Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

terça-feira, maio 29, 2012

31

O que esperar aos 31? Um pouco mais de experiência em quê? Não se engane, o clichê é válido: somente o tempo apresenta as provas, apesar de que as incertezas continuam a surgir de maneira bela e, muitas vezes, ampla.

Não adianta negar, entrar na tal segunda idade proporciona reflexões e a sabedoria que os 25 não mostram. Mas cada idade deve ser catatonicamente deliciada, seja com neologismos, algoritmos, hipérboles ou frêmitos.

Mesmo em tempos efêmeros, as coisas passam a ser degustadas com um atento primordial. Algo nada imaginável em plenos 21, por exemplo. Muito menos aos 19. Agora, se você for a Adele, é possível que consiga compor clássicos modernos. Se falta jactância, então vai carregando cada situação para esgurmitar tudo em felicidade após a cicatriz do tempo fazer a visita ideal.

Não tenho um mínimo de talento para sugerir conselhos, mas sim, amigos que agora encontram essa nova década. E nada melhor do que dividir essas características. É confortante saber e ter a certeza que não estamos sozinhos nessa e que, se você ainda não fez nada de relevante, saiba que muitos pensam o contrário e sabem como levantar a sua estima de uma maneira absurdamente ótima. É isso.

quarta-feira, maio 23, 2012

Molhadinha

E aí você conhece uma pessoa. Sabe que ela peida, mija, tem excrementos, pega gripe e pode ter chulé, mas se entrega mesmo assim. Conta suas particularidades, não para de falar sobre a sua vida, quer dividir tudo ao mesmo tempo. Relaxe, melhor não entregar tudo de uma só vez. Se acontecer de novo, um outro encontro, vai se descascando aos poucos. 
Você sabe que pode se machucar ou, pior, se machucar de novo devido a outra experiência. Porém, por que não se arriscar? A vida é repleta disso e tudo vem acompanhado de peidos, de mijos, de excrementos, de gripe e até chulé. E você sabe que vale a pena. 
Vocês se beijam, trocam afagos, curtem o abraço e compartilham o momento. Quase que nem no Facebook, porém, com o contato físico, o que é muito bom e salutar. Tudo está ótimo: a conversa, as carícias, o enroscar dos pelos e a saliva. A pessoa lhe deixa em casa, você sai com um sorriso imenso, lembra que quando os lábios se encostaram começou a tocar "Everybody Hurts" no rádio, acende um cigarro e repassa o episódio. Abre a porta de casa, vai ao banheiro urinar, se olha no espelho e percebe que uma linda espinha apareceu, repentinamente, no canto do lábio inferior. Aí, você pensa: porra, será que isso foi percebido? Para isso, basta recordar: ainda existe o peido, o mijo, os excrementos, a gripe e, quem sabe, até o chulé. Então, deixe estar. Pelo menos a tua cuequinha ficou molhadinha. 

domingo, maio 13, 2012

Vale o Quanto Brilha

Alma da calma presente no corpo
Que pede abrigo em alma outrora,
Outrora física que se satisfaz
Em fazer de retrato publicável,
Publicável esse que absorve trama
Que destramada observa viril
Na viralidade de um vírus vil
Que descansado pede uma cama.


Bate forte dentro do peito o leito
De leite em borda transpirando nata
De calor em adjacência pulsa
Um pulso fraco de memórias claras.


lsH


quinta-feira, maio 10, 2012

Não precisa. Estou à deriva.
Estou derivando do veraneio.
Não necessita, estou tranquilo.
Estou à base do corriqueiro.
                   Não tenho pressa, eu sou preza,
                  Apressado conteúdo de sutileza.
                  Não precisa entrar, estou alheio,
                      Hoje me interno no devaneio.


Estou sozinho a contento
Não quero fixo, nem bloqueio.
É claro que um dia também quero
Mas procuro calma sem receio.

quarta-feira, maio 09, 2012

Dois

Hey, você, ali na esquina, exibindo um rosto trágico de memórias mal vividas, o que faz para alterar a situação do presente? Está esperando um convite? Aguardando um assédio de romance ou decorando a rua úmida que sobreviveu a mais uma chuva de verão? Tenho a impressão que você quer sair desse lugar, mas está faltando um ânimo pessoal para lhe arrancar o sentimento.
Hey, você ali na esquina, qual o tipo mais apropriado para a sua propriedade? Posso lhe oferecer um café, um ambiente confortável e uma conversa sobre o nada? O que é preciso para ter a sua atenção? Meu nariz de palhaço não é o suficiente? Meu atalho não combina com o seu? Qual a imperfeição necessária para te levar a outro submundo?

Hey, você, que fica ali na esquina me observando, seu olhar arrebenta com o meu fazendo a minha retina estourar de vontade de te querer. Imagino que até saiba meu preço, mas para você eu ofereço de graça. O que você aguarda? Meu braço amarrado junto ao seu pescoço? Minhas mãos procurando os seus dedos? Meus cabelos enroscando em seu rosto? Minha tez encostada na sua? Qual o sinal que precisarei mandar para afirmar que estou a fim?
Hey, você, que fica ali na esquina me observando, se quiser entrar eu não saio nunca mais. Não tenho condição alguma para propor, mas saiba que terá todas que precisar. Eu não tenho o corpo suficiente? Não tenho o coração mais tranquilo? Não tenho a mente mais brilhante? Só não tenho um problema: continuar gostando de você, mesmo sem saber o seu nome.