Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, maio 15, 2006

EMO, nada de CORE, apenas EMO

Está difícil. A cada filme, um novo tombo. Imagens certeiras que cegam, derrubam, estraçalham a córnea. O corpo se ergue no respiro, no momento da pausa. Tudo em vão. O mais recente chute no saco – sem direito a auto-defesa – foi “Punch-Drunk Love”, do idiossincrático Paul Thomas Anderson, esposo de outra estranheza conhecida pela alcunha de Fiona Apple (cantora e compositora). Ambos, talvez, formem um dos casais com mais influências mancebas idealistas que já se formaram na Terra. Por mais que as conseqüências veteranas estejam presentes na vida artísticas dos dois. Somente para reforçar, sim, eles são casados.
Tanto Paul quanto Fiona já deixaram registrados seus clássicos, em suas devidas áreas de atuações. O primeiro realizou um dos filmes mais admirados na recente história do cinema. “Magnólia”, com Tom Cruise e Juliane Moore, conquistou os cinéfilos de plantão com um emaranhado conjunto de histórias que se desdobram no final. Por dizer de Fiona, a moça debutou no mercado musical com o álbum “Tidal”, em uma época em que compositoras como Alanis Morissette ditavam as regras. Sub-produtos influenciados por Joni Mitchell e Tori Amos, mas com resquícios de consistência aptos a encorpar o saboroso caldo do mundo pop alternativo. “Criminal” foi a canção carro-chefe que levou Fiona a outra audiência. Logo após, pariu o elevado “When the Pawn...” (o resto do título não poderá ser fornecido, do contrário este texto ficará ligeiramente longo: demasiado).
O álbum apresenta em grande inspiração a compositora desbravando letras com apelos extra-sentimentais, onde a primeira pessoa, o “eu”, aparece em muitos inícios, meios e finais de frases. “Minha linda boca vai emoldurar as frases que irão contestar a sua fé no homem”, destila Fiona em determinada parte do álbum, que é melhor ficar assim mesmo, subtendida.
Retornando ao chute no saco, “Punch-Drunk Love” derruba, desconcerta, destrói. Do início ao fim. É um daqueles filmes que te prende pela necessidade de se transportar no personagem principal, sem fundamento algum. A pretensão existe, de fato, mas desnorteia até o momento em que os caracteres sobem. Você não entende, se esforça para buscar a mensagem, fica perdido. Mas no fim das contas, se emociona. E é assim que acontece quando se ouve Fiona Apple, qualquer álbum dos três que ela lançou. Algo também parecido com o que acontece nos adolescentes, sempre com problemas nem sempre entendidos, sem razão real de fundamento que acabam emocionando, por vezes, o eleitorado.
A cada novo filme descoberto na prateleira da locadora, excluindo os blockbusters que chegam aos pacotes, um tombo freqüente acontece. As referências estão ficando cada vez mais complicadas, perdendo o caminho. Nada importa, a perdição sempre se fez presente mesmo. Difícil é entender, como Paul e Fiona. Mas emociona.