Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quarta-feira, março 27, 2019

Crises

Para tudo o que eu faço, fico nervoso antes de iniciar. Não consigo mais relaxar quando acordado, somente dormindo. E tenho dormido muito. A vida desacordado tem sido a fuga mais perfeita para as crises de pânico que sinto ultimamente. Tenho sobrevivido, mas está sendo um martírio. Desculpe utilizar essa palavra gratuitamente, pois não fiz nada de tão relevante assim no alto dos meus 37 anos. 
Meu coração dispara, procuro me concentrar na minha respiração e não pirar. Não tenho conseguido totalmente nos dias atuais. Confesso que já fui muito melhor no autocontrole, hoje ele parece um lixo em decomposição. Antigamente, eu me orgulhava tanto em conseguir me manter seguro mesmo em uma situação de calamidade. Mas meu cérebro está tão derretido de tantas crises que meus neurônios só me mandam sinais negativos. É como eu não fosse eu. Estou perdendo, aos poucos, o melhor de mim, o melhor da vida, o melhor do gozar, o melhor do amor-próprio. 
Acredito muito nesse lance de energia. O meu corpo é capaz de uma auto-cura, porém, só tem sido auto-currado. Um horror. A baixa frequência na minha bateria tem atrapalhado até no simples ato de dirigir um carro. Ontem fiquei apavorado, mal consegui guardá-lo na garagem. Não quero que isso aconteça nunca mais.    

sexta-feira, março 22, 2019

Pela janela eu vou vendo. 
Os carros passam. 
Os galhos das árvores se movem. 
As crianças com suas bicicletas se divertem. 
Folhas de outono pousam sobre o para-brisa. 
O táxi que me leva daqui tem a placa com a primeira letra do seu nome. 
Melancolicamente, sorrio sozinho ao perceber isso. 
A rua está deserta, apenas carros estacionados. 
Seus donos devem estar na sala de estar, assistindo TV, curtindo a família, ou na cozinha, preparando um jantar, quem sabe acompanhados do amor, dos filhos. 
Quem sabe estejam sozinhos, tomando um bom vinho. 
Não sei o final ou o início que isso dará. 
Da minha despedida, da minha ausência, da minha derrota. Agora apenas sigo ao aeroporto...