Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quarta-feira, junho 27, 2007

Pele do Demônio

Às vezes é interessante explicar do que se trata determinado escrito. Pois bem, acredito ser necessário nesse caso, solamente para não deixar pontas soltas e interpretações demasiadamente pares. As ímpares são as melhores.
O poema (ou algo parecido com isso) foi composto pela fala de uma prostituta. Portanto, não se trata de experiências próprias vividas por este que vós escreve. Escrevi no pensamento viés de uma putinha, mas não uma qualquer, uma puta com P Maiúsculo. Aliás, também foi musicado, porém, ficou muito parecido com Yo La Tengo. Não que isso seja ruim, mas de cópias já temos várias bandas da região que fazem isso. Ok, segue o texto, chamado Pele do Demônio.

Arde em fogo triste
O contato com esse corpo
Que dilacera os meus póros
E abre as minhas ventas.

O toque é exagero
Bem perto do beijo,
Mas acostumo o ato
Pois o fato eu engoli.

Não tente de novo
Que eu revolto o estorvo
E arranco do tronco
De solavanco um ser oco.
Eu posso de um outro
Acabar a hora por certa
Caso agora não queira
Continuar a minha oferta.

LS Handa

terça-feira, junho 26, 2007

Smile Song


Give a little giggle

Grin a little grin

Do your imitation

Of a Smiley Face pin

Open up your heart and let the sun shine in

Then share it with your neighbors and your next of kin


Once there were some people who were feeling kind of blue

So they called up Harvey Ball, he knew exacity what to do

He drew a Smiley Face, he made it yellow too

It was sunny, it was simple and he said "I'm through"

sexta-feira, junho 22, 2007

Deja vú


Sim, hoje ele acordou carente. Alguns sonhos pertubaram a sua madrugada. Lembranças não acontecidas no passado foram imaginadas e ampliadas. O sentimento ficou confuso. O coração parou. Ele sentiu um pequeno infarto agudo no miocárdio. Ficou sentado na cama esperando o bolo de pensamento se dissolver. Pegou um papel e escreveu um poema de derrotado. Depois de terminado o escrito, tentou voltar ao sono profundo, somente para ver a conclusão do sonho. Mas as imagens não retornaram e não teve outro ponto de partida. Um outro sonho iniciou. E ele chorou. "Tanto faz... que o que não foi não é e eu sei que ainda vou voltar... mas eu quem será?" Pensava ele após acordar novamente. Bebeu um copo de água e ficou refletindo sobre a vida.

A falta de algo que ao certo ele não sabia arrancou a pulsação do seu peito pela boca. Tentou se consolar com uma canção, aquela mesma que ele pensou, mas não adiantou. Acendeu um cigarro e foi até a janela do quarto. Ficou olhando os movimentos dos carros na rua. Seres perdidos vagavam pela noite escura. Alguns exalavam piedade. "Será que todos amam? Será que esses perdidos têm amor para dar?" Indagava-se apoiado no pára-peito da janela. Desistiu de analisar os outros e voltou à sua auto-análise.

Buscou o sofá da sala vazia de um apartamento semi-imobiliado alugado em troca de favores sexuais. Olhou para o teto e ficou lamentando o que nunca tentou: amar loucamente. Muitas possibilidades passaram em sua vida. A pessoa do cabelo cacheado, a pessoa do vestido rodado, a pessoa do olhar melancólico e a pessoa morena do sorriso torto. Por medo de se machucar, ele disse não a todas. Com o tempo acabou desistindo do amor, se fechou em uma caixa de papelão rasgada e controlou o seu sentimento como se fosse um cachorrinho adestrado.

O dia estava anunciando um novo nascer através dos primeiros raios solares. E ele não chegou a conclusão alguma. Só pensou em preparar o café matinal e trocar de roupa para ir trabalhar. Ao levantar do sofá teve um deja vú. Nem deu importância ao fato. Seguiu até à cozinha e caprichou na negritude do café amargo, no ponto perfeito de apreciação para agüentar mais um dia de labuta exacerbada.

Ao sair do apartamento, um outro deja vú aconteceu. Ele ficou com um pouco de medo, afinal, nunca tinha tido dois deja vús no mesmo dia. Passou a chave na fechadura e seguiu pelas ruas de Amsterdã, capital da Holanda, como todos os maconheiros já sabem. A cidade é quase um feitiche aos apreciadores da erva. Quando ele parou no ponto de ônibus, eis que uma barra de concreto caiu do céu e acertou em cheio o teto da sua cabeça. O sangue jorrou a uma velocidade impressionante. Seus olhos começaram a perder a visão e quando ele achou que estava morrendo, uma imagem de luz apareceu e... Foi neste momento em que ele, de fato, acordou. Estava na mesma cama, no mesmo apartamento pago graças a favores sexuais, ao lado de uma pessoa com rosto conhecido: a sua mulher que ele não amava. Teve um deja vú matutino e voltou a dormir, pois preferia os sonhos a que a vida real.

quarta-feira, junho 20, 2007

Uma metade para completar


Uma solidão para ficar


Um abraço para sentir


Uma lembrança para chorar


Um cigarro para jogar


Uma canção para refletir


Um beijo para selar


Um sol para fotografar


Um mar para apreciar


Uma paixão para curtir


Um horizonte para desenhar


Um caos para explodir


Uma metade para completar.

terça-feira, junho 19, 2007

Amor Voraz


Ok. Este poema foi escrito em uma época bem difícil. É dedicado à Larissa. Depois de um tempo, eu musiquei esses versos. Não posso dizer que ficou uma maravilha, pois os meus dotes como músico são pífios. De qualquer forma, é uma canção que eu gosto de cantar. A "dona" do poema ainda não o ouviu musicado. Um dia, quando eu tiver coragem, eu cantarei. É isso. Segue abaixo o texto, chamado Amor Voraz.


Histórias dilaceradas antes de acordar

Contadas pela boca de lábios rachados

Pelo calor intenso de outros lábios que desesperados

Procuravam amar.


Na testa rabiscada

O croqui quase completo

De um ato assim

Acontecido calmamente.


Sem intenção

Nem comparação.


Como qualquer traição

Que acontecida se faz

Triste, feliz e ambígua

Na forma de amor voraz.

segunda-feira, junho 18, 2007

Re-gride


E se viesse o fim,

Em qual ombro

Caberia o seu?


Em um talvez

Quem sabe uma vez

Você venha a se distrair.

Apenas pense

Ao invés de cair.


Eu quero sim

Tão logo o fim.


Já me foram os diálogos

Agora tudo me agride

Temos mortos os prólogos

O seu eu me regride.


LS Handa

quinta-feira, junho 14, 2007

A febre do baixio das bestas - em homenagem ao Cláudio Assis


A febre que ama é a mesma que mata. Ela explode nos tímpanos e desemboca nos lábios, em saliva quente de virose. O ar é sufocante. As tragadas têm gosto de podre. Os olhos ardem em lacrimosas gotas de sal. A pele da boca apresenta erupções lindamente exageradas, espirrando um tanto pouco de sangue. A visão dupla confunde ao dirigir. O certo seria um repouso, mas o ousar é conseqüência. O exato seria dormir, sem o sono mínimo de carência. O carinho agora é da febre que traz a imagem morena junto à mente. Toque. Deslize. Beije. Seduza. Abrace.


O tremor constante alivia a angustia de tossir. Uma bola de excremento alimenta o chão de pedra e cimento. O fôlego falta em uma ata mal escrita a respeito da vida. Outras crianças mortas aparecem acompanhadas de tarjas-pretas nos rostos. Faces infantis da febre humana genocídia de quem ama, porém, também mata. Não há clareza, a vontade é de estuprar essas faltas de valores. Ela explode nos tímpanos e desemboca nos lábios, em saliva quente de virose que pinga em um pescoço de 12 anos. O ar é sufocante. O da criança. As tragadas têm gosto de podre. Meu bem, meu querido vício de cada dia sustentado pelo caminhoneiro molestador. Os olhos ardem em lacrimosas gotas de sal que na hora do sexo espirram. A pele da boca apresenta erupções lindamente exageradas, com um tanto pouco de sangue, vindo de uma surra de couro. A visão dupla confunde ao dirigir o corpo ainda drogado pela rodovia ao retornar para a casa. O certo seria um repouso, mas o carinho da febre que traz a imagem morena junto à mente, provavelmente a sua mãe, está morta e enterrada no sertão da Paraíba. Que dó da criançada.

segunda-feira, junho 11, 2007

Embalos de um Sábado à Noite Rock



Rock'n roll, baby! Embalos de um sábado à noite sem dance music. E outra, o blog está ficando com uma cara de coluna social. Mas, quer saber, que se foda! É preciso dar razão aos sentimentos, já dizia aquela banda sulista que tem a tecladista mais bonita do país. Enfim, segue o relato: Stella e seus lindos pares era destaque total no recinto. Martinha também não passou despercebida, apesar de um momento quase ter entrado em colapso nervoso. Culpa do coração. A gente entende. Dani era um show à parte exalando felicidade etílica. Repete comigo: DE - VE. Matheus seguia no ritmo do som sempre com a caipirinha. Thaís Uma Thurman Kill Bill se divertia como há tempos não se via. A fumaça embaçava o local. Bia-vestidinho-preto deslizava no compasso do salto alto. Silvia irmã da Stella agüentava alguns pisões que, no caso, eram meus. Desculpe. Perdi a conta das vezes em que amassei o sapato dela.
Vinho misturado com cerveja acompanhado de vodca e caipirinha, junto ao gelo, à fumaça e ao trânsito de pessoas que insistiam em nos atrapalhar. Casa cheia de felizardos, todos curtindo a Amarelo Patrola. Faltou a Larissa, presença indispensável nos divertimentos reunidos. Sempre lembro dela "revirando os seus olhinhos".
Após a catarse coletiva promovida graças ao bom som dos caras, um agito pela região central, a fim de obter algumas fotos. Primeira parada: Casa do Papai Noel. Divertido. Segunda parada: Estátua do tio Getúlio. Ele não se mexeu na foto. Bom menino. E a Marta com medo de algum meliante. E o que era aquele negócio em pó servido pelo cara? Pra acabar. Repete de novo: DE - VE. Terceira parada: Chafariz da Praça Getúlio Vargas, aquela com os peladões fazendo amor ao ar livre. Infelizmente ninguém caiu na água. Até que seria legal. De toda forma, diversão total. É claro, todos devidamente bêbados e com aquele zumbido de alegria que nos acompanha quando deitamos a cabeça junto ao travesseiro. Chaparral, meu bem, chaparral!

quarta-feira, junho 06, 2007

Histórias da infância, parte I


Era final de agosto de 1993. O jovem estava recém completando 12 invernos que, no futuro, seriam infernos. Ele já nasceu predestinado às falsas ilusões. Seu primeiro grande ídolo foi o David Bowie, culpa de suas tias malucas que o fizeram assistir Labirinto aos cinco anos de idade.

Era final de agosto de 1993. Um parente mais descolado lhe entrega uma novidade para a época. Um tal de CD. E, pior, um CD de uma banda indie americana que fez Kurt Cobain compor um dos maiores clássicos da década de 1990, algo que atende pelo nome de Smells Like Teen Spirit. "Eu vinha desesperadamente tentando escrever a melhor música pop de todos os tempos. Estava querendo compor no estilo dos Pixies", teria dito o falecido.

O menino abre a caixinha embalada em um pedaço de jornal e se espanta. Ele ficou imaginando o que "Surfer Rosa" significava - Uau! Pixies! Que diabos é isso - indagou-se mentalmente. Não demorou e colocou a bolacha no recém adquirido som 3 x 1, comprado em cinco vezes pelo seu pai, trabalhador afoito, na época.

A porrada sônica inicia com "Bone Machine". Bateria conversando com o baixo na introdução. A guitarra entra depois e Frank Black falando frases sem sentido. "I was talking to the preachy-priest about kissy-kiss. He bought me a soda, he bought me a soda and tried to molest me at the parking lot". Assustador. Distorção na veia cristã de um recém descoberto emissário perdedor. Aos 12 a vida recomeçara, sobretudo depois de sair pulando ao som de "Broken Face". Com um título assim, a música não poderia ser ruim, pensava. O falsete do vocalista entrava pelo ouvido como se estivesse estuprando os tímpanos. Na hora do estupro, o negócio é relaxar e gozar. Se debater só piora o caso.


Final de agosto de 1993, uma época de descoberta. Os colegas nunca entenderiam o que o Pixies significava para a vida. Todos na mesma idade, mas nenhum com os mesmos pensamentos. Algo que viria a acontecer no futuro. Tudo por culpa de um primo que influenciou o gosto musical. Depois o aprendiz ficou melhor que o mestre. Tudo graças ao mais perfeito som: "Cactus", do Pixies.



sexta-feira, junho 01, 2007

Capítulo 2 de um livro que ainda está sendo escrito

Batia um frio na entranha. Ela estava jogada no canto da sala de estar que, na atual situação, não estava ali. Sua boca macia deixava escorrer uma linha densa de saliva. Ao seu lado, no chão, uma seringa aberta denunciava o uso. À sua frente, um sofá era abrigo de mais duas pessoas que riam da desgraça alheia. Estavam tão chapados de haxixe que as luzes da dicróica da parede se movimentavam de maneira frenética e soltavam fumaça que, junto ao ar, formavam desenhos de bichinhos em extinção, como ursos pandas e onças negras. Os dois, um ao lado do outro, pareciam que tinham saído recentemente de um episódio do Beavis and Butt-Head.
A picada de heroína sempre lhe trazia uma paz budista. Ela adorava quando a tarde anunciava, através do último raio solar, que a noite chegara. O ritual era o mesmo. Um banho, um suco de limão, uma música, de preferência Amy Winehouse, um canto qualquer da sala de estar, uma seringa, um isqueiro, água mineira, elástico e picada. Sempre após o trabalho: um ofício como atendente de uma clínica de estética. Ela morava com mais dois rapazes. Um era um junkie legítimo, daqueles que carrega na cueca uma boa dose de erva. O outro era um menino de 18 anos que acabara de chegar à cidade, vindo do interior, pronto para degustar os prazeres assustadores do álcool e da mescalina. Ambos não trabalhavam, apenas estudavam. Arquitetura e Bacharelado em Artes Visuais. Já a garota tinha recém terminado a graduação de Economia, mas ela nem tinha calculadora científica.
Jogada no canto da sala de estar, que não estava mais ali, a viagem total reina no terreno jacundo da drogatina. "Rehab" era a canção que freqüentava e preenchia a atmosfera caótica do lugar que, por sinal, estava pedindo uma faxineira linda de olhos castanhos para desinfetar o local. A guria, caída, necessitava da heroína para achar o sono. Sua pele era branca, suas costelas eram expostas, seus olhos eram caídos, seus braços eram denunciadores. Feridas mostravam na veia o seu vício. Mas ela era linda, uma viciada nata de beleza andrógina. Às vezes ela se picava no dedão no pé quando as feridas do braços ainda não tinham cicatrizado.
Os dois rapazes continuavam a soltar risadas pesadas, quase que alcançando 80 decibéis de altura. Um deles começa a contar que, certa vez, pediu para que a sua então namorada colocasse uma bola de ping pong no cu, de tão arregaçada que era a moça. E ela conseguia atirar o objeto com a ajuda dos músculos anais. Ele continuou contando as façanhas da namorada, dizendo que certa vez ela arremessou a bolinha a uma distância de quatro metros e 30 centímetros. Praticamente um recorde mundial. O outro contribui com a conversa dizendo que já conseguiu cuspir a uma distância de um metro e 23 centímetros. Após à informação, pairou aquele silêncio quase que absoluto. Os dois se olharam e caíram na gargalhada. A moça jogada na sala de estar que, agora estava quase lá, abre os olhos e diz:
- A sua ex-namorada não é de nada. Eu já consegui cortar uma banana em fatias com a musculatura vaginal. Você não tem idéia como a arte do pompoar é incrível. E, novamente, fechou os olhos e voltou à sua pira de viciada em heroína.
Os dois acharam maravilhosa aquela informação da guria jogada na sala de estar. Um deles pergunta, assim, como quem não quer nada:
- Será que elas conseguem, tipo assim, despenetrar o caralho? O outro indaga:
- Como assim?
- Tipo assim, se eu introduzir o meu membro na xoxota dela, será que ela consegue tirá-lo apenas com a força da musculatura vaginal?
- Não sei. Mas li certa vez que a louva-deus fêmea, depois de copular, come a cabeça do macho, matando ele de prazer, literalmente!
- Nossa cara!!! Essas fêmeas são incríveis.
- Uau!