Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quinta-feira, abril 29, 2021

Esse Meu Doce Matar

 Quebrei a cara.
Que cara eu sigo?
Persigo o curto.
O caminho fácil.
Qual a graça?
Pergunta simples.
Sigo errado.
Pelo menos, acho.
Se acho,
Certeza
Não tenho.
Mas se tenho algo
Algo talvez
Eu sinta.
Analiso
E sintetizo
O que escapa.
Um mapa
De fragmentos
Descolados na memória
Soltos por aí
Em ilhas digitais
Sem reset
Sem delete
Sem gilete
Sem deleite.
Troco um destino
Por dois carinhos.
Mas tenho
Carência?
Só aderência
De permitir
Meu egoísmo.
Penso
Logo, resisto.
Desisto
Ao contrário
Pois sou
Bem otário
Quanto ao sentimento.
Queria o inverso
Mas serei frio?
Não entendo.
Compreendo que afasto
Todavia é meu erro?
Porém, contudo, senão?
Quem sabe você
Que me abrirá
Abrigará aqui
Uma resposta acolá.
Enquanto isso,
Vou ali
Sozinho fumar
Algo que
Pelo menos
Me faça sentir,
Nem que seja
Esse
Meu
Doce
Matar.
lsH
Eu quero ser o Mefisto para te satanizar.
Quero beber o seu chorume para me santificar.
Eu quero ser o seu Verlaine a disparar
E vê-lo como Rimbaud aos poucos se fechar.
Eu quero ser o Bucowski para te marginalizar.
Quero ser a Julieta com o veneno a tomar.
Eu quero ser o Catulo para em obra te eternizar.
Quero como Polifemo em prados a chorar.
Eu quero como Castela o seu corpo velar.
Eu quero como Garcilaso em poemas te amar.
Quero ser o São Francisco de Borja a abandonar
Não assumindo a corte para se apaixonar.
Eu quero me dar um tiro na têmpora
Como Werther quando com Carlota
Em nenhum momento pensou em se casar.
Quero ser como Ana Karenina a abandonar
O próprio filho para um dia se matar.
Eu quero ser como Sandokan a lutar
Pela pérola de Labuan a se entregar.
Quero como Lancelot a se sacrificar
Traindo o seu mentor para se casar.
Quero como Robin Hood a raptar
Para um dia com Lady Marian copular.
Eu quero ser a Beatriz a resgatar
O Dante que no purgatório ia se esfacelar.
Eu quero como o Marco Antonio
Que por Cleópatra não quis mais governar.
Mas eu também quero como eu 

Em nome próprio poder te exaltar. 

 Sacríficio coração, desperdício sentimental

Fossa em catarse, vento diagonal.
Lágrima em transe, perfeição arrebentada
Crise de mentira, tira interrogada.
Versos soltos, solturas involuntárias
Velcro indefinido, beijo interrompido.
Poluição amorosa, dengosa solitude
Altitude interminável, queda paixonite.
Verborrágico cantar, cheirada afetuosa
Nariz em giz, pó destruído.
Heroína nua, pelo em corpo.
Olhos cerrados, coração em vida.
Poesia fechada, querer aberto!

lsH

Todo mundo já teve um professor
E tem ainda os que vão ter
Richa, Traiano e Nelson Justus
Deixaram a memória esmorecer.
Há quem diga que ganham bem
E que direitos só mesmo no Natal
Quem concorda com isso
É Plauto Miró, Schiavinato e Tiago Amaral.
Brasileiro tem memória curta
Vide o voto do Missionário Ricardo Arruda
E teve filho de professor por cima
Já apontou alguém o Guto Silva.
Foi um dia para não passar impune
Que se lembrem Reichembach e Alexandre Curi.
E aos demais que se esqueceram
Que todo mundo teve um mestre
Não tenham pensamento pequeno

Igual ao Romanelli e André Bueno.  

sábado, abril 24, 2021

No atraso das horas eu perco a consciência na alta madrugada que absorve. A fumaça do cigarro encobre a face suja que eu deixei em seu lençol. Antes de partir, escrevi em um guardanapo os lamentos que eu sempre sofri, sempre guardei, sempre vivi. Espero que leia até o fim. Não tenha tanta certeza quanto ao meu retorno, um pouco de suborno talvez ajude, mas a certeza nunca foi uma grande virtude do meu ser. A única certeza que eu tenho é o incerto que eu sou. Se você é mais sentimental do que eu, isso eu sei. Porém, minhas lágrimas são mais sofridas. Não tive coragem de pôr a sua casa em minha sacola e nem te levei para ver o mar. Ainda estou na fila do pão lendo jornal e tragando um cigarro. Eu sei o que é ter e perder alguém. Tanta dor eu senti e o outro alguém é meu conhecido. Eu também pequei pela vontade, mas o amor de verdade evaporou com o chá quente que você não tomou. Sair de casa é se aventurar, já que maldizeres você me causa. Não quero ficar nesse sofá. Todo carnaval tem o seu fim e a minha quarta-feira de cinzas nunca acaba. Todas continuam em um cinzeiro que conservo como relíquia. Eu deixo tudo assim mesmo, não me acanho em ver. Eu gosto do estrago. E nem se atreva a me dizer, eu não entendo do samba e você muito menos do Noel Rosa. Você deve achar que é uma grife brasileira instalada em Londres. Eu não vou mudar, eu vou ficar só. Não segure a minha mão e veja só como tudo se acabou. O barraco desabou. Tudo está assim. 

 Bem aqui, ao centro.

Um incômodo e tanto.
Meu canto fraco
Não ajuda, portanto,
Me deito quieto,
Olhos abertos no teto
A lâmpada cega
Para que em pontos
Aliviem o intenso.
Dois pontos riscados
Como fuga nunca,
Mas como alívio
De encontro ao copo
Que da água ajuda
O descer do sentido.
lsH.

sexta-feira, abril 09, 2021

 Para você que me conquistou na primeira letra do verso nada romântico que deixou o meu sangue mais medonho. Para você que me permitiu gostar de você, em sua cama, com a minha língua em cada pedaço do seu corpo, autorizando um adentrar, um gozar e um abraçar. Para você que me ofereceu a melhor orelha para morder com a precisão que por vezes ficava demais afoita. Para você que me aqueceu com um simples olhar. Para você que me deixou amar.

Para que você que perfurou, mesmo sem saber. Para você, os meus versos mais belos, mas nunca compostos. Para você, a minha vida com trilha sonora vinda do nórdico, dos instrumentos mais inusitados, das partituras menos clássicas. A você a minha rapsódia em si bemol para Guitar Hero.

Para você que flutuou os meus sonhos mais eróticos, daqueles em que o mínimo era as roupas rasgadas, que uma engasgada não significava nada, que uma picada era o lindo em sua bunda. Para você, o amor que me torturou, que me enlouqueceu, que deixou os meus dias em calafrios com o seu não tentar. Para você, o meu pulmão de fumante, o meu corpo de alcoólatra, a minha fraqueza desesperada.

 Do futuro, vamos

Consequência é preciso.
Ao ouvir reprovação,
Gosto,
Pois inquietação existe.
Do fundo do poço, aposto
É preciso ter cuidado.
E quando sorrir, desculpe
Mas mostrarei meu desgosto
Só para provocar.