Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

terça-feira, julho 22, 2008

Canção Adolescente

A poesia lateja na noite solitária que absorve as palavras de fortes razões. O alcatrão tempera uma boca que já soltou muitos impropérios sofisticados. Uma meia-luz ilumina metade do quarto que abriga apenas uma pessoa e meia. A outra metade seguiu o rumo dos covardes que se desintegram em discussões mais elaboradas. Ela desenhou três pontos de fuga em uma perspectiva torta e atravessou a porta que apresenta a rua.
Negras nuvens cobrem o céu outrora preenchido com pontos celestiais. É quarta-feira de um mês qualquer. A vontade é arrancar pela boca o órgão que pulsa um sentimento agora quebrado. Tudo parece tão simples, mas dizem que na adolescência os hormônios entram em tamanho conflito que tudo se torna o apocalipse. Now!
Todos os doces colhidos da paixão ficaram agridoces em apenas uma frase. Eu a culpo pelo sabor que sinto entre os meus lábios, um gosto tão forte de ressentimento que não desejo nem ao assassino mais sanguinário do amor. Só quero lembrar que você esqueceu de pegar o seu jeans Ellus, suas maquiagens Natura e sua edição de Paris: Maio de 68. Consuma-os para nunca mais voltar.
Eu já imaginava que o certo arquitetado seria um erro futuro. Muitos haviam me alertado, mas a minha miopia sentimental sempre distorcia a verdade. Em alguns casos os relacionamentos entre pessoas com idades díspares selam uma felicidade talvez só sentida por Romeu e Julieta. Aliás, essa coisa de amor deve ter sido inventada por Shakespeare. Já o sexo foi a Madonna. Agora quero aqui ficar ouvindo os lamentos pop de uma banda indie enquanto bebo mais uma térmica cafeinada. Mulheres mais experientes só em capas de revistas, penso, eu. Não mais razão aos hormônios vão me vazar. Vou procurar uma outra com All Star.