que fazem histórias de assassinatos parecem contos da Disney.


O anel já foi jogado. Ao menos arranquei as suas pregas. E pelo menos tive o original. Os restos, os outros comem.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Anos

Aeroporto. 2008, talvez.

Eu estava prestes a desmaiar de êxtase. Não sei se isso acontece, sei lá. Nunca ouvi falar de alguém que apagou dessa forma. Meu corpo estava controlável, apesar da maldita vodca quente que bebi como se fosse o último líquido na Terra. Alguém teve a brilhante ideia de dar uma volta pela pista onde os aviões não pousavam mais. Possivelmente tenha sido eu.
O aeroporto desativado era a alegria da nossa turma nas noites quentes da cidade. O desmaio não veio, mas sim, outra coisa. Mesmo eu podendo utilizar isso como artifício de desculpa, de ter tomado a iniciativa precocemente alcoolizada, foi de caso pensado e eu sabia o que eu estava fazendo. Por isso beijei alguém.

Horas antes, estávamos apenas brincando, pequenas traquinagens de jovens pessoas que gostavam de curtir a vida juntos, independente do lugar. A luz da lua refletia no asfalto que servia de sofá para as nossas partidas de truco. Também servia de mesa para nossos copos, nossos salgadinhos da Elma Chips e cinzeiro para nossos cigarros. A noite estava absurdamente clara e esplêndida, como um cenário hollywoodiano de filmes farsescos. Os copos começavam a ficar vazios. Antes estavam preenchidos com gelo, vodca e Sprite. O gelo e o refrigerante sempre acabavam antes. Ficava a vodca que era bebida pura. Eu lembro que ela sempre amortecia meus lábios, mas nunca como aquele beijo causou.


Continua...

domingo, janeiro 15, 2012

Certos revelam sentimentos, invertem a pele, se entregam e fazem você acreditar que o amor, de fato, vale a pena. Quem saiba até valha. No entanto, algumas dessas pessoas, depois que conseguem o desejo, enjoam. Após a conquista, te chutam como um pedaço de carne.

Os indivíduos mudam e devemos estar acostumados com isso, pois a vida é repleta de transformações absurdas. Às vezes essas pessoas acham no outro o que não encontraram com a gente. E essa sim é a pior dor.