Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quarta-feira, dezembro 04, 2013

Uma Canção de Natal

Ele estava lá enquanto os fogos anunciavam
Sabe-se qual o motivo para o entusiasmo.
Seus olhos refletiam a solidão da sala
Enquanto brindes eram comemorados.
Apesar de presente, a mente se encontrava ausente
E em outro lugar seu pensamento voava.
Não tinha casa alguma que gostaria de dormir
A não ser aquela que bucólica imaginava.
Vieram abraços que eram estranhos, mas não temia
Havia sorrisos que distraídos não o atraíam.
Bebeu seu último gole de sidra azeda
E abriu a porta para uma tentativa de fuga
Queria o passado naquele momento
Quando seus pais compravam pijamas
E seus irmãos comemoravam o ato simples.

Perdido ele atravessou a rua
E na encruzilhada avistou a lua
E como milagre algo rasgou o céu
E sua falsa esperança desapareceu.


lsH

sexta-feira, novembro 22, 2013

Quero mamar em teus bagos, como um cão safado / Quero babar em seu saco, que nem um tarado / Quero chupar tuas bolas, como em cio que se reflete / Quero lamber seu cu, como quem come quem come um croquete.

segunda-feira, novembro 18, 2013



Pois bem, vá. Siga o que for impreciso, mas necessário. Deixe cá com cara de otário, como rinoceronte solitário que na relva reina desolado. Continue cada passo, cada entrelaço que permite desencantar com os meses. Permita ao feto da memória se tornar afeto da nascença dentro de uma esperança que, aos poucos, se desfaz. Corra atrás do algo que descobrirá quando o rosto se cobrirá de pus. Faça jus ao jogo dos perdizes, longe das cicatrizes de outros soldados que amputados procuraram por novas motrizes.

quarta-feira, novembro 13, 2013

Pronto

Na inconstância que nós somos, seres humanos que possuem no cerne a insatisfação, paira às vezes o sentimento de que tudo está errado. O que acontece? Queremos mudar, fazer algo a mais para garantir um sentido em nossa existência tão banal, mas tão bela. 
Fomos criados a fim de termos mais. Sempre queremos ser conquistadores, como Colombos que precisam explorar a inquietude. Somos moldados, desde pequenos, a sermos os melhores. 
Na entrega do boletim, ainda na infância, a cor vermelha era simplesmente transformada em castigo caso estivesse sangrando o papel cheio de quadradinhos que mostrava seu desempenho escolar. Você precisava provar aos seus pais que era capaz de melhorar. E era cobrado por isso.
Aí os anos passaram e a sua inquietude chatíssima teve um único objetivo: ser aprovado em qualquer vestibular, mesmo que fosse na faculdade mais ridícula do Sudoeste do Paraná. Assim que conseguiu, te encheram de congratulações. Alguns até ganharam carros como reconhecimento, independente se a concorrência tenha dado 0000000,1.
Caso não tenha tido a grata audácia de salvar vidas e optado por Medicina, você ficou dividindo quatro paredes por quatro anos com outras pessoas legais, pessoas terríveis, pessoas mesquinhas, pessoas amigas, pessoas queridas, pessoas idiotas, pessoas caretas, pessoas drogadas, pessoas feias, pessoas bonitas e demais adjetivos que através dos anos foram descobertas. Você se formou e, os professores, mesmo aqueles mais mongoloides, realizaram alguma cobrança. E, para entrar no mercado, você teve de ser o melhor.
E, acredite, apesar de poder contar com a sua família, de ter dinheiro, de ter amigos, de ter transas, de ter um lugar para morar, de ter locais para se divertir, de não passar necessidade, você vai querer mais. E será cobrado por isso. Ou se cobrará.
Não importa a fase da vida. Até quando aposentado, vai querer buscar por algo que nem sempre saberá o que é. E o sentido da vida, da sua existência, da sua permanência como ser humano capaz, pagador de contas, votante em prefeitos burros, vereadores palhaços, governadores e presidentes babacas, nunca será respondido. Até que alguém chega perto de você, beija sua testa e diz: eu te amo. Pronto.

terça-feira, novembro 12, 2013

Percebo

Meu coração hoje guardado
Quer em você o sossego.
Meu verso não se faz mudo
E em você acalma tudo.
Meu corpo em ti abrigo
E não corre mais perigo.
Meu lado fica mais lindo
E não há temor contigo.
Meu truque se torna simples
Quando um beijo recebo.
Meu afeto fica mais claro
Pelo menos é o que percebo. 

sábado, novembro 02, 2013

Sorrindo

Eu quero a sua pele exposta em mim, agora. Quero sentir o respiro de cada poro, como pequenas explosões de satisfação. Quero te fazer gozar com a precisão mais cirúrgica que o Pitangui já proporcionou. Quero retirar do seu hálito o gosto novo inventado na minha boca. Quero proporcionar o amor mais afoito nas horas mais improváveis. Quero arrebentar em decibéis o seu tímpano, com inúmeras frases que versarão sobre o sentimento maior: o amor. Quero te chatear e te cansar com as minhas asneiras e baboseiras a respeito do gostar. Quero te encher de guloseimas sentimentais e te abusar nas madrugadas de chuva. Quero embebedar o seu olhar com os gestos mais cafonas que o romance pode enobrecer. Quero viajar em seu corpo e utilizar a minha língua em cada dobra que eu encontrar. Quero me aperfeiçoar na melhor breguice que uma canção pode ocasionar. Quero me fortalecer na fúria de seus lábios enquanto o futuro aguarda o mais belo sorriso que nenhum dentista ousará em interferir. Quero a sua biologia de noite e de dia. Quero o seu cantar bem colado no meu ouvido. Eu quero a sua tez morena cada vez mais ligada à minha satisfação de te ver sorrindo. 

terça-feira, outubro 22, 2013

por você é mais que paixão, é amor,
que é inúmeras vezes mais forte, mais bonito, mais grandiloquente.
por você é amor que não me deixa carente.
é muito mais sagaz que a fé de um crente.

o amor que sinto não tem explicação.
é algo que ainda não tem definição, porque não foi inventado.
por você meu amor não é desinteressado.
o meu amor contigo é sempre recompensado.

quinta-feira, outubro 17, 2013

Saiba de algo: eu te amo. Tenho aqui comigo um sentimento extremamente forte, que faz jorrar as palavras mais óbvias. Ele é sem rodeio, o que não me dá vontade de escrever hipérboles. Só quero ser direto no fraseado, como o amor deve ser. Nada de analogias ou metáforas. Somente o lindo sorriso seu quando me declaro, deitado ao seu lado, na minha cama, com a luz do abajur iluminando o seu rosto, vale qualquer coisa. Vale a minha lágrima de alegria, vale minhas dúvidas, vale a minha profissão, vale a minha vida. Eu sei que estou bancando o apaixonado açucarado, com tamanhos "eu te amo" ressaltados todos os dias, mas a intenção é de beleza, como o seu corpo junto ao meu, como o seu beijo, como as minhas mãos em suas costas, como os meus dedos deslizando em seu cabelo, como a minha boca mordendo levemente a sua orelha, como o seu terno abraço. É, bem isso: eu te amo. 

quinta-feira, outubro 03, 2013

Estava eu, jogado em um canto da sala, com meu baseado. Uma luz amarela acertava meu olho. Gostaria de saber qual era a cor dele naquele momento, já que eu fugia das aulas de teoria das cores e não sei qual a mistura de vermelho com amarelo. 

segunda-feira, setembro 23, 2013

Nosso Sangrento Amor

Eu faço seu ouvido sangrar
Com as falácias profanadas
Enquanto eu tenho o fálico
Em vermelho no madrugar.

Eu posto coisas em sua mente.
Você diz que eu desvirtuo suas verdades.
E eu respondo que deve ser por isso
Que continua comigo.

Mas no fim a gente ri,
E aquilo que nos move
É o sentimento que alimenta

Mais um dia que promove. 

terça-feira, setembro 17, 2013

Um coração leviano invade essa cama, até então abrigo de um único corpo desnudo e maltratado. Os lençóis, agora trocados, parecem respirar em homenagem à presença que perfuma o quarto. Um sorriso agora é peça fácil nos lábios que outrora sangraram o delírio do mal-estar de várias paixões. Um brilho no olhar é presença constante em noites onde a insônia é bem-vinda.


Viva comigo?

quarta-feira, setembro 11, 2013

Bem simples

Não te conheço
Mas entendo
E sei que mereço
Após tantos
Muitos solavancos.

Reconheço o sincero
Mesmo com o mistério
De um sorriso discreto
Em doses de abstrato.

Tenho agora em ti
Aquilo que perdi
Numa rua qualquer
De um dia aquém.

lsH


quarta-feira, agosto 28, 2013

E você vai. Deixa esse lado da cama vazio, o seu cheiro e seus fios de cabelo. E você segue enquanto eu paro. 

quinta-feira, agosto 22, 2013

Vai doer...

Derrame essa lágrima em sua taça de conhaque. Beba pelo amor que deixou escorrer pelos dedos, pelas entranhas, pelas castanhas em sua boca, pelo medonho que te acompanha nas madrugadas. Faça tudo lentamente, nem tente apagar rapidamente, que a criatura da dor será mais persistente. 
O momento trará a carência, tenha certeza. Pegue na mão dela e vá passear. Abrace-a e durma de conchinha. Apesar de gelada, é necessária. E, quando novamente a lágrima cair, misture ao café e deguste. 
Ao entrar no Facebook e vê-lo com seu o status de relacionamento alterado, vai doer. Com certeza você vai olhar o Mural dele. Vai doer. Lógico que olhará novamente suas fotos. Vai doer. Não terá remédio que ajude, nem o Rivotril para te ajudar a pegar no sono. Pegue seu pijama, faça um chá e vá dormir.
Ao caminhar na rua, com seu vestido dado de presente e, caso encontrá-lo com seu grupo de amigos, respire. Caso tenha força, encare. Caso não, fuja. Sua casa tem um sofá confortável e uma coleção de comédias românticas que ajudarão no sofrimento do momento. E, claro, vai doer.
Depois de alguns meses, talvez passe. Leva muito tempo superar uma traição. Mas passa. No entanto, vai doer.

segunda-feira, agosto 19, 2013

Agora

Qualquer coisa que seja. Um beijo fora do tempo, um luto programado antes das 18h. Não importa. Contigo ao lado o merecimento é contínuo. Eu abro o sorriso, o olhar não fica pesado. Às vezes tenho a sensação da imortalidade. Basta você ao meu lado. Melhor, pelado, com a nuca solicitando, praticamente com um memorando, um beijo, uma carícia, um afago. É bom perceber que o meu carinho não é ruim, que é confortante, que é acalanto. É grandioso saber que dos outros eu tinha noções erradas, porque para eles tudo parecia descontentamento. Que meu toque era tragédia, que meu sexo era funeral, que minhas manias eram desagradáveis, que minha poesia era hostil, que minhas declarações eram músicas sertanejas. Mas, contigo, nada disso é horripilante. Meu toque parece veludo, meu sexo, ápice; minhas manias, perfeições engraçadas e minha poesia, clássicos. Muito melhor perceber que minhas declarações são Leonard Cohen. Qualquer coisa que seja, que seja, apenas, o seja. Agora.

sexta-feira, agosto 09, 2013

Bang Bang Tatuquara

Um novo corpo delatado pelo cheiro
Que exalou entre árvores cinzas
Nascidas do concreto interminável
Que cobre o renascimento de outros.
O frio da bala queimando o quente
Fez os olhos brilharem agonia
Quando o mesmo tiro de alegria
Adentrou narinas na noite e no dia.
Divida aqui não cumprida
É paga com os dentes explodidos
Com direito a capa na Tribuna

E demais sorrisos do autor.

segunda-feira, julho 29, 2013

Cá estou. Uma segunda-feira daquelas. Terríveis, como sempre. Não há pior dia da semana. Alguns otimistas me jogam um pouco de incentivo. Nada adianta. Acordei da maneira mais bosta possível, tendo um daqueles ataques de pânico que adoram me maltratar. É muito amor para pouco corpo. Um amor sádico, que nutre o desejo de se instalar em meu cérebro como hospedeiro predileto, como criança que não quer sair do playground.
Meu café ficou fraco, meu olho não para quieto, insiste em tremer e não consigo focar em algo que valha a pena. Não se trata de exagero: segunda-feira é sempre o dia do fim do mundo. Sempre acontecem coisas erradas, como o meu café que ficou fraco. Até preferi não fumar um cigarro inteiro pela manhã. Pensei: hoje farei diferente somente para ver se o dia correrá diferente. Por enquanto, nada. Tudo igual. 20 miligramas de fluoxetina no corpo e muita água. São quase 11h. Está resolvendo? Resposta: não.

Mas, além desse dia cu, descubro que estou dois quilos mais gordo. Uma beleza. Acho que faz um mês que não vou à academia. Não que isso seja grandes coisas, afinal, não sou daqueles que leva uma vida saudável, apesar de comer frutas e verduras regularmente. E todas as calorias se acumulam aonde? Na barriga, lógico. Isso é meio incômodo. Eu, outrora um magro de barriga seca, agora revelo uma saliência. Dizem que o cigarro inibe o apetite. Ao invés de fumá-lo pela metade, eu devia ter fumado inteiro. Com gosto. Hoje é segunda-feira. E é um bosta!

quarta-feira, julho 24, 2013

Que tédio. 
Alguns dias são simplesmente assim. As horas se arrastam, todo o seu trabalho não passa de pasta de amendoim estragado e um bocejo é a coisa mais animadora que acontece nas últimas duas horas. 

A gente sempre pensa que os outros estão melhores. Ou imaginamos onde poderíamos estar caso não estivéssemos sentado nessa cadeira de couro sintético. "Eu estaria na praia de Cumbuco". "Quem sabe eu poderia estar escalando algum Pico do Paraná". "Eu queria estar numa casa do campo, compondo rocks rurais". 

No fim, estamos aonde? Na maldita cadeira de couro sintético, digitando algo nesse computador que tem um farelo de bolacha Maria entre as teclas, com fones de ouvido para nos isolarmos de nossos colegas de trabalho e enchendo a boca para dizer que hoje a vida não está legal. 

O que você está fazendo para melhorar essa situação? Acabou de se mudar, o condomínio veio no valor errado, você vai pagar a mais pelos outros, por causa da organização idiota que os escritórios hoje possuem. Qualquer um, em todas as áreas: tudo desorganizado. O crime até oferece INSS e contribui no FGTS para garantir seguro desemprego. O crime é organizado, no caso. 

Fazer o quê? Pegar uma arma, subir um morro, roubar uma boca de fumo, assumir o tráfico, fazer uma festa funk ou pagode, chamar a comunidade, pegar a morena mais gostosa do pedaço, fazer um filho com ela, ir à praia no fim de semana, farofar, comprar um XXL, um Nike, cheirar uma carreira de coca e ir dormir. Isso? 

Pelo menos imaginar isso me tirou do tédio. Mas ainda não é o que eu quero. 

quarta-feira, julho 10, 2013

Iguais a nós se põe percebido

Na constante dessa hora
Vou embora do dessabor
E levo comigo o ventilador
Porque para onde vou
Bate um tremendo calor.

O seu sorriso
Eu levo na memória
Outrora quiséssemos algo
Que não fossem apenas lembranças.
Você tinha pensado em crianças
E percebemos após que seria um erro,
Como investimento imobiliário em Portugal
Ou emprego rápido na Espanha.
Vimos que o equívoco sairia da entranha
E tudo, de repente, seria ocasional.

Agora visualizamos a casa vazia
Os discos em uma caixa de papelão
E nos meus braços o Jamelão.
Um último beijo, por fim, desistimos
E seguimos cada qual um sentimento.
O ódio já foi esquecido e, estremecido
Tornou-se aquela comodidade
Que talvez, somente com a idade,
Iguais a nós se põe percebido. 


terça-feira, junho 25, 2013

Eu não queria mais voltar. Por alguma razão, cá estou. Confesso que não me sinto muito confortável. Até atrapalha meu pensar. Não consigo deixar claro. Muito menos, escuro. Não queria estar de novo recolhendo cada fragmento que me compõe. Não queria estar novamente escrevendo o "não". Não me via começando outra vez as frases com essa palavra tão miúda de três letrinhas. Não passou. Sei lá se vai passar. Mas, se retornei, foi por alguma questão. E ela é você. Talvez eu esteja apenas encantando, como me disseram, apesar de que me sinto muito apaixonado. Nem preciso comentar isso contigo. Está longe. Longe fisicamente. Longe emocionalmente. Em outra direção que, lógico, não é a minha. Tenho em mente que para ti foi um caso, outra conquista para ficar registrada na pele, como pessoas que colecionam amores. No entanto, para mim, uma sensação de algo não terminado. Enfim, nem tudo na vida precisa ter um final. Só não queria ter retornado para o início. Do sofrer, calado, no caso. 

sexta-feira, maio 31, 2013

Melancolia minha, daquilo que vivi ontem, ou daquilo que vivo agora.
Melancolia nossa, tão ausente quanto tu.
Melancolia outrora, futuro breve, obtuso instante.
Melancolia a noite e ao dia.

Melancolia boa deste momento
Melancolia ótima para refletir
Melancolia incrível para amar
Melancolia linda ao vento.

segunda-feira, maio 27, 2013

O nome Dela

- Com nome de artista de cinema. Disse ela. - Foi assim que minha mãe me batizou. E eu nunca soube seu verdadeiro nome. Nunca. Não naqueles momentos. Conheci outros prazeres, como o toque da sua pele, o cheiro de cigarro do seu cabelo e o molhado de seus beijos. Não tive outras intimidades. Seus olhos castanhos tinham uma tristeza muito bem disfarçada. Eu, que me achava o especialista em decifrar mistérios. Sentia-me o cara mais perdido quando tentava tirar algo daquele olhar. Era impenetrável, ao contrário da parte mais baixa. Bem mais baixa. Um pouco mais. Isso aí. Desce, vai. Pode ir mais um pouco. Eu deixo. A imaginação é livre quando se trata de cada um, de cada qual, de cada mente. É bom, né?

- Quando eu sair dessa vidinha lazarenta, quero me mudar para a Batel, ter diarista, mandá-la tirar o pó e lavar o banheiro do meu apartamento como se fosse o reino mais divino. Esquisito, confesso, ouvir isso dela, uma mulher de atitudes simples, às vezes vulgares. Tentei comparar a frase com alguma passagem da sua infância, vivida em Pato Branco, muitas vezes comentada por ela nas altas madrugadas deliciadas em meu apartamento, localizado na Mercês, pertinho da Manoel Ribas. Em nenhuma das tentativas consegui chegar a uma conclusão. 

Semana passada, lendo a Tribuna, vejo na capa, não como chamada principal, mas com certo destaque: Prostituta é encontrada morta com uma maçã no rego. Ao ver a matéria, a foto dela, não naquela situação degradante da manchete, apenas seu rostinho moreno, de uma beleza interiorana. O jornalista, pelo menos, foi mais esperto do que eu. Briggitti Bardô, assim mesmo, era o nome da guria. 

sábado, maio 18, 2013

Madrugada. Sei lá que horas. Estou sem relógio, sem celular e sem carteira. Meus documentos, não tenho ideia. Eu só lembro de nós dois. E, mesmo assim, nada sei. Após a briga, acho que fui afogar a dor de cotovelo. 
No posto de combustíveis, nessa beira de estrada, toca R.E.M. Uma rádio FM qualquer sintonizada. Um caminhoneiro retorce o rosto. Não entendo se é por causa da música ou da minha presença.
No bolso, uma carteira de Marlboro pela metade. Nas mãos, um isqueiro Zippo falsificado. No céu, tantos pontinhos piscando que imagino: se não tiver vida em outra constelação tudo isso é um tremendo desperdício de espaço. Será que os ETs louvam algum deus? Pensamento sem noção para o momento. 
Michael Stipe não se cansa de dizer que "sometimes everything is wrong" e o caminhoneiro continua com a mesma cara, um misto de que acabou de peidar com contemplação de assassinato, seja lá o que isso signifique. Nem lembro o que estou fazendo aqui. Apenas sei que é madrugada. 
Procuro alguma pista. Vou até o banheiro, ligo a torneira e molho meu rosto. No relance que tenho com o espelho, visualizo uma marca de batom no pescoço. Vermelho. O lábio está um pouco rachado, como se eu tivesse beijado por longos minutos e, após, pego uma friagem sulista daquelas que dá inveja aos catarinenses. Acendo um cigarro. 
O caminhoneiro invade o recinto. Pergunta: - e então, era gostosa? - Quem? - Indago. - Aquela linda ruivinha que te largou aqui. - Maldita puta!
Aí eu lembrei. Tinha acabado de ser roubado. 


sábado, abril 20, 2013

Esse Meu Doce Matar

Quebrei a cara.
Que cara eu sigo?
Persigo o curto.
O caminho fácil.
Qual a graça?
Pergunta simples.
Sigo errado.
Pelo menos, acho.
Se acho,
Certeza
Não tenho.
Mas se tenho algo
Algo talvez
Eu sinta.
Analiso
E sintetizo
O que escapa.
Um mapa
De fragmentos
Descolados na memória
Soltos por aí
Em ilhas digitais
Sem reset
Sem delete
Sem gilete
Sem deleite.

Troco um destino
Por dois carinhos.
Mas tenho
Carência?
Só aderência
De permitir
Meu egoísmo.

Penso
Logo, resisto.
Desisto
Ao contrário
Pois sou 
Bem otário
Quanto ao sentimento.
Queria o inverso
Mas serei frio?
Não entendo.
Compreendo que afasto
Todavia é meu erro?
Porém, contudo, senão?
Quem sabe você
Que me abrirá
Abrigará aqui
Uma resposta acolá.

Enquanto isso,
Vou ali
Sozinho fumar
Algo que
Pelo menos
Me faça sentir,
Nem que seja
Esse
Meu
Doce
Matar.

quarta-feira, abril 10, 2013

Foge. Foge não. Venha. Venha não. Tenha. Tenha não. Queira. Queira não. Ouça. Ouça não. Faça. Faça não.

Volte. Volto sim. Beije. Beijo sim. Queira. Quero sim. Faça. Faço sim. Ouça. Ouço sim. Fuja. Fuja não.

Não mais.

Ame. Amo sim. Odeie. Odeio não. Abrace. Abraço sim. Deixe. Deixo não. Prove. Provo sim. Largue. Largo não.

Mais sim.

terça-feira, março 12, 2013


Para você que flutuou os meus sonhos mais eróticos, em que o mínimo eram as roupas rasgadas, que uma engasgada não significava nada, que uma picada era o lindo em sua bunda. Para você, o amor que me torturou, que me enlouqueceu, que deixou os meus dias em calafrios com o seu não tentar. Para você, o meu pulmão de fumante, o meu corpo de alcoólatra, a minha fraqueza desesperada.
Para que você que perfurou, mesmo sem saber. Para você, os meus versos mais belos, mas nunca compostos. Para você, a minha vida com trilha sonora vinda do nórdico, dos instrumentos mais inusitados, das partituras menos clássicas. A você a minha rapsódia em si bemol para Guitar Hero.
Para você que me conquistou na primeira letra do verso nada romântico que deixou o meu sangue mais medonho. Para você que me permitiu gostar de você, em sua cama, com a minha língua em cada pedaço do seu corpo, autorizando um adentrar, um gozar e um abraçar. Para você que me ofereceu a melhor orelha para morder com a precisão que por vezes ficava demais afoita. Para você que me aqueceu com um simples olhar. Para você que me deixou amar.  

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Bateu uma tristeza tamanha. Fica aquela indagação: conversar ou não? 

domingo, fevereiro 24, 2013

Coragem.

Eu sempre tive um problema ou, talvez, uma solução: o sofrimento por antecipação. Repentinamente, quando a mente está de bobeira, imagino como será quando meus pais morrerem, como seguirei meu caminho, como será minha vida sem eles, como será a minha solidão, a minha tristeza. Um dia a morte virá e tudo aquilo que sabemos, mas não vivemos ainda. 
Este é apenas um exemplo bobo que, psicologicamente, não é nada aconselhável. Eu utilizo como ferramenta de previsão, de como deverei agir no futuro. Serve para alguma coisa? Não tenho a mínima ideia. O mais recente arquétipo, no momento, mais próximo, bem mais próximo, pois se trata de dias, é a despedida de amigos. Há um mês, meu amor pediu o desquite, agora, fico sabendo que uma grande amiga vai partir, navegar novas ruas, respirar novos amores, trabalhar novos retratos, curtir outros compartilhamentos, aproveitar novas aventuras. E, novamente, vou sofrendo por antecipação. Estou extremamente feliz que tenha dado tudo certo para ela. Porém, com um pensamento egoísta, me pergunto: e agora? Como eu fico? Sempre quando alguém vai embora, principalmente quando se é uma pessoa muito, muito querida, um chão se rompe. 
Já estou imaginando os abraços, as lágrimas despencando, o coração acelerado. Em menos de cinco meses, será mais um dos "tchaus" super-importantes da minha vida. Um dia, foi um casal, depois, o namorado, agora, a grande amiga. Não deveria sentir essa melancolia, ninguém quer, mas é algo involuntário, sem controle. 
Enfim, contudo, com essa mesma amiga, em uma conversa, falamos: parece que sempre quando alguém vai embora você sente inveja, porque você ficou, continua no mesmo lugar, e eles estão crescendo, evoluindo. Por que será que dá essa sensação? Não sei, não vou sentir isso contigo, sentirei apenas falta e a certeza de que estou ficando por medo, e você vai porque tem coragem. 

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Até de amor nos curar

Nada se compara a você.
Eu queria ter um derrame de amor,
Por ti.

Meu rádio toca a mesma canção
Meu tímpano está viciado
E o meu corpo também.
Por ti.

Respiro aquilo que te cheirei
Do peito até sua nuca
Da tatuagem até a virilha.

Nada se compara a você
E tenho medo
Que tudo será comparado,
Nos próximos,
Nos outros,
Nos vácuos.

Eu queria ter uma ferida contigo
Que continuasse aberta
Até de amor nos curar. 

lSH

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

As pessoas estão cansando uma das outras muito facilmente. Seria um efeito de mudança de interface? Seria os relacionamentos cada vez mais efêmeros via Facebook? Seria a falta de interesse de manter um relacionamento de fato? Qual seria o serão? Qual será o seria? Freud, tudo bem?
Uma grande mudança está acontecendo. Ainda existe o compromisso, mas cada vez mais breve, por vezes, superficial. Por isso admiro as pessoas que conseguem manter um relacionamento à distância. Tenho uma colega de trabalho que é noiva de um americano e eles continuam se amando, mesmo ela aqui e ele lá nos EUA. Acho isso tão incrível. E certas pessoas acreditam que 54 km é demais. 
Alguns indivíduos não gostam de manter mesmo. A lei do desapego é bastante evidente. Até demais.


sexta-feira, fevereiro 08, 2013


Para cumprimentar, não precisa fazer a chuca, não precisa lavar a bunda, não precisa ser santo. Para cumprimentar, não precisa ser amado, não precisa ser corno, não precisa ser arrogante. Para cumprimentar, não precisa vestir roupa de marca, não precisa estar sem, não precisa estar com. Para cumprimentar, não precisa ser rico, não precisa ser pobre, não precisa ser de classe alguma. Para cumprimentar, não precisa estar manso, não precisa estar bravo, não precisa estar contente. Para cumprimentar, não precisa se machucar, não precisa se alegrar, não precisa se entregar. Para cumprimentar não precisa ter medo, não precisa ignorar, não precisa estar bêbado. Para cumprimentar, não precisa estar de chinelo, não precisa estar de All Star, não precisa estar de Prada. Para cumprimentar, não precisa ser elegante, não precisa se mostrar o prepotente, não precisa ser o melhor. Para cumprimentar, não precisa estar em dia com o imposto de renda, não precisa ter viajado para a Europa, não precisa falar a mesma língua. Basta olhar. 

terça-feira, fevereiro 05, 2013

Diário de bordo

Dia 05 de fevereiro. 22h34. Deitado no sofá da sala, acabo de ler uma matéria sobre a fase Ziggy do David Bowie. A sua história com o meio irmão, Terry, me deixou com o sentimento exposto. É que me identifico com pessoas que possuem problemas mentais. Talvez por ser uma. Nesse meu diário de bordo, onde enfrento mais um rompimento amoroso, parece que tudo é utilizado como maneira para enfrentar a dor. Não queria deixar a impressão de tristeza, mas é inevitável. 
Enquanto o relógio da sala faz tic tac e a minha cachorrinha rói um osso velho no tapete, fico pensando em como poderia ter sido diferente. Na realidade, nem sei se sinto mais, se sinto muito ou se me sinto bem ou mal. Apenas sinto. Mas o quê? Por isso que vem a história do Terry e seus internamentos, até o seu término com a cabeça estrategicamente colocada nos trilhos de um trem. Ficou um sentido suicida? Sim. É claro que não estou atestando aqui meu desejo de realizar a atitude. Não. Só queria dizer que se trata de um alívio para muitas pessoas. Apesar de ser meio covarde, dependendo dos casos, deve ser extremamente respeitada. Infelizmente, o cérebro realiza tamanhas artimanhas que fica impossível controlá-lo. E, apesar de todos sabermos, quando a morte chega, nunca estamos preparados. Não lembro quem disse isso, mas, com certeza, não fui eu. 

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Um comprimido para dar ânimo de viver.
Depois do coice utilizado,
Citando Bukowski como se fossem suas palavras.
"Amor é tudo que nós dissemos que não era",
Desabei.
Fale por você. Se não era para ti, eu sinto.
Porque, para mim:
Amor é tudo que eu disse que era.

domingo, janeiro 20, 2013

Por que continuo a procurar mesmo no anonimato? Qual o comando que desliga essa auto-carnificina mental? Sentado na escada, viajando por pensamentos hostis, estava refletindo os significados do sentimento, praticamente como se eu fosse o penúltimo romântico da atualidade. Lógico que não cheguei a nenhuma conclusão. Talvez, uma: está na hora de retornar à análise. Psicotrópicos não farão mais efeitos, apesar de não querer largá-los no momento. É, não estou nada bem.

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Acabou.
Fico extremamente feliz que tenha passado, mas com um corte profundo no meu peito.
Sim, ainda lamento. Sim, ainda aguento. Sim, ainda te amo.

Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não. 
Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about. 



segunda-feira, janeiro 14, 2013

Delirante

Meu último beijo não dado
Meu câncer aqui guardado.
Meu abraço corrompido
Meu soluço empobrecido.

Meus olhos repletos de água
Minhas narinas com sangue
Minha pele vazando suor
Meu corpo pedindo clamor. 

Meu penúltimo desejo negado
Minha opinião deixada de lado
Minha despedida angustiante
Seu canalha delirante. 

lsH


quinta-feira, janeiro 10, 2013

Boa noite. Estou presenciando a primeira pira de ácido de uma amiga. Está sendo completamento engraçado. Depois de uma caminhada ferrenha até uma fortaleza, eis que agora ela some em meio à multidão. Não tenho ideia para onde foi. Na realidade, até tenho, mas não serei eu que irei interromper a viagem que ela está sentindo. O que eu quero é que curta cada minuto disso. Enquanto isso, vou relaxar na tranquilidade de uma noite assim: melancólica.

domingo, janeiro 06, 2013

IN
FE 
LIZ 
MENTE, 
NÃO 
TE 
NHO 
CER 
TE 
ZA 
DO 
QUE 
ES 
CRE 
VI.

sexta-feira, janeiro 04, 2013

Masturbação

Difícil falar de algo como um rompimento amoroso quando não se tem inspiração. Gostaria de dizer tantas coisas. Mas, no momento, só penso em escrever qualquer coisa, seja besteiras, maluquices, idiotices e maneirismos. Depois de alguns relacionamentos, a experiência adquirida, pelo menos, está de bom tamanho. Dessa vez não foi traumatizante. Comparada com a anterior, essa teve um efeito de marolinha. Tenho a certeza que o maremoto da outra me trouxe ensinamentos, sobretudo, manter a calma. É estranho mencionar isso, sendo que tenho crises de ansiedade e Síndrome do Pânico. Lógico que, no momento, estou sob efeito de remédio e alcatrão consumido mais do que o necessário. Pelo menos não tenho o vício da cafeína. Consigo compensar. Por exemplo? Masturbação. 
Esse ato solitário não chega nem aos pés (somente às mãos) de um sexo estratosférico com uma pessoa, sobretudo quando você a ama. Sim, faz diferença. O carnal com sentimento é indiscutivelmente mais incrível. Há mais entrega. Há mais troca. Há mais tudo. No entanto, voltando ao assunto, depois de ler muito horóscopo como se fosse auto-ajuda, foi na masturbação que encontrei o alívio (leia a palavra com duplo sentido). E, neste momento, onde a inspiração me escapa, eu sou penso em dar uma pela sujada, digo, gozada, solitária, meio otária, meio ligeira, meio inteira.