Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007


Uma das bandas mais importantes dos 1980 - com certeza - foi o Titãs. No início, oito cabeças (dinossauros) pensantes escorriam, destilavam, cuspiam músicas interessantes com um apelo poético nem sempre compreendido. Naquela época eles compuseram trabalhos clássicos, tais como Cabeça Dinossauro e Õ Blesq Blom. Na fase um pouco mais atual, já sem o letrista concreto repleto de sacanas geniais, Arnaldo Antunes, os titânicos lançaram o peçonhento Tudo Ao Mesmo Tempo Agora, que também é um clássico da escatologia sonora que eles já escreveram.
Pegando o comentário a respeito das músicas com letras nem sempre compreendidas, uma delas se destaca. Não pelo fato de ser confusa e, sim, pelo seu conteúdo aberto e de interessante interpretação. Nome Aos Bois é a penúltima canção do álbum Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, lançado em 1987. A letra possui apenas nomes de personas non gratas de várias regiões do globo. O sentido que fica é que coisa boa não é. Do contrário não teríamos nomes como Adolf Hitler seguido de Borba Gato e Newton Cruz, ou então de Pinochet, Gil Gomes e Reverendo Moon.
Com levada claustrofóbica e gritada, a melodia falada é perfeita junto ao acompanhamento da música, sobretudo aliada à interpretação com períodos de desafinação do então baixista Nando Reis. É uma pena que na atualidade eles não possuem mais a genialidade de outrora. Os Titãs foram nos anos 1980 o que os Raimundos foram nos anos 1990. Mas, tudo acabou em bosta.
Segue abaixo a letra de Nome aos Bois:

"Garrastazu, Stalin, Erasmo Dias, Franco
Lindomar Castilho, Nixon, Delfim, Ronaldo Boscoli
Baby Doc, Papa Doc, Mengele, Doca Street
Rockfeller, Afanásio, Dulcídio Wanderley Bosquila
Pinochet, Gil Gomes, Reverendo Moon, Jim Jones
General Custer, Flávio Cavalcante, Adolf Hitler
Borba Gato, Newton Cruz, Sérgio Dourado
Idi Amin, Plínio Correia de Oliveira, Plínio Salgado
Mussolini, Truman, Khomeini, Reagan, Chapman, Fleury".

Ótima canção para ser analisada em alguma aula de Estética. Uma pena que os atuais acadêmicos de Jornalismo não se interessam mais nessa disciplina. Nem as próprias faculdades, afinal, a matéria está virando apenas "disciplina opcional". Que foda!