Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Eu em Mim


Calmo,
o alvo
Ao meu conselho.
Concreto
O dia em concerto
O seu conselho.
Eu queria sempre assim
Mas sei que nem sempre
Encontro o eu em mim.
Penso,
Senso em número
O útero que nasci.
Sinto,
O fruto que
Não omito.
lsH

segunda-feira, dezembro 01, 2014

Enfim...

Neste domingo, eu não queria voltar para casa. Algo que nunca me aconteceu. Sempre almoçava rápido com meus pais só para passar contigo o resto do dia. Mas nosso relacionamento está em baixa. Confesso que enquanto assistia um programa na TV Cultura, o qual não prestei atenção, vários pensamentos correram livremente. Um deles, o término. Todos os meus namoros foram grandiloquentemente traiçoeiros. Portanto, seus respectivos fins, traumáticos. Não penso em ter um rompimento contigo dessa maneira. Você diz que é por causa do sexo e algumas contradições minhas. Contudo, eu percebo que é muito mais. Eu pouco tive carinho físico da sua parte e os beijos começaram a ficar mais escassos porque eu percebia um nojo da sua parte. Você falava que era culpa do cigarro. Eu acho isso apenas uma desculpa. Quando eu precisava de um abraço, eu quase sempre implorava por um, não literalmente, porém, minha subjetividade deveria ser muito nula a ponto da sua não percepção. E quando queria demonstrar um afeto, um beijo, tinha que ser na varanda, para um público apreciar. É lógico que eu ficava furioso, já que em quatro paredes é suplício, mas ao ar livre é necessidade.

Eu quero continuar, mas tenho pensado muito. E quem muito pensa acaba com muitas conclusões. Saiba que eu prevejo, logo, um acabar. Antes que começamos a nos odiar. Seus planos são outros e os meus, nem sei. Eu me deito na cama, você se vira. Volta a falar do sexo, mesmo desde o início eu ter explícito a minha condição. Eu fiz tentativas. Você sabe. Enfim...

É isso.  

Derrames

Chega um momento em que você para, mas não pensa com toda a capacidade do seu cérebro. E por que não pensa? Porque lá no fundinho, ainda resta o sentimento. E, quando envolve isso, o raciocínio não é dos melhores.


A contradição, por vezes, chega e lhe faz uma visita. Você fica sem reação quando é indagado. Afinal, como explicar uma contradição? O silêncio não é a melhor resposta. O assumir do ato ainda é a mais perfeita consequência. Ninguém é 100% correto na escolha de suas atitudes. É algo que poderá te desgastar? Com certeza. O tempo apesar de amigo também é inimigo. E quando se trata de amor, ele pode provocar rupturas, cansaços e derrames. 

quinta-feira, novembro 13, 2014

De saber e amar

Colorido artifício dessa vida
Porque da outra
Nada sabe
E se sabe
Leve-a daqui.

Dorsal sentimento
Que sustenta essa calma
E, quando quebra
São tempos de cura.

Por isso venha intenso
Enquanto há alimento
Pois o carinho das coisas
Está em suas mãos.

E o verso louco inverso
Pode agora se mostrar
Uma beleza controversa
De saber e amar. 

sexta-feira, outubro 31, 2014

Relacionamentos são complicados. Às vezes não sabemos como agir em determinadas situações. Aí fica aquele silêncio entre o casal. Você não entende o que está acontecendo, não quer perguntar nada e pensa: tudo o que eu disser nesse momento pode voltar em forma de briga. Isso é bem estranho, não?

Thiago Pethit, genialmente, cantou que duas pessoas em silêncio sempre dão o que falar. Bingo. Nunca na música atual uma frase soou tão verossímil e sagaz. 

Convenhamos que se trata de algo incômodo, que nos enche de interpretações. E, como sabemos, o maior problema dos homens é a imaginação. São tantas coisas que se passam na cabeça, inúmeras viagens à velocidade da luz. É de cortar o coração.

Particularmente, perdi o sono com isso. Prefiro ficar acordado a dividir a cama. Dormir com dúvida no relacionamento é uma das piores torturas. Gosto mais de cortar o dedo com folha sulfite. 




quarta-feira, outubro 29, 2014

Ando meio vazio. Sinto quase um desespero em determinados momentos, com a vontade de engolir uma caneta tinteiro e senti-la explodir em minha garganta. Uma falta de conteúdo me assombra nesse momento, como se o cérebro implorasse por um frescor intelectual. Algo que me tirasse do lugar comum, da maldita zona de conforto a qual me encontro. Mas a solução é única. E ela não virá galopando em um cavalo branco. É necessária uma força maior.

Quando adolescente, lembro-me de uma cabeça mergulhada em leituras e poesias (mórbidas, confesso) que arregaçavam certas peripécias experimentais. Eu vivia envolto numa bolha extraordinária de paixão pelo desconhecido, sempre a procura de novos sabores, fossem quaisquer um, de universos paralelos, laterais, prosaicos, arcaicos, hiperbólicos e, até então, idiossincráticos. Era lindo. Quando uma nova canção era descoberta pelos sedentos tímpanos, o corpo todo entrava em um transe estapafúrdio. O primeiro contato com Sonic Youth foi devastador. As consequências daquele encontro eu gostaria que permanecessem nos dias atuais. Porém, esse meu abraço apertado na falta de conteúdo começa a incomodar seriamente.

Dias atrás, com a informação de que meus pais pretendem se mudar de cidade, viajei em argumentos solitários a respeito da troca de município. Quase tudo na vida começa com uma pergunta. A minha foi: e se eu também me mudasse? Não pensei em nenhum lugar específico, não consegui formar nenhuma imagem. Minto. Formei sim. Era litorânea, algo meio bucólica, solitária e silenciosa. Acabei esquecendo isso na mesma noite. Por quê? Por causa da circunstância que chamamos de vida. E, sabiamente, Alvin L vomitou: a vida pede provas e quem ama dá.

Isso me levou a pensar, algo que não tenho feito com sagacidade, muito menos com a paciência necessária. Aliás, a falta de concentração é minha companheira não predileta. No entanto, ela é tão constante que acabei me acostumando. Dormimos juntos, tomamos banho juntos, dançamos juntos, almoçamos juntos, bebemos juntos, fumamos juntos e juntos, juntinhos (que bosta), estamos.  


sábado, outubro 04, 2014

Hoje eu senti saudade da solidão. Algumas pessoas temem isso com devoção. Aos 15, me imaginava um adulto solitário, vagando o mundo meio sem rumo, ao sabor de algo que ainda não sei o que é. Com o passar dos anos, acabei fazendo bons amigos e me viciei em pessoas, de todos os tipos, credos, cores, sentimentos e idiossincrasias. Mas foi um ex-namorado que começou a me despertar o medo de ficar sempre só. Por culpa dele vieram as fobias, as síndromes e a depressão. E aquela coisa que eu sentia ser romântica na adolescência, começou a se tornar doença. E, estranhamente, hoje senti saudade da solidão.
Eu vejo que às vezes me desentendo com as pessoas, pois nem sempre concordo com elas. Ou, quem sabe, não deixo claro minha opinião que, por vezes, confesso, é repleta de nebulosidade. Sempre fui adepto do subjetivismo e gosto de pensar que todo mundo deve interpretar qualquer coisa, seja um comentário, uma música, uma situação. Tudo deve ser analisado. No entanto, alguns possuem uma preguiça tão horripilante que chega a causar certo nojo. Sinto-me um pouco culpado de observar as coisas assim. Alimento isso e, de certa maneira, esse negócio não é bom para minha saúde mental, que é bem debilitada.
Mas, voltando à solidão, quero acrescentar a vontade que me assombra de maneira bonita: o silêncio. Após os 30, comecei a ficar muito impaciente com os ruídos, algo bem joaogilbertiano. A confusão, outrora, me fazia um danado contentar. Atualmente, dá vontade de arrancar os tímpanos com o barulho de terceiros. Essa característica tem se tornado birra e ódio depois que resolvi largar o lar dos meus pais e a me aventurar em carreira solo. E, agora encerro por aqui a reflexão: momentos de solidão eu necessito.

terça-feira, setembro 09, 2014

Ele maiúsculo é Amor

Quando chega o amor, não se trata de prisão. Que me desculpem os poetas mais tristonhos, mas quando Ele chega é libertação. São os sorrisos prontos, soltos e leves de se encantar. É a música quando faz sentido junto ao ouvido. É lamento também, mas depois são dessabores jogados em lixo reciclável. 

Quando se tem é uma bobeira incrível. É beleza em cada detalhe, mesmo na feiura do concreto rabiscado pela pichação. É encontrar um desenho de coração onde, na verdade, é assinatura de uma gangue. É uma parede com garranchos ganhando arte aos olhos dos românticos.

Quando se há, corpos desafiam a física e fazem duas massas caberem no mesmo espaço, reprimindo a lógica e espremendo os átomos. Não há porque se viver sem. E, parafraseando Nietzsche, sem o amor a vida não teria o menor cabimento.

Quando se explode, não precisam existir os homens bombas e suas batalhas religiosas e territoriais em nome de seu deus. Mas algo tão simples e, ao mesmo tempo tão complexo de se sentir, é abafado por políticas, regras, sentimentos passados e demais artifícios que compreendemos como errados, no entanto, são tantas raízes mal plantadas que geraram frutos tão estragados, cujos gostos ninguém sabe diferenciar.

Quando Ele se colide, de frente ao coração, mente e alma, para a hora, o minuto e o segundo do seu eu. Torna-se mais fácil rir e perceber: a vida pode ser banal, mas possui muito mais beleza do que cabe na residência do seu crânio. 

sábado, agosto 02, 2014

O transe coletivo manifestou uma onda de sentimentos em cada olhar que recebia o alimento em forma de luzes e sons. A catarse se espelhava na boca que emitia berros repletos de simbologias. A vida ganhava novos sentidos através dos acordes introdutórios. A canção era a oração pop mais perfeita.
A emoção era percebida de várias maneiras, nas lágrimas, nas palmas, nos gritos e, sobretudo, nos rostos. O sorriso mais perfeito com certeza teria sido encontrado lá, entre centenas de indivíduos que estavam em uma rota de colisão com a sinestesia do belo. David Bowie dava razão enquanto a vazão se espalhava entre os corpos presentes. Os lábios se abriam. A emissão da garganta em trêmulo, por vezes, ecoava o anel, a pista, as laterais e o céu. Tudo parecia perfeito, mas a impressão era mais do que essa. Era uma definição que não cabe apenas à simples frase. Ela ainda não foi encontrada, mesmo com todo o exagero aqui permitido. A definição não existe em palavras.

Achtung Baby, yeah! O messianismo era visto. Não importou em nada. Todos eram discípulos daquelas mãos irlandesas que solicitavam agito, que pediam para perder o controle, que emocionavam quando apontadas à estrela imaginária a qual aquelas pessoas foram transportadas. Importadas versões desavisavam os comportados que encarnavam deslizes nos quadris, que recebiam a música como se fosse um alvejar de celebração. Aquilo causava euforia e desprendimento. Eles estavam felizes.     

segunda-feira, julho 28, 2014

Os Ditames Errôneos - Volume

O alcoolismo é uma fuga desprezível dos desesperados. A entrega às gotas da vã felicidade é conturbada e se mostra uma cilada aos anos, à saúde, à vida. Mas não se parece isso quando um estágio de afago se esvai pelo ralo das possibilidades. Alguns espertos até conseguem destilar poesias: inspirações que transpiram em corpos-outros. O bufão grandiloquente do Bukowski não tinha medo disso. Quem tinha medo dele era a própria bebida.
No entanto, há aquela entrega fraca, que se converte em tapas, em brigas, em assassinatos e demais loucuras do cotidiano urbano e rural. É triste e vende jornais, rende reportagens e lendas populares; rasga a sensibilidade e faz chorar a comunidade. 
Grande alcoólatra de tempos latidos com gás e fúria, o hoje Homem de Ferro tinha um demônio em uma garrafa. Sua indicação ao Oscar, interpretando Chaplin, só fez piorar a guinada ao fundo de um litro de vodca. Saiu derrotado? Nenhum um pouco. Utilizou os momentos a seu favor, mesmo que aos tropeços. Como Mickey Rourke, se tornou um cover de si mesmo em papéis repletos de papelões que, num futuro, lhe trouxeram a sapiência de parar de utilizá-la com caráter malévolo e transfigurou-a em artifícios de ironia e beleza. 
E, portanto, no mergulho do exagero, como tudo que é inconsequente, nada vale, basta o consumir sem atitudes hiperbólicas para amenizar cada finisse da vida. Afinal, até a religião descomedida traz o seu mal escondido.

quarta-feira, julho 23, 2014

Sim, eu tive sonhos. Queria sair aí pelo mundo, escrevendo. Mas, antes, gostaria de ter trabalhado com jornalismo cultural. Queria ter resenhado Ventura para a Showbizz. A revista nem estava mais em circulação quando o Los Hermanos lançou o álbum. Que pena. Queria ter dado minha opinião sobre Abraços Partidos na SET. Sequer deu tempo de fazer isso. Faltou talento também. Queria ter terminado de escrever meu livro. Mas também faltou talento. Queria ter composto mais músicas e ter vivido dela por um tempo, nem que fosse para passar fome no centro de São Paulo ou em Guadalajara. Queria ter viajado o litoral dos três Estados do Sul. Fiquei apenas no queria.
Hoje, exatamente agora, no meu trabalho, estou pensando a respeito, tudo por causa de um e-mail da chefe. Nele, ela me perguntava quais eram minhas principais dificuldades, qualidades e com que eu mais me identificava no expediente. Respondi numa tremenda autoanálise que me proporcionou uma crise gigante. O que estou fazendo aqui? Sim, eu gosto de trabalhar com publicidade, mesmo que a minha formação acadêmica seja a de jornalismo. É interessante entrar nessas situações de vez em quando. Afinal, a vida é feita de repensamentos também. 
Fiquei imaginando aquele rapaz de 22 anos, em plena faculdade, querendo ser um agitador cultural, que entendia tudo sobre música, compositores, bandas, filmes e diretores. Que não perdia uma edição de suas revistas prediletas. Que devorava cada frase de Pedro Alexandre Sanches a Alexandre Matias. Cabia tudo um pouco no caldeirão de estilos linguísticos, frases curtas, adjetivos e títulos. Mesmo não sendo a bíblia do catolicismo cultural, eu saboreei demais o livro do Daniel Pizza (que descanse com Hendrix). E hoje? É essa a pergunta que me invade pelos poros, me entope o nariz, me engasga, me entorpece. 

Mundo, mundo, vasto mundo. Se eu me chamasse Folha de S.Paulo, ainda assim não seria uma solução, muito menos uma rima, seria uma possibilidade finita para um próximo sonho com ilusão. 

domingo, julho 06, 2014

Calendário

Gira, gira, gira linda. Rodopia ao som do silêncio e esvazia a mente tentando um suplício. O travar dos dentes acontece ao mesmo tempo que o travar do tropeço. E o seu girar lindo fica estático no tempo. No espaço. No critério. Na ocasião. Na vida.

O calor esfria e ela pensa no vazio do corredor. Tira um samba dolorido e acompanha com vocalizes os deslizes do amor narrados pelo cantor. Observa a foto antiga em sua estante e, por um instante, se sente uma vitoriosa. 

Vai até o banheiro e em frente ao espelho borra o batom em seu lábio, joga uma maquiagem mal desenhada e sorri. Fecha os olhos e fica a se imaginar em um baile colegial, quando era a preferida para se dançar.

Caminha até o calendário da cozinha e risca o dia 21 de outubro. Mais um aniversário ela comprova, sozinha.

quarta-feira, junho 25, 2014

Os ditames

Na aventura dos sentidos
O tempo resgata os perdidos
E aquele ali, que antes
Escrevia poesias marginais
Agora elabora discursos
Para os petistas.

E o calor de seus lábios
Hoje esfriam o amor
Que os direitistas, ora exacerbados
Portanto cancelam
Gritos exacerbados.

No trajeto da sua letra
Algo ecoa nesse ouvido
Porque no outro, eu duvido
Que a Marina vá profanar.
Mas na aventura dos sentidos
O tempo resgata
Até os esquecidos
E a dança cega da digitação

Far-se-á breve, por obrigação. 

terça-feira, junho 24, 2014

Eu ando muito impaciente. Qualquer ruído me incomoda. E eu, que criticava o João Gilberto, começo a dar vazões exageradas ao seu chatismo absoluto. Eu me canso.

sábado, junho 14, 2014

Que verve é essa, toda errada se manifestando num sábado qualquer? Os elementos eletrônicos não querem se mostrar favoráveis e esse que vós escreves, lamentas e, aos poucos, enlouqueces. Não tem uma razão aparente, já que as coisas, agora, são lógicas. Só as analógicas parecem de acordo. Fica a raiva.

quinta-feira, maio 29, 2014

A razão.

Qual eco atravessa o surdo coração da sua razão?
Em mesas digitais com três mesários é encontrado?
É preciso mais do que isso para prevalecer, você me diz.
Mas se contradiz quando derruba seu papel de bala no chão.

Você me quer mais educado em todas as situações
Só que não olha os miseráveis ao seu redor.
Fortalece alianças para celebrar os mais belos casamentos
E fornece tratamentos àqueles que não querem a cura.

A rua infestada destilada por certo o algo incerto
Porque bandeiras são levantadas todos os dias
E ninguém entende para qual norte são apontadas.

A senhora queria um lindo beijo no recém-nascido
Com câmeras registrando cada frame do ato
Por uma única razão?
Sim, emocionar o eco que atravessa surdo
O coração daqueles mesmos que batem a sua razão.

terça-feira, maio 13, 2014

Ego cego

Minhas velhas poesias
Embalam o narciso
Que rasteja
Em memórias digitais.
Um passado
Um tanto ultrapassado
É visto aqui
Numa noite
De delícias musicadas.
Entre saudosismo
E melodias
As horas vão acabando
Com mais lembranças
Que, como crianças,
Um dia cresceram.

Suspiro calmo
Com um sorriso trêmulo
E alimento o ego
Que hoje está cego. 

lsH




segunda-feira, maio 05, 2014

Mamãe e papai na sala, enquanto eu degustava um café, conversavam sobre o curso que ela está fazendo no Senac. Toda receosa, a mulher que me pôs no mundo relatava a ele a respeito do conteúdo da aula de hoje: alimentos. Uma professora, com base na internet, passou imagens de comida com pedaços de bichos, parafusos e camisinha, coisas que chamam a atenção, despertam a curiosidade e denigrem a imagem das marcas fabricantes desses produtos. Os casos mais frequentes, basta uma olhada rápida pela web, são do McDonalds. Sempre há pessoas que encontram vermes, fio de cabelo e insetos nos sanduíches da rede norte-americana. Minha mãe, durante a conversa, se pergunta: - será que são todos reais? Meu pai, pensativo, responde: - claro que não, algumas situações, com certeza, são forjadas. Ponto.
Nisso, ao engolir um saboroso pão caseiro com maionese Hellman`s, fiquei a refletir: como somos alvos fáceis das artimanhas da internet.
Ao assistir o filme Nóe, ontem, no único cinema que temos na região Sudoeste, uma passagem dizia: e Deus, ao sentir que faltava algo no mundo que edificou, fez a sua imagem e semelhança os seres humanos, que puseram tudo a perder pela ganância. Apesar de ser dirigido por um dos melhores cineastas da atualidade, Darren Aronofsky, o longa-metragem é meia boca. Mas acertou em cheio ao fazer os telespectadores pensarem sobre isso.
O mundo, sobretudo o nosso querido Brasil e seu povo, está cheio de ganância? Sim. E de justiça? Lógico. Porém, toda essa besteira de agir com as próprias mãos, com referência em informações do Facebook é justificável? O que é pior, pelo simples boato ou retrato falado infeliz de que uma mulher, confundida, poderia estar envolvida em sequestro de crianças para a realização de magia negra? Pode?
Fabiane Maria de Jesus, vítima de um espancamento coletivo, foi condenada pelas mesmas pessoas que acreditam que qualquer coisa postada em uma rede social é a verdade absoluta. Estamos no ápice da miséria informacional cibernética. Não temos mais fundo poço para chegar.
Mamãe e papai estavam corretos ao duvidar de tudo que é jogado na internet. Deus queria dizimar os homens pelo desenvolvimento da ganância quando pediu para Noé construir uma arca e Timothy John Berners-Lee, criador da internet como a conhecemos hoje, nem imaginava que o Facebook iria despertar o senso de justiça estapafúrdio nas pessoas que se deixam a crer em tudo. Que pena.

segunda-feira, abril 28, 2014

Estou meio vazio. Exatamente como aquelas percepções psicológicas de perguntas subjetivas. “Você vê este copo meio cheio ou meio vazio?”. O problema é minha falta de conteúdo. Antes, para escrever, as palavras brotavam lindas, maduras, graúdas, como se tivessem sido plantadas em terras férteis de Machado de Assis e regadas com Olavo Bilac, mas hoje estão cultivadas à base de Augusto Cury.

A cada dia, sinto meu cérebro murchando, como se mal alimentado ele reclamasse por mais sílabas nutritivas, por mais exercícios fraseais e por mais temperos de vogais. Minhas preposições não são as mesmas nesse apanhado de lamentação que me acompanha. Ao menos percebo que me encontro desnutrido num momento que, eu luto, pelo contrário. Que o copo meio vazio se faça meio cheio, transbordando palavras, parágrafos e páginas. 

Maduro

Tenho aqui guardado
Um lindo sorriso
Que, todos os dias,

Me faz sentir amado.

Ao seu lado, gosto de ser engraçado.
Danço Afterline
Como se eu fosse um retardado.

Tenho aqui guardado
O meu melhor abraço
Que, todos os dias,
Não me faz sentir antiquado. 

Ao seu lado, eu percebo o futuro.
Ouço até One Direction
Mesmo que isso não seja algo maduro. 


domingo, abril 13, 2014

1h16

Eu ando meio impaciente para as coisas. Qualquer uma. Não sei se é algo da idade, algum problema cerebral ou critérios da vida. O fato é que quase tudo me enche o saco. Nesse momento, madrugada, o som que vem da rua me tirou o sono. Antes, meus colegas de apartamento entraram com uma turma estranha para fumar maconha. Pensando melhor, não sei se foi a música e as conversas externas que atrapalharam ou o cheiro da cannabis. Enfim, estou contando até 10. Até um Pai Nosso eu rezei. 

Eu acho que estou ficando velho. Estou me tornando tudo aquilo que eu criticava, inclusive a utilização de verbos no gerúndio. Um porre. Tento, agora, raciocinar as melhores palavras para descrever o momento. Todas me fogem, como se estivessem correndo de um predador. Algumas imploram por socorro. Eu, educado que sou, deixo-as irem embora. Para que obrigá-las a fazerem sua função de explicarem algo se não querem? 

Enfim, são 1h16 de domingo. 

sexta-feira, abril 11, 2014

Eu gosto do cheiro desse quarto. É perfume com papel higiênico, é esperma com alfazema, é delícia com veneno. Eu sinto demais, apenas, pelas janelas hoje abertas, que esvaziam o odor desse amor direto para a rua, onde um bando de amadores de música sertaneja esbravejam letras ridículas, de credos que os mesmos abaixam a cabeça durante orações na missa de domingo. É triste perceber que, nesse único caso, a marginalidade é outra, menos poética e pobre, ao contrário da canção do Jards Macalé que ouço agora, enquanto busco por um sono perdido em uma xícara de Nescafé. 

Não sei analisar calmamente esse momento. Não gosto de ser preconceituoso. Meu gênero, aliás, nem me permite essa colocação. Mas eu fico irritado com essa sonoridade oca que interrompe tantos ouvidos preguiçosos que, no fim, talvez nem queiram isso, e sim, goles de cerveja quente, muvuca e pegação. A aba do chapéu é sem atitude admirável. Por isso, ainda prefiro as frases de escárnio, do que o escárnio dito por duplas, que invertem a situação se dizendo à margem de uma cultura fraca, como se fossem pequenos coitados da noite, quando, na realidade, são fortes o suficiente. Dessa maneira, "quando você me encontrar, não fale comigo, não olhe para mim, eu posso chorar". 

terça-feira, março 18, 2014

História real, ser imaginário

Quando criança, eu tinha um amigo chamado Joaquim. No recreio, eu sempre levava Mirabel. Ele sempre me pedia um. Eu inventava que minha mãe punha remédio para dor de cabeça no lanche, por isso não podia dar nenhum waffle. Eu era muito egoísta. 

Hoje ele tem um corpo de atleta e eu sou gordo.

sexta-feira, março 14, 2014

Você me ama
você me gosta
você me mama
você me goza

domingo, fevereiro 23, 2014

Em certo dias, o desaparecer é necessário. Mas ele faz? Não. Talvez por medo ou vontade de se desenvolver de maneira diferente. Afinal, a vida é isso. Aprimoramento. Como pessoa, mudou muito. Já o seu lado animal, continua o mesmo. Apesar da constatação não ser certeira, é o que pensa.
Às vezes, pensa ele, é triste perceber isso, sobretudo porque se encontra em um estágio de carreira e de vida elevado se comparado aos últimos cinco anos. Em breve, novamente, visitará a ilha que é o seu local predileto no Paraná. É de doce que o sabor semeia. Permeia. Sempre. 

Mas, é isso. Vivamos. Vivemos. Vive. Viva. 

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Apenas digitando. Sem pensar muito. Estou com vontade de ir ao banheiro. O trabalho está um saco. Hoje é sexta-feira. Que tédio. Não sei se gostaram do texto. Será que vou precisar reescrevê-lo? 
Amanhã, sábado, dia de ficar até mais tarde na cama, simplesmente pelo prazer do ócio, será de trabalho. Que tédio. Não vou aguentar. Preciso mijar. Fui. Já voltei. Demorei para continuar esse texto. Na realidade, não sei mais o que escrever. Quem sabe o que estou ouvindo. Legião Urbana. Nossa, como esse som me lembra a adolescência. Muito. Passei boa parte dela acompanhado da voz do Renato Russo. Parece piegas dizer isso? Que se foda. Eu curto. Ou curtia? É que, atualmente, ouço tantas coisas. Enfim, tchau. 

quinta-feira, janeiro 16, 2014

Porque o amor é entrega e recebimento. É açoite, mas é lirismo. Não é dor no início, é alívio. Só se fores virgem. Porque amor é metade cheia e metade vazia. Porque é razão e vazão. Também é introdução, argumentação e fim. É dissertação de vestibular. É conclusão de curso, é tese de doutorado. Porque amor é bom e ruim, mas se percebe, contudo, que é explosão de sentimentos. É tarefa para bem-humorados. Não pode ser forçado. Porque amor é sinceridade, é intimidade. São besteiras compartilhadas. Um peido que escapou debaixo das cobertas, uma remela matinal no olho ou pelinhos no nariz. Amor é cuidado e descuidado. É continuado e descontinuado. Porque tem sorrisos, lágrimas, beijos e abraços. Porque é aquela música que marca um momento, de Ting Tings a Cícero. É canção brega que toca em rádio AM. É Odair José, Ariano Suassuna, E.E. Cummings, Grazi Massafera, Roberto e Erasmo Carlos, Bee Gees, Jesus Cristo, Armando Nogueira e Chicholina. Porque amor é orgasmo, é coito interrompido e brochada. Amor é ferida, é casquinha, é cicatriz, é cura e acalanto. É fruto e mordida. É carinho nas costas. Sou eu. É você. Somos nós.  

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Essa

A tirar meus ossos, sentimentos
Em cruzes de prata
Meus olhos marejam maresia
Que longe da ousadia
Sangra um perdão.

Ao cais dos contentes
Um sorriso latente
Traz sarcasmo
Para a situação de abismo.
Mas o que fazer
Para mudar a história
Se a glória era
Justamente essa.