Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

sábado, maio 08, 2010

Tanto tempo que não escrevo algo sentimental. Ultimamente estou mergulhado apenas em boletins jornalísticos e roteiros de programas que não sobra tempo para o descarrego literário. Penso que estou perdendo a prática, sobrevivendo em piloto-automático em uma rotina que me agrada, mas não permite devaneios. E quando há o ócio, a cama me chama para usufruir a delícia de permanecer na horizontal, com os olhos fechados, permitindo pelos tímpanos abertos a entrada de buarques e gainsbourg's. O relaxar é quase imediato e quando percebo o celular desperta mais uma vez o dia começando às 7h.
No fim das contas, o que está faltando é poesia nisso tudo. Existe a carência de romantismo ditado ao pé no ouvido para as soluções praticáveis da vida. E quem pode proporcionar isso? Eu, lógico. Mas nada faço! Estou reclamando o que então? A minha inércia perante a vontade de prosseguir viajando através de Bucowski ou cuspindo em um Ginsberg? Cade aquele cara que esbaldava bebericos de vodca lazarenta com a companhia de Thompson? Nunca existiu? Quem sabe seja verdade. E a apreciação de Caio Fernando Abreu? Eu ainda me emociono ao ler o cara, mesmo perdendo a habilidade do sentimentalismo e deixando cada vez mais o processo sistemático invadir tudo aquilo que a adolescência julgava o contrário.
"Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone. A fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora. Faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia. Chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia. Não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dela, em algum cheiro estranho o cheiro dela".
Esse sofrimento típico de Abreu até que faz falta. Acho que está na hora de morfar novamente. Mas não me procure, pois continuo querendo que se foda!