Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quarta-feira, outubro 29, 2014

Ando meio vazio. Sinto quase um desespero em determinados momentos, com a vontade de engolir uma caneta tinteiro e senti-la explodir em minha garganta. Uma falta de conteúdo me assombra nesse momento, como se o cérebro implorasse por um frescor intelectual. Algo que me tirasse do lugar comum, da maldita zona de conforto a qual me encontro. Mas a solução é única. E ela não virá galopando em um cavalo branco. É necessária uma força maior.

Quando adolescente, lembro-me de uma cabeça mergulhada em leituras e poesias (mórbidas, confesso) que arregaçavam certas peripécias experimentais. Eu vivia envolto numa bolha extraordinária de paixão pelo desconhecido, sempre a procura de novos sabores, fossem quaisquer um, de universos paralelos, laterais, prosaicos, arcaicos, hiperbólicos e, até então, idiossincráticos. Era lindo. Quando uma nova canção era descoberta pelos sedentos tímpanos, o corpo todo entrava em um transe estapafúrdio. O primeiro contato com Sonic Youth foi devastador. As consequências daquele encontro eu gostaria que permanecessem nos dias atuais. Porém, esse meu abraço apertado na falta de conteúdo começa a incomodar seriamente.

Dias atrás, com a informação de que meus pais pretendem se mudar de cidade, viajei em argumentos solitários a respeito da troca de município. Quase tudo na vida começa com uma pergunta. A minha foi: e se eu também me mudasse? Não pensei em nenhum lugar específico, não consegui formar nenhuma imagem. Minto. Formei sim. Era litorânea, algo meio bucólica, solitária e silenciosa. Acabei esquecendo isso na mesma noite. Por quê? Por causa da circunstância que chamamos de vida. E, sabiamente, Alvin L vomitou: a vida pede provas e quem ama dá.

Isso me levou a pensar, algo que não tenho feito com sagacidade, muito menos com a paciência necessária. Aliás, a falta de concentração é minha companheira não predileta. No entanto, ela é tão constante que acabei me acostumando. Dormimos juntos, tomamos banho juntos, dançamos juntos, almoçamos juntos, bebemos juntos, fumamos juntos e juntos, juntinhos (que bosta), estamos.