Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

sábado, janeiro 30, 2010

Na Confusa Agonia do Ser

Segundo dia do mês
No desespero da idade
Que se completa
No final de mais um.

O sorriso torto
Tenta disfarçar
A falta de conforto.
Nem tente amar,
Ele dispensa o pouco
Que ficou.

Termina outra fase
Na confusa agonia
Do ser
De querer amar
E não poder ficar
Devido a desgraça
Da concepção.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Não se trata de um dos momentos mais fáceis. Tenho a vontade de conseguir a auto-combustão. Tento ficar distraído, mas, quando percebo, estou apenas caído. Como alguém já me falou: - você está perdido, não? De fato. Meus tiros vão para todos os lados. Confesso que não me sinto nada à vontade nessa condição. Queria ter um plano traçado, uma meta estabelecida. A situação atual não está permitindo. Ou seria o cérebro me traindo?
Eu não deveria estar aqui lamentando a minha fraqueza. Se bem que também se trata de falta de sorte. Tento me apegar à Charlotte Gainsbourg para auxiliar. Não está adiantando muito. Estava meio a fim de revirar o meu corpo pela boca, deixar exposto meu fígado ao relento e que, aos poucos, ele fosse comido por um urubu. Mas aí seria fácil demais, a vida me derrotaria. Não lembro quem disse, "não leve a vida muito a sério, afinal, você não sai vivo dela". Às vezes tento levar isso como tatuagem de sentido maior, como se fosse uma oração do derrotado, porque é isso que sou.
O pior que não tenho nenhuma saída de mestre. Pela primeira vez eu não tenho razão de ser capaz de prosseguir por algo em que acredito. Não dá para ficar empurrando tudo com fluoxetina. Quando o efeito acaba, tudo volta. E o ciclo vicioso prossegue.
Um raio de luz entrou agora pela janela... Puxa vida, a nuvem acabou de encobrir... Ou espero o próximo ou faço um próprio.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Não é uma questão de escolha...
... Se fosse assim, eu fiz errado.
O problema sou eu...
(a mais idiota e, no caso, sincera frase)

sexta-feira, janeiro 15, 2010


Ela está no quarto
Vendo a novela das sete.
Ele está na sala
Ouvindo Cat Stevens.
Ela está tomando
Um chá de camomila.
Ele está soltando
Fumaça de um Marlboro.
Ela se emociona
Com uma cena do folhetim.
Ele dá razão
A uma frase de violão.
Ela deixa uma lágrima cair.
Ele engole o seco do sentir.
Ela abraça o travesseiro.
Ele cruza os braços.
Ela se identifica com a mocinha.
Ele pensa na Califórnia.
Ela bebe o último gole.
Ele fuma o último trago.

Eles estão se despedindo.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Eu nada fiz. Eis o problema. Errei. Caguei. Fodi. Acabei de me estuprar mentalmente, me fechei no cego transparecer simplemente porque não dei o braço a quebrar, pois para torcer seria superficial. Agora bebo chá. Até que acalma, mas não muito. Utilizo mais dez cigarros para rebater. Não entorto mais a cara por causa do fígado. Ele está virado em um patê.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Senhor do céu, como é difícil! Quero deixar bem claro que sou bem grato com a minha vida. Agradeço por ter todos os dedos, os membros perfeitos e poder caminhar. Agradeço por ter um teto, comida na mesa, uma família maravilhosa e conseguir sanar as necessidades básicas que regem essa orquestra que chamamos vida. Mas, como é complicado agradar, não? Principalmente os amigos e as suas conversas paralelas via MSN ou seja lá que artifício internético. Muitas vezes eu não ligo, estou cagando para os comentários, sobretudo os maldosos. No entanto, quando começa a envolver os sentimentos, aí cansa. E é nesse estado absoluto que estou: cansado. Alguns dizem que andam me chamando de fofoqueiro, de duvidando das minhas atitudes, de ignorando a minha sanidade mental que, confesso, quase foi para o brejo; uns querem mais atenção, outros suplicam em ruídos comunicacionais verdades de carência... No fim das contas, acho que querem é acabar comigo. Dou-lhe razão Roberto, quando se é muito querido o tiro de merda é mais fedorento.
Não se trata de uma questão de querer agradar a todos, já é difícil agradar um, imagina uma manada. Às vezes tenho a vontade de perder a razão de vez, apagar a memória, pirar no sentido literal e ser internado, sem memória, sem lembrança nenhuma das idiotices que tenho que aguentar, no mínimo, 10 dias por mês. Querem abrir os meus olhos? Pois bem, estão abertos então. Contudo, no fundo, aquela vontade de sumir, de se desintegrar é muito frequente. Por que tem que ser assim, né? Viver é tão mais fácil do que se pensa. Poucos deram razão aos hippies e eles estavam certos. Absolutamente certos. Vem o ego, a razão, a definição do certo e do errado e caga tudo. Destrói tudo. Completamente tudo no mesmo pútrido vaso de bosta-vivida.
E a coisa é menos do que se imagina, mas existe tanto estresse no pequeno fragmento que você acaba se redendo às vontades alheias só para não se incomodar mais. Isso não faz o meu feitio, mas não dá mais. O meu suportar chegou a um estágio em que se eu não extrapolar sou capaz de pegar uma pinça e começar a retirar o meu cérebro pelo nariz.
É Senhor, agradeço por tudo mesmo, mas 2010 começou agitando o sentimental, embolando o meio de campo, arrebentando as minhas retinas já cansadas. E depois falam que o pseudo Alexander Supertramp de "Na Natureza Selvagem" tinha uma patologia de querer tanto explorar a vida solitariamente. Sabe, ele estava com a razão, isso sim. Chega uma hora em que suportar seres humanos e as suas línguas ferinas é como se cortar com um estilete enferrujado e se banhar com álcool de cozinha. Desabafei.