Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, abril 25, 2011

Quanto dó. Dá dó. Dó de mim. Dó de eu. Dodói. Dózinho. Que dó. Pobrezinho. Dó. Pó. Dó. Dó e dó.

domingo, abril 24, 2011

Madrugada. Solidão. Lembranças insistem em permanecer. Tudo faço para assassiná-las. Ainda assim, não consigo. Machuca o coração. Até quando, me pergunto. Se eu soubesse a resposta, soubesse o tempo, soubesse a hora, ficaria muito tranquilo. Extremamente calmo. Eu saberia como seguir a vivência.

Lembrei de uma noite, abraçados, comentando coisas da vida, traçando o futuro, recordando como ficamos, como nos conhecemos, como nos beijamos. Como foi bom. Mas agora, o amanhã, cadê? Sim, me pego ouvindo o Camelo nesses momentos. O Otto, no entanto, tenta me confortar. Na letra de "Seis Minutos", eu procuro auxílio. "Não precisa falar nem saber de mim. E até pra morrer, você tem que existir... Nasceram flores, num canto de um quarto escuro, mas eu te juro, são flores de um longo inverno. Isso é pra morrer... Seis minutos, instantes, acabam a eternidade. Isso é pra viver, momentos únicos, bem juntos, na cama, de um quarto de hotel e você me falou de uma casa pequena, com uma varanda, chamando as crianças pra jantar". Dói.


Eu sei que faz tempo. Não devia nem estar pensando mais. Isso é para morrer. E é exatamente isso que a cada dia me mata um pouco. Se a dor do fim de um amor é uma das piores coisas que alguém pode sentir, que merda, pois ainda continuo no ranking do Clube do Coração Partido.

quarta-feira, abril 13, 2011

90 Dias

Uma dor no pescoço persiste em me fazer companhia nesta madrugada. Culpa das tensões que sofro por você. Ainda te sinto saindo pelos meus poros. Às vezes, pelos meus ouvidos. Outrora, por meus ombros. A cada acorde de raiva, você sai pelos meus dedos. Nunca foi tão difícil esquecer algo. Mas me surpreendi a noite passada, pois não sonhei contigo. Pela primeira vez não acordei com a sua imagem em meu cerebelo.

Às vezes quero um novo amor, às vezes não. Sinto uma falta, ainda. Porém, estou no momento de sentir desgosto, de desconsertar as coisas, de dizer que não vejo mais, que não converso. O que é verdade. Estou na fase da falta sem falta, da confusão, do fechamento não fechado, dos dizeres não ditos, dos saberes não sabidos e da decisão indecisa. E não quero mais isso.

quarta-feira, abril 06, 2011

O Bicho Pega - em homenagem à Polaca

A gente se apega. Não importa em o quê. Objetos, álcool, times de futebol, política ou economia. Um sentimento sempre existe. Às vezes ruim outrora bom. Além das pessoas – o apreço mais saliente que podemos manifestar com amor – quando se envolve animais de estimação, com o perdão do trocadilho, o bicho pega. Aos que não se emocionam ao ver um balançar de rabo de um cãozinho, minhas sinceras desculpas: mas têm certeza que aí bate um coração? Ou apenas um músculo bombeando o sangue através do corpo? Parafraseando o Nietzsche, acredito que a vida seria um erro sem a presença de um cachorro. Como diz aquele comercial, ele é tudo de bom. E é justamente quando que a gente se apega que o bicho pega. Pega bolinha, pega sandália, pega meia, pega chinelo, pega travesseiro, pega tudo. Dependendo do temperamento, alguns até pegam fezes. É isso mesmo, fezes! A ideia desse texto não era fazer uma lembrança ao Marley, mas quando esses seres que a gente tanto se apega desaparecem fisicamente de nossas vidas, novamente, o bicho pega. Pega tristeza, pega falta e pega lágrima. Hoje fiquei sabendo que essa “pega” atingiu a minha irmã, que lindamente está esperando um nenê. Cecília, até não mudarem de ideia. Ela e meu cunhado tinham uma safadeza em forma de cadela, a Polaca, uma desengonçada de pernas finas e agito mil. Seus olhos escuros se destacavam e suas orelhas pareciam dois radares estragados que mesmo assim estavam atentos a tudo. Seu focinho fino não podia perceber um cheiro de comida que logo seu corpo correspondia em frenéticos sinais de solicitações alimentares. A graça da sua manha em pedir um afago era certeira: o carinho era logo correspondido. Algumas vezes a Polaca veio a Pato Branco, cidade a qual resido com meus pais, mostrar as suas peraltices. Ela também fazia companhia à minha cachorrinha, a Pheebe, que, enfatizando a sua personalidade, recebia-a aos ciúmes, rosnando, latindo e pulando. A Pheebe não é fácil. Seu sentimento de posse é pior do que mulher que ama demais. De toda a maneira, a Polaca sempre foi bem recebida, mesmo com a sua particularidade ímpar de gostar de pegar fezes, algo que ela perdeu com o tempo, assim como perdeu a vida, atropelada por um automóvel. É nessas horas que o bicho pega. Lassie, santa dos cães, receba bem a Polaca, que vai continuar as suas peraltices em outro plano, assim espero. Afinal, o que seria dos cachorros sem as traquinagens? O bicho pega na lembrança, mas, minha irmã, mesmo ninguém sendo substituível, guarde todo afeto bom. A Polaca não se foi, ela te ensinou. Leonardo Handa

domingo, abril 03, 2011

Bate um sono. Um cansaço bom. Quero fechar os olhos e encontrar em sonhos a satisfação que não percebo no viver. Não que dormindo eu não esteja vivo. Você entendeu o que eu quis dizer. Mas revelar em projeções os sentimentos que curti, e perdi. Sendo extremamente egoísta, não tenho a mínima vontade de saber a sua posição. Acabou. Você acabou comigo. Um parte de mim teve que partir, outra parte sua também me partiu. Não sei se está bem, não sei se está mal. Apenas não sei. E assim quero continuar: não sabendo.

Agora quero fechar os olhos. Acordar um novo amanhã de possibilidades. Não gostaria de acordar novamente pensando em você. Ainda é difícil. Fico imaginando coisas. Minha sensibilidade me permite prever certos acontecimentos. Até o momento, acertei todos. E mesmo assim não me preparei para o pior. Nós nunca nos preparamos para coisas assim. Porém, confesso, sinto muitas saudades, por enquanto somente das boas situações. Em breve, sentirei das ruins também. Só que estou enterrando, seguindo o horóscopo, que sinaliza um rompimento definitivo. O conselho é não olhar o passado. Contudo, somos feito disso, ou seja, se torna ainda mais complicado separar as coisas. Estou tentando.

Quero fechar os olhos. Acordar sem o seu rosto na memória. Quero acordar de um sonho bom. Quem sabe algum que traga esperanças de novas situações. Não contigo. Eu perdi. Que pena. E elas ganharam. Depois de tudo, conseguiram ganhar. Parabéns a você.

sábado, abril 02, 2011

Dicas Aleatórias – Tiê – “A Coruja e o Coração”

Agora tem bateria, alguns já disseram. Outros indagaram: - precisava regravar um hit do Calcinha Preta? Se isso se trata de evolução, claro, pode ser, por que não? A Tiê conseguiu fazer mais do mesmo em seu novo álbum, “A Coruja e o Coração”, com pitadas de ousadias e um repertório redondo.


O trabalho possui regravações, dessa maneira, não cabe aqui o caráter novidade, afinal, os atentos de plantão já conheciam “Só Sei Dançar Com Você” na voz de Tulipa Ruiz e “Mapa Mundi” na voz de Thiago Petit. O que difere, lógico, é o desenho do arranjo. Na primeira, um banjo enfeita a camada sônica para que Tiê lance a doçura da sua interpretação nessa crônica do amor. Na segunda, também acompanhada de banjo, a valsinha ganha vocal dobrado e continua na mesma linha sensível interpretada por Petit. Resumindo: ficaram lindas.


A poética simples e direta encontrada em “Sweet Jardim”, primeiro disco da ex-modelo da Ford, permanece em “A Coruja e o Coração”. “Perto e Distante” é um ótimo exemplo, que ganha destaque na metade da faixa com um sopro melodioso que ilumina o lado mais escuro da vida. A música tem a participação do cantor uruguaio mais brasileiro da atualidade, Jorge Drexler.


A audácia de fato está na regravação de “Você Não Vale Nada”, revertida com castanholas em um ritmo espanhol. A letra emoldurada pela voz de Tiê ganhou mais sentido, sobretudo àquelas pessoas que recentemente terminaram um relacionamento. Se a Maria Gadú vomitou sentimento em “Baba Baby”, a Tié engrandece o hit do grupo Calcinha Preta.


“A Coruja e o Coração” é bonito, repete algumas ideias, mas o conforto escolhido por Tiê ainda é o correto. Ao menos ela não ousou em colocar ruídos eletrônicos para disfarçar a falta de talento, afinal, habilidade a cantora tem.


Leonardo Handa - Jornalista