Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

domingo, novembro 06, 2005

Sem título específico

A alta madrugada consome, mesmo com o sono presente que não quer descansar. O isolamento do pensamento não adianta, porque a insônia devora os espaços ainda funcionais do cérebro. Trata-se da falta do descanso, mas o corpo ainda frenético não quer. Por pura teimosia atiça as outras partes, convidando para uma dança solitária. E as horas passam.
Os olhos se fecham e o movimento da luz corrompe a córnea ferida a golpes de sílabas tônicas, acompanhadas de ritmo eletrônico que penetram o tímpano desprotegido. A fumaça do cigarro adentra a garganta sem pedir licença alguma e atinge o pulmão já destroçado. A bebida também se faz presente enquanto os segundos vão devorando a noite. Os seres noturnos sofrem de distúrbios.
A tríade sexo, drogas e rock'n roll bate estaca nos neurônios bêbados da cabeça desvairada. Mas, o que ele sente é outra coisa. Mais uma noite mal dormida. Canta um mantra sem sentido específico e engole um cumprimento engasgado. Volta para casa tropeçando na saudade e relembra o amor diluído. E, novamente, se deita na cama vazia e abraça a insônia com vontade. É por culpa do sentimento que ele não dorme.