Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

domingo, janeiro 30, 2011

Dois temporais.

Temporal. As gotas vão se suicidando no vidro da janela enquanto o pensamento pousa na cama. Tempos felizes são lembrados a cada gole de Nescafé. Aquele velho livro roubado ainda adormece na prateleira. O seu perfume, presente nele, auxilia nas recordações. O saudosismo quer dar lugar ao imediato encontro, mas a possiblidade se perde tanto quanto a chuva que some pelo bueiro, encontrando o esgoto nosso de cada dia. Um dia talvez retorne como o ciclo nem tão natural do exemplo.
Temporal. As gotas agora dançam no vidro da janela enquanto o pensamento quer sair da cama. Os tempos felizes querem ser deletados a cada gota de Prozac. Aquele velho livro roubado adormece repleto de pó em um canto do quarto. O perfume há muito tempo desapareceu, ainda bem. O saudosismo evaparou como a chuva de verão que caiu neste asfalto e nem deu tempo de fugir pelo bueiro. Ñão vai retornar, pois agora é uma outra gota que vai secar.

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Ele

Quase madrugada. O sono não chega. Ele está cansado, mas não quer repousar os olhos. Acabou de fumar e agora sente na boca o gosto da saudade. O tabaco lhe traz recordações. Fica pensando na película apreciou. Isso remeteu a outras lembranças. Amores desejados, confinados e descartados. Amores vividos, observados e salientados. Amores hipérboles, frêmitos e sagazes.
Quase virando o dia. O sono insiste em não aparecer. Nem sequer dá um resquício ou uma sugestão que poderá se apresentar a fim de aliviar o pensamento. Ele só pensa em ouvir a voz, nem que seja pelo telefone. Ele só pensa na paixão, que quis ferir com uma traição. Ele acredita que foi voluntária. E qual não é? O propósito pode ter existido para tornar as coisas mais fáceis. Isso lhe causa raiva, ódio e nojo. Mas o amor é uma grande besteira que permite à pessoa estender o perdão em lábios sedentos por um abrigo que outrora o carinho aliviou. Como entender os meandros do coração se a mente é complemento da organização humana? Ele nem se tocou do que disse em voz alta; uma indagação interna de sentido confuso. Ou não.
Ele só queria falar que não há como negar ou apagar os momentos vividos e seguir simplesmente na ignorância de não ter curtido, amado e aproveitado a experiência. Ele faz um esforço danado para tentar ao menos riscar da memória certos perdizes ou procurar os elementos que servissem de conforto para aceitar a situação. Têm dias que ele consegue. Têm dias que ele se afunda. Seria assim sempre? High and dry? Pergunta-se.
Quase dia. Ele precisa se dedicar ao trabalho. A latente dor quase não lhe permite. Paciência, ele pensa. Algo que não possui, mas tenta levar mais 24 horas com o coração prestes a "vulcanalizar".

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Olha, eu não aprendi a sentir essa dor. Estou me acostumando, mas é extremamente difícil. Eu queria escrever algo que fugisse do convencional, no entanto, impossível não descambar para o clichê. Ainda mais em dias de despedida, quando o sentimento fica mais aflorado e um rasgante no peito dilacera a alma. É dor, a mais pura dor original. Não queria acordar já pensando em você. Parece uma doença. Não queria dormir pensando em você. Sim, aquele pesadelo tinha você no meio. Agora entendo o que sentiu. Perfeitamente. Como entendo. Não queria ter proporcionado isso, ter passado por tudo para assim permanecer. Imperdoável ainda o fato, mas de alguma maneira vou precisar do contato.

domingo, janeiro 23, 2011

Fossas novas

Eu tinha pensado em vingança, mas continuo sendo bom o suficiente. Talvez agora eu seja desnecessário, mas já fui o meio. E ele é a mensagem? Fuck you! Trago no peito a dor de quase um século, eu acho. É rasgante. Arde o coração, sem dó. Fúria estratosférica na periferia da minha massa. Dilatação irritante de pálpebras. Os olhos não viram. Se tivessem, senhor, você teria que me ajudar ainda mais. O problema é a imaginação que voa, inventa coisas que a outra parte do hemisfério aceita como verdade. Eu desabo. Sou de fato um merecedor? Neste caso, eu sinto que estou sendo vingado. O sorriso deve ser contente, quase sagrado. Um profano de realização satisfeita, bem arquitetada. Ou não. Talvez puro acidente de percurso. Mas coube, se encaixou e estraçalhou. Meu cérebro frita perpetuações, auto-piedade e auto-controle. Chega a ser necessário uma fuga por um ponto que mesmo sendo um está torto. Como é possível? Não será agora que irei saber. Agarro-me em canções. Boas fossas. Fossas novas. Argh!

Par ou pares.

Eu ando tentando. Eu tenho tentado. Eu durmo tentando. Eu sonho acordado. Eu continuo amando. Eu sou um imprestável. Eu acordo tentando. Eu assisto tentando. Eu me vejo tentando. Eu preciso tentar. Mas tudo é esquisito. Eu sonho com a traição. Eu vejo a Yoko Ono. Eu percebo a luta. Eu brigo sem culpa. Eu sigo tentando. Faz pouco tempo. O tempo é amigo. O único, talvez. Eu tenho que seguir. Somente eu. Não durmo por isso. Sofro por aquilo. Não aprovo. Sinto raiva. Vejo-me como um palhaço. Um otário. Uma coisa.
Eu quero tentar. Não sei se quero. Eu tenho a dúvida. Só sei que te quero. Eu sou tolo. Eu sou bobo. Eu sou bocó. Eu tenho um par. Ou pares, vai saber.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

#Confissão. Não pretendo colocar um arroba na frente para revelar a intimidade da pessoa que hoje me faz sofrer. Tenho parecido um adolescente escrevendo em meu diário as mazelas dos amores da idade. O sofrimento é o mesmo, porém.
Já passei por uma situação parecida em um passado muito distante, mas é algo que você nunca espera. Dessa maneira, nunca sabe como agir. O contemplar de um par não é nada agradável. Muitos sabem. Pior que, apesar de tudo, é sentir uma dor de cotovelo tremenda, que causa uma dor absurda, arde no peito, regorgita na garganta e deseja voar pela boca, mas entala. Eu não a queria como inspiração, só desejo uma solução. O detalhe é que eu sei que não virá. Basta ficar triste mais um pouco. Que merda.

terça-feira, janeiro 18, 2011

Bate oco, extremamente confuso, estranho e desesperado. O sentimento aponta um profundo buraco que aos poucos vai sendo preenchido por uma tristeza inédita, que causa um câncer de repulsa e confunde o pensamento. Nem a mais forte quimioterapia será capaz de curar sequer uma célula contaminada pela melancolia que você plantou. Não encontro motivos nem para sermos próximos, seja qual o grau de contato. Prevejo que sentirei a falta da pele. Mas eu só incomodo. Não sou mais o seu futuro. E agora a minha certeza se esvai. Dissabores percorrem os caminhos que antes estavam abertos. A dor latejante ecoa de uma maneira nada elegante os meus olhos. Água se forma ao redor. Cai de maneira tímida.
Eu pensei que nunca aconteceria novamente. O raio não apenas caiu no mesmo lugar como também dilacerou a pouca força ainda presente. Agora sou o quê? Sei lá.

Vou esperar, apontar para a fé e remar?