Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

terça-feira, novembro 29, 2005

O Alcóolatra Amoroso

Despedaçando a tristeza em acordes dissonantes para aumentar a dose amplificada da dor. Assassina mais uma garrafa de vodca, enquanto relembra memórias de afeto. Era um garoto tão contente, escapando simpatia pelos alinhados dentes. Mas eis que chegou a confusão desandada fora do equilíbrio. Um estranho sentimento que foi ganhando corda, despertando desejos e destilando vontades.

Os chegados ficaram desconfiados, mas o aceito veio pelos lábios dos mesmos. O comportamento opcional contornou feliz em um abraço de aprovação. Toda a alegria do início parecia eterna nas frases levantadas em mastros de caneta tinteiro. O amor, enfim, chegou. E foi embora rápido pela freeway dos desavisados.

Não demorou e a lágrima fugiu do olho e se suicidou em queda livre. Retornou à tristeza sem saber o local em que ela saiu. O vento desgostoso bateu no rosto traçado por feições amarguradas. Ele pensou em desistir, porém, o contrário mostrou o lado certo e ele se libertou. Bêbado.

sábado, novembro 26, 2005

Um Novo Ano

Estava terminando. Algumas sofreram aborto. Outros caminhavam por um traço torto. Mas ainda havia alegria.

O escrito de angústia se fez em tinta impressa em papel. Dores ampliadas ecoavam nos olhos que não enxergavam a distração do sono. Os reflexos eram rapidamente lentos e o grito surdo do despertador anunciava uma manhã inglória.
Os covardes se esconderam dos raios solares, enquanto as putas davam bom dia aos gatos que ainda tinham cabaços a perder. Tudo parecia tão poético, mas era verborrágico a ponto de causar bocejos em padres pederastas.
Era o velho ano berrando um adeus tão soturno quanto intimista. O novo dia amanhecia castanho e a felicidade vinha acompanhada com água e aspirina.

Tudo de novo.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Chaparral

O feriadão foi do caralho! Desculpe pelo termo, mas como já disse Luiz Fernando Veríssimo, às vezes, a utilização de um palavrão abreviava o sentido que queremos dar para determinado momento. E esse termo sintetiza o feriado estendido em comemoração ao Dia da República.
As situações agradáveis com os amigos próximos começaram no sábado, quando fomos em uma rave. A música eletrônica arrebentava os tímpanos, a essa altura, contentes com a freqüência do ritmo. Não tinha como ficar parado. Os entorpecidos dançavam. Os bêbados também. Entretanto, o mais legal era que pessoas queridas se faziam presentes compartilhando sorrisos de exaltação. Exageros a parte, mas sincera acima, com certeza e cerveja. Em especial lembrança, Thais e Dieli remexendo como se fossem brinquedos abastecidos com pilhas Duracel. Matheus caçando algum corpo e enchendo-se de líquido que só a cevada pode nos proporcionar. E é claro, dançando. Gabi e Marcelo esboçando alguns passos. A agitação tava mais presente na Gabi, o Marcelo é mais discreto. E eu, convulsivo que sou, parecia uma daquelas pessoas que dançam tendo um ataque epilético. Resumo: pré-disposição para aguentar ainda o sossego de uma fumaça ao luar pato-branquense. Uma praia seria melhor, mas o mar ainda não chegou aqui. Como somos sensíveis, sentimos a maresia e até os barulhos das ondas.
Domingueira de ressaca.
Segunda chaparral no aeroporto com a companhia da lua, do violão, do gim e do guaraná. Sem falar do licor de amendoas. E os vômitos de um ser que não aguentou o tranco.
Terça total ao sol, areia e volei no clube. Mais ensinamentos básicos sobre o truco para o Matheus, que sempre queria retrucar, um termo que a gente desconhece. Para nós é SEIS mesmo.
Considerações finais: com amigos verdadeiros, os momentos ficam mais marcantes e coisas simples se tornam eternas na lembrança em qualquer estação. Somos o que somos.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Quatro minutos

Tenho quatro minutos para escrever esse texto. Então, pode ser que saia uma merda. É que preciso sair, bater o ponto, pegar meu pai no trabalho e ir almoçar. Nem sei porque estou escrevendo essas asneiras. Nem merecia um post. Porém, quero que esses quatro minutos passem rápido. Seria mais fácil eu simplesmente levantar, desligar minha máquina e ir devagar até a sala do cartão. Não teria a mesma emoção. É claro. No momento também estou ouvindo Los Hermanos, "Primeiro Andar". A canção é bem típica das composições do Amarante, talvez o mais talentoso compositor da atualidade. Só quem é fã para dizer isso. "Se alguém numa curva me convidar, eu vou lá/ Que andar é reconhecer... Eu preciso andar, por um caminho só/ Vou buscar alguém, que eu nem sei quem sou/Eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você/ Guarde um sonho bom pra mim". Beleza, se passaram os quatro minutos. Fui...

quarta-feira, novembro 09, 2005

Malo, malo, malo

Eu nunca tinha percebido a sagacidade da letra Malo, da cantora espanhola Bebe. Hoje de manhã percebi o quanto ela é profunda, por mais que tenha como assunto algo batido e já explorado musicalmente por outros artistas. A canção trata da violência familiar, de um homem que bate em sua mulher quando (talvez bêbado) chega em casa. A interpretação de Bebe aumenta a dramaticidade da letra, sem falar do arranjo que mistura ritmos hispânicos com riffs de guitarra que grudam nos tímpanos. Um violão esperto faz a ponte para a melancolia cantada pela cantora, uma mistura de coisa alguma com nada, pois não consigo arrumar algum referencial para classifica-la. Tarefa difícil.

domingo, novembro 06, 2005

Sem título específico

A alta madrugada consome, mesmo com o sono presente que não quer descansar. O isolamento do pensamento não adianta, porque a insônia devora os espaços ainda funcionais do cérebro. Trata-se da falta do descanso, mas o corpo ainda frenético não quer. Por pura teimosia atiça as outras partes, convidando para uma dança solitária. E as horas passam.
Os olhos se fecham e o movimento da luz corrompe a córnea ferida a golpes de sílabas tônicas, acompanhadas de ritmo eletrônico que penetram o tímpano desprotegido. A fumaça do cigarro adentra a garganta sem pedir licença alguma e atinge o pulmão já destroçado. A bebida também se faz presente enquanto os segundos vão devorando a noite. Os seres noturnos sofrem de distúrbios.
A tríade sexo, drogas e rock'n roll bate estaca nos neurônios bêbados da cabeça desvairada. Mas, o que ele sente é outra coisa. Mais uma noite mal dormida. Canta um mantra sem sentido específico e engole um cumprimento engasgado. Volta para casa tropeçando na saudade e relembra o amor diluído. E, novamente, se deita na cama vazia e abraça a insônia com vontade. É por culpa do sentimento que ele não dorme.