Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

sexta-feira, abril 21, 2006

Tem que saber

Fantasiando um amor com papel crepom e lã. Viajando em um pensamento utópico, acompanhado pela delicadeza ácida dos Delgados. A canção ideal para divagar é No Danger, do segundo álbum dos escoceses. Doces melodias que precisam ser degustadas solitariamente. Alguns não dão valor aos momentos individuais. São poucos os que sabem se sentir bem assim. Correto está Rubem Alves em admirá-los. De qualquer forma, Delgados é a companhia ideal para essas oportunidades. Adore, do Smashing Pumpkins, também é boa indicação. Em mais quem versos como "love is good and love is kind, love is drunk and love is blind" fariam tanto sentido? Nos solitários essas frases são líricas, poesia refinada de sabor incomparável.

segunda-feira, abril 17, 2006

Semana passada

Bate a insônia no corpo estremecido pelo abalo sísmico que ainda nem surgiu. Um prelúdio inexistente de paixão e derrota. O sentimento asco impregnado na memória desconcertada de esquecimentos garantidos. Um bocejo alcança proporções homéricas enquanto um som desconhecido corrompe o tímpano. O órgão ilustre do ouvido não agüenta e sangra. O arroto sônico explodiu em catarse os outros componentes da audição. O corpo se deixa vencer pelo sono.
Viaja pela escala musical das peripécias radiofônicas que cospem porcarias nojentas de verborragia e escárnio. Um catarro se esvazia em um momento de pretensão estratosférica. O espirro sonoro é ouvido a dezesseis quadras dali. Trata-se de um sonho ridículo de sucesso fabricado por industriais capitalistas que vendem materiais descartáveis. Realmente, a adolescência não passa de uma jogada publicitária. O enlatado da próxima semana estará no SBT, avaliado por produtores engraçados com sotaques díspares.
É o inferno previsto e estudado por Adorno. Como os intelectuais não evitaram isso? Nem poderiam, eles só opinam, não agem. Sartre pode ter comido algumas acadêmicas, mas era Bevouir quem realizava o intermédio. O lesbianismo tem suas razões. De qualquer forma ele pode se encontrar agora, no homossexualismo planfetário que alguns procuram vender. Os mais espertos ignoram o produto. A música extrapola certas barreiras contestadoras que devem cair do abismo da repreensão.
Mesmo assim o ouvido ainda está escancarado em feridas que dificilmente irão cicatrizar. O mercúrio cromo das possibilidades saudáveis foi proibido em uma reunião que contou com a participação de jornalistas e políticos corrompidos. Agora eles vendem matérias sensacionalistas aos meios alvejados pela crítica. Os intelectuais não passam de criaturas medonhas que sobreviveram a maior parte de suas vidas no pó. O ópio também era presente.Chegada a secreção involuntária que agora se forma ao redor da entrada do ouvido, um grito agudo acorda o corpo estremecido pelo abalo sísmico que ainda não surgiu. O sonho é interrompido por atrozes desvaneios característicos de folhetins. A vida real é ainda mais idiota do que a semana passada.

Cigarettes, alcohol and chocolate

Passado o feriado prolongado, o fígado e o estômago começaram a protestar. Uma sensação asco de ressentimento que agora se faz presente, ampliada, exagerada e deturpada. O caos fisiológico é repugnante, principalmente em uma segunda-feira de ressaca. No rosto uma nova espinha surge a cada hora. O sangue está precisando de oxigênio e de limpeza. Está sedento por purificação. Mas é a fumaça costumeira do tabaco que adentra as primeiras horas do início da semana. A água também marca contribuição pela garganta, porém, quando chega no esôfago, começa a evaporar pelos póros.
Mesmo assim, de todas as condições alcóolicas e doces vividas, os dias de sossego em companhia de pessoas especiais foram satisfatórios. O único empecilho é o retorno. Despedida. Não curto a sensação de tchau temporário que insiste em permanecer sempre em períodos de reecontro. É ruim ficar longe, apenas trocar curtos e objetivos telefonemas, mandar e-mails e recados pelo Orkut. A necessária constante física é essencial. Prefiro sentir os transtornos do fígado e do estômago a que ficar o resto do ano longe da pessoa que eu mais amo. É triste.

segunda-feira, abril 10, 2006

Projeto: ações de sobrevivência

As ações que ditam o cotidiano têm se tornado, com o passar dos tempos, cada vez mais reduntantes e pragmáticas, causando um nojo estratosférico nas pessoas que ainda possuem carne no coração. Ou melhor, naquelas que ainda possuem um coração, órgão cada vez mais insignificante que está mutável às intempéries da sobrevivência. Muitos permanecem no silêncio de ridícula beleza retorcida ao invés de dar vazão aos sentimentos. A ignorância rege as regras do caótico e turbulento mundo capitalista. Se fosse socialista, seria pior.
A disputa acirrada a complementos financeiros e materiais descaracteriza os indivíduos que um dia tinham algo importante a dizer. Hoje estão escondidos em seus laptops de última geração aprimorada e fabricada em massa em cidades chinesas. Em seus ouvidos estão acoplados celulares que tiram foto, acessam a internet, tocam música, possuem agenda eletrônica e até fazem ligações. O digital impera de maneira tão sofisticada nos seres modernos que muitos pensam ter saído de uma revolução tecnológica que os programaram para ser assim: ágil. Outros confundem isso com inteligência, mas o engano e o erro temporário também fazem parte da dinastia necrófila do poder.
A placa de memória é garantida em bons cérebros que carecem de afeto. Um sorriso qualquer pode ser simples efeito de Photoshop. A amizade agora é questão de respeito falsificado em um Paraguai de possibilidades que favorece o mais esperto. Parasitas informacionais multiplicam-se conforme os dados são jogados na mesa, um tabuleiro de sorte e azar recarrega a vontade de hibernar para não ver as desgraças aflorarem. Geralmente o jogador tem um dardo cravado no olho.
A falta de calor é repugnante em dias de gelo cibernético. Um baixo frio vendido em prestações desconsideradas. Um "lost song" para embalar o programa ainda não desenvolvido, que virá para salvar a mais nova alma desenhada com louvor. O futuro pertence à rudez que muitas considerarão vitória libertária.

quinta-feira, abril 06, 2006

Beijo Acidental

Têm dias em que o álcool desliza pela garganta de uma maneira tão particularmente boa que é impossível ficar apenas na primeira caipirinha. Ou no primeiro beijo da balada. E digo de passagem, se não existia beijo acidental, agora existe. Sou prova viva deste acontecimento. Bang! Espero não levar um tiro depois desta revelação. Eu posso provocar alguns ataques de ciúmes. Mas os fatos já foram devidamente explicados, apurados e concluídos. De tudo tiramos à prova de que a embriagues alheia é uma sensação “be cool”.
Eu ainda sinto a canção “Sorry”, da Madonna, atacar meu tímpano. O cheiro de álcool e do tabaco estava impregnado em minhas narinas. Do breu rasgado por uma luz azulada, uma imagem turva se transforma em pessoa. O fácil reconhecimento se fez presente, afinal, a garota é de uma aparência percebível até em uma tempestade de martini. Além de ser muito legal. Outra música batia no ouvido e quebrava na cintura. Ela disse olá e eu contribui com um abraço. O beijo que era para ser no rosto acertou em cheio o lábio da fisioterapeuta, que vamos chamá-la de Cottet. No momento estou dando risada sozinho dessa informação. Pois bem, um acaso repentino de deslize acidental que nem mesmo Freud explicaria. Passado um segundo exato, realizo meu pertinente pedido de desculpa, tão bêbado quanto sóbrio, e escorro pela pista de dança. E pior que deixei uma testemunha, que, aliás, ficou com ciúmes. Eu acho. Espero que tenha sido um ciúme saudável, afinal, acidentes acontecem toda a hora. Nunca se sabe quando um vulcão entrará em erupção, ou então, quando um terremoto atacará alguma ilha da Oceania. Tudo é tão improvável, né? De qualquer forma foi bem legal. As explicações detalhadas sempre acabam em contradição. Portanto, é melhor o calado ficar no selo de algum beijo. Gargalhadas.

domingo, abril 02, 2006

Primeiro de abril. Conversa pelo MSN entre eu...

... Gabi e Matheus. Tudo certo, combinamos a noite de sábado. Nada definitivamente programado, apenas saberíamos que iríamos à Age. Ok. Planejado o horário, cada um escolhe a sua roupa, em sua respectiva casa, é claro, ainda não moramos juntos.
23h. Buzina. Matheus e seu Corsa cor prata, pneu dianteiro ligeiramente descalibrado, chegam em minha casa. Pego uma cerveja na geladeira, após uma tarde em companhia do Johnny (Walker). Tropeço em uma pedra. Entro no carro. Imploro por um cigarro. Seguimos pela Genuíno Piacentini. Dobra à esquerda. Agora estamos na Itacolomi. Não lembro mais o nome das ruas. Tudo bem. Próxima parada: avenida Tupy. Chegamos.
Comento ao Matheus que estou bêbado e ele me indaga. Dois pontos, nova linha, travessão:
- Já? Por que você bebe em casa? E eu, no alto da minha idade, nova, diga-se de passagem, respondo. Dois pontos, nova linha, travessão:
- Porque sim (Nossa, que resposta fantástica!). Ah! Porque beber é legal (Sensacional! O complemento da minha resposta é de uma verborrágia fantástica!!!!). Pois bem, depois das minhas frases de impacto, o Matheus sai do carro para fumar um cigarro. Ele não agüentou tamanha esperteza das minhas respostas sobre o alcoolismo. Ok. Gabi e Marcelo (eles são namorados) chegam. Entram no carro. Nos mandamos até o posto Patinho, aquele em que toda semana acontece alguma coisa. Sangue. Bala. Faca. Soco. Chute. Pega no saco. Pega na buceta. Essas coisas. Não lembro se paramos. Realmente, não lembro mesmo. Definitivamente não paramos. Seguimos para o Aver.
Entramos no Aver. Encontramos o Brunera, a Gabí (com acento) e demais seres noturnos. Cigarros. Aliás, como as pessoas ficam mais confiantes a noite, com seus tabacos, verdadeiros defensores dos solitários. O cigarro completa algumas pessoas da noite. Elas ficam mais destacadas, imponentes, salientes. Bom, isso não vem ao caso. Ok. O que eu ia escrever agora... Ah! Sim, fomos para a boate. Tributo aos Beatles. Sonzeira. Antes vimos o professor Arnaldo. É bom lembrar disso. Eu acho. Sei lá. Nem sei mais o que estou tentando dizer. Na realidade quero dizer que a noite de sábado estava ótima. É claro, bebi horrores. O Matheus também. Falando nisso, ele fica muito chato quando enche a cara, fica pior que o meu cunhado, o Wellington. Nossa, sem noção. Ele perdeu os sentidos. O mais engraçado foi quando fomos procurar o trevo que leva à rodovia que, por sua vez, leva a Cascavel. Cara, que horas eram? Seis da manhã? Totalmente sem noção. Dois bêbados, na rodovia. Nossa, como sobrevivemos? E aquele caminhão que passou ao lado buzinando. Eu estava na pista, eu lembro, o cara estava na contramão!!!
Alguns desvaneios aconteceram na boate, mas nada tão assim... grave! Lembro de ter dançado um monte. Até funk. Pior, FUNK CARIOCA!!!!! Ah! E o melhor, uma pessoa me confessou que aquela outra pessoa aceitou a participação. Massa! Orra! Nunca usei tanta exclamação em um texto como estou fazendo hoje!!!! Porra! "Quem foi o surfista que virou na nova sensação pop no mundo inteiro". Acabou de dizer o Cid Moreira no Fantástico. A resposta é: JACK JOHNSON. AH! Estou bêbado somente para avisar, ok? Chega de escrever, estou ficando chato. Valeu quem leu isso aqui. Totalmente escatológico. Chega de domingo. Boa noite.