Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quarta-feira, outubro 17, 2012

Bem-vinda

Desde 2005 que não saia com você, eu acho. Voltar a te ver foi ótimo. Adoro quando tenho casos contigo, mesmo que esporádicos. Sempre é bom escutar sua voz, suas lamúrias, seus dedos ao piano. Gosto quando se faz de triste. Eu me entrego aos acontecimentos.
A última vez que nos encontramos, confesso que não estava na melhor maré. Talvez eu tenha sido indelicado ou distante, apesar de presente. De toda a maneira, não foi ruim. Eu que não estava bom. Mas agora você retorna com um vigor salutar, levantando as minhas pálpebras e esquentando a minha virilha. O passar dos anos só lhe fez bem.
Seu rosto continua o mesmo, quiça, um pouco chupado nas bochechas. Seu olhar, esse sim, igualzinho quando te conheci, como se fosse uma máquina extraordinária. E agora você reaparece em minha vida de maneira mais direta, porém, não menos consistente e deliciosa. Fiona Apple, bem-vinda ao meu tímpano. 

quarta-feira, outubro 10, 2012

Dois Beijinhos

Um daqui, outro lá
Um olhar acolá.
O cigarro, companhia.
O espelho, a testemunha.
Um beijo, sim, dois, talvez.
Mas o enxergar registra
E a imagem, sinistra.
Ao ver do outro, claro.

Uma risada mais alta
A luz automática se acende
E pretende flagrar
O que flagrado já foi
Para depois se calar.

Agora aqui, depois, sei lá
O cigarro continua
A imagem torna nua
E a verdade do clichê
Continua sendo crua.

quarta-feira, outubro 03, 2012

Aguenta minhas bobagens, minhas asneiras, minhas tolices. Além, suporta os meus dedos, a minha boca e o roçar dos meus lábios. Empresta-me para filtrar a minha voz estriquinada, tratorizante e verbolatente. É desenhada exatamente à face. Nem mais, nem menos. A cantada breguíssima, como o profanador, foi sincera. Curti o riso, compartilhei o humor. 

Tem um algo a mais. Possui a característica certa. Arrepia-se. Não sei do que, não sei de que, não sei por quê. De desgraça, talvez. De aguentar. Enxergo errado. Sou míope. Meio surdo, também. 

A melhor orelha. 

terça-feira, outubro 02, 2012

Laputa

Emprega em minha prega
O seu lamento diário.

Fraco argumento para despregá-la
Mesmo sendo eu
Uma puta sem documento.

O meu amor está em guerra
E o seu olho me fere em fera
A sua guitarra me distorce
Mas tenho o ouvido ferido.

Reclama afoito o coito
Não deixando mais do que um troco.

Desconversa em público verso
Para depois jogar o inverso
Que não entendo anexo.

O seu amor não é pagável
Inviável sentimento apresentado
Sentado me quer nua
Naquela nuance absurda e muda.