Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quarta-feira, junho 10, 2015

Passagem #1

Creio veemente que certas pessoas confundem o significado da auto-estima. Alguns a utilizam como sinônimo de “rei na barriga”, de donos da verdade absoluta. E, claro, esses indivíduos não possuem a capacidade de dizerem: desculpe, errei. Suas respostas são agressivas e suas atitudes peculiares (para não dizer algo ofensivo).  Tamanha é a dificuldade de assumir as consequências que preferem apelar para a defesa desenfreada, ressaltando suas qualidades, que podem ou não ser duvidosas, e partem para a famosa ignorância, essa vizinha da maldade (sim, a frase é daquele poeta).


Com certeza você conhece alguém que é repleto de esperança quanto ao futuro, que é admirado por uma parcela do eleitorado, porém, carrega consigo uma arrogância disfarçada de ingenuidade. Não é auto-estima, não. É mecanismo de defesa. No fundo, lá impregnado no peito, internamente, essa pessoa canta aquela música do Karnak, cujo verso diz: “eu era convencido, agora não sou não, porque cheguei à perfeição”.

segunda-feira, junho 01, 2015

Mistura-saudade-mistura-saudade

Hoje acordei com uma saudade curitibana. Algo meio corrosivo, confesso. Mas que causa um sentimentalismo nervoso, sobretudo quando imaginado pela Manoel Ribas.

A noite, os faróis, os meninos e as meninas, o cigarro e a cerveja mais barata da esquina. Alguns sorrisos tortos, algumas conversas bobas, outras profundas, com direito a citações de poetas que nunca li e, provavelmente, nunca lerei. E depois de tudo, o sono em algum colchão inflável.

Pela manhã, o gosto do fel, a cabeça levemente girando e um cheiro de café Iguaçu no ar, dançando feito bailarino do Guairá. Um domingo entre amigos, com análises estilosas dos passantes e seus cachorros. Até consigo imaginar qual seria a trilha sonora, uma daquelas bandas indies do fio do cabelo até o tênis propositalmente sujo. E claro, um friozinho-capital batendo na barba.

Uma recordação antes do conhecimento de todos, do esparramo sincero das lágrimas derrubadas, das situações cabulosas e do ódio-geral-da-nação. Quando havia pingos de aventura ao invés desse conforto infalível em que me meti. De tempos em tempos, sentir essas guloseimas de outrora, traz o cidadão inconformado que fui a tona, um cara que não deveria ter deixado morrer, mas que a depressão conseguiu vencer.


Gosto de colocar essas ideias todas misturadas, narrando o sonho com a saudade, as lembranças com as confissões, os sons com os gostos. Traz a ideia exata da vivência dessa saudade, quando era tudo ao mesmo tempo e agora.